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MÉTODO DE CARDOSO PARA AVALIAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

No documento Apostila Pericia Ambienta (páginas 150-155)

Referencia: Cardoso, A., R., A., “A Degradação Ambiental e seus Valores Economicos Assciados”, Editor Sérgio Antonio Fabris, Porto Alegre, Brasil, 2003.

INTRODUÇÃO

Segundo Cardozo, a quatificação econômica do dano ambiental pode ser relaizada a partir de duas parcelas principais. A primeira parcela correspondente às variáveis quantificáveis do dano ambiental (q) e, a segunda parcela relacionada com as variáveis intangíveis (i) associadas do dano ambiental.

Nesta proposta são consideradas como variáveis quantificáveis todas aquelas que de alguma forma são economicamente mensuráveis, como por exemplo, os investimentos que foram não realizados para se previnir o impacto e se evitar a contaminação, assim como, os custos do licenciamento ambiental quando inexistente. As variáveis intangíveis são todas aqueles que não têm um valor de mercado estabelecido, como por exemplo, o custo da morte de microorganismos como fungos e bactérias, entre outras.

Para cada variável intangível, i, o método atribuí um peso que varia na escala numérica de 0 a 4, em função da intensidade e duração do impacto. A escala de peso proposta no método segue a seguinte ordem de valores:

A) Impacto de curto prazo (dias): * Sem impacto: 0

* Baixo impacto: 1 * Médio impacto: 2 * Alto impacto: 3

B) Impacto de médio e longo prazo (meses e anos): 4

A partir das definições acima, o valor econômico de referência do dano ambiental pode ser determinado pela seguinte relação,

= = × = α α 1 1 n n n n i q VERD onde,

VERD = valor econômico de referência do dano ambeintal;

Σ qn = somatório de todas as variáveis economicamente quantificáveis;

Σ in = somatório de todas as variáveis intangíveis, com peso que varia na escala de 0 a

4;

n = variáveis consideradas no cálculo, variando de 1...α.

No estabelecimento de variáveis intangíveis, Cardoso divide o meio ambiente em duas classes principais (físico e biótico) e respectivas subclassess. As classes e subclasses consideradas no método de Cardoso são:

- Físico: que incluí o ar, água, solo e sedimentos;

- Biótico: que incluí o reino monera, protista, fungi; animal; plantas; antôpico. Os principais representantes para cada subclasse considerada são:

• Reino Monera: Bactérias e Cianobactérias;

• Reino Protista: Protozoários (amebas, paramécio); • Reino Fungi: Musgos, Líquens;

• Reino Animal: Vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e Invertebrados (planárias, besouros, minhocas, lesmas, caramujos, centopeias, aranhas e ácaros);

• Reino da Plantas: Vegetais superiores, intermediários (samambais) e inferiores (algas verdes, vermelhas e pardas).

Assim, o cálculo do valor econômico de referência do dano ambiental, é realizado pela avaliação do grau de impacto sofrido pelos representantes das classes e subclasses do meio ambiente consideradas por Cardoso, avaliadas segundo uma escala numérica de pesos, cálculo dos somatórios das variáveis quantificáveis e intangíveis e, aplicação da relação de multiplicação dos referidos somatórios. Os exemplos

ESTUDO DE CASO: Derrubada de mata nativa em área de preservação permanente

e extração de 56m3 de lenha.

1) Cálculo das variáveis economicamente quantificáveis 1.1) Multa da Infração

Aplicada pelo Órgão Florestal do Estado pelo corte irregular da madeira, no valor de R$10,00/m3 de lenha.

- multa: q1 = 56m3 x R$10,00/m3 = R$560,00. 1.2) Custo da Perícia paga pelo Estado

- diárias: q2 = R$50,00 - combustível: q3 = R$30,00 - 5 horas técnicas: q4 = R$ 50,00 1.3) Perda de Receita

Receita não arrecadada pelo Estado associada à cobrança de taxa de autorizacão de corte de madeira, no valor de R$50,00.

- taxa de autorização: q5 = R$50,00

1.4) Custo de elaboração de EIA/RIMA não realizado - estudo de impacto ambeintal: q6 = R$5.000,00

Assim, o somatório de todas as variáveis economicamente quantificáveis é igual a

Σ qn = q1 + q2 + q3 + q4 + q5 = R$ 5.740,00 (cinco mil setecentos e quarenta reais) 2) Cálculo das variáveis intangíveis

Tabela. Determinação das variáveis intangíveis

Prazo do Impacto Ambiental

Classe e Subclasse n Curto Médio

Longo Ambiente i n Sem = 0 Baixo = 1 Médio = 2 Alto = 3 = 4

Ar i 1 1 Físico Água i 2 1 Solo / Sed. i 3 4 Biótico Monera Bactérias i 4 1 Protista Protozoários i 5 1 Fungi Cogumelos i 6 Animal Invertebrado i 7 1 Animal Vertebrado i 8 1 Arbóreo i 9 4 Plantas Arbustivo i 10 4 Herbáceo i 11 4 Antrôpico Social i 12 Antrôpico Paisagem i 13 4 Economia i 14 Bem-estar i 15 Subtotal = 6 20 Total = 26

A Tabela acima indica que de um total de 15 variáveis, foram consideradas neste caso apenas 11 variáveis intangíveis no cálculo do dano, sendo seis de baixo impacto e cinco de impacto mais significativo, considerando o prazo de recuperação do ambiente. Assim, temos que o somatório de todas as variáveis intangíveis é igual 26.

Uma vez determinadas as parcelas referentes as variáveis quantificáveis e intangíveis, podemos calcular o valor econômico de referência do dano ambiental como sendo igual a,

= = × = α α 1 1 n n n n i q VERD = R$ 5.740,00 x 26 = R$ 149.240,00

ESTUDO DE CASO: Morte de peixes provocada pela operação indevida de um

eclusa durante o período de piracema 1) Preliminares:

Devido a operação indevida de uma eclusa estima-se que foram mortos aproximadamente 12.500 peixes. Os técnicos especialista afirmaram que para compensar cada peixe morte seria necessário repor 20 alevinos/juvenis. Este fato foi baseado, por analogia com o código florestal que estabelece um número de 15 unidades como valor de reposição para cada árvore abatida.

2) Cálculo das variáveis quantificáveis

Para a derminação do valor de mercado do peixe, foi adotado à menor, o valor unitário de um peixe ornamental que é da ordem de R$ 0,50 a unidade. Com relação ao número de peixe que foi se considerado no cálculo do dano, o perito adotou como base de cálculo a conversão da massa de peixes mortos em equivalente massa de alevino. A massa de peixes mortos foi estimada em aproximadamente 2.250kg, enquanto, a massa média do alevino foi adotada como 20g / indivíduo. Assim, o número de alevinos considerada no cálculo foi igual a 112.500 indivíduos. Assim temos,

- número de peixes alevinos que devem ser repostos = 115.000 indivíduos; - valor do peixe ornamental no mercado = R$ 0,50 / indivíduo

O custo do projeto de repovoamento do ambiente impactado, considerando o estudo técnico, as horas de trabalho e outros fatores, foi estimado em aproximadamente R$1.500,00. Assim temos,

- valor da atividade de repovoamento: q2 = R$1.500,00

Σ qn = q1 + q2 = R$ 59.000,00 3) Cálculo das variáveis intangíveis

Prazo do Impacto Ambiental

Classe e Subclasse n Curto Médio

Longo

No documento Apostila Pericia Ambienta (páginas 150-155)

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