• Nenhum resultado encontrado

No ensino de línguas, somente com o surgimento da metodologia direta, a partir da década de 40 do século passado, é que as imagens passaram a ser

valorizadas como forma de aprendizagem. Tal metodologia, de acordo com Puren, 1988 (apud Cestaro 1999), dava ênfase à oralidade e fundamentava-se no contato direto com a língua-alvo, sem a intervenção do recurso tradutório. Seu princípio fundamental era de que esta deveria ser aprendida através do uso da própria língua estrangeira em sala de aula. A ênfase encontrava-se na língua oral e a transmissão do significado ocorria através de gestos e gravuras. Quanto à utilização das imagens, então, ela passou a ser de fundamental importância na comunicação, a ponto do processo de ensino/aprendizagem, nos níveis iniciais, ocorrer, principalmente, através de ilustrações.

Foi com o desenvolvimento dos meios de comunicação, no último século que se permitiu uma assimilação dos acontecimentos com maior facilidade e rapidez, facultando aos indivíduos uma nova dimensão do mundo. Após esse período, surgiram as primeiras formulações teóricas do método SGAV (estrutural-global audiovisual).

Nessa abordagem áudio-visual, a grande maioria dos textos, geralmente escritos em forma de diálogos, era repleta de ilustrações. De acordo com Puren (1988 apud Cestaro 1999), a princípio, esse método foi marcado pelo abuso da utilização de figuras e, somente a partir de 1980, diminuiu um pouco a utilização em excesso do uso das imagens como suporte de construção do sentido dos diálogos, e o texto pictórico passou, então, a constituir o ponto de partida das explicações do conteúdo ministrado, mas não o suporte principal de tal comunicação. A imagem desempenharia uma função estimuladora (Galisson, 1980 apud Cestaro 1999).

A partir de então, a utilização da imagem no ensino das línguas estrangeiras passou a empregar representações gráficas no processo educacional, aproveitando o potencial das imagens para ilustrar, motivar, instruir, organizar, informar, representar, interpretar e transformar, embora não necessariamente na ordem em que tais ações aparecem citadas.

É por isso que, no presente trabalho, que visa relatar a experiência usada para desenvolver a habilidade de leitura nos alunos de graduação da Escola Baiana de Medicina, considera-se relevante para o ensino do Inglês Instrumental a ativação de uma rede de signos visuais e verbais, a partir de uma variedade de materiais considerados “autênticos”. De acordo com Widdowson (1979), Breen (1985) e Johns (1994), eles são chamados de “autênticos” por não terem sido criados com fins didáticos, mas sim produzidos na vida cotidiana, em língua inglesa, apesar de muitos autores considerarem que, pelo fato de serem colocados em sala de aula, esses mesmos materiais deixariam de ser autênticos. Assim, ao lado da escrita linear, a presença do estímulo pictórico pode ser um instrumento importante e complementar para ajudar o aluno a construir o conhecimento na língua-alvo.

1.5.1. IMAGENS E INGLÊS INSTRUMENTAL

Do mesmo modo que, ao se ouvir ou ler um texto verbal pode-se fazer previsões e inferências a partir de um determinado input, tende a ocorrer o mesmo processo em se tratando de um texto pictórico. É nesse sentido que se

intenta discutir a possibilidade e a relevância de as imagens contribuírem para o ensino do Inglês Instrumental, enfatizando-se a importância do contexto em que tais imagens se encontram inseridas.

Por conseguinte, considera-se que imagens que, preferencialmente, fazem parte do cotidiano da cultura de um idioma que está sendo ensinado, possibilitam que experiências, muitas vezes distintas daquelas vivenciadas pelo aluno, lhes sejam transmitidas de forma contextualizada, através das ilustrações de textos “autênticos” veiculados pelo processo da aprendizagem. Tal contato, portanto, pode proporcionar ao aluno uma compreensão mais ampla da sociedade em que vive o falante da língua-alvo, ampliando a sua visão do mundo.

Em vista disso, a idéia de um ensino de Inglês Instrumental enriquecido pela utilização de filmes, desenhos animados, histórias em quadrinhos, publicidades, mapas, diagramas, dentre outras ilustrações, que são fonte de informação cultural sobre a língua alvo, constitui material relevante para essa abordagem. Busca-se, com isso, aliar o conhecimento oriundo das imagens a discussões emergidas das práticas cotidianas, o que contribui para o aprimoramento do processo do ensino do idioma estrangeiro a ser adquirido, bem como para o desenvolvimento de um olhar crítico e reflexivo sobre a cultura na qual a língua estudada se encontra inserida.

Depois de se discutir as possíveis acepções do termo ‘imagem’, tenciona-se indagar possíveis formas de abordá-la dentro do escopo deste trabalho, que é o ensino de língua estrangeira. Interessa à pesquisa considerar que a imagem pictórica ultrapassa os limites da linguagem verbal, fazendo

parte de um complexo semiótico maior, capaz de comunicar de forma que apela, predominantemente, aos sentidos do receptor. Trata-se de uma ferramenta que pode ser útil para a sala de aula de inglês instrumental, nos cursos em que a disciplina é ministrada.

Dessa forma, ao se privilegiar uma educação visualmente orientada para o ensino instrumental de língua inglesa, não há dúvida de que a imagem visual associada ao texto verbal possibilita o despertar dos sentidos do leitor evocados por aquilo que ele visualiza. Desse modo, no processo educacional, na busca de interpretar (e recriar) as experiências expressas através de um texto verbal e buscando tornar mais concreto aquilo que é vivenciado em uma aula de língua estrangeira, o discurso verbal e imagético podem apoiar-se um no outro.

Por isso, acredita-se que os estudantes, de acordo com Burmark (2002), devem aprender a processar tanto as palavras quanto as imagens, sendo capazes de movimentar-se fluentemente entre o texto verbal e o visual. Mas como ajudar o aluno a transitar por esses signos com mais eficiência e desenvoltura? Como aprimorar a educação visual para que sirva de ferramenta cognitiva? O próximo capítulo tratará das possíveis formas de alfabetização visual, já que o texto pictórico é composto por signos, cuja composição pode ser estudada, por meio de uma gramática própria, a gramática da visualidade.

C

APÍTULO

II

I

MAGEM E

A

LFABETIZAÇÃO VISUAL

_________________________________________________________________