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Método é definido como um caminho para se chegar a determinado fim. O método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Assim, o método depende da natureza, do objetivo e do problema a ser estudado (GIL, 1999 e DIEHL e TATIM, 2004). Alguns desses métodos estão descritos a seguir.

O método indutivista busca generalizar proposições satisfeitas por certas condições, a partir de uma lei universal (teorias e leis que constituem o conhecimento científico), por meio de várias observações. Para que as generalizações sejam consideradas legítimas pelos “indutivistas”, existem algumas condições básicas a serem seguidas, enumeradas por Chalmers (1995):

• o número de proposições de observação para haver uma generalização precisa ser baseado em grandes amostras;

• as observações necessitam ser repetidas diante de uma ampla variedade de condições diferentes; e

• nenhuma proposição pode conflitar com a lei universal que a origina. Por outro lado, a dedução leva em consideração que um cientista tem leis e teorias universais disponíveis, tornando possível derivar delas várias conseqüências, explicações e previsões. Portanto, a dedução é oposta à indução, porque é parte de uma

teoria geral e, a seguir, vai a situações particulares; quando as hipóteses são verdadeiras, conseqüentemente a conclusão é necessariamente verdadeira (CHALMERS, 1995; DIEHL e TATIM, 2004).

Um outro método também evidenciado por Chalmers (1995) é o falsificasionismo, também colocado por outros autores como hipotético-dedutivo. Esse método se iniciou com Karl Popper, que recorre ao critério da refutabilidade para validar uma teoria.

Uma teoria só será científica se for refutável. Caso contrário, ela será dogmática e não científica. O falsificasionista exige que hipóteses científicas sejam falsificáveis, pois somente excluindo um conjunto de proposições de observações possivelmente lógicas, uma lei ou teoria é informativa.

Em outras palavras, este método tem a intenção de colocar à prova uma teoria e falsificá-la, por meio de evidências empíricas (GIL, 1999), como pode ser verificado na Figura 4.1.

Fonte: GIL (1999, p.32)

FIGURA 4.1 Falsificasionismo

Além dos métodos apresentados anteriormente, existem outros métodos de geração de conhecimento propostos por dois autores, um deles Thomas Kuhn, que diz que a concepção metodológica é estruturada a partir do conceito de paradigma, em que existe a ciência normal, que se encontra dentro de uma fase de estabilidade paradigmática, ou seja, consegue resolver problemas inseridos em sua área epistemológica.

Os cientistas “normais” articularão e desenvolverão um paradigma, na tentativa de explicar e de acomodar o comportamento de alguns aspectos relevantes do mundo real. Ao realizar experiências defrontar-se-ão com falsificações aparentes, caso saiam do controle, acarretarão o surgimento de uma crise, sendo criado um novo paradigma, originando uma revolução científica.

Essa revolução cria uma instabilidade paradigmática que possibilita condições para que um novo paradigma se consolide, na medida em que, sob este, a ciência revolucionária consiga resolver problemas que a ciência normal não conseguiria (CHALMERS, 1995).

Problema Hipóteses Conseqüências que

devem ser testadas

Tentativa de falseamento

Confirmação do falseamento

Problema Hipóteses Conseqüências que

devem ser testadas

Tentativa de falseamento

Confirmação do falseamento

Então, essa ciência revolucionária é testada exaustivamente pela comunidade científica. Caso continue resolvendo problemas, ela passa a ser aceita, respeitada e se estabiliza em seu novo paradigma. Essa consolidação lhe confere, após algum tempo, o mesmo status de ciência normal e tudo começa novamente.

O outro autor é Imhre Lakatos, que propõe seus programas de pesquisa, que seriam um guia para pesquisas futuras. Dentro desses programas de pesquisa existe a seguinte estrutura (CHALMERS, 1995):

• Núcleo: é aquilo que essencialmente identifica e caracteriza um programa de pesquisa, constituído de uma ou mais hipóteses teóricas. Constata-se que este núcleo é muito parecido com o conceito de paradigma de Kuhn;

• Cinturão Protetor: é o conjunto de hipóteses auxiliares que garantem a não refutabilidade do núcleo. Elas são como as regras do jogo, ou seja, os elementos delimitadores da teoria científica (do programa de pesquisa); e • Heurística: o conjunto de métodos e regras que orientam novas pesquisas. Ela é positiva quando composta de uma pauta geral que indica o modo de desenvolver o programa de pesquisa. Esse desenvolvimento envolverá o núcleo irredutível, com suposições adicionais para tentar explicar fenômenos conhecidos anteriormente e fazer previsão de fenômenos novos. A heurística é negativa quando envolve a estipulação de suposições básicas subjacentes ao programa, formando o seu "núcleo rígido", que não pode ser rejeitado ou modificado. Esse núcleo rígido é resguardado contra falsificações, pelo "cinturão protetor".

Em suma, Lakatos acredita que, dentro de uma teoria, há um núcleo central que leva a uma heurística positiva ou negativa e elas fornecem elementos para pesquisas futuras. Então, a partir de qualquer teoria sempre haverá um problema e uma solução adequada (CHALMERS, 1995).

Em relação ao objetivo desta dissertação, pode-se notar que são descritos dois conceitos; no entanto, um é parte integrante do outro, ou seja, a medição de desempenho é parte do processo de melhoria contínua. A partir disso, pode-se chegar a um problema, que é como essa relação se estabelece, assim como quais fatores afetam

essa relação, no que tange à maneira como são aplicadas em empresas certificadas ISO 9001.

Desta forma, este trabalho não tem a intenção de refutar a teoria envolvida nos dois conceitos estudados, mas tem o intuito de corroborar com eles sem buscar a indução, isto é, verificando empiricamente como a MC e a MD são utilizadas de forma concomitante e dependente, em determinadas empresas, sem o propósito de generalização. Ademais, identificar quais fatores interferem nesta relação.