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Módulos didáticos (8h/a)

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (páginas 72-75)

4.5 Procedimentos utilizados e apresentação da sequência didática

4.5.3 Módulos didáticos (8h/a)

Objetivando contribuir para que os alunos superem as dificuldades relativas à produção do gênero discursivo relato pessoal, um conjunto de atividades foi elaborado pela professora-pesquisadora, levando em consideração as capacidades textuais, linguísticas e discursivas necessárias para a produção adequada do gênero em estudo nas modalidades oral e escrita. As atividades foram planejadas para serem desenvolvidas durante os meses de março e abril e estão disponibilizadas no “apêndice A” desta dissertação.

No que diz respeito aos aspectos discursivos do gênero, na elaboração das atividades que compuseram os módulos didáticos, foram exploradas questões relacionadas à autoria e à intenção comunicativa do texto, à adequação do gênero e do suporte a esse propósito, ao público alvo, ao conteúdo temático, ao posicionamento do autor enquanto sujeito que vivenciou as ações relatadas e às impressões do autor em relação às experiências relatadas.

Quanto ao desenvolvimento das atividades que envolveram os aspectos linguístico- textuais do gênero em estudo, foram abordadas questões relacionadas à configuração do texto, como a presença ou não de título (no caso do relato escrito), a identificação da estrutura composicional típica de um relato pessoal (apresentação do fato ou acontecimento que será relatado, identificação do autor como sujeito que vivenciou os acontecimentos relatados ou participou deles como observador, o desenvolvimento do relato, acompanhado das impressões do autor, o encerramento do relato) e a possibilidade de se usar sequências descritivas como estratégia para que o interlocutor possa melhor visualizar os acontecimentos.

Além disso, foram exploradas questões relativas ao grau de monitoramento linguístico empregado na construção do texto oral e escrito, isto é, ao registro mais ou menos formal utilizado e à sua adequação ao público leitor em potencial, aos tempos verbais empregados e à sua relação com o conteúdo temático do relato e com a situação de comunicação, aos pronomes e verbos indicadores da pessoa do discurso, assim como à construção da coerência temática e da coesão por meio do uso de conectivos e de palavras e expressões espaciais e temporais.

É importante destacar que os modelos de textos do gênero selecionado para estudo e ainda os textos produzidos pelos alunos serão utilizados também para o desenvolvimento de atividades de observação da modalidade oral da língua e das relações entre a fala e a escrita.

Assim, nas aulas 5 e 6, que compõem o primeiro módulo da SD, a professora iniciará a aula solicitando aos alunos que relembrem o texto discutido na aula anterior e fará perguntas do tipo “Vocês se recordam do relato pessoal que lemos na aula passada?”, “Qual

era o tema do relato?”, “Quem era o autor?”, “A quem interessaria ler relatos sobre aquele tema?”, e, em seguida, perguntará aos alunos: “Os relatos pessoais podem ser produzidos apenas na modalidade escrita da língua?”. Essas questões introduzirão uma discussão sobre a possibilidade de produção de relatos na modalidade oral e, ainda, sobre as práticas sociais que envolvem a produção do gênero.

Em seguida, os alunos ouvirão um relato produzido por uma adolescente sobre o tema cyberbullying24. O vídeo será apresentado no datashow e, após assisti-lo, os alunos serão informados de que o relato é parte de uma entrevista dada pela adolescente ao programa “Altas Horas”, da rede Globo.

Ainda nessas aulas, a professora fará uma roda de conversa com os alunos sobre o tema cyberbullying, incentivando-os a relatar oralmente situações semelhantes que viveram ou presenciaram. Os relatos produzidos em situação espontânea serão gravados pela professora-pesquisadora para utilização em aulas posteriores, em atividades de observação das características da língua falada e de retextualização do texto oral para o escrito.

Por fim, será realizada a leitura da transcrição do relato (a professora explicará à turma o que é uma transcrição) e os alunos farão a interpretação do texto oral (a partir da transcrição), observando as características do texto falado (pausas, reformulações, hesitações, repetições, presença de marcadores conversacionais, etc.). Nessa etapa, é importante enfatizar que, diferentemente da escrita, o texto oral não pode ser editado, daí a presença dessas características.

Nesse momento, a professora deixará claro para os alunos – nas discussões sobre o texto – que tanto fala quanto escrita podem ser planejadas e adequadas às situações de comunicação, sejam elas mais ou menos formais.

Nas aulas 7 e 8, que comporão o segundo módulo da SD, a professora-pesquisadora irá propor a sistematização dos conhecimentos sobre o gênero relato adquiridos até o momento, recapitulando o que os alunos já aprenderam em relação ao gênero, considerando o estudo dos dois textos (escrito e oral), das aulas anteriores.

Em seguida, realizará a leitura compartilhada de um modelo do gênero relato escrito e proporá a atividade de interpretação do texto lido, explorando características do gênero no que diz respeito à estrutura, conteúdo temático, estilo, suporte e intenção comunicativa.

A partir da observação das expressões utilizadas no texto que caracterizam o uso de um registro menos formal da língua, como “jogo duro” e “tremenda surra”, e ainda da leitura

24 Fonte: Programa Altas Horas – Relato de Isabela Nicastro sobre cyberbullying. Disponível em:

dos quadros informativos da SD, a professora-pesquisadora promoverá uma discussão a respeito da variação linguística, da necessidade de adaptarmos nosso discurso às situações de comunicação.

Após isso, será proposta uma primeira atividade de reescrita do relato; os alunos retornarão à produção inicial realizada e verificarão se a linguagem utilizada está adequada (ou não) à situação de comunicação apresentada nas primeiras aulas.

Por fim, no último módulo da SD, aulas 9 e 10, a professora-pesquisadora levará para a sala de aula a transcrição de relatos orais produzidos por alunos da turma, em situação espontânea nas aulas anteriores, para observação e estudo das características do texto oral, e, nessa ocasião, apresentará uma tabela com os códigos utilizados para a transcrição dos relatos25, a fim de que os alunos compreendam suas funções.

Dessa forma, será proposta uma atividade de observação das características que contribuem para a construção do texto falado (repetições, pausas, hesitações, reformulações, marcadores conversacionais). Em seguida, os alunos farão a retextualização dos relatos, orientados pela professora, que irá explicar as operações de passagem de um texto oral para o texto escrito. Ao final da aula, a professora-pesquisadora irá propor aos alunos a participação em uma roda de relatos, que acontecerá na aula seguinte. Para tanto, os alunos receberão um roteiro de orientações para a produção oral. Primeiramente, irão escolher o tema do relato: alguma experiência vivenciada que envolva um acontecimento marcante em suas vidas e que desejem compartilhar com os colegas. Os alunos serão orientados a planejar em casa a apresentação, podendo, inclusive, levar fotografias, souvenirs ou objetos que estejam ligados à experiência relatada.

Nas aulas seguintes, 11 e 12, a professora-pesquisadora organizará a turma em um círculo para a apresentação dos relatos orais, previamente planejados pelos alunos, e iniciará a aula com instruções aos alunos para a realização da atividade: primeiramente, procurará deixar os alunos confortáveis com a situação, lembrando-os de que está ali para assegurar que os colegas ouçam com atenção e respeito a fala do colega que se apresenta; solicitará, ainda, à turma que faça silêncio no momento da apresentação, pois poderão fazer perguntas, caso desejem, ao final do relato.

No momento da apresentação dos relatos, a professora-pesquisadora fará anotações e avaliará a participação dos alunos, para que consiga dar um feedback adequado sobre a produção do texto oral. Além disso, no fim das apresentações dos relatos, a professora fará

25 As normas de transcrição dos textos orais utilizadas durante o desenvolvimento da SD foram adaptadas da

uma roda de conversa, a fim de que os alunos realizem uma autoavaliação (oral) da atividade.

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (páginas 72-75)