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Apostila Pericia Ambienta

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Academic year: 2021

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CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL AMBIENTAL

APOSTILA DE PERÍCIA AMBIENTAL

Dr. Georges Kaskantzis Neto

Engenheiro Químico

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PREFÁCIO

Nas últimas décadas compreendi que cada vez mais o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental devem se apoiar em objetivos compartilhados. A degradação do meio ambiente e dos recursos naturais são fatos que devem evitados e minimizados quando buscamos o desenvolvimento econômico e a riqueza que todos desejamos.

Os fatos em nosso país indicam que a pobreza e o crescimento populacional se combinam para causar impactos negativos sobre os ecossistemas e a população. A urbanização desordenda e os acidentes ambientais, cada vez mais frequentes e intensos, dão lugar ao aumento da contaminação do ar, da água e do solo, causando o aumento da incidência das enfermidades, degradação dos materiais e das perdas financeiras.

O Poder Público, consciente da responsabilidade de proteger os cidadãos e os recursos naturais, têm exigido que os impactos ambientais negativos sejam minimizados e controlados, através da criação e aplicação de severa legislação ambiental. Cada vez mais, os Procuradores da Justiça têm instaurado Ações Civis Públicas visando punir os infratores e reparar os danos ambientais. Neste sentido, o Perito Ambiental têm um papel fundamental a cumprir, auxiliando a justiça na elucidação da lide e na valoração dos danos ambientais. A reparação dos danos causados ao meio ambiente somente é possível quando se determina o seu valor.

Cada vez mais os profissionais de nível superior das diversas áreas do conhecimento são requeridos pela justiça e pelas empresas para atuarem como peritos e assistentes técnicos em processos judiciais. Na maioria dos casos, a interdisciplinaridade de conhecimentos necessários para avaliação do dano ambiental, requer a constituição de uma equipe multidisciplinar de profissionais especialistas.

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Neste sentido, para suprir a demanda de mercado e treinar profissionais que desejam atuar como Assistentes Técnicos e Peritos Judiciais na área de meio ambiente, foi desenvolvido este Curso de Perícia.

Nos últimos anos este Curso foi ministrado em diversas regiões do país tendo formado centenas de profissionais com conhecimentos específicos para atuarem com peritos na área de meio ambiente. Os conhecimentos e as técnicas apresentadas neste Curso são a base para a prática da perícia ambiental, mas o contínuo aperfeiçoamento e exercício profissional são fundamentais para o desenvolvimento da atividade do perito, considerando a complexidade do assunto em questão.

A terceira versão desta apostila apresenta uma síntese dos conhecimentos e as ferramentas necessárias para a realização da perícia ambiental. Os principais temas abordados englobam conhecimentos sobre ecologia, direito ambiental, técnicas de avaliação de impactos, valoração de danos e passivos ambientais e análise de riscos. Nesta nova versão da apostila, foram incluídos novos métodos de valoração de danos ambientais pesquisados em literatura e, alguns utilizados pelos órgãos de fiscalização e controle de meio ambiente do país e do exterior.

Dr. Georges Kaskantzis Neto

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SUMÁRIO

1. ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

1.1 Definições

1.2 Meio Físico

1.3 Energia e Meio Ambiente

1.4 Recursos Renováveis e Esgotáveis

1.5 Análise do Ciclo de Vida de Produtos

2. DIREITO AMBIENTAL

2.1 Legislação Nacional

2.2 Órgão e Competências Legais

2.3 Leis e Normas Ambientais

2.4 Ação Civil Pública

2.5 Perícia Ambiental

3. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

3.1 Definições e Conceitos

3.2 Elementos e Etapas do Processo de EIA

3.3 Tipologia dos Impactos

3.4 Diagnóstico do Meio Físico, Biológico e Antrôpico

3.5 Metodologias de Avaliação de Impactos Ambientais

3.6 Métodos e Técnicas de Laboratório

4. INTRODUÇÃO A ECONOMIA AMBIENTAL

4.1 Base Conceitual

4.2 Valoração Econômica do Meio Ambiente

4.3 Métodos de Avaliação de Danos Ambientais

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4.4 Conclusões sobre os Métodos de Valoração

5. MERCADO EXTRA JUDICIAL

5.1 Passivos Ambientais

5.2 Origens dos Passivos Ambientais

5.3 Mensuração de Passivos

5.4 Casos Reais

5.5 Passivos Ambientais Evidentes e Difusos

5.6 Matriz de Passivos Ambientais

5.7 Avaliação de Riscos e Acidentes Ambientais

5.8 Auditoria Ambiental

5.9 Diagnóstico Básico Ambiental

5.10 EIA – RIMA e Licenciamento Ambiental

5.11 Plano Básico Ambiental

5.12 Relatório, Laudo e TAC Ambiental

6. ESTUDOS DE CASO

- REFERÊNCIAS

- ANEXOS

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1. ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

Atualmente ecologia não significa somente uma área de conhecimento da Biologia, mas toda uma forma de pensar a relação do homem com a natureza e com si próprio. No atual estágio do desenvolvimento humano, de economia e problemas ambientais globalizados, ecologia significa propor novas formas de desenvolvimento voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos homens e preservação do meio ambiente. A tecnologia avançou tanto que nos dias atuais parece que não precisamos mais da natureza para suprir nossas necessidades. Esta mentalidade resultou no desequilíbrio ambiental que atualmente se manifesta através da poluição hídrica, poluição atmosférica, erosão e contaminação do solo e outros problemas ambientais que comprometem a nossa qualidade de vida.

Pretende-se nesta seção apresentar os principais conceitos sobre ecologia, os meios físicos que constituem o nosso universo de estudo e sua relação com a produção, assim como o uso de energia e impactos ambientais associados. A questão da utilização de recursos naturais renováveis e esgotáveis também é discutida nesta seção e associada a com a análise do ciclo de vida de produtos.

1.1 DEFINIÇÕES E PRINCIPAIS CONCEITOS

Ecologia é a ciência que estuda os seres vivos e as suas relações com outros seres vivos e com o meio ambiente. A palavra é derivada do grego é significa literalmente o estudo da “casa” onde se vive. Para sobreviver na sociedade todos os indivíduos precisam conhecer os seus ambientes, as forças da natureza, os vegetais e os animais que os cercavam. Basicamente, os níveis de organização dos seres vivos, do mais simples para o mais complexo, são mostrados no esquema abaixo.

ÁTOMOS ⇒ MOLÉCULAS ⇒ ORGANÓIDES ⇒ CÉLULAS ⇒ TECIDOS ⇒ ⇒ ÓRGÃOS ⇒ SISTEMAS ⇒ INDIVÍDUOS ⇒ POPULAÇÃO ⇒ COMUNIDADE ⇒ BIOSFERA ⇒ ECOSSISTEMA

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ƒ População

É o conjunto de indivíduos da mesma espécie, vivendo juntos no espaço e tempo. ƒ Comunidade ou Biocenose

É o conjunto de populações interdependentes no tempo e no espaço. ƒ Ecossistema

Ecossistema é o conjunto formado por uma ambiente físico (solo, ar, água) e os seres vivos que nele habitam. Como exemplos de ecossistemas podemos citar os lagos, os rios, os mares, os campos, as florestas, etc. É a unidade fundamental da Ecologia. No ecossistema distinguem-se dois componentes, a biocenose e biótopo. A biocenose, ou comunidade biótica é o componente vivo, ou biótico de um ecossistema. O biótopo refere-se ao meio físico ou abiótico de um ecossistema, sobre o qual se desdobram a vida vegetal e animal.

ƒ Equilíbrio Ecológico

Os ecossistemas são sistemas equilibrados. O ecossistema consome certa quantidade de gás carbônico e água enquanto produz determinado volume de oxigênio e matéria orgânica. Qualquer mudança na entrada ou saída destes elementos desequilibra o sistema, alterando a produção de alimento e oxigênio. Cada espécie viva tem seu papel no funcionamento do ecossistema a que pertence. Por exemplo, quase todo vegetal que se reproduz por meio de flores necessita de alguma espécie de inseto para polinização. O extermínio do inseto também provoca a extinção do vegetal.

ƒ Biosfera

As regiões habitadas da Terra, desde as profundezas do mar até os picos das mais altas montanhas, constituem a esfera viva deste planeta, ou a biosfera. Ela é uma camada quase contínua ao redor da Terra, interrompendo-se apenas nos desertos extremamente áridos e nas regiões cobertas de gelo. Apesar de abrigar um imenso número de seres vivos, a biosfera, cuja espessura máxima não chega a 20 km, é

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ƒ Habitat e Nicho Ecológico

O habitat é o local específico onde o organismo vive e, nicho ecológico é o papel que o organismo exerce nesse local. Costuma-se dizer que habitat é o endereço de uma espécie, enquanto que nicho ecológico é a sua profissão.

ƒ Fatores Ecológicos

Todo ser vivo sofre ação de vários fatores do meio ambiente em que vivem. Assim,

fator ecológico é todo elemento do meio capaz de agir diretamente sobre os seres

vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo vital. ƒ Classificação dos Fatores Ecológicos

Os fatores ecológicos são divididos em fatores abióticos e bióticos. Os fatores abióticos incluem os fatores físicos do ambiente, como clima, luz, temperatura, água, salinidade e condições do solo. Os fatores bióticos compreendem os fatores relacionados aos seres vivos, como a ação do predatismo, parasitismo e competição.

ƒ Ação da Luz

A luz é o fator ecológico que permite a existência da vida na Terra. A luz atua pela intensidade, tipo de radiação, direção e duração. Seu papel ecológico essencial é a fotossíntese, bem como a indução de ritmos biológicos.

ƒ Fotossíntese

É a energia luminosa fornecida pelo Sol às plantas possibilita a fixação do gás carbônico da atmosfera e a realização da fotossíntese, que significa síntese em presença de luz. Trata-se do processo responsável pela produtividade alimentar dos ecossistemas.

ƒ Temperatura

A temperatura, com exceção da luz é o mais importante dos fatores ecológicos. A temperatura afeta as reações químicas. É evidente que as reações bioquímicas que

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ocorrem nas células são dependentes da temperatura. Muitas reações celulares são catalisadas por enzimas, ajustadas para operarem em temperaturas que variam de 28 a 30ºC. Além disso, a temperatura define o clima de uma determinada região.

ƒ Limites de Tolerância

De maneira geral, os organismos só podem viver na faixa de temperatura entre 0ºC e 50ºC que é compatível com uma atividade metabólica normal. Há exceções, como bactérias que vivem em águas termais que atingem 90ºC e, nematóides que já foram submetidos a -272ºC sem nada sofrerem.

ƒ Ação da Água

A água é muito importante como fator ecológico. A água é um componente fundamental do protoplasma. Na composição química da célula, a proporção de água varia de 70 a 90%. O elevado calor específico da água funciona como regulador térmico dos organismos. A tensão superficial permite o deslocamento de insetos e aracnídeos sobre a superfície da água como se estivessem em terra firme. A agitação das águas provoca a queda da temperatura e o aumento do teor de oxigênio dissolvido. A turbidez da água, devido à presença de partículas em suspensão, reduz a intensidade luminosa e, por conseguinte, diminui a atividade fotossintética, reduzindo a produtividade alimentar e o teor de oxigênio.

ƒ Ação da Salinidade

A salinidade exerce importante papel na distribuição dos seres vivos aquáticos, especialmente os marinhos. A salinidade relaciona-se com a pressão osmótica, fator responsável pela entrada e saída de água nas células. As espécies capazes de suportar grandes variações de salinidade são chamadas de euri-halinas e habitam, por exemplo, as águas salobras. As esteno-halinas são as espécies adaptadas a uma concentração salina mais ou menos constante.

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ƒ Fatores Edáficos

O solo é um meio bastante complexo onde existem seres vivos e numerosos fatores abióticos influenciando tais como água, granulometria, porosidade, ar, seres vivos e propriedades físico-químicas, principalmente, pH e salinidade. Os fatores edáficos relacionados ao solo são húmus, lixiviação, erosão e laterização. O húmus é o resultado da decomposição de detritos vegetais, rico em nutrientes, quem mantém a textura e umidade do solo. A lixiviação é a lavagem do solo pela chuva, que por ser rica em íons hidrogênio substitui os íons cálcio e potássio do solo, tornando-o ácido. A erosão é a conseqüência da ação do intemperismo nas rochas. A laterização é a remoção da sílica e enriquecimento do solo em óxidos de ferro e alumínio o que impede a prática agrícola.

ƒ Alimento

Dependendo da quantidade e da qualidade do alimento disponível ocorrem alterações na fecundidade, longevidade, desenvolvimento e mortalidade das espécies. As espécies que suportam regime alimentar variado são chamadas de eurífagas, enquanto que as de hábito alimentar restrito são as estenófagas.

1.2 MEIO FÍSICO

Considerando que o objeto de uma perícia ambiental busca determinar as alterações ocorridas no meio físico, biológico e antrôpico, é de extrema importância o conhecimento e a características destes meios. O meio físico engloba o solo, a água e o ar. O meio biológico incluiu os animais e as plantas do ecossistema em análise enquanto o meio antrôpico está relacionado ao homem e ao patrimônio físico e cultural de uma determinada população. Nesta seção trataremos apenas do meio físico.

- Meio Físico (Litosfera, Hidrosfera, Atmosfera)

A parte sólida da Crosta Terrestre, ou Litosfera, é constituída pelas rochas. A parte hídrica, constituída pelos mares, lagos e rios, é chamada de Hidrosfera. A parte gasosa é chamada de Atmosfera. Naturalmente sobre este sistema se encontra vida e

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- LITOSFERA

As rochas que constituem a litosfera são classificadas em três tipos. As ígneas ou

magmáticas (solidificação de materiais vulcânicos, granito e basalto), as sedimentares ou estratificadas (material particulado erosivo estratificado, argilas,

calcáreo, arenito, folhelhos), e as metamórficas (rochas sedimentares modificadas pelo meio, pressão, temperatura, agentes químicos, mica, mármore).

O intemperismo sofrido pelas rochas da superfície da Terra formam várias camadas. A camada mais superficial é a que chamamos de solo. É no solo que as plantas fixam suas raízes. Os solos são compostos por diferentes tipos de rochas, além de uma infinidade de materiais e de seres vivos. Além disso, os componentes do solo podem variar de região para região.

A areia é um tipo de rocha sedimentar formada por grãos de quartzo e por outros minerais. Pode ter diversas cores, dependendo do mineral predominante. As cores mais comuns são cinza, amarela e vermelha. A areia é muito permeável à água, deixando-a passar com muita facilidade. Quando um solo possui mais de 70% de areia é chamado de solo arenoso.

A argila é um tipo de rocha sedimentar. Normalmente apresenta-se nas cores cinza, preta, amarela ou avermelhada. É muito impermeável não deixando a água passar com facilidade. Um solo com mais de 30% de argila é chamado de solo argiloso. O solo argiloso é aquele que quando molhado forma uma pasta.

O húmus é formado por restos de animais e de vegetais decompostos. Normalmente é muito escuro quase preto. O solo que apresenta mais de 10% de húmus é chamado de

solo humífero. Para que o húmus se forme é necessária a ação de microorganismos,

como fungos, bactérias e protozoários, sobre os seres mortos.

O calcário é um tipo de rocha sedimentar que também pode constituir os solos. O calcário é normalmente formado por carbonato de cálcio e apresenta-se nas cores cinza, amarela e até preta. Se a constituição do solo apresentar mais de 30% de calcário é chamado de solo calcário.

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Os solos contêm um pouco de cada um desses materiais. Se forem nas proporções adequadas constituem o solo agrícola. Essa proporções, em geral, são: de 60 a 70% de areia, de 20 a 30% de argila, de 10 a 30% de húmus e de 5 a 6% de calcário, além de elementos, como potássio, nitratos em pequenas quantidades e outros minerais em micro quantidades.

Há locais, na desembocadura de rios para o mar, em que o solo sofre a ação das marés, ficando sob a água, durante a maré cheia e exposta, durante a maré baixa. São os chamados manguezais. Nestes sistemas a vida é intensa. Eles são tão importantes que são chamados de berço da vida dos oceanos.

A formação geológica do subsolo e a composição das rochas influenciam tanto o movimento da água de infiltração e subterrânea (direção e velocidade de escoamento) quanto na sua configuração. A resistência ao escoamento de fluxos de água ou de outros compostos no solo está associada ao seu coeficiente de permeabilidade, que descreve a maior ou menor facilidade de passagem de fluído através dos vazios. A permeabilidade em rocha de igual formação pode ser diferente de um ponto para o outro. Ela pode variar também de acordo com a direção. A Tabela 1 mostra alguns valores típicos do coeficiente de permeabilidade, kf.

Tabela 1 – Valor de kf em função do tipo de solo

Solo kf (m/s)

Saibro 10- 1 a 10- 2

Areia 10- 3 a 10- 5

Areia fina (Siltosa, argilosa) 10- 6 a 10- 9

Argila < 10- 9

Esses valores de coeficiente kf são classificados conforme se segue: - fortemente permeáveis: > 10- 4 (m/s);

- permeáveis: 10- 4 até 10- 6 (m/s);

- fracamente permeáveis: 10- 6 até 10- 9 (m/s) e; - muito pouco permeáveis: < 10- 9 (m/s);

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- CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO

O subsolo e a água freática contaminada é um sério risco para a saúde humana, o que normalmente não é diretamente reconhecido pelas pessoas atingidas. O tratamento da água de um sistema aqüífero pode levar centenas de anos e consome grandes quantidades de dinheiro. As principais fontes de contaminação do solo e do lençol freático são geralmente:

1) Percolação de substâncias concentradas em um local (fonte pontual) de: - deposições antigas e problemáticas (lixões, lixões não-controlados); - aterros sanitários impermeáveis;

- poços de drenagem, lagoas de infiltração;

- áreas industriais (depósitos e manuseio indevidos de substâncias tóxicas); - locais de acidentes ocorridos no transporte de substâncias químicas. 2) Infiltração em forma de linhas de substâncias por:

- infiltração a partir de riachos e rios;

- infiltração de efluentes de tubulações de água danificadas e; - infiltração da água pluvial nas estradas.

3) Infiltração difusa de substâncias em áreas com a água pluvial por: - utilização exagerada de agrotóxicos na agricultura;

- utilização indevida de herbicidas e pesticidas e;

- infiltração de substâncias da atmosfera com água pluvial. 4) Infiltração a partir de lagos e lagoas de contenção

- HIDROSFERA

Toda água livre que existe no nosso planeta compõe hidrosfera. Dessa água cerca de 0,001% está na atmosfera, 0,009% está nos lagos, rios e riachos, 0,625% está nas águas de superfície e solo, 2,15% está nas calotas de gelo e geleiras e 97,209% nos

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caso da sílica. Assim, a água disponível para uso é apenas uma pequena parcela de toda água existente no planeta.

A água é tão importante para a vida humana quanto os alimentos. Um indivíduo precisa de um ou dois litros de água diários para sobreviver. O problema básico não é a falta de água potável, poucas pessoas morrem de sede. O problema é obter um fornecimento suficiente de água potável e serviços de saneamento adequados.

Ao contrário do combustível fóssil e do solo, as águas doces são uma fonte renovável. Se forem usadas de forma adequada e cuidadosamente conservadas, o ciclo hidrológico global pode satisfazer as necessidades, atuais e projetadas, em uma base sustentável. Contudo, problemas como o fornecimento de água doce e com a qualidade da água são de importância imediata e fundamental para todos.

O crescimento populacional e as exigências crescentes por energia e alimentos estão impondo grandes demandas tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos suprimentos de água doce. Nos países em desenvolvimento, os problemas com a poluição e esgotamento da água potável são uma realidade.

- DIMENSÃO QUÍMICA

A água pura é um composto líquido formado por moléculas de oxigênio e hidrogênio. A água nunca se encontra no estado puro na natureza. Diversos gases, oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio estão dissolvidos na água. Os sais, como nitratos, cloretos e carbonatos também se encontram em solução. Diversos sólidos, tais como: pequenos pedaços de matéria animal, poeira e areia encontrados em suspensão na água. Outras substâncias químicas dão cor e gosto à água. Os íons presentes na água conferem o caráter alcalino ou ácido à solução. A temperatura da água varia de acordo com profundidade e local, influenciando o comportamento químico.

- DIMENSÃO BIOLÓGICA

Dentro dessa complexa mistura existe uma coleção extraordinariamente variada de vida vegetal e animal. Desde o fitoplâncton (vegetais) e zooplâncton (animais)

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espécies de vida fora da água encontram seu correspondente dentro dela. Algumas, particularmente os insetos, podem viver diferentes estágios de vida tanto dentro como fora da água. Cada categoria de biota tem um nicho particular, ou conjunto de condições aquáticas, que lhe é mais adequado para o desenvolvimento.

- USOS DA ÁGUA

Os usos de água podem ser divididos em quatro grandes categorias:

1. Uso físico direto pelo homem e seus animais domésticos. Usamos água para beber, tomar banho, lavar e diversos usos domésticos. Para este caso os padrões são severos. A água deve ser aspecto limpo, pureza de gosto e acima de tudo, estar isenta dos perigosos e debilitantes microorganismos que flagelam as populações urbanas dos séculos precedentes.

2. Uso direto na indústria e agricultura como fator de produção. As indústrias são os maiores consumidores. Elas consomem quase 40% nos processos industriais. Outros 17% estão no item "indústrias e miscelânea" e incluem manufatura, mineração e construção. A irrigação utiliza 33%.

3. Uso psicológico como parte de nosso ambiente estético e cultural. Um belo lago ou rio talvez não tenha serventia especial, mas se houver uma contabilidade econômica, a água tem um valor definido porque o apreciador sente-se tão satisfeito pela visão com acontece com o gosto da comida ou a cor da roupa. O valor não pode ser medido simplesmente em dinheiro.

4. Uso ecológico como componente virtual no sistema de sustentação da vida na Terra. Apesar do vasto volume de água na Terra, que inundaria o solo até uma altura de uns 250 metros se fosse distribuída por igual, o ambiente aquático é biologicamente fraco. Apenas 3% cabem à água doce. No resto, a produção biológica limita-se em primeiro lugar à camada da superfície, especialmente nos estuários. Contudo, todo o volume oceânico funciona como um termostato do calor e dos minérios para o resto do mundo.

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- RECURSOS MARINHOS E BIODIVERSIDADE

A atividade humana é responsável por um grande numero de ameaças à rica diversidade da vida marinha. As causas dos danos ao meio ambientes marinho e costeiro são variadas e complexas, no entanto, todas estão relacionadas à alta concentração humana nas regiões litorâneas. Aproximadamente dois terços da população mundial vivem ao longo dos litorais e dos rios que deságuam nas áreas costeiras. Essa alta concentração de pessoas é responsável por mais da metade dos prejuízos causados aos recursos marinhos e costeiros.

As causas principais dos danos aos recursos marinhos são a poluição costeira vinda do continente através do esgoto municipal, lixo industrial, escoamento urbano e rural, desflorestamento continental, construção e crescimento em áreas litorâneas, lançamento em grande quantidade de resíduos nos oceanos, sedimentos dos esgotos e substâncias nocivas, derramamento de petróleo, plásticos descartáveis e a pesca excessiva pelo uso de métodos agressivos.

Quando comparados com o mar aberto, os ecossistemas costeiros possuem uma fecundidade biológica muito maior. Os estuários e recifes de corais são de 14 a 16 vezes mais férteis do que o mar aberto, os mangues são mais de 20 vezes mais fecundos. A Tabela 2 mostra a fertilidade biológica das áreas marinhas.

Tabela 2 - Fertilidade Biológica de Áreas Marinhas

Tipo de Ecossistema Média da Fertilidade Líquida *

Mar aberto 57

Regiões de Plataforma Continental 162

Áreas de Nascentes Elevadas 225

Pântanos Salgados 300

Estuários 810 Recifes de Corais e Bancos de Areia 900

Mangues 1.215 * em gramas de carbono por metro cúbico por ano

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- ATMOSFERA

Toda a Terra está envolta em ar. Esse espaço nós chamamos de atmosfera. Muitos seres vivos necessitam do ar para respirar. Além disso, o ar é o próprio ambiente em que vivem algumas espécies de seres vivos. A camada de ar que envolve a Terra é como uma casca de maçã, pois metade do seu volume está até 5,5 km de altura da superfície, enquanto que 75% estão até 8,8 km e 99% até 30 km.

A atmosfera (do grego atmós, gás; sphaîra, esfera) da Terra tem espessura estimada em 800 km. Ela é formada por gases, principalmente, o nitrogênio (78%), o oxigênio (21%) e o argônio (0,9%), e por gases menores, entre eles o vapor de água e o dióxido de enxofre, que totalizam apenas 0,1% do volume do ar atmosférico. Ela também contém microrganismos e partículas sólidas, como cinzas vulcânicas e poeira.

A atmosfera pode ser dividida conforme a variação da temperatura, da composição química do ar ou da estrutura eletromagnética (campos elétricos e de atração magnética). Essas camadas são denominadas de troposfera, estratosfera, ionosfera, ou mesosfera e exosfera ou termosfera.

A emissão de gases na atmosfera existe desde os primórdios da vida na Terra. Os fenômenos naturais como o vulcanismo, decomposição anaeróbica da matéria orgânica e descargas elétricas de raios, têm a sua contribuição na liberação e na formação dos poluentes atmosféricos. Porém, a evolução da qualidade de vida e o crescimento populacional induziram o aumento da produção industrial e o consumo energético, acarretando dessa forma no aumento da poluição atmosférica.

A poluição do ar consiste na alteração da composição natural da atmosfera que é causada pelos poluentes nas formas sólida, líquida ou gasosa e energia. As fontes de poluição do ar podem ser do tipo naturais (atividades vulcânicas, queimadas, maresia) ou antropogênicas (aquelas que resultam da atividade humana).

Segundo a resolução do CONAMA 03/90, o ar torna-se poluído quando as concentrações de certos compostos ultrapassam valores limite de referência e podem afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à

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Os principais poluentes atmosféricos são o monóxido de carbono (CO), gás carbônico (CO2), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), material particulado (MP), hidrocarbonetos (HC), sulfeto de hidrogênio (H2S), ozônio (O3), dioxinas e furanos, entre outros. Sabe-se ainda que esses poluentes podem ter maior ou menor impacto sobre a qualidade do ar, de acordo com sua concentração na atmosfera e condições metereológicas locais.

A poluição do ar provoca doenças respiratórias (asma, bronquite e enfisema pulmonar) e desconforto físico (irritação dos olhos, nariz e garganta, dor de cabeça, sensação de cansaço, tosse), agrava doenças as cardiorespiratórias e contribui para o desenvolvimento de câncer pulmonar. Estes problemas apresentam um alto custo social, uma vez que, eles provocam desgastes físicos e emocionais, gastos financeiros com o tratamento da saúde, perda de horas de trabalho e redução da produtividade. Os principais problemas causados pela contaminação atmosférica são a degradação da qualidade do ar; a exposição humana e dos ecossistemas a substâncias tóxicas; os danos à saúde humana, aos ecossistemas e ao patrimônio público; a acidificação das águas e solos; a depleção do ozônio estratosférico e o aquecimento global e alterações climáticas.

Considerando que o homem é diretamente afetado por tudo que acontece no meio ambiente por fazer parte dele, podemos concluir que se o meio ambiente perece todos perecem. Cada pessoa é produto do meio e a sua vida depende da qualidade da água que bebe, dos alimentos que ingere, do espaço em que vive e do ar que respira. Surge então a necessidade de se preservar e cuidar do meio ambiente.Observa-se que essa responsabilidade do “cuidado” vai além do bairro, da cidade e mesmo do país em que se vive, ele deve ser a conjugação de esforços a nível internacional para se viver o presente e o futuro.

1.3 ENERGIA E MEIO AMBIENTE

A energia constitui o substrato básico do universo e de todos os processos de transformação, propagação e interação que nele ocorrem. Há uma diversidade de fontes de energia, inferidas da análise desses variados processos. Do ponto de vista

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As fontes naturais são aquelas em que a natureza é o agente produtor de energia. As fontes artificiais de energia são as que incluem a ação do homem, incluindo geradores, turbinas, reatores nucleares e baterias solares. Sob o ponto de vista do referencial humano podemos identificar dois estados básicos da energia: potencial e cinético. O primeiro significa energia armazenada disponível a qualquer instante, como a energia gravitacional das águas represadas. O aspecto cinético ou dinâmico está associada a massa em movimento.

- O HOMEM E A ENERGIA

Os estágios de desenvolvimento do homem desde o homem primitivo até o homem tecnológico de hoje em dia pode ser correlacionado estreitamente com a energia consumida, conforme mostrado a seguir.

• O homem primitivo sem o uso do fogo tinha apenas a energia dos alimentos que ele comia (2.000 kcal / dia);

• O homem caçador (100.000 anos atrás) tinha mais comida e também queimava madeira para obter calor e para cozinhar;

• O homem agrícola primitivo (Mesopotâmia, 5.000 a.C.) semeava e utilizava a energia animal;

• O homem agrícola avançado (Noroeste da Europa, em 1.400 d.C.) usava carvão para aquecimento, a força da água, a força do vento e o transporte animal;

• O homem industrial (Inglaterra, 1875) tinha a máquina a vapor e;

• O homem tecnológico (nos EUA, em 2000) consumia 250.000 kcal / dia.

Começando com o consumo de energia muito baixo de 2.000 kcal por dia, que caracterizava o homem primitivo, o consumo de energia cresceu, em um milhão de anos, para quase 250.000 kcal por dia. Este enorme crescimento da energia per capita consumida só foi possível devido:

• Ao aumento do uso do carvão como fonte de calor e potência no século 19; • Ao uso de motores de explosão interna com petróleo e derivados e;

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Por outro lado, existe ainda uma enorme diferença entre o consumo per capita dos países industrializados, onde moram 25% da população mundial, e dos países em desenvolvimento, onde vivem os restantes 75%. Os EUA, por exemplo, com 6% da população mundial, consomem 35% da energia mundial.

O consumo médio anual per capita no século XX foi de 75.000 kcal/dia nos países industrializados e de apenas 9.450 kcal/dia nos países em desenvolvimento. Dentro de alguns países há diferenças enormes no consumo de energia entre os ricos e os pobres. A Figura 2 ilustra a evolução do homem no uso da energia.

- FONTES DE ENERGIA

A principal causa dos problemas ambientais relacionados ao uso da energia para alimentação, moradia e comércio, indústria e agricultura, e transporte, é o emprego de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), ou mesmo a lenha. O uso da hidroeletricidade e a energia nuclear também criam problemas. A Tabela 3 mostra as principais fontes de energia utilizada atualmente pelo homem.

Figura 2 – Consumo de energia do homem ao longo da história

0 5 0 1 00 1 50 2 00 2 50 H o m em p r im iti vo H o m em c a ça d o r H o m em a g r íc o la p r im itiv o H o m em a g r íc o la a va n ç a d o H o m em in d u s tr ial H o m em te cn o ló g i co T r a n s p o r te In d ú s tri a e a g r ic u ltu ra M o r ad ia e co m é r ci o A lim e n taç ã o

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Tabela 3 – Fontes de energia, vantagens e desvantagens

FONTE OBTENÇÃO USOS VANTAGENS DESVANTAGENS

ESGOTÁVEL Petróleo Resulta de reações químicas de fósseis, depositados no fundo do mar e no continente. Produção de energia elétrica; matéria-prima da gasolina, do diesel e de produtos, como plástico, borracha sintética, ceras, tintas, gás e asfalto. Domínio da tecnologia para sua exploração e refino; facilidade de transporte e distribuição. Polui a atmosfera (gás carbônico, enxofre, particulados, óxidos de nitrogênio); colabora para o aumento da temperatura. Nuclear Reatores nucleares produzem energia térmica por fissão de átomos de urânio. Esta energia aciona um gerador elétrico. Produção de energia elétrica; fabricação de bombas nucleares. Não emite poluentes que contribuam para o efeito estufa. Não há tecnologia para tratar lixo nuclear; a construção das usinas é demorada e cara; há riscos de contaminação radioativa. Carvão Mineral Resulta das transformações químicas de grandes florestas soterradas. Extraído de minas localizadas em bacias sedimentares. Produção de energia elétrica; aquecimento; matéria-prima de fertilizantes. Domínio da tecnologia para seu aproveitamento; facilidade de transporte e distribuição. Polui a atmosfera (gás carbônico, enxofre, particulados, óxidos de nitrogênio); colabora para o aumento da temperatura. Gás Natural Ocorre na natureza associado, ou não, ao petróleo. A pressão nas reservas impulsiona o gás para a superfície, onde é coletado em tubulações. Aquecimento; combustível para geração de eletricidade, veículos, caldeiras e fornos; matéria-prima de derivados de petróleo. Emissão baixa de poluentes; pode ser utilizado nas formas gasosa e líquida; existe um grande número de reservas Altos investimentos para o armazenamento e distribuição (gasodutos, navios metaneiros). RENOVÁVEL Hidrelétrica A energia liberada pela queda de água represada move uma turbina que aciona um gerador elétrico. Produção de energia elétrica. Não emite poluentes, não interfere no efeito estufa. Inundação de grandes áreas e deslocamento da população residente; a construção das usinas é demorada e cara; altos custos de transmissão.

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FONTE OBTENÇÃO USOS VANTAGENS DESVANTAGENS Eólica O movimento dos

ventos é captado por hélices gigantes ligadas a uma turbina que acionam um gerador elétrico Produção de energia elétrica; movimentação de máquinas e motores. Grande potencial para geração de energia elétrica; não interfere no efeito estufa; não ocupa áreas de produção de alimentos. Exige investimentos para transmissão da energia; produz poluição sonora; interfere em transmissões de rádios e TV. Solar Lâminas recobertas com material semicondutor, como o silício, são expostas ao sol. A luz excita os elétrons do silício, que geram uma corrente elétrica Produção de energia elétrica; aquecimento. Não é poluente; não interfere no efeito estufa; não precisa de turbinas ou geradores para a produção de energia elétrica. Exige altos investimentos para seu aproveitamento. Biomassa A matéria decomposta em caldeiras ou biodigestores, O processo gera gás e vapor, que acionam uma turbina e movem um gerador elétrico Aquecimento; produção de energia elétrica e de biogás (metano). Não interfere no efeito estufa (o gás carbônico liberado durante a queima é absorvido depois no ciclo de produção). Exige altos investimentos para seu aproveitamento.

1.4 RECURSOS RENOVÁVEIS E ESGOTÁVEIS

As principais fontes de recursos, utilizadas para satisfazerem às necessidades humanas, dividem-se em recursos esgotáveis e recursos renováveis.

Os recursos esgotáveis são aqueles que, uma vez consumidos, não há como serem repostos, uma vez que levaram milhões de anos para se formarem, como é o caso dos combustíveis fósseis - petróleo e carvão mineral. Outros recursos esgotáveis, usados para geração de energia, são os minerais físseis, usados em usinas nucleares. Os recursos renováveis são aqueles que constantemente a natureza está repondo, como é o caso de madeiras, carvão vegetal, extratos vegetais - óleos, açúcar, álcoois, entre outros. Outros recursos, chamados renováveis, são aqueles disponíveis na natureza, como a luz solar, a força das marés, a força dos ventos e a geotermia.

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- RECURSOS ESGOTÁVEIS

PETRÓLEO

Em períodos geológicos distantes, restos de animais e vegetais depositaram-se no fundo de mares e lagos que sob ação de intensa sedimentação, calor e pressão transformaram-se me petróleo, encontrado no estado líquido (óleo), gasoso (gás natural) e sólido (betume). A importância do petróleo é tão inquestionável em nosso tempo que alguns mais exagerados o denominam ouro negro dos tempos modernos. Sem dúvida percorrer 400, 500 e até 600 km sem necessidade de reabastecer o automóvel, ou percorrer milhares de quilômetros sem necessidade de reabastecer a aeronave é uma grande conquista da humanidade. A grande portabilidade dessa forma líquida de energia é que permitiu o enorme progresso industrial que tivemos e estamos tendo nestas últimas décadas. Por outro lado, em todas as fases do uso do petróleo e de seus derivados existem pontos de contaminação do meio ambiente.

- OUTRAS FONTES ESGOTÁVEIS

As outras fontes de energia esgotável, como carvão e usinas termonucleares, gerando cerca de 10% do total de energia elétrica do país, são de pequena monta. Tanto a queima do carvão, seja para uso siderúrgico, como em termelétricas, sempre geram poluição atmosférica. O carvão mineral é um combustível fóssil originado do soterramento de antigas florestas em ambientes aquático ou subaquático, com pouco oxigênio, durante o período Paleozóico. As reservas brasileiras, além de pequenas, são de baixa qualidade, com pouco poder calorífico e alto teor de cinzas, o que historicamente dificultou seu aproveitamento como fonte de energia no país. Já o combustível nuclear tem pontos de poluição desde a sua mineração, assim como no seu transporte, processamento e refino, no seu uso em usinas nucleares e na sua disposição final, como lixo radiativo.

- RECURSOS RENOVÁVEIS

A geração de energia elétrica no Brasil está associada às Usinas Hidrelétricas, porque cerca de 90% dela é gerada dessa maneira. Nosso país é rico em rios e possui um

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têm um potencial hidráulico estimado em 209 milhões de KW, sem considerar as pequenas quedas que, incorporadas, poderiam produzir muito mais. A bacia do Paraná possui a maior potência instalada, pois cerca de 70% de seu potencial já é aproveitado hoje. Nela está instalada a maior Usina Hidrelétrica do mundo, ITAIPU, que significa “a pedra que canta”. ITAIPU foi projetada para gerar 12,6 milhões de KW em 18 turbinas de 700 mil KW cada.

- PROBLEMAS NA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA

As Usinas Hidrelétricas não poluem e a energia elétrica é uma forma “limpa” de energia. Do ponto de vista financeiro, usar água como fonte de energia é, aparentemente, um bom negócio. Um dos principais problemas nesta forma de geração de energia é que os locais onde se pode instalar uma usina geradora, normalmente ficam longe de um grande centro consumidor. Nestes casos a energia tem que ser gerada em um local e transportada por linhas até os centros de consumo. Essa distribuição desperdiça muita energia, ou seja, de todo potencial de geração, parte significativa é consumida em perdas no transporte. Um problema mais sério, do ponto de vista ecológico, é a inundação de grandes áreas, com o desaparecimento de terras férteis e de florestas com todos os seus componentes.

ÁLCOOL ETÍLICO

Uma fonte alternativa de combustível líquido é o álcool etílico obtido da fermentação da cana-de-açúcar. Outros vegetais também podem fornecer o açúcar necessário para a fermentação, como é o caso da mandioca e da batata. As imensas áreas passíveis de produção influíram logicamente para a escolha desta alternativa energética. O álcool é um combustível melhor do ponto de vista ecológico por gerar menos poluentes quando queimado no motor à explosão, uma vez que, o gás carbônico gerado do álcool já está computado no ciclo biogeoquímico, enquanto que o da gasolina não.

- OUTRAS FONTES RENOVÁVEIS

Outras fontes de energia renováveis, como eólica, solar, geotérmica, de biomassa e de marés, são muito pouco expressivas, principalmente devido ao alto custo de geração,

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como fonte de calor e para geração de energia fotovoltáica. O aproveitamento da energia solar como fonte energética tem suas aplicações em aquecimento de água, de residências, de estufas, ou refrigeração.

A energia eólica é aproveitada em pequena escala tanto como força motriz para bombas (normalmente de água de poço ou nas salinas) como para geração de energia elétrica, quando o cata-vento é acoplado a um gerador. Os problemas de ruído podem ser contornados, com a implantação em áreas afastadas, mas os custos de implantação ainda não foram devidamente equacionados.

O calor da região abaixo da Crosta Terrestre (manto) pode ser aproveitado tanto para aquecimento direto, como para aquecimento de água com geração de vapor, com o qual se pode movimentar turbo-geradores para produzir energia elétrica. Para ser eficiente o sistema necessita operar com altas temperaturas, presentes somente em grandes profundidades. O custo de perfurar e manter esses sistemas profundos ainda está inviabilizando o uso dessa forma de energia.

O movimento das ondas, provocado pelos ventos, e o movimento das marés, provocado pela posição da Lua, pode ser aproveitado transformando o sobe e desce de uma bóia, acoplada a um braço, em energia motora, com a qual se pode movimentar equipamentos, diretamente, ou geradores de energia elétrica. O custo das instalações, somado ao custo dos equipamentos especiais, para suportar a agressividade do ambiente marinho, e aliados à baixa amplitude das ondas e o grande período entre as marés, são fatores que ainda limitam a aplicabilidade do aproveitamento desta forma de energia renovável.

Uma outra fonte de energia renovável está associada à biomassa. A biomassa é constituída de restos, de vegetais, de animais, de estrume, etc. O processamento da biomassa gera um gás combustível e a biomassa processada é um excelente adubo. É uma fonte de energia que tem crescido ultimamente, com a instalação de biodigestores nas cidades, para tratamento do lixo doméstico.

Nas pequenas comunidades, ou fazendas, onde há dificuldade na instalação de rede elétrica, é uma alternativa bastante viável. Sob a ação de microorganismos, a

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gás carbônico for alto, o gás tem baixo poder calorífico, o que ocorre normalmente. Por isso não tem sido uma alternativa energética muito interessante.

1.5 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS

As novas técnicas de industrialização desenvolvidas nos últimos anos, juntamente com o aumento populacional e de consumo, têm provocado a elevação da demanda mundial dos recursos naturais com conseqüente aumento na quantidade de descarte de resíduos pós-consumo, dificultando sua destinação final.

Neste contexto, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos surge como uma opção real para a indústria e para a sociedade. A Análise do Ciclo de Vida de um produto estuda a complexa interação entre um produto e o meio ambiente, e permite a avaliação dos aspectos e impactos ambientais potenciais associados a fabricação de um produto.

ACV compreende o estudo das etapas que vão desde a retirada das matérias-primas elementares da natureza, que entram no sistema produtivo (berço), passando por todas as etapas produtivas industriais e de consumo até a disposição do produto final quando se encerra sua vida útil (túmulo). Esta análise é conhecida como from graddle

to grave ou do berço à sepultura.

Para se descrever o processo se faz necessário a realização de balanços de massa e energia, calculando-se automaticamente a geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e as emissões atmosféricas. Com esta técnica é possível também avaliar e tomar decisões gerenciais de forma a contribuir para a melhoria e conservação do meio-ambiente.

A análise do ciclo de vida de um produto apresenta inúmeras vantagens, entre as quais podemos citar a otimização dos produtos do ponto de vista ambiental, aquisição de informações do processo de produção e o melhor entendimento dos aspectos ambientais ligados ao processo produtivo. Além disso, a ACV é útil para a tomada de decisões e para a seleção de indicadores ambientais relevantes na avaliação de projetos e processos, servindo como suporte em decisões de fabricação na indústria.

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ACV contribui para a diminuição dos resíduos devido à redução do uso de energia e de materiais, sendo também útil como ferramenta de marketing para a obtenção de declarações e rótulos ambientais de produtos “amigos” do meio ambiente. Por esses motivos, os fabricantes têm dado cada vez mais atenção às propriedades ambientais de seus produtos como um meio de diferenciá-los e aumentar a fatia de mercado das empresas.

As principais fases da Análise do Ciclo de Vida de um produto são a definição de objetivo e escopo, análise do inventário, avaliação de impacto, interpretação e revisão crítica. Uma descrição mais detalhada da técnica é apresentada em um artigo técnico em anexo.

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2. DIREITO AMBIENTAL

Nesta seção serão abordados os temas relacionados a doutrina do Direito Ambiental englobando a Legislação Brasileira, os Órgão e suas Competências Legais na questão ambientais, os princípios, leis e normas que norteiam a legislação ambiental, a lei da ação civil pública e questões relativas a perícia ambiental propriamente dita.

Considerando o objetivo deste curso, não se pretende nesta seção detalhar e esgotar por completo este tema. Pretende-se apresentar de forma resumida as principais fontes e informações básicas necessárias para a condução de uma perícia ambiental. Nos anexos desta apostila encontram-se as principais leis, resoluções e normas abordadas neste trabalho.

2.1 LEGISLAÇÃO NACIONAL

Didaticamente podemos dividir o estudo do Direito em duas grandes áreas: o público e o privado. Naquele tratamos de uma gama de direitos comuns aos cidadãos enquanto este trata dos direitos particulares do cidadão. No direito privado a propriedade é o principal instituto. No direito público o bem estar comum.

O Direito Ambiental por sua vez caracteriza-se por pertencer a uma pluralidade de sujeitos não identificáveis, mas que pode ser exercido a qualquer tempo. Acima de qualquer interesse está o da sociedade. É o que chamamos de Direito Difuso.

O Direito existe pelo homem e para o homem. Desta forma, todo o disciplinamento intentado pelo legislador no âmbito de resguardar recursos naturais, vivos ou não, deve ser feito, através da lente da equidade social. Enfim, é preciso que saibamos os diversos aspectos, ou os vários sentidos, em que se fala de Direito Ambiental. Um dos aspectos é o do meio ambiente propriamente dito, isto é, dos recursos naturais existentes (ar, água, flora, fauna, etc.).

Outro aspecto é o do ambiente criado pelo homem, isto é, o ambiente eminentemente humano tais como praças, ruas, edifícios, obras, etc. Por último o ambiente do trabalho, onde aspectos relacionados como iluminação, ventilação, ruídos,

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temperatura, dentre outros são importantes. Assim, pode-se conceituar Direito Ambiental como:

“Conjunto de princípios, institutos e normas sistematizadas para disciplinar

o comportamento humano, objetivando proteger o meio ambiente”.

- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Admitir-se que existe um Direito Ambiental exige, no mínimo, que se conceitue os princípios norteadores da aplicação da legislação ambiental.

a) Princípio da Prevenção ou Precaução: Este é o maior e mais importante ordenamento jurídico ambiental, considerando que a prevenção é o grande objetivo de todas as normas ambientais, uma vez que, desequilibrado o meio ambiente a reparação é na maior parte das vezes uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (Licenciamento, EIA, zoneamento) estão fundados nesse princípio.

b) Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a Sociedade, através de seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação ambiental, pois não é só papel do governo ou das autoridades, mas de cada um e de todos nós.

c) Princípio da Publicidade e da Participação Popular: Importa afirmar que não se admite segredos em questões ambientais, pois afetam a vida de todos. Tudo deve ser feito, principalmente pelo Poder Público, com a maior transparência possível, e de modo a permitir a participação na discussão dos projetos e problemas dos cidadãos de um modo geral.

d) Princípio do Poluidor-pagador: Apesar de um princípio lógico, pois quem estraga deve consertar, infelizmente ainda não é bem aceito na prática, ficando para o Estado esta obrigação de recuperar e para a sociedade o prejuízo, e para o mal empreendedor somente o lucro.

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e) Princípio In dúbio pro natura: É uma regra fundamental da legislação ambiental, que leva para a preponderância do interesse maior da sociedade em detrimento do interesse individual e menor do empreendedor ou de um dado projeto.

- MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição de um país á a sua Lei Maior. O Direito Ambiental que integra o Sistema Jurídico Nacional se apóia na Carta Magna. O Legislador Constituinte de 1988 dedicou especial atenção ao tema, reservando um capítulo da constituição, para tratar do meio ambiente. O Capítulo VI do Título VIII, no art. 225, cuja transcrição é obrigatória diz:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”

O termo Todos significa que qualquer pessoa é sujeito de direitos relacionados ao meio ambiente. Na linguagem jurídica o bem de uso comum abrange todos os bens (tudo que possa ser valorado) que não pertencem a ninguém especificamente, entretanto, que possam ser utilizados por qualquer um, a qualquer tempo, sem qualquer ônus (como por exemplo: água, ar, luz solar, etc).

O sentido da qualidade de vida é amplo e abrange todos os aspectos da vida humana, tais como transporte coletivo, segurança pública, comunicações, hospitalais, lazer, habitação, enfim, tudo o que possa conduzir a um nível de bem estar do cidadão. A

responsabilidade pelo meio ambiente ecologicamente equilibrado não está restrita ao

Poder Público constituído (seja Federal, Estadual ou Municipal). O termo preservar para gerações futuras está associado ao desenvolvimento sustentável.

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Tabela 4 – Análise comentada dos parágrafos e incisos do art. 225 da Magna Carta Parágrafo / Inciso Comentário

1º / 1º

(preservar e restaurar processos ecológicos)

Trata do manejo ecológico, que está regulado no Decreto no 1.282/94. Procedimento para conservar os recursos naturais, conservar a estrutura da floresta e suas funções, manutenção da diversidade biológica e desenvolvimento sócio – ecológico.

1º / 2º

(preservar patrimônio genético)

Trata da preservação. 1) a preservação realizada por qualquer uma das três maneiras possíveis: in situ, preservando-se o ecossistema no qual se encontra seu meio natural; ex situ, preservando-se parte do organismo, como sementes, sêmen, outros, e; ex situ preservando-se o organismo inteiro em ambientes artificiais em zoológicos, jardim botânico, aquário, outros. 2) É permitida a manipulação de material genético, desde que desta manipulação resulte um aprimoramento na qualidade de vida. A lei que trata deste assunto é a de no 8.974/95.

1º / 3º (Unidades de Conservação)

No inciso terceiro encontramos referência as unidades de

conservação tais como: APA, ARIE, AIET, reserva, parques,

dentre outras. Cada uma destas unidades tem um regime próprio com limitações de uso, zoneamento, objetivo e características próprias.

1º / 4º

(Elaborar EIA/RIMA)

No inciso quarto, a necessidade de elaboração do EIA/RIMA. A lei que disciplina este inciso é a de no 6.803/80, modificada pela Lei no 6.938/81 e Resolução 001/86 do CONAMA que lhe fixou suas diretrizes gerais. O Estudo é realizado por equipe multidisciplinar e, apresentado em audiência pública para aprovação popular via RIMA.

1º / 5º

(Poluição do Meio Físico)

O inciso quinto abrange tanto a poluição do ar (pelas suas mais diversas formas), quanto a da água (rios e mar principalmente) e do solo (através dos agrotóxicos e biocidas por exemplo). Existe farta legislação para controlar emissões, bem como multas, penas, etc.

1º / 6º

(Educação Ambiental)

A educação ambiental está prevista no inciso sexto, deve ter como principais características interdisciplinaridade, tratamento sistêmico, mudança filosófica de comportamento (atitude), pesquisa e a discussão do desenvolvimento sustentável em termos econômicos.

1º / 7º

(Proteção a Fauna e Flora)

A proteção à fauna e à flora, do inciso sétimo, é realizada através de legislação tais como: Código de Pesca, da Caça e Florestal. Além de muitos dispositivos dispersos nos Códigos Civil e Penal, além da Lei das Contravenções Penais e em Resoluções e Portarias Administrativas com cunho federal. Em 1998 foi sancionada a Lei no 9.605 que trata dos Crimes Ambientais.

(Recursos Minerais)

O Código de Minas regulamenta o disposto no parágrafo

segundo que versa sobre os recursos minerais.

(Responsabilidade Objetiva)

As pessoas físicas e jurídicas têm responsabilidades civil, penal e administrativa nas ações lesivas ao meio ambiente, conforme disciplina o parágrafo terceiro. Cabe ressaltar que estamos nos referindo à responsabilidade objetiva, isto é, não é necessária a

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pode receber sanções penal, civil e administrativa. 4º

(Florestas)

O parágrafo quarto trata da Floresta Amazônica Brasileira, da Mata Atlântica, da Serra do Mar, do Pantanal Mato–grossense e da Zona Costeira.

(Terra Devolutas)

Trata da indisponibilidade das terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados para a proteção dos ecossistemas.

(Usinas Nucleares)

Localização definida em lei federal para a sua instalação.

- POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (PNMA)

O mais importante diploma legal brasileiro na área ambiental é sem dúvida a Lei no

6.938/81 com regulamentação no Decreto no 99.274/90. Essa lei materializa a

tradução jurídica da Política Nacional do Meio Ambiente.

Esta Lei traz como objetivo principal à preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, e dá como parâmetros o desenvolvimento sócio – econômico, a segurança nacional e a dignidade da vida humana. Os princípios adotados são o equilíbrio ecológico, racionalização de uso dos recursos, a proteção dos ecossistemas, zoneamento, incentivos, educação, etc. A responsabilidade civil objetiva no campo do dano ambiental é estabelecida por essa Lei, que prevê as sanções administrativas aplicáveis pelos órgãos de controle e fiscalização ambiental locais.

A organização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi traçada nesta Lei com os órgãos superiores (Conselho de Governo); órgãos consultivo e deliberativo (CONAMA); órgão central (Ministério do Meio Ambiente); órgão executor (IBAMA); órgãos setoriais (federais); órgãos seccionais (estaduais) e locais (municipais).

Os instrumentos de proteção ambiental também têm sua origem nesta Lei. Os principais são o Licenciamento Ambiental, o Zoneamento e o Estudo de Avaliação de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Outros instrumentos são o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental por Câmara Técnica do CONAMA e fiscalizada pelo IBAMA, o estabelecimento de unidades de conservação (APA, parques, etc.), o

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como multa, perda ou restrição de incentivos ou benefícios, a suspensão de atividades, entre outras.

2.2 ÓRGÃOS E COMPETÊNCIAS LEGAIS

A Constituição Federal de 1988 alterou a competências ambientais, descentralizando a competência para legislar sobre o meio ambiente, que antes era concentrada na União. Conforme consta no Art. 22 da Constituição, a competência privativa da União fica restrita às matérias que tratam das águas, energia, navegação fluvial, lacustre e

marítima, aérea e aeroespacial, trânsito e transporte, recursos minerais e metalurgia, populações indígenas e atividades nucleares.

Atualmente, tem-se a competência concorrente em matéria ambiental conforme consta no Art. 24 da Constituição Federal. Portanto, cada Estado da Federação tem competência legislativa concorrente com a União para fazer leis em matéria Ambiental. Cabe salientar que o princípio da hierarquia das leis deve ser respeitado. O município também é um ente da Federação e pode legislar em matérias ambientais de interesse local, podendo ser mais restritiva, e suplementando a legislação federal e estadual. O Art. 30 da Constituição trata da competência municipal para legislar as matérias ambientais de interesse local. A Tabela 5 mostra a competência e atribuição dos órgãos ambientais no país. A Tabela 6 mostra a competência legislativa, político administrativa de cada ente da União em relação às matérias ambientais.

Tabela 5 – Competência dos órgãos que tratam das questões ambientais ENTE DA FEDERAÇÃO ÓRGÃO ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL ÓRGÃO DO PODER JUDICIÁRIO, DE POLÍCIA CIVIL, MILITAR E AMBIENTAL MINISTÉRIO PÚBLICO UNIÃO • Ministério do Meio Ambiente (MMA) • SISNAMA • CONAMA • IBAMA • Justiça Federal • Polícia Federal Ministério Público Federal (Procuradores. Matérias: índios, águas federais e subterrâneas, energia nuclear, praias, parques

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ESTADO • Conselho Estadual de Meio Ambiente • Secretarias de M.A. • Órgãos Ambientais (CETESB, FEMA) • Justiça Estadual • Polícia Judiciária • Polícia Militar • Polícia Florestal Ministério Público dos Estados (Promotores de Justiça). Matérias: Todas que não é interesse da União

MUNICÍPIOS • Conselho Municipal de Meio Ambiente • Secretaria Municipal

de Meio Ambiente

• Guarda Municipal

Tabela 6 – Competência Legislativa e Político Administrativa ENTE DA FEDERAÇÃO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA (ATUAÇÃO AMBIENTAL) DIVISÃO DA ATRIBUIÇÃO POR MATÉRIA DEFINIDA UNIÃO • PRIMITIVA (União) Monopólio: Águas, energia, crimes, recursos minerais, questões indígenas (Congresso Nacional), Art. 22 da Constituição • CONCORRENTE (União + Estados) Estabelece normas gerais. (Congresso Nacional), • COMUM - Poder de Polícia - Multar - Licenciar - Fiscalizar - Embargar - Interditar Art. 23 Constituição Federal. Incisos III, IV, VI, VII, XI

• Caça (animais) • Energia nuclear • Agrotóxicos • Águas • Mineração • Garimpo • Lixo • Unidade de Conservação • Florestas ESTADO • CONCORRENTE Assembléia Legislativa Art. 24 da Constituição • COMUM - Poder de Polícia - Multar - Licencias - Fiscalizar - Embargar - Interditar Art. 23 Constituição • Águas Internas • Solo Agrícola • Erosão • Lixo • Floresta MUNICÍPIO • SUPLEMENTAR Interesse Local, Plano Diretor, (Câmara Municipal), Art. 30, II da Constituição • COMUM - Poder de Polícia - Multar - Licencias - Fiscalizar - Embargar - Interditar Art. 23 Constituição • Zoneamento Urbano • Plano Diretor • Distrito Industrial • Parcelamento do Solo Urbano • Poluição Sonora • Edificação • Trânsito • Lixo

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- ESFERAS DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

São três esferas independentes de responsabilidade ou responsabilização ambiental:

Administrativa, Civil e Penal.

Via de regra, a primeira sanção que o infrator da legislação ambiental recebe é a

administrativa, aplicada pelos agentes dos órgão ambientais no exercício do poder de

polícia, variando desde uma simples multa até a suspensão parcial ou total da atividade lesiva ou demolição da obra. Nesta esfera de responsabilidade ambiental o Poder Público age por iniciativa própria ou mediante denúncia da sociedade.

O poder de polícia visa garantir a segurança e a integridade ambiental, e pode ser exercida pelas três esferas do governo: federal, estadual e municipal, através dos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

O Decreto No 3.179 de 21/09/1999 especificou e sistematizou a infração

administrativa ambiental classificando-as pelo bem ambiental atingido, além de unificar o referencial de valor das multas em Real, que pode ir de R$ 50,00

(cinqüenta reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais). Cabe lembrar

que os valores arrecadados pelos órgãos ambientais da União em pagamento às multas por infração ambiental são revertidos ao Fundo Nacional de Meio Ambiente.

A segunda sanção que o infrator da legislação ambiental recebe é a de

responsabilidade civil. Neste campo a Lei No 6938/81 representou uma grande

novidade, até hoje de suma importância para a eficácia da aplicação da legislação ambiental: a responsabilidade objetiva ou, em outras palavras, a dispensa da culpa para caracterizar a obrigação de indenizar. Outra lei que se aplicam nesta esfera é a Lei da Ação Civil Pública, Lei No 7347/85, e o seu art. 8º que trata do Inquérito Civil Público, que será apresentada em maiores detalhes adiante.

Finalmente, a responsabilização penal e administrativa das pessoas física e jurídica que agridem o meio ambiente pode ser atribuída pela nova Lei de Crimes

Ambientais, Lei No 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. A Lei nova, além de definir

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aplicação da pena, desde que o infrator recupere o dano, ou de outra forma, pague seu débito para com a sociedade.

Quanto à responsabilidade penal da pessoa jurídica, a Lei de Crimes Ambientais não exclui a responsabilidade penal das pessoas físicas associadas que sejam autoras, co-autoras ou participem do mesmo fato. O art. 7º da nova Lei permite ainda substituir penas de prisão até 04 (quatro) anos por penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade. Observa-se que os produtos e instrumentos apreendidos com o infrator podem ser doados, destruídos ou vendidos.

2.3 LEIS E NORMAS AMBIENTAIS

As principais leis sobre questões ambientais decorrentes da Política Nacional de Meio Ambiente são apresentadas abaixo de forma resumida.

- FLORA

A Lei no 4.771/65, ou o Código Florestal define dois tipos de florestas de preservação

permanente: a) por força de lei e, b) por disposição do Poder Público. Neste sentido o

Decreto no 1.282/94 também traz regras claras com respeito a exploração de florestas,

manejo florestal sustentável, princípios e fundamentos técnicos para o manejo, confere ao IBAMA competência para definir áreas de exploração de madeiras, o corte raso na Amazônia para projetos sociais e de desenvolvimento, a reserva legal (50%) e a reposição florestal.

- FAUNA

Em relação à fauna, a Lei no 5.197/67, trata deste assunto. Os animais são patrimônio

nacional, proíbe a caça profissional e veda o comércio de animais. O Código de Pesca,

Decreto – Lei no 221/67, pretende disciplinar cuidados acerca dos animais aquáticos,

pesca, suas modalidades, sanções, cuidados, entre outros.

- AÇÃO CIVIL PÚBLICA

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pode o cidadão fazer uso quando se sentir prejudicado. Esta Lei será tratada com maiores detalhes na seqüência.

- REGRAS RELATIVAS À BIODIVERSIDADE

Em relação a biossegurança e às regras para manipulação genética segura, surge em 1995, para disciplinar o dispositivo constitucional a Lei no 8.974/95, regulada pelo Decreto no 1.752/95. Todas as regras e técnicas de engenharia genética para

instituições no tocante à manipulação genética e liberação no ambiente de organismos geneticamente modificados estão aqui apresentadas. Atualmente, transita no Congresso o Projeto de Lei 2401/03 (Lei da Biossegurança) que trata do plantio e comercialização de sementes trangênicas.

- LEI DE PATENTES

Uma lei polêmica foi a de no 9.279/96 que trata da propriedade intelectual, ou lei de patentes. Ela se aplica tanto para produtos quanto para processos ou modelos de

utilidade. Proíbe o patenteamento de animais ou vegetais, autorizando apenas aos microorganismos transgênicos se cumpridos os requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Internacionalmente os EUA, Japão, México, Austrália, Canadá, Coréia do Sul, Panamá, Chile, Tailândia e Indonésia concedem direitos de propriedade intelectual por patenteamento para plantas, animais e microorganismos transgênicos e seqüências específicas de DNA. Na esteia da lei de patentes veio a Lei

no 9.456/97, a lei de cultivares (plantas advindas de melhoramento genético) e propriedade industrial.

- CRIMES AMBIENTAIS

Finalmente, a Lei no 9.605/98 – a lei de crimes ambientais ressaltou alguns aspectos importantes: a) o crime ocorre por ação ou omissão; b) a responsabilidade é pessoal (física) e também jurídica; c) sanções alternativas; d) o funcionário público responde na medida do dano (co-responsabilidade por omissão). Além de reafirmar outras: a) sanções; b) agravantes e atenuantes; c) os crimes em espécie; d) o cálculo das multas.

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- OUTRAS LEIS E NORMAS TÉCNICAS

Na realização de perícias ambientais é necessário observar o cumprimento da legislação básica aplicável e das normas técnicas ao caso concreto em análise. As principais usualmente empregadas são:

a) Água: Decreto no 23.777/34 – indústria açucareira Lei no 7.661/88 – gerenciamento costeiro Lei no 7.754/98 – florestas em nascentes de rios

Lei no 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos Resolução no 357/05 – CONAMA

b) Ar: Decreto – Lei no 1.413/75 – poluição por atividades industriais Lei no 6.803/80 – zoneamento industrial

Portaria no 231/76

Resolução no 03/90 – CONAMA Resolução no 06/93 – CONAMA Resolução no 18/86 – CONAMA

c) Camada de Ozônio: Decreto no 2.679/98 Decreto no 2.699/98

d) Solo: Lei no 5.318/67 Lei no 6.766/79

Internacionalmente as regras para o gerenciamento ambiental no setor produtivo estão organizadas pela ISO série 14.000. Um sistema de normatização ou padronização de produção tendo em vista a proteção ambiental. As principais regras compreendidas por este sistema são:

14.001 – Gerenciamento Ambiental – Orientação de Uso

14.004 – Gerenciamento Ambiental – Princípios, sistemas e técnicas de apoio 14.010 – Auditoria Ambiental – Princípios

Referências

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