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2.3 Estudo R&R

2.3.1 Método da média e amplitude

O método da média e da amplitude permite estimar a repetibilidade e a reprodutibilidade, mas não a sua interacção (caso exista é possível estimar no método da ANOVA). Neste método vários operadores recolhem medições para a mesma característica, lidas em diferentes experiências, e utilizando o mesmo instrumento. Cada operador não deve ter acesso às medições dos restantes operadores. A tabela seguinte representa os cálculos a efectuar após a recolha dos dados.

Tabela 2.1: Cálculos iniciais estudo R&R

Repetição Experiência Média 1 2 ... n 1 2 ... r Média X¯ Amplitude R¯

Como se pode observar, na tabela 2.1, calcula-se a média e amplitude das observações, tendo em consideração que se trata apenas de um operador. O cálculo da amplitude para cada experiência utiliza a seguinte equação:

R= XMáx(1,...,r)− XMin(1,...,r) (2.8)

Para cada operador que participe no estudo, será necessário repetir os mesmos cálculos.

Análise Gráfica

A carta de amplitudes é construída para verificar se o processo se encontra sob controlo estatís- tico. A carta de amplitudes permite adicionalmente verificar se há consistência no processo de

medição, entre operadores para a mesma experiência. A carta de amplitudes apresenta a ampli- tude das observações por operador e por experiência. Para a construção da carta de amplitudes é também necessário calcular os limites de controlo.

Amplitude média (de todos os operadores) é calculada pela seguinte equação: ¯¯R = ∑ ¯R

número de operadores (2.9)

E os limites de controlo da carta de amplitudes são determinados a partir das equações (2.10) e (2.11).

LSCR= ¯¯R × D4 (2.10)

LICR= ¯¯R × D3 (2.11)

onde D4e D3são constantes a consultar numa tabela de constantes para cartas tradicionais

de variáveis.

Após a construção das cartas de amplitudes, analisa-se ponto a ponto, de forma a verificar se todos os pontos se encontram dentro dos limites determinados anteriormente. Se se verificar que existem pontos fora dos limites, ou seja, causas especiais de variação, o passo seguinte é identificar e corrigir o problema. Posteriormente, repetem-se as medições correspondentes, nas mesmas condições em que foram recolhidas inicialmente (a mesma experiência, o mesmo operador). Calcula-se novamente a média total de amplitudes, ¯¯R, e os limites de controlo, LSCR

e LICR. Quando não existirem causas especiais de variação, é possível fazer a análise dos dados.

A carta das médias é construída a partir da média das várias medições de cada operador, em cada experiência. É apresentado por operador, com a experiência em índice. Esta carta permite verificar se as medições entre operadores são consistentes. Para além dos pontos corresponden- tes às partes, também é colocado no gráfico a média total das observações, ¯¯X, e os limites de controlo da carta das médias, calculados a partir da média de amplitudes, LSCX¯ e LICX¯. Assim,

a média das observações, é dada por:

¯¯X = ∑ ¯X

número de operadores (2.12)

E os limites de controlo são dados por:

LSCX¯ = ¯¯X+ ¯¯R × A2 (2.13)

onde nas equações (2.13) e (2.14), A2 representa uma constante a consultar na tabela de

constantes para cartas tradicionais de variáveis, considerando a dimensão da amostra r (tabela 2.1).

Na carta que se obtém, a área entre os limites de controlo, representa a sensibilidade da medição. Uma vez que as experiências utilizadas no estudo, representam a variação do processo, mais de metade das observações deve estar fora dos limites de controlo. Se as observações registadas na carta de controlo demonstrarem este padrão, é possível concluir que o sistema de medição consegue detectar variação entre partes. Se menos de metade das observações estiver fora dos limites de controlo, então ou o sistema não tem resolução suficiente para a medição da característica em estudo, ou a amostra seleccionada não representa a variação esperada do processo (AIAG, 2002).

Análise númerica • Repetibilidade

Depois da análise gráfica, e tendo verificado que não existem causas especiais de variação, e que o sistema de medição consegue distinguir a variação entre experiências, é possível fazer o estudo da repetibilidade e reprodutibilidade. Assim, o desvio padrão estimado para a repetibilidade, segundo Barrentine (1991), é dado por:

ˆσV E =

¯ R

d2∗ (2.15)

onde d∗

2 representa uma constante a consultar em duas tabelas diferentes, dependendo do

número de amostras e operadores. Ou seja, considere-se

g= número de experiências × número de operadores (2.16) Se g < 16, então o valor de d∗

2 deverá ser consultado na tabela do Anexo A, em que: M =

número de repetições. Se g ≥ 16, então a tabela a utilizar é a tabela de constantes para cartas tradicionais de variáveis. Nas equações seguintes, e de acordo com a convenção utilizada em Barrentine (1991), considerar-se-à uma dispersão de 99%, que representa a dispersão total associada ao erro de medição. Ou seja, a multiplicação de σ por 5.15 representa 99% da dispersão total. Assim, a repetibilidade é calculada da seguinte forma:

considerando uma dispersão de 99%.

• Reprodutibilidade

O desvio padrão estimado para a reprodutibilidade, segundo Barrentine (1991), é dado por:

ˆσV O=

RV O

d2∗ (2.18)

onde RV O representa a amplitude das médias dos operadores, e é obtida a partir da se-

guinte equação:

RV O= ¯X(Operador)M ´ax− ¯X(Operador)Min (2.19)

O valor da constante d∗

2, na equação (2.18), é obtido da mesma forma que para a equação

(2.15), considerando no entanto que g representa o número de amplitudes (ou seja, g = 1), e M representa o número de operadores.

Já a reprodutibilidade é calculada da seguinte forma:

V O= 5, 15 × ˆσV O (2.20)

onde mais uma vez se considerou uma dispersão total associada ao erro de medição de 99%.

• Reprodutibilidade Ajustada

A reprodutibilidade quando calculada na forma descrita anteriormente inclui a variação provocada pelo equipamento de medição - ou seja, a repetibilidade (equação (2.17)). As- sim, é necessário calcular a reprodutibilidade isoladamente, ou seja, a reprodutibilidade ajustada, utilizando a seguinte equação:

Reprodutibilidade Ajustada= v u u t[5, 15 × ˆσV O]2− " (5, 15 × ˆσV E)2 n × s # (2.21)

onde n representa o número de experiências e s o número de repetições. ˆσV E é calculado

a partir da equação (2.15).

O desvio padrão correspondente à reprodutibilidade ajustada, σV O, é calculado a partir da

seguinte equação:

σV O=

Reprodutibilidade Ajustada

• Repetibilidade e Reprodutibilidade (R&R)

Considerando o procedimento descrito anteriormente é possível calcular a variação do processo associado ao sistema de medição.

R&R = q

[5, 15 × σV O]2+ [5, 15 × ˆσV E]2 (2.23)

E o desvio padrão do processo associado ao sistema de medição é obtido a partir da equação seguinte:

ˆσR&R=R&R

5,15 (2.24)

• Variação entre experiências

Para completar o estudo R&R é necessário calcular a variação entre experiências. O desvio padrão estimado para a variação entre experiências é dado por:

ˆσExp=

RExp

d2∗ (2.25)

onde RExp, representa a amplitude entre as medições das n experiências, considerando

todos os operadores, e é obtida a partir da equação seguinte.

RExp= ¯XMáx− ¯XMin (2.26)

A variação entre experiências, considerando uma dispersão de 99% é obtida a partir da equação seguinte.

VExp= 5, 15 × ˆσExp (2.27)

Na equação (2.25) d∗

2 é uma constante que se consulta da mesma forma que na equação

(2.15), tendo em consideração que neste caso M representa o número de experiências e g o número de amplitudes (ou seja, g = 1).

• Variação Total

A partir do cálculo da variação do processo associado ao sistema de medição e a variação entre experiências, calcula-se a variação total. O desvio padrão associado à variação total do processo é obtido da seguinte forma.

ˆσT =

q

E a variação total do processo é, por fim, obtida da seguinte forma:

V T = 5, 15 × ˆσT (2.29)

Por fim, é necessário analisar os resultados.

A variação calculada para cada factor no estudo do equipamento pode ser comparada com a variação total. Essa comparação permite verificar se o equipamento é aceitável para a caracte- rística em estudo. %Repetibilidade = ˆσV E ˆσT × 100 (2.30) %Reprodutibilidade =σV O ˆσT × 100 (2.31)

%Experiência a experiência= ˆσExp ˆσT × 100

(2.32)

%R&R = ˆσR&R ˆσT × 100

(2.33) A aceitação ou rejeição de um instrumento de medição, segundo AIAG (2002), e conside- rando a equação (2.33) é feita de acordo com o seguinte critério:

• %R&R de 0% a 10% da variação total ⇒ Aceitável

• %R&R de 11% a 30% da variação total ⇒ Duvidoso - Pode ser aceitável mediante o custo do equipamento, o custo da reparação ou a importância da característica em estudo.

• %R&R mais de 30% da variação total ⇒ Não aceitável - Neste caso deve procurar-se melhorar o sistema de medição.

O último passo da análise numérica consiste em determinar o número de classes distintas que o sistema de medição consegue distinguir de forma fiável. Seguindo a metodologia de AIAG (2002), relativamente à sensibilidade do equipamento para análise, considera-se a divisão de classes da tabela 2.2.

Ou seja, a partir da tabela 2.2 verifica-se que quanto maior o número de classes maior a sensibilidade do equipamento.

Tabela 2.2: Número de classes (Adaptado de AIAG (2002))

Sistema inadequado para estimar os parâ- metros do processo.

1 Classe de dados

Não aceitável na generalidade dos casos, uma vez que só permite estimar os parâ- metros do processo de forma grosseira.

2 a 4 Classes de dados

Recomendável.

5 ou mais Classes de dados

O número de classes é dado por:

NC= VExp

R&R ×d2∗ (2.34)

onde neste caso o valor de d∗

2 é fixo, sendo M = 2 e g = 1, ou seja, recorrendo ao anexo A

d2∗= 1, 41. O valor de VExp é obtido a partir da equação (2.27) e o valor de R&R é obtido a

partir da equação (2.23).

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