Maquiagem cinematográfica: efeitos especiais

Outra questão importante a ser mencionada é a maquiagem cinematográfica, onde pudemos não só mostrar a diferença existente entre a maquiagem no teatro e no cinema, como também perceber formas de criação pensando nos efeitos especiais para a caracterização do personagem. A aula dividiu-se em abordagem teórica e prática, acontecendo no espaço da biblioteca da escola.

Dessa forma, tivemos os seguintes objetivos para a abordagem de sala de aula e seus desdobramentos:

1- Perceber a maquiagem cinematográfica e suas possibilidades, buscando identificar como ela pode auxiliar na construção do personagem;

2- Reconhecer de forma prática como utilizar materiais alternativos para a criação de maquiagem para efeitos especiais.

Para introduzir o tema da maquiagem pensando em sua utilização na construção do personagem, inicialmente abordamos algumas diferenças entre a composição visual do personagem no teatro e no cinema.

Iniciamos nossa discussão com base nas ideias de Pavis (2003), no que se refere à maquiagem para o teatro. Uma das características apontadas pelo autor é que, no teatro, por causa da distância, os traços expressivos devem ser aumentados de maneira a aparecerem naturais, mesmo longe do palco (PAVIS, 2003, p. 171). Além disso, no teatro existem os demais elementos cênicos que devem estar em sintonia com a maquiagem, como é o caso do figurino, cenário e iluminação, utilizados a favor na encenação de acordo com a estética destacada.

Essa convenção que se estabeleceu com relação à maquiagem no teatro não se aplica para o cinema ou televisão, uma vez que o rosto do ator será captado pela câmera de alta definição, q e como nos lembra Ce imbra (2017), f nciona como ma l pa gigante, ampliando detalhes do rosto, por isso a precisão na maquiagem deve ser absoluta. A maquiagem não pode mascarar e deve oferecer identifica o total com o personagem (CEZIMBRA, 2017, p.145).

Mesmo destacando essas diferenças, sabemos que são várias as possibilidades de criação da maquiagem para ambas as situações artísticas, mas, pensando na criação para o cinema, sabemos que pode-se utilizar da maquiagem, por exemplo, para embelezar, para envelhecer, com aplicação de cabelo ou barba, ou até mesmo de efeitos especiais com aplicação de prótese de silicone.

Assim, após a explanação inicial sobre a maquiagem no teatro e no cinema, lembramos aos discentes que, independente do tipo de maquiagem, técnica ou acessórios utilizados, o seu processo de concepção se dará em função da caracterização do personagem.

Para enfatizar a importância da maquiagem cinematográfica, mostramos algumas imagens de caracterizações feitas para o ator Johnny Depp, a fim apresentar algumas

possibilidades de criações de personagem para o mesmo ator, enfatizando que a aplicação da maquiagem se dará com base nas características a serem ressaltadas de cada personagem. Vale lembrar também que a maquiagem vai realçar visualmente a aparência externa do personagem, mas a sua caracterização completa se materializará com a performance do ator, pela sua voz e seu conjunto de gestos, movimento, palavras, dando vida a outro ser.

Figura 20 - Caracterizações do ator Johnny Depp

Dando continuidade à aula, destacamos a maquiagem cinematográfica para efeitos especiais, entendendo como aquela que pode se fazer com a utilização de próteses para ferimentos, criar personagens como monstros ou criaturas. Uma das maiores dificuldades para a aula de maquiagem de efeitos foi a dificuldade para conseguir materiais adequados. No entanto, destacamos para esse momento apenas os efeitos de ferimentos, onde recorremos a vídeos do YouTube.

Para a abordagem prática da maquiagem de efeitos, temos como base principal o canal da Karen Lima, onde, em suas criações, nos mostra diversas possibilidades para a maquiagem artística utilizando materiais alternativos. Para se fazer sangue para uma

maquiagem de corte, por exemplo, podemos utilizar corante alimentício e, para a prótese, pode-se utilizar gelatina sem sabor.

Sabendo da limitação do espaço na escola e sabendo da necessidade em se ter alguns equipamentos de cozinha para a sua confecção, a gelatina incolor foi preparada com antecedência, sendo levada para a escola já pronta, com algumas possibilidades de ferimento. Ainda assim, todo o processo foi mostrado aos discentes, além do mais, os diferentes tipos de sangue, comestíveis ou não, foram preparados na escola.

Assim, para o corte na pele foi utilizada gelatina sem sabor, coberta com base e pó, além de algodão e cola, seguindo as ideias da Karen Lima10_{. Para o sangue artificial,}

produzido também com materiais alternativos, foi utilizada glicerina líquida e corante em pó. Já para o sangue comestível, utilizamos mel e corante alimentício em pó.

EFEITO MATERIAIS

Ferimento de corte - Gelatina sem sabor;

- Cola e algodão;

- Base e pó para acabamento.

Hematomas - Sombras nas cores roxa, amarelo e

vermelho.

Sangue - Corante alimentício nas cores vermelha,

roxa e preto;

- Glicerina líquida (para o sangue não comestível);

- Mel de engenho (para o sangue comestível).

Após preparar todo o material, os discentes foram divididos em três grupos, onde cada um deveria compor um uma maquiagem de efeito no colega, resultando nos seguintes trabalhos:

10 _{Karen Lima é uma maquiadora que tem canal no YouTube, onde faz postagem de tutoriais de maquiagens} artísticas e sociais. Os vídeos ensinando a fazer os sangues artificiais podem ser acessados em seu canal no YouTube.

O primeiro grupo, composto por Pedro e Laura, destacou uma maquiagem com um ferimento na testa e na boca, onde utilizaram para sua composição a gelatina sem sabor e os tipos de sangue comestível e não comestível, como podemos ver na imagem abaixo.

Figura 22 - Maquiagem efeitos especiais ferimento no braço

O segundo grupo, composto por Jamily e Maria Joana, destacaram duas composições de ferimentos, uma no braço e a outra no pescoço, como podemos ver nas imagens acima. Para o ferimento, também foi utilizado o sangue artificial, além da prótese feita com gelatina incolor.

Já o terceiro grupo, tinha como componentes Allyssa e Maria Clara, que também destacaram sua composição de maquiagem no rosto, mas deram ênfase não só ao ferimento, como também machucado, como podemos ver na imagem abaixo. Para a composição do ferimento foi utilizado algodão e cola, e em seguida aplicou-se a base e o pó, além do sangue artificial. Para destacar o hematoma no olho, foram utilizadas sombras roxa, amarela e vermelha.

Figura 24 - Maquiagem de efeitos especiais com hematoma e ferimento no rosto

Para a composição da maquiagem no momento prático, não tivemos como preocupação pensar em uma situação para compô-la. No entanto, na exposição teórica, discutimos sobre a importância desses elementos estarem interligados com a criação do personagem. Ao final da aula, nos momentos de conversa final, os discentes mencionaram

que foi um dos momentos que eles mais gostaram até então, pois puderam perceber algumas formas de criação da maquiagem de efeitos com materiais que eles podem ter em casa, além de poder ser utilizada em maquiagem de halloween, por exemplo.