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Sampaku, de William Dufty; Macrobiótica, de

Michio Kushi etc.

C

APÍTULO

7

NOÇÕES BÁSICAS PARA OS QUE SE

PROPÕEM INGRESSAR NA

É de importância capital, em primeiro lugar, saber dos benefícios resultantes da adoção do sistema de alimentação macrobiótico - que implica, concomitantemente, na mudança para um novo sistema de vida.

O primeiro ponto básico é a conscientização, ter em mente, de uma vez para sempre, que todo e qualquer sacrifício na alimentação e na maneira de viver será compensado por uma vida sem doenças, tranqüila e feliz - o que os orientais chamam de SATORI.

Nesse estágio, após um período compulsando livros, assistindo palestras e discutindo com orientadores, a pessoa estará apta a receber as bases para um bom desempenho da técnica e para uma ótima compreensão da filosofia que rege o Princípio Único. Faremos aqui uma pausa, para registrar uma passagem digna de ser lembrada.

A senhora Ana G. apresentou-se numa das preleções que, há 28 anos, ministramos toda primeira quinta-feira de cada mês. Retomou, depois, várias outras vezes, sempre chegando cedo e ocupando um lugar próximo ao orientador. Após alguns meses, já era uma ouvinte assídua, e quando interpelada sobre quando iria consultar-se, nada respondia, limitando-se a sorrir com simpatia. O tempo foi passando e D. Ana continuava ocupando seu lugar, que se tornou cativo. Com surpresa, cinco anos depois de assistir regularmente aos ensinamentos, resolveu pedir uma consulta! Por que depois de tanto tempo?

"É que minha doença", explicou ela, "não tem cura; estou doente há mais ou menos 40 anos. Já estive internada em quase todos os bons hospitais de São Paulo e sempre acabo ouvindo dos médicos o conselho de que devo acostumar- me com a doença, a deformação e as dores que ela causa." [A enfermidade de D. Ana era um tipo de lúpus insidioso.] Nesses cinco anos acompanhei aqui três casos de lúpus, e só depois de vê-los curados é que me resolvi fazer Macrobiótica."

Por incrível que pareça, D. Ana, embora já no nono ano de Macrobiótica e hoje com mais de 70 anos de idade, continua a comparecer assidua- mente, a todas as preleções mensais, convencendo os iniciantes a preservar para alcançar o que ela chama de "alegria de viver". A fase da conscientização envolve, principalmente, a atenção a três fatores insubstituíveis, que constituem a base da Macrobiótica; são eles o arroz integral, a mastigação e a saliva.

De início, conscientizar-se de que o arroz é o alimento mais importante para o macrobiótico; porém, mais importante que a mastigação é a saliva. Sem saliva, não haverá Macrobiótica. Esse aforismo é verdadeiro!

Na medicina, encontramos doenças incuráveis, que apresentam, como sintoma para diagnóstico, a falta de saliva. É o caso, por exemplo, da síndrome de Jöhingreen, que além da falta de saliva, caracteriza-se também pela ausência de

lágrimas, e de alguns casos de mal de Hansen (lepra).

Poderíamos citar, pelo menos, três casos desse tipo que foram curados pela Macrobiótica, mas um deles merece menção especial.

Marinela, professora, procurou-nos, por saber-se condenada. Quatro meses depois, voltou ao consultório, radiante, dizendo-se curada. Contou- nos então que sofria de síndrome de Jöhingreen, uma doença rara e que não tem cura; identifica- se pela falta de lágrimas, de saliva e depois de bile e secreção vaginal (todas as glândulas de secreção externa deixam de funcionar e o paciente falece). Como o caso dela, só eram conhecidos outros dois, ambos já falecidos. Como desconhecêssemos tal enfermidade, procuramos o oculista que havia diagnosticado o mal e, por ele, recebemos bibliografia sobre o assunto.

Um outro caso, este de hanseníase, também é digno de registro.

Alberto S., internado em hospital para leprosos, procurou-nos e iniciou-se na Macrobiótica - o primeiro caso sem saliva que nos apareceu. Trouxe-nos, a seguir, esposa e cunhado, internados com ele no Sanatório Santo Ângelo, onde perfaziam 18 leprosos. Todos, em nove ou dez meses, haviam recebido alta do hospital, curados; só ele não obtivera cura, e constatei que não tinha saliva.

Aconselhei-o a perseverar no tratamento, pois G. Ohsawa, em um de seus trabalhos, afirmava que casos desse tipo seriam resolvidos em três anos -

que era o período necessário para instalar-se a cura biológica".

O paciente persistiu e, passado esse tempo, voltou ao consultório dizendo-se curado. Em sua prescrição, aconselhei-o, de acordo com o trabalho de G. Ohsawa, a mastigar arroz cru ou tostado umas 200 a 250 vezes, pela manhã e à tarde e comer de 2 a 3 ameixas de umeboshi, diariamente.

Feliz da vida, Alberto agradece sensibilizado, dizendo, jocosamente: "Custou-me três dentaduras a linha de conduta imposta".

O A

RROZ

Planta da família das gramíneas, o arroz (cujo nome científico é Oryza sativa) apresenta-se em três famílias ou subespécies - indica, jônica e javânica -, com inúmeros gêneros e subdivisões. Data de cerca de 7.000 anos e, segundo o Conselho Internacional de Vegetais, totaliza 74.000 variedades, entre o arroz cultivado e o chamado arroz selvagem.

O porte da planta, na época da colheita, varia de 0,80m a 1 metro de altura, mas em certa localidade, na confluência dos rios Ganges e Brah-maputra, na índia, chega a atingir até 6m de altura, pela elevação das águas (Bangladesh). A planta cresce com a mesma rapidez com que sobem as águas.

Antigamente, o consumo de arroz, nos países europeus, era muito pequeno, enquanto, no

Oriente, constituía o alimento de base. Na China, era reverenciado como o "Deus Arroz", e nos países asiáticos, as lendas e os mitos sobre o arroz ainda são lembrados.

No Brasil, na zona cafeeira, era semeado e colhido ao longo do espaço entre as fileiras dos cafezais. Hoje, graças ao preparo das sementes -estudadas cientificamente em 1978 pelo Conselho Internacional de Preservação dos Recursos Genéticos Vegetais -, encontramos registros de plantações em qualquer terreno, qualquer latitude ou longitude, à beira-mar, nas montanhas, nas planícies e em terrenos secos. No início, depois da colheita, o arroz, para consumo, era debulhado a fim de se retirar-lhe a casca (palha), e depois secado e pilado, constituindo assim o verdadeiro arroz integral. Com o passar dos anos, tendo o consumo aumentado consideravelmente, o processo do pilão tornou-se obsoleto. Foram concebidos diversos outros procedimentos para passar-se da manipulação à industrialização, chegando-se finalmente às máquinas beneficiadoras, já usadas para o café e milho.

Com isso, resolveu-se o problema da retirada da palha, mas surgiram então outros graves inconvenientes. A máquina beneficiadora, ao retirar a palha, feria o grão em diversos setores e, como o tempo de estocagem, esse ferimento na película trazia a umidade para o arroz, que mofava.

As máquinas beneficiadoras foram recondicionadas e o grão apresentava-se agora

desprovido de película, branco para a alegria dos estoquistas, mas a umidade não perdoava. Resolveram então envolver o grão em uma substância isolante do meio exterior e, de experimento em experimento, chegaram à parafina.

Solucionado mais esse problema, outro se colocou: o consumidor passou a refugar o produto por apresentar um aspecto desagradável à vista. Mas, como para tudo se dá jeito, descobriu-se que, esfregando talco nos grãos, estes ganhavam brilho.

E esse, portanto, o produto que se encontra no mercado, para consumo: belos grãos brilhantes de arroz, sem vida, coberto de parafina. Os vendedores afirmam que o talco e a parafina seriam eliminados pela fervura, mas, na verdade, se levarmos os grãos assim preparados ao microscópio, constataremos a presença de ambos.

Os preparadores, nas máquinas beneficiadoras, ao tirarem a película que é destinada à alimentação de porcos, ignoram que todo o valor do arroz encontra-se nesse farelo, o qual é riquíssimo em vitaminas do complexo B, além de conter alguns minerais e um pouco de proteína. O arroz branco só serve, em realidade, para "encher barriga", pois em sua composição só se encontra amido.

Na Macrobiótica, o arroz integral é olhado como o "Deus arroz" - tal como o reverenciavam os antigos chineses. Possui, pela natureza, todos os elementos necessários à vida e que são

metabolizados quando ingeridos, enquanto os produtos químicos utilizados no arroz branco são eliminados, alguns tornando-se prejudiciais pelas transmutações biológicas.

A maior importância do arroz reside na proporção de sódio (Na) e potássio (K) que contém (1 de sódio para 5 miliequivalentes de potássio), sendo o único produto comestível, na face do planeta, a apresentar essa relação, encontrada normalmente no organismo humano.

A MASTIGAÇÃO

O aforismo "Mastigai os líquidos e bebei os sólidos" (Buda e Gandhi) deve ser compreendido aqui em toda sua importancia. O número de movimentos mandibulares varia de acordo com a consistência do alimento a ser digerido e também segundo a enfermidade instalada, partindo de um mínimo de 50 até 80, 100 ou mais (mesmo que já liquefeito o alimento).

Nas doenças de etiologia desconhecida ou do colágeno (artrite, reumatismo, lupus, gota etc.), a mastigação em vários casos ultrapassa o número de 120. O organismo de um macrobiótico possui um toque de alarme quando se come rapidamente ou se mastiga mal e de maneira insuficiente: são os gases intestinais. Para eliminá-los, basta que se volte a mastigar convenientemente. Os gases fétidos indicam putrefação dos alimentos por falta de bile ou suco pancreático, por deficiência ou distúrbios do fígado ou do pâncreas.

O aparelho mastigador compõe-se de dentes inseridos na mandíbula (maxilar inferior) e na arcada dentária superior (maxilar superior, fixo). A mandíbula é acionada por um músculo poderoso, chamado masseter.

A boca é um dos principais órgãos para o macrobiótico. Na disposição e implantação dos dentes, a Natureza mostra como devem ser consumidos os alimentos.

Observando a arcada dentária de um animal carnívoro - cão, leão, tigre -, nossos sentidos fixam-se na uniformidade dos dentes pontiagudos, os conhecidos caninos. São dentes que têm a função de dilacerar.

No gênero humano, esses dentes apresentam-se em número de quatro: dois na arcada superior em justaposição com dois na mandíbula. Os incisivos são oito, quatro centrais e quatro laterais. A seguir encontramos os oito pré- molares e os doze molares, totalizando 32 dentes. Acidentalmente, encontraremos os dois chamados dentes do siso.

A composição dentária orienta como e o que se deve comer. Os caninos indicam que o homem não deve abusar de produtos animais, pois ao se dividir o número total de dentes (32) por 4 (número de caninos), obtém-se 8, sugerindo que o homem só deverá alimentar-se com esses produtos de oito em oito dias. Os incisivos por serem dentes cortantes, destinam-se a legumes, verduras e leguminosas, enquanto os pré- molares e molares, trituradores, servem para prensar os cereais.

A boca mostra que, pelo número de dentes, o homem é, por principio, um cerealista. No que diz respeito, aos desdentados, indicaremos, no capítulo sobre alimentos, as proporções para cada período durante os tratamentos.

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