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No documento Escolarização e deficiência (páginas 52-58)

Os movimentos que deram sustentação ao “2º Colóquio de Pesquisa em Educação Especial/Inclusão Escolar: dialogando com as produções das Superintendências e dos Municípios”, realizado nos dias 26 e 27 de maio de 2009, na Universidade Federal do Espírito Santo, foram os encontros desencadeados pelas pesquisas já citadas neste texto. O objetivo principal desses estudos foi cartografar as políticas em ação instituídas nos diferentes municípios capixabas, visando a garantir o acesso ao ensino a alunos com deiciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Para tanto, proissionais em atuação nas Superintendências (SRE) e nas Secretarias Municipais de Educação, bem como em escolas de ensino comum e especializado, passaram a se reunir nas sedes das SRE para apresentar e discutir os movimentos que seus municípios vinham constituindo em favor da escolarização desses sujeitos. Esses encontros foram constituídos no período de 2007 a 2009, coordenados por professores responsáveis pelas pesquisas e alunos do Programa de Pós-Graduação da UFES – Mestrado e Doutorado –, bem como do Curso de Pedagogia que vivenciavam a experiência de bolsistas de Iniciação Cientíica.

Os encontros foram sistematizados nas sedes das Superintendências das regiões norte e sul do Espírito Santo. Foram convidados os proissionais ligados à Educação Especial dos diferentes municípios para participar desse diálogo crítico-relexivo. Os grupos se formavam de acordo com a área de jurisdição das Superintendências Regionais de Educação. Na primeira fase da pesquisa, realizada nos anos de 2007 e 2008, foram discutidos

dados censitários publicados pelo Ministério da Educação (MEC) que “apresentavam” o quantitativo de alunos com necessidades educacionais especiais por deiciência ou altas habilidades/superdotação matriculados em cada município. Em muitos municípios, percebíamos que esse “dado” não condizia com a realidade apresentada pelos proissionais no transcorrer das relexões. Nesse encontro, o grupo de estudo da UFES pôde fazer um contato inicial com as políticas instituídas em cada município, uma vez que seus representantes puderam falar de seus movimentos. Essa dinâmica possibilitou aos municípios lançar um metaolhar sobre as ações instituídas, bem como a possibilidade de problematizá-las em seus contextos de atuação.

As discussões da primeira fase das pesquisas deram sustentação para o “1º Colóquio de Pesquisa de Políticas Públicas em Educação Especial/Inclusão Escolar no Espírito Santo: constituindo bases teórico- metodológicas”, realizado nos dias 8 e 9 de maio de 2008, na UFES. Em 2008/2009, colocamos em ação a segunda fase do estudo, na qual buscávamos problematizar com os proissionais envolvidos: qual a política de Educação Especial implementada em seus municípios? Quais os dispositivos de atendimento? Quem são os alunos da Educação Especial? E como se dá a formação inicial e continuada de professores? Foi justamente esse segundo momento que nos possibilitou realizar o “2º Colóquio de Pesquisa em Educação Especial/Inclusão Escolar: dialogando com as produções das Superintendências e dos Municípios”, cujo objetivo foi possibilitar que esses segmentos, a partir das discussões levantadas na segunda fase da pesquisa, apresentassem suas políticas em ação, externando seus desaios, possibilidades, movimentos, idas e vindas, enim, processos que vinham sendo construídos para que os alunos que demandavam apoios especíicos de escolarização tivessem esse direito garantido.

Qual a dinâmica de organização desse “2º Colóquio”? Inicialmente, foram enviadas correspondências aos proissionais envolvidos no estudo, convidando-os para o evento. Tivemos, também, a iniciativa de incentivá- los a produzir textos para que pudessem apresentar suas políticas em ação no colóquio. Assim, conforme programação sistematizada pelo grupo de pesquisa da UFES, o “2º Colóquio” passou a ter a seguinte forma de organização: em 26 de maio de 2009 tivemos a abertura do evento com professora Maria Aparecida Santos Côrrea Barreto, diretora do Centro de Educação da UFES,

que falou sobre as contribuições das pesquisas no delineamento de políticas públicas de Educação Especial no estado do Espírito Santo, uma vez que possibilitavam que gestores, educadores, pedagogos e proissionais em atuação nas áreas clínica e social ligados à Educação Especial avaliassem em processo os movimentos de seus municípios e ainda permitiam vislumbrar novas/outras possibilidades de ação.

Em seguida, a Rede Estadual de Ensino – representada pela Gerência de Divisão de Educação Especial – externou os movimentos em processo da rede na construção do documento “Política Estadual de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva”, que norteará os trabalhos da modalidade nas escolas estaduais de ensino. Na oportunidade, fez-se um breve histórico das políticas públicas de Educação Especial no Espírito Santo, inalizando com o documento acima citado.

Em prosseguimento, abriu-se um diálogo sobre os movimentos das pesquisas em sua segunda fase. A dinâmica do primeiro dia do colóquio foi sistematizada em três blocos: o primeiro foi presidido pela professora Denise Meyrelles de Jesus, o segundo, pela professora Maria Aparecida Côrrea Barreto e o terceiro foi organizado pelo professor Claudio Roberto Baptista, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e consultor da pesquisa.

O primeiro bloco, apresentado pela professora Denise Meyrelles de Jesus, trouxe uma síntese dos movimentos da pesquisa “Políticas de educação, inclusão escolar e diversidade pelo olhar daqueles que as praticam: por diferentes trilhas”, que nos possibilitava visualizar as políticas públicas em ação presentes no estado do Espírito Santo. Reletindo sobre como o estado do Espírito Santo tem se organizado para garantir o aprendizado de alunos com deiciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, apresentou os seguintes eixos que nortearam a segunda fase do estudo: quais dispositivos educacionais estão dispostos para a garantia da escolarização desses alunos nos diferentes municípios do ES? Há inclusão desses alunos nas escolas regulares? Há apoios? Quais são os apoios? Como estão organizados? Há trabalho especializado? Como é realizado?

A partir desses eixos, a professora Denise Meyrelles de Jesus externou que os dados revelavam que a matrícula de alunos com necessidades

educacionais especiais se materializa em todo o Estado, seja pela via das instituições especializadas, seja nas escolas das redes municipal ou estadual de ensino. Embora nem todas as especiicidades fossem contempladas e nem todos os alunos estivessem incluídos nessas instituições, havia uma grande variação nas formas de atendimento. Nesse movimento, passou a falar sobre os dispositivos de atendimento, adotando os discursos coletados no transcorrer dos encontros nas SRE. Assim, falou em professores itinerantes, salas de recursos multifuncionais, salas de apoio, ações colaborativas entre professor de ensino comum e de Educação Especial, equipes multifuncionais, estagiários, formação de mão de obra especializada para suprimento de demandas – como intérpretes de libras. Também focalizou a falta de apoio em alguns municípios – situação que leva os professores de ensino comum e lidar “sozinhos” com as questões das aprendizagens dos alunos e o trabalho realizado pelas escolas de ensino especializado –, situação que, ainda, ganha grande destaque no estado do Espírito Santo.

Finalizando esse primeiro bloco, a professora Denise apresentou os movimentos que vinham se constituindo no norte e no sul do estado que apontavam para: realização de parcerias entre municípios e Rede Estadual de Ensino; diferentes composições das Equipes Gestoras de Educação Especial – em alguns municípios constituíam-se por proissionais com formação em diferentes áreas e, em outros, a equipe resumia-se a único integrante; diferentes dispositivos de atendimento; necessidade de deinição do aluno a ser trabalhado pela Educação Especial e de conhecimentos sobre inanciamento da educação, movimentos diferenciados de formação continuada – indicativos de avanços e retrocessos, pois, em alguns municípios, há iniciativas interessantes e, em outros, a formação continuada está em fase inicial de discussão; e, ainda, a forte “dependência” do trabalho realizado pelas escolas de ensino especializado.

O segundo bloco foi discutido pela professora Maria Aparecida Santos Corrêa Barreto, que falou sobre as tensões presentes nas políticas de formação docente em tempos de inclusão escolar, pela via da pesquisa: “as políticas de Educação Especial/inclusão escolar no Espírito Santo: tensões, desaios e possibilidades da formação inicial à formação continuada”. Tal discussão atravessou as seguintes questões: o novo currículo do Curso de Pedagogia – o qual suscitou relexões sobre a formação de professores

especialistas e generalistas –, a necessidade de incursão na formação inicial de professores de diálogos teórico-práticos sobre os fundamentos da escola inclusiva e, ainda, tensões e movimentos presentes na formação continuada de educadores, considerando os dados levantados no transcorrer dos encontros realizados nas SRE.

O terceiro bloco, apresentado pelo professor Claudio Roberto Baptista, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trouxe como contribuição a relexão acerca da “Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva” e a análise de dados das pesquisas no estado do Rio Grande do Sul que visam a cartografar as políticas instituídas em favor da escolarização de alunos com deiciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, temas esses que compartilham eixos de investigação de nossas pesquisas no estado do Espírito Santo.

Nesse diálogo, após apresentação de dados censitários que permitiam ao grupo visualizar os movimentos de ingresso de alunos com deiciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação nas escolas de ensino comum e, em especial, na região Sudeste e no estado do Espírito Santo, bem como de um conjunto de dispositivos legais que versavam sobre apoios técnicos e inanciamentos irmados entre a União, os Estados e os Municípios – atendimento educacional especializado, salas de recursos multifuncionais e acessibilidade –, o referido professor provocava o grupo a pensar sobre questões que o documento “Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva” suscitava, tais como: apesar da predominância da inclusão escolar como diretriz, qual é a extensão ou a abrangência esperada para esse processo? Qual é o papel da Educação Especial no que se refere à responsabilidade de instituição de processos inclusivos, visto que a efetivação desses processos depende de mudanças no ensino comum? Quem são, efetivamente, os sujeitos da Educação Especial? Quais seriam os serviços destacados como os mais apropriados para o suporte à inclusão? A sala de recursos parece ganhar um status que já pertenceu à classe especial no passado, mas como deve ser oferecido esse serviço e quais suas relações como prática pedagógica da sala de aula? Como serão instituídas as relações entre as escolas e os outros serviços que podem oferecer o atendimento educacional especializado

e que, historicamente, não se ocuparam de uma ação “complementar”? Como deve ser formado o professor de Educação Especial para essas novas funções de atendimento, assessoria, acompanhamento de processos pedagógicos, articulação com outras instituições além da escola, e, não menos importante que as demais, agente de formação de seus colegas docentes? Como fazer para partir de uma perspectiva cultural e do entendimento da política como um processo de aprendizagem, adotando uma abordagem cognitiva das políticas públicas?

Concluída esta etapa de apresentação dos três blocos, passamos a apontar as políticas em ação instituídas nos diferentes municípios capixabas. Para a sistematização desse movimento, adotamos, como princípio, os textos encaminhados pelas Superintendências e Secretarias Municipais de Educação para o “2º Colóquio de Pesquisa em Educação Especial”. Assim, passamos a reletir sobre como a Educação Especial se materializava no estado do Espírito Santo, a partir das produções encaminhadas pelas Superintendências Regionais de Educação de Colatina, Afonso Cláudio, Cachoeiro de Itapemirim e Linhares, bem como as Secretarias Municipais de Educação de Guarapari, Afonso Claudio, Barra de São Francisco, Cariacica, Nova Venécia, Colatina, Vitória, Ponto Belo, Linhares e Serra. Ao todo, tivemos a apresentação de quatro SRE e dez Secretarias Municipais de Educação que foram sistematizadas em blocos, discutidos nos dois dias do evento.

No segundo dia do Colóquio, após a apresentação do segundo bloco de produções das Superintendências e Secretarias Municipais de Educação, foi realizada a Plenária Final que, por sua vez, foi coordenada pelo professor Claudio Roberto Baptista, convidado para o evento por participar da elaboração das Diretrizes Nacionais de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e por realizar pesquisas com temas e eixos similares aos desenvolvidos pela Linha de Pesquisa “Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas”, do Programa de Pós-Graduação

em Educação da UFES. Essa foi a dinâmica de ações desenvolvida no

“2º Colóquio de Pesquisa em Educação Especial/Inclusão Escolar no Espírito Santo: dialogando com as produções das Superintedências e dos Municípios”. Passemos, agora, às produções desses segmentos e às relexões que elas suscitaram no transcorrer do referido colóquio.

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No documento Escolarização e deficiência (páginas 52-58)

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