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O número total de docentes credenciados nos 74 cursos de pós-graduação strictu sensu (mestrado ou mestrado & doutorado) da UFMG é 2021 pessoas em 2016, sendo 856 mulheres e 1165 homens, o que perfazem 42,3% e 57,7% respectivamente. Estas e estes profissionais se distribuem nos 74 cursos de mestrado/doutorado ou mestrado como exposto na tabela 3. Convencionou-se CSA para Ciências Sociais Aplicadas, CT Ciências Agrárias e da Terra, CS Ciências da Saúde, CHL Ciências Humanas, Letras e Artes, CB Ciências Biológicas e CE Ciências Exatas:

Gráfico 1: corpo docente dos 74 cursos de pós-graduação strictu sensu por sexo

139 Tabela 3: corpo docente dos cursos de pós-graduação strictu sensu por sexo

141 Fonte: www.ufmg.br

Os 10 cursos de pós-graduação com menor percentual de mulheres no corpo docente são: Engenharia Elétrica, Engenharia de Produção, Engenharia de Estruturas, Matemática, Produção Vegetal, Física, Engenharia Mecânica, Ciência da Computação, Cirurgia e Oftalmologia e Estatística respectivamente, oito deles pertencentes à área de Ciências Exatas, mostrando que também na UFMG, como acontece em outras instituições (TAVARES, 2008), esta área permanece como nicho masculino por excelência.

Os 10 cursos com maior percentual de mulheres no corpo docente são: Ciências Fonoaudiológicas, Enfermagem, Ciências da Reabilitação, Saúde Pública, Medicamentos e Assistência Farmacêutica, Nutrição e Saúde, Educação, Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável, Estudos Linguísticos, Análises Clínicas e

142 Toxicológicas. Aqui ocorreu o oposto: sete destes cursos são pertencentes ao campo das Ciências da Saúde (tipicamente do cuidado com o outro), situação que também vem sendo constatada em outros países na educação superior (OLINTO, 2011).

Cursos com relativa equidade de sexo (percentual de mulheres e de homens variando entre 45 e 55%) são: Microbiologia, Ciências Farmacêuticas, Fisiologia e Farmacologia, Bioquímica e Imunologia, Estudos Literários, História, Música, Artes, Sociologia, Genética, Saúde da Mulher, Arquitetura e Urbanismo, Sociedade, Ambiente e Território, Demografia, Geotecnia e Transportes, Ciências e Técnicas Nucleares.

Cruzando-se as variáveis raça/cor com a variável sexo nota-se uma inexorável intercessionalidade de exclusões, isto é, negros e negras estão na base e homens brancos no topo numérico. Maior que a distribuição étnico-racial geral da população do Brasil (0,47%) no que se refere ao corpo do docente da UFMG, o percentual de amarelos e de amarelas (asiáticos/orientais e/ou descendentes) é superior ao de acadêmicos e de acadêmicas que se autodeclararam pretos e pretas. Os dados correspondem ao ano de 2016. Enfim, quase metade dos professores/pesquisadores que atuam nos cursos de pós-graduação strictu sensu da UFMG, em 2016, eram homens e brancos.

Tabela 4: docentes dos cursos de pós-graduação strictu sensu por sexo e raça/etnia

Grupo Percentual Homens Brancos 44,09% Mulheres Brancas 38,21% Homens Pardos 7,34% Mulheres Pardas 6,00% Mulheres Amarelas 1,13% Mulheres Pretas 1,05% Homens Amarelos 0,93% Homens Pretos 0,89% Homens Indígenas 0,28% Mulheres Indígenas 0,04% Não Informado 0,04%

143 Agrupados por 6 grandes áreas, os 74 cursos strictu sensu mostram um painel comparativo do percentual de mulheres e de homens por grandes áreas de conhecimento e permite notar que apenas nas áreas de ciências da saúde e na área de ciências humanas as mulheres constituem (pequena, pois menos de 60%) maioria do corpo docente:

Gráfico 2: corpo docente dos cursos strictu sensu por área e por sexo

Fonte: www.ufmg.br

144 Ao se contrastar o número de graduandos total da UFMG com o número de professores doutores se percebe o que Tavares (2008) denomina ‘filtros de gênero’ à proporção que se avança na carreira acadêmica. Assim, no primeiro semestre de 2016 a UFMG possuía 31.706 alunos regularmente matriculados em seus cursos de graduação (bacharelado/licenciatura), sendo 52% do sexo feminino e 48% do sexo masculino. Já no que que se refere ao número de docentes & cientistas (quer dizer, profissionais com, no mínimo, doutorado), os percentuais eram de 42,3% mulheres e 57,7% homens.

Gráfico 3: alunos de graduação e corpo docente de pós-graduação por sexo

Fonte: www.ufmg.br

Já a comparação entre o número de alunos regularmente matriculados nos cursos de graduação (diurno e noturno, relativos a 1/2016) com a composição do corpo docente dos cursos de pós-graduação strictu sensu que diretamente lhes correspondem25 aponta, tal como acontece em outras instituições de ensino e pesquisa inclusive no exterior que, à medida que aumenta a titulação decresce a participação numérica feminina (TEIXEIRA, 2011; LOMBARDI, 2016), o que é corroborado pela queda no percentual geral de mulheres no contraste destes cursos que possuem direta correspondência entre a graduação e a pós-graduação: a porcentagem de mulheres cai de 49,22% (alunas de graduação) para 37,50% (pesquisadoras doutoras).

Visto que o contraste foi feito somente com cursos com idêntica nomenclatura nos níveis de graduação e de pós-graduação, considerou-se GR para ‘graduandos’ e

25 Por exemplo, o curso de graduação da Faculdade de Educação se chama Pedagogia, ao passo que o curso de pós-graduação dessa unidade se chama Educação, portanto, este comparativo apenas se ateve aos cursos cujos nomes são os mesmo no nível de graduação e de pós, como Direito, Economia etc.

145 DD para ‘docente doutor/a’. Verifica-se que em quase todos os campos o percentual feminino decresce quando se passa do nível ‘graduando’ ao nível ‘doutor’ (isto porque, como já foi mencionado, para se atuar nos cursos de pós-graduação strictu sensu o/a pesquisador/a deve possuir, no mínimo, esta titulação).

Em cursos como Engenharia de Produção, Estatística e Matemática (bacharelado) a redução do número de mulheres, quando aumenta a titulação, é drástica. No primeiro curso o percentual de mulheres na graduação cai de 41,65% (graduandas) para 6,2% (pesquisadoras doutoras); no curso de Estatística esta queda foi de 42,26% para 19%, e no curso de Matemática, cujo percentual feminino já é reduzido na graduação (36,17%), diminui para 7,9%. Vale lembrar que todos estes cursos pertencem às Ciências Exatas.

As exceções a este painel geral, ou seja, o percentual feminino sobe quando se passa das graduandas para as doutoras pesquisadoras foram: Ciência da Computação (13,17% e 17% respectivamente), Engenharia Química (43,84% e 60%), História (48,96% e 50%) e Música (29,31% e 50%, respectivamente, curso no qual se deu o maior crescimento feminino de graduandas para doutoras). Tal quadro pode ser visualizado na tabela abaixo:

147 Fonte: www.ufmg.br

No caso de Geografia nível DD, foi o somatório e média de dois cursos de pós- graduação: Geografia: Organização do Espaço e Geografia: Análise Ambiental. No caso do curso de Medicina nível DD, foi o somatório e média de nove pós-graduações strictu sensu: Cirurgia e Oftalmologia, Genética, Infectologia e Medicina Tropical, Medicina Molecular, Neurociências, Saúde da Criança e do Adolescente, Saúde da Mulher, Saúde do Adulto e Saúde Pública.

Assim, desse total de 29 cursos, somente em Música, História, Engenharia Química e Ciências da Computação (estes dois últimos foram diferentes de todos os outros cursos da área de ciências exatas) o percentual de mulheres aumentou em

148 relação ao de homens quando se passou do número de graduandos ao número de doutores no corpo docente da pós-graduação. Por outro lado, os cursos que tiveram a maior redução proporcional de mulheres quando se passou das graduandas para as doutoras foram: Administração (46,54% para 22,6%), Engenharia de Produção (41,65% para 6,2%), Estatística (42,26% para 19%), Geologia (49,19% para 28,6%), Matemática (36,17% para 7,9%) e Zootecnia (onde, na graduação, as mulheres são pequena maioria, mas no corpo docente são minoria: de 52,75% para 29,2%).