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Métodos e técnicas de recolha de dados

Parte II – Metodologia de Investigação

6. Organização metodológica de estudo

6.1 Métodos e técnicas de recolha de dados

Como fonte de recolha de informação utilizaram-se três técnicas: i. análise documental

ii. realização de entrevistas de discussão focalizada iii. diário de campo

i. análise documental

O documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante, pois não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da atividade humana em determinadas épocas. Além disso, muito frequentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades particulares ocorridas num passado recente (CELLARD, 2008, p.295).

Ao longo do estudo foram analisados os relatórios dos processos disciplinares autuados nos últimos 10 anos mais concretamente de 2005 a 2015. Consultaram-se ainda outros documentos de várias tipologias como: fichas biográficas dos alunos a quem foi atribuída uma sanção disciplinar para recolha de informação mais concreta ao nível da idade, ano escolar, contato dos encarregados de educação, sínteses de análise trimestral de ocorrências e termos de notificação disciplinares, documentos estes que compilam informação detalhada dos deveres desrespeitados e das sanções aplicadas.

Foi feito um estudo de análise por sexo, idade, grau de escolaridade, ano escolar, sanção disciplinar aplicada e dever do aluno desrespeitado.

A síntese final dos dados recolhidos e tratados permite desenhar e caraterizar com exatidão o ambiente disciplinar vivido no Agrupamento durante dez e percepcionar qual a tendência da atribuição das medidas disciplinares corretivas e sancionatórias.

Foram analisados 98 processos disciplinares que serão caraterizados mais adiante com base em diferentes variáveis.

ii. realização de entrevistas de discussão focalizada

A técnica do Grupo Focal (Focus Group Studies) consiste em envolver um grupo de representantes de uma determinada população na discussão de um tema previamente fixado, sob o controlo de um moderador que estimulará a interação e assegurará que a discussão não extravase do tema em foco. É no contexto da interação que se espera que surjam as informações pretendidas(João Amado, 2014)

Foram realizadas entrevistas de discussão focalizada, vulgo focus group, de caráter semi estruturado.

As entrevistas podem assumir diversas classificações, tal como explica Afonso (2014) quando escreve que as mesmas se dividem “entre entrevistas estruturadas, não

estruturadas e semiestruturadas, em função das características do dispositivo montado para registar a informação fornecida pelo entrevistado“. No seu entender as entrevistas estruturadas são um método no qual “cada entrevistado responde a uma série de perguntas pré-estabelecidas dentro de um conjunto limitado de categorias”, sendo as respostas registadas de acordo com um código pré- estabelecido. Ainda o mesmo autor afirma que as entrevistas não estruturadas registam que “a interação verbal entre entrevistados e entrevistador desenvolve-se à volta de temas ou grandes questões organizadoras do discurso, sem perguntas especificas e respostas codificadas. “

A opção pela escolha da metodologia de entrevista semi-estruturada prendeu-se com a política de abertura ao guião, ou seja, deixa-se em aberto a possibilidade de intervenção pessoal dos entrevistados ou de o entrevistador poder adaptar alguma questão não ponderada inicialmente e que dada a sequência das intervenções se torna pertinente adicioná-la à entrevista.

Os guiões dos focus group foram construídos “ a partir das questões de pesquisa e eixos de análise do projeto de investigação ” ( Afonso 2014) e “A cada objetivo corresponde uma ou mais questões. Por sua vez, a cada questão correspondem vários itens ou tópicos que serão utilizados na gestão do discurso do entrevistado em relação a cada pergunta” (idem).

Apresentam-se, de seguida, as categorias e subcategorias que integram os guiões de entrevistas por cada participante.

A tabela 8 reporta aos atuais alunos e ex alunos do Agrupamento.

A tabela 9 reporta aos pais de atuais alunos e de alunos que já não frequentam o Agrupamento.

Tabela 8. Categorias e subcategorias constantes dos guiões de entrevistas aplicados aos atuais alunos e ex alunos do Agrupamento

Categoria Subcategorias

A. Cenário disciplinar 1. Medida corretiva ou sancionatória atribuída

2. Deveres incumpridos

3. Momento que originou a aplicação da medida disciplinar

4. Número de processos disciplinares aplicados ao longo do percurso escolar

B. Justiça disciplinar 5. Aplicação da medida disciplinar: avaliação do grau de justiça

6. Aplicação da medida disciplinar: apresentação de propostas mais justas

C. Efeito disciplinar 7. Sentimento vivido aquando do conhecimento da medida aplicada

8. Aprendizagem/efeito da aplicação das medidas disciplinares

9. Grau de reincidência

D. Opinião dos participantes sobre a temática.

10. Pertinência deste estudo: comentário

Tabela 9. Categorias e subcategorias constantes dos guiões de entrevistas aplicados aos pais e encarregados de educação de alunos e de ex alunos do Agrupamento

Categoria Subcategorias

A. Cenário disciplinar 1. Medida corretiva ou sancionatória atribuída

2. Deveres incumpridos

3. Momento que originou a aplicação da medida disciplinar

4. Aplicação das medidas de igual forma por todos os professores: ponderação

6. Aplicação da medida disciplinar: apresentação de propostas mais justas

C. Efeito disciplinar 7. Sentimento vivido aquando do conhecimento da medida aplicada

8. Aprendizagem/efeito da aplicação das medidas disciplinares

9. Grau de reincidência

D. Opinião dos participantes sobre a temática.

10. Pertinência deste estudo: comentário

11. Estatuto do aluno: um código penal ou um código educativo. Partilha de percepções

Tabela 10. Categorias e subcategorias constantes dos guiões de entrevistas aplicados aos professores

Categoria Subcategorias

A. Cenário disciplinar 1.Situações conducentes à atribuição de uma participação disciplinar

2. Uniformização de deveres a cumprir vs procedimento a adoptar pelos professores

3. Identificação de quantas participações disciplinares redigidas pelos entrevistados conduziram à abertura de processo disciplinar

B. Justiça disciplinar 4. Identificação de outras medidas possíveis de serem aplicadas pelos docentes para além da participação disciplinar

5. Identificação do número de vezes que aplicaram a medida de repreensão registada

6. Utilização de outra estratégia disciplinar não preconizada no Estatuto do Aluno

C. Efeito disciplinar 7. Efeitos da aplicação das medidas disciplinares nos seus alunos: identificação

8. Reincidência: estratégias de a evitar D. Opinião dos participantes sobre a 9. Pertinência deste estudo: comentário

temática. 10. Estatuto do aluno: um código penal ou um código educativo. Partilha de percepções

iii. diário de campo

Afonso (2014) diz-nos que o diário de campo “Consiste num relato quotidiano da atividade do investigador, geralmente com um caráter reflexivo e prospetivo, no que respeita ao enquadramento teórico e à condução da estratégia de investigação.”

Foram redigidas notas, observações, reflexões, memorandos ao longo de todo o período temporal da investigação. Registos estes, facilitadores de memorização de procedimentos futuros que conduziram a reflexões, ideia corroborada por Bogdan e Bilken (1994, p.177) quando afirmam que um diário é uma “descrição regular e contínua e um comentário reflexivo sobre os acontecimentos da sua vida”.

O diário de campo é um documento pessoal que “se distingue de outro tipo de documentos pelo facto de se estabelecer uma relação muito direta com o seu autor, biografia, o contexto de vida, entre outros indicadores” (Amado, 2014, p.276). Optei corporizar o diário de campo num registo escrito assumindo o formato de bloco de notas com 38 páginas que iniciei a 2 de fevereiro de 2015 e efetuei o último registo dia 25 de janeiro de 2016.