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PERÍODO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

2.4 MARCOS REGULATÓRIOS DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO CNPq

[...] o pensamento é, mais do que nunca, o capital mais precioso para o indivíduo e a sociedade. (MORIN, 2010, p. 18).

A Resolução Normativa58 dos programas institucionais de IC é a RN 017/2006, que estabelece as normas vigentes e específicas para as modalidades de bolsas por cota no país de: Apoio Técnico (AT); IC; PIBIC; ICJ; PIBITI; Pós-graduação Mestrado e Doutorado. As regras gerais da RN 017/2006 têm a finalidade de destinar as bolsas para instituições, programas de pós-graduação ou pesquisadores com vistas à formação de recursos humanos.

57 PIERRO, Bruno de. Reportagem intitulada política científica contra desigualdades regionais. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/06/19/politica-cientifica-contra-desigualdades-regionais/>.

58 De acordo com a atual coordenação dos PIC do CNPq, com sede em Brasília, há um processo de alteração da RN 017/2006 por meio de discussões nas reuniões de coordenadores institucionais. Seguem itens que sofrerão alteração: a) inclusão dos programas PIBIC-Af, PIBIC-EM, PIBIC-EM/FAP, PICME E PIC-OBMEP; b) 3.2. Objetivos Gerais do PIBIC; c) 3.4– Forma de Concessão; d) 3.5– Compromissos da Instituição; e) 3.6– Requisitos, Compromissos e Direitos do Orientador; f) 3.7– Requisitos e Compromissos do Bolsista; g) 3.9– Duração; h) 3.10– Cancelamento e Substituição de Bolsistas; i) 3.12– Disposições Finais; (CNPq, 2015).

Essas bolsas são concedidas em atendimento aos programas de pós-graduação, aos editais ou convênios com recursos próprios do CNPq ou de outras instituições públicas e privadas.

O primeiro programa de IC no Brasil foi o PIBIC que destina cotas de bolsas às IES. A RN 017/2006 define o PIBIC como um programa voltado ao desenvolvimento do pensamento científico e iniciação à pesquisa de estudantes de graduação do ensino superior, tendo como objetivos gerais: contribuir para formação de recursos humanos à pesquisa, à FC de indivíduos que se dedicarão a qualquer atividade profissional, bem como reduzir o tempo médio de permanência dos alunos na pós-graduação; fortalecer o desenvolvimento da pesquisa científica na graduação; incentivar a produção qualificada de conhecimento científico.

Para os bolsistas, o PIBIC é uma oportunidade de formação a partir do ingresso na carreira acadêmica. Já os pesquisadores/orientadores afirmam que o programa representa um incremento no desenvolvimento da pesquisa e uma possibilidade de consolidação dos grupos de estudos. As IES podem elaborar suas próprias políticas de IC e pesquisa. No entanto, a participação no PIBIC condiciona as instituições a desenvolver competência técnica de integrar os acadêmicos à pesquisa, sendo necessário atender aos seguintes requisitos:

[...] ter quadro permanente, pesquisadores em regime de dedicação exclusiva, preferencialmente cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, com título de doutor ou perfil equivalente, que tenha expressiva produção científica, tecnológica ou artístico-cultural recente, divulgada nos principais veículos de comunicação da área e experiência compatível com a função de orientador e formador de recursos humanos qualificados; oferecer condições necessárias para a implantação, gerenciamento, acompanhamento e avaliação do programa; recomendável que a instituição tenha um programa próprio de iniciação científica. (BRASIL, 2010, p. 21).

O CNPq, até hoje, realizou formalmente apenas duas avaliações59 sobre o PIBIC com a finalidade de aferir dados e informações que sejam capazes de subsidiar parâmetros para um replanejamento do programa. Essas avaliações tiveram um cunho qualitativo (MARCUSCHI, 1996) e outro quantitativo (ARAGÓN, 1999). Os principais resultados da avaliação qualitativa60 foram:

59 Segundo, ainda, a coordenação dos PIC do CNPq há um planejamento para uma terceira avaliação que tem como objetivos: a) analisar o perfil dos egressos do programa e as interfaces entre o PIBIC e o PIBITI; b) mapear, em médio prazo, a IC no país; c) reavaliar os objetivos do programa. Essa avaliação vai demorar cerca de dois anos e será norteada pelo seguinte questionamento: onde está o bolsista do PIBIC?

a) explicitação e sociabilização de políticas de pesquisa mais abrangentes com o alargamento das linhas de trabalho para áreas carentes;

b) estímulo maior aos pesquisadores já produtivos e criação de um ambiente mais propício à FC;

c) instauração de critérios de apresentação, formulação e avaliação de projetos de pesquisa com a introdução de avaliação externa, uma das maiores inovações e contribuições do PIBIC às IES;

d) autoconhecimento das pesquisas realizadas pelas IES a partir da

institucionalização de práticas mais rápidas e transparentes de avaliação;

e) oportunização de um aprendizado pedagógico nas atividades de pesquisa por meio das bolsas de IC nas IES e nos Institutos de Pesquisa (IPq);

f) motivação maior para a integração entre instituições, resultando em alguns projetos interinstitucionais;

g) dinamização do processo de entrosamento dos bolsistas com os alunos de pós- graduação;

h) fomento à pesquisa interdisciplinar e as relações interdisciplinares;

i) criação do fórum intrainstitucional para apresentação de resultados da pesquisa científica junto à comunidade acadêmica;

j) aproximação do avaliador e do avaliado: o trabalho do bolsista passou a ser acompanhado nos seminários de IC;

k) integração das IES aos IPq, ampliando o intercâmbio entre pesquisadores e alunos.

A segunda avaliação do PIBIC ocorreu em 1999 sob a coordenação de Aragon61 da Universidade de Brasília (UnB) e retratou que esse programa é um dispositivo de fomento e estímulo à formação de cientistas e profissionais com potenciais acadêmicos e profissionais. Considerando a natureza dos dados coletados (quantitativos), os resultados indicaram:

A idade média dos bolsistas PIBIC é bastante jovem, bem abaixo da média dos estudantes de nível superior no país. Isso quer dizer que o programa tem êxito ao acolher jovens de promissora carreira futura [...]. Mais da metade dos bolsistas foram convidados pelo orientador. [...]. Entram no programa, de modo geral, os melhores candidatos. Mais da metade dos bolsistas têm projeto de pesquisa como parte integrante de projeto de seu orientador e, além destes, quase 1/3 têm projeto de pesquisa individual, vinculado a um do orientador. Isso sinaliza no sentido de uma boa articulação entre formação para a pesquisa na graduação e capacidade de orientação do orientador. [...]

Cerca da metade ou mais (chegando até 75% em algumas áreas) dos bolsistas PIBIC pretendem continuar seus estudos na pós-graduação. Quando se considera que menos de 10% dos graduados alcançam a pós-graduação [...]. Apenas metade dos alunos de mestrado no país teve bolsa na graduação, ao passo que ¾ deles tiveram bolsa PIBIC. A chance de ser bolsista no mestrado, para quem teve bolsa PIBIC (ou IC-balcão), comparada com as dos graduados que nunca tiveram bolsa, são 1,5 vezes maiores (o mesmo se aplica às bolsas IC-balcão). É uma ponderável diferença que testemunha a favor do êxito da iniciação científica na graduação no PIBIC (e nas bolsas de IC-balcão). Os ex-bolsistas PIBIC andam muito mais rápido na continuação de seus estudos pós-graduados. Os ex-PIBIC levam 1,2 anos para entrar no mestrado, rapidamente ascendendo a este nível de formação. Os outros, colegas que não tiveram bolsa na graduação, levam quase sete anos. Isso quer dizer que o PIBIC conduz muito mais rapidamente à continuidade da formação pós-graduada, assim contribuindo em menor tempo para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. (BRASIL, 2010, p. 26).

Muito embora esses indicadores quantitativos tenham sido divulgados a 15 anos, os estudos atuais também ratificam o potencial do PIBIC para o desenvolvimento da carreira acadêmico-científico de seus bolsistas, bem como o aprofundamento teórico sobre os conteúdos específicos das áreas de conhecimento e da aplicação de métodos de pesquisa com suas respectivas análises teórico-metodológicas.

Esse cenário pode ser ratificado com os dados dos estudos avaliativos do CNPq divulgados na 6ª Reunião de Trabalho com os Representantes de IC e Coordenadores do PIBIC e PIBIC-Af62, em Brasília, no mês de novembro de 2015. A pesquisa teve início em 2013/2014, sendo aplicados 29.506 questionários de avaliação com bolsistas e orientadores do PIBIC e 941 do PIBIC-Af.

De acordo com o CNPq, cerca de 74% de respostas foram alcançadas, sendo 18.675 de bolsistas e 3.855 de orientadores. As temáticas investigadas consideraram: tempo total de bolsas e de orientação; experiência de ser um bolsista; projetos de pesquisa e área; difusão do conhecimento produzido na IC; participação em eventos científicos; relações interpessoais entre orientandos e orientadores; implicações da IC no ingresso profissional, na pós-graduação e na carreira de pesquisador; avaliação do programa e da instituição; desenvolvimento de habilidades, entre outras.

Quanto à experiência de ser um bolsista de IC, 75% responderam ter sido importante para a sua formação. Já para 22%, a participação foi satisfatória por favorecer o engajamento na pesquisa e apenas 3% afirmaram que ficou aquém das expectativas. É notório assegurar as contribuições significativas do PIBIC para o desenvolvimento da autonomia, da

62 Segundo o CNPq, a ideia é estender essa avaliação para os demais programas (PIBITI). Essas informações estão disponíveis no sítio do CNPq <http://www.cnpq.br/web/guest/apresentacoes-em-ppt>.

criatividade, da formação do espírito científico, sendo unânime entre os bolsistas a pertinência para os conhecimentos voltados aos métodos e técnicas de pesquisa. Ver detalhes da perspectiva dos bolsistas no gráfico 4.

Gráfico 4 – IC e Desenvolvimento de Habilidades/Bolsistas (2013-2014)

Fonte: Pesquisa do CNPq (2015).

Nessa direção de desenvolvimento de habilidades, os orientadores ratificaram os resultados dos bolsistas. Esclareço que os percentuais a seguir contemplam o somatório dos indicadores ótimo e bom63 divulgados na pesquisa do CNPq. Ver gráfico 5:

63 Na pesquisa, a escala era composta pelos seguintes indicadores: ótimo, bom, regular e insatisfatório. 0

5.000

10.000

15.000

20.000

Métodos e técnicas de pesquisa Conhecimento na área específica Interesse para a pesquisa Estímulo ao pensamento científico/criatividade

Escolha profissional Contribuição para formação

acadêmica 18.675 17.948 17.396 16.340 11.796 433

Gráfico 5 – IC e Desenvolvimento de Habilidades/Orientadores (2013-2014)

Fonte: Pesquisa do CNPq (2015).

Quanto às expectativas dos bolsistas ao ingressar na IC, 12.512 (67%) estudantes esperam adentrar em um programa de pós-graduação stricto sensu para como pesquisador no âmbito da sua área. Outros 4.882 (24%) acreditam que a IC irá favorecer seu ingresso no mercado de trabalho com um nível de qualificação mais acentuado. E por fim, 1.681 (9%) esperam atuar como professor/pesquisador em uma universidade ou centro universitário. Ver gráfico 6.

Gráfico 6 – Expectativas dos Bolsistas no Ingresso na IC (2013-2014)

Fonte: Pesquisa do CNPq (2015). 0 1.000 2.000 3.000 4.000

Conhecimento na área específica Interesse para a pesquisa Interesse em IC e IT Escolha profissional Autonomia Criatividade Métodos e técnicas de pesquisa Utilização de outras línguas Espírito científico 3.547 3.508 3.430 3.354 3.354 3.200 3.161 2.853 2.853 Legenda:

Ingressar na academia como professor/pesquisador

Ingressar no mercado de trabalho

Uma hipótese para um índice tão baixo no ingresso na carreira docente seria as tensões que envolvem essa profissão no Brasil. Estudos de Brzezinski (2008) apontam que as políticas de formação de professores são pontuais, levadas a efeito por meio de planos e programas dispersos sem articulação e organicidade entre os diversos setores da educação. A falta de políticas permanente, acompanhadas, avaliadas, reformuladas em um movimento próprio de políticas de estado colaboram para as ações formativas contraditórias em desenvolvimento nos dias atuais que acabam por desvalorizar a atuação do professor.

Cabe mencionar como avanço e conquista, entre outros, a criação de um Subsistema Nacional de Formação e Valorização dos Profissionais da Educação vinculado ao Sistema Nacional da Educação. Trata-se de uma política global para os cursos qualificados de formação inicial e continuada em nível superior, com uma base comum nacional de formação de professores, bem como com respeito às leis dos planos de cargos e salários; do piso nacional salarial; condições dignas de trabalho com jornada única integral em uma instituição, com 33,3 % de hora atividade (LDB/1996 – Art. 67, CNE (2008) - Emenda substitutiva da Anfope, à Meta 15 do Plano Nacional de Educação – PNE/2010).

Mesmo com esse avanço e até a sua consolidação, a profissão professor no Brasil ainda não é atrativa para os bolsistas de IC e infelizmente carrega tensões e inquietações econônimas e sociais. Para Bezerra e Rosito (2011, p. 169), a formação “[...] dos professores objetiva, sobretudo, a construção de políticas públicas de educação”. Faz-se necessário buscar nas histórias de vida dos docentes um “[...] aprofundamento do conhecimento a respeito da

sua formação, de suas práticas e influências na formação do cidadão [...]” (p. 81). A carreira

docente apresenta muitos pontos e contrapontos não possíveis de serem descritos neste espaço.

No tocante aos investimentos públicos no PIBIC, o governo, ao longo de 15 anos, ampliou em, aproximadamente, 130% os valores. Em 2001 foram investidos R$ 41.842.000 e em 2015 o valor chegou a R$ 96.167.000 distribuídos em 24.298 bolsas. O ano de 2013 recebeu o maior valor em recursos R$ 113.838.000. Ver gráfico 7.

Gráfico 7 – Investimento no PIBIC (2001-2015)

Fonte: Painel de Investimentos (CNPq, 2015).

Cabe destacar que ao longo do tempo os valores sempre foram crescendo gradativamente, exceto nos anos de 2014 e 2015. Nesse período, houve queda de 15,5% nos investimentos. Essa redução tem imapcto direto nos resultados da produção científica no Brasil.

Nas IES, a avaliação do PIBIC prevê a constituição de dois comitês: o institucional e o externo. O primeiro é formado por pesquisadores da própria instituição, realizando os processos de seleção e avaliação dos bolsistas nas atividades de pesquisa. O segundo deve ser formado por pesquisadores de outras IES, preferencialmente, professores- bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Há também um seminário final obrigatório de IC, considerado como espaço para avaliar os resultados das pesquisas dos estudantes. (BRASIL, 2010). Ver gráfico 8 da contrapartida das instituições com cota PIBIC, no período de 2009-2010: 41842 40730 39284 42115 49906 61715 64561 67204 72302 92826 101092 107909 113838 113303 96167 0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Gráfico 8 - Contrapartida das IES com cota PIBIC (2009-2010)

Fonte: Brasil (2010, p. 23).

O gráfico retrata um cenário da IC com avanços na autonomia das IES participantes, principalmente na criação de PIC envolvendo estudantes voluntários. Isso indica que essas 257 instituições64 desse período (2009-2010) foram incentivadas a ampliar suas ações de pequisa com seus próprios recursos. Esse aspecto tem desencadeado uma multiplicação de PIC similares ao PIBIC.

Por fim, acerca do PIBIC, saliento a relevância da criação da Comissão Nacional de Avaliação de IC (Conaic). Essa comissão foi instituída pelo CNPq em 1995, determinando a realização de duas reuniões anuais para se discutir e avaliar o programa. Em 2004, instituiu- se a Portaria 121/2004 da Conaic com o objetivo de aperfeiçoar as políticas relativas aos programas de IC. Cinco anos depois, em 2009, a Conaic foi reestruturada e estabeleceu as atribuições, a composição e o funcionamento do PIBIC, além de especificar as

características e as funções da própria comissão: “[...] propositiva – para políticas e normas;

avaliativa – com sistemas de avaliação de acordo com metas estabelecidas; e de acompanhamento – com a apreciação dos relatórios anuais enviados pelos comitês externos” (BRASIL, 2010, p. 32).

Os novos perfis da IC emergiram a partir do êxito do PIBIC. Esse programa modelou a formatação, entre outros, do PIBITI que visa estimular estudantes do ensino técnico e superior ao desenvolvimento e transferência de novas tecnologias e inovação e tem o objetivo de contribuir à formação de recursos humanos com vistas à intermediação de projetos de pesquisas orientados por um professor-pesquisador.

Criado em 2007, os investimentos nesse programa saltaram de R$ 548.000 para R$ 13.408.000, distribuídos em 3.261 bolsas no país. O gráfico 9 evidencia esse crescimento no período entre 2007-2015:

Gráfico 9 – Investimentos no PIBITI (2007-2015)

Fonte: Painel de Investimentos (CNPq, 2015).

Os dados indicam uma ampliação da oferta de bolsas do PIBITI, tornando-o uma fonte para o desenvolvimento do país a partir do momento que cria uma construção de pesquisa científica e tecnológica e “[...] ajuda o processo de cooperação entre a instituição e as empresas. Essa cooperação pode gerar inovações nas empresas, fazendo com que estas se tornem mais competitivas e movimentem a economia e o desenvolvimento científico do país”. (BRASIL, 2010, p. 39).

Além desses aspectos, o PIBITI tem a vantagem de estimular o estudante a resolver situações-problema práticas do cotidiano empresarial que desencadeia um processo motivacional, haja vista a pesquisa aplicada gerar benefícios diretos para a sociedade. Entretanto, assim como o PIBIC, o programa apresenta disparidades na distribuição de bolsas por região. Ver gráfico 10:

548 1494 1946 5978 11257 13266 16616 16062 13408 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Gráfico 10 – Bolsas PIBITI por Região (2010) 65

Fonte: Brasil (2010, p. 42).

Os percentuais indicam uma distribuição desigual em que o Sudeste e Sul do país absorvem 68% das bolsas. O Norte e o Centro-Oeste recebem, juntos, um pouco mais de 10% do valor distribuído. Já a região Nordeste apropria-se de 21%. Levanto a hipótese de que a divisão tenha como critério a relação entre números de pesquisadores, maior quantidade de bolsas. Cabrero (2007) afirma que essa realidade tem relação com a produção científica e a formação de novos cientistas ocasionada por uma distorção do sistema, sendo necessário reavaliar esse processo com políticas de incentivo que promovam equidade nas IES.

Na perspectiva dos novos perfis da IC, ainda, emergiu o PICME fruto da parceria entre o CNPq, a Capes e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Criado em 2009, o PICME visa ofertar aos universitários, que conseguem destaque nas Olimpíadas Escolares,

[...] a oportunidade de participar de um programa de iniciação científica voltado para a Matemática independente da área de conhecimento em que estejam se graduando. Também permite que o estudante com bom desempenho no programa de IC possa concluir sua graduação simultaneamente com o mestrado em Matemática. (BRASIL, 2010, p. 43).

Essa parceria visa consolidar uma formação voltada para a ciência da Matemática, bem como inclui jovens profissionais de outras áreas científicas e tecnológicas. Para tanto, o governo, ampliou em, aproximadamente, 87% os valores. Em 2009 foram investidos R$ 1.222.000 e em 2015 o valor chegou a R$ 2.281.000 distribuídos em 664 bolsas. Ver gráfico 11:

Gráfico 11 – Investimentos no PICME (2009-2015)

Fonte: Painel de Investimentos (CNPq, 2015).

Os resultados indicam que o PICME ainda tem um investimento tímido, considerando as características populacionais do país. Mas representa uma possibilidade de agregar valor às atividades da ciência Matemática para, inclusive, formar matemáticos e profissionais de várias áreas.

Em 2009, o PIBIC-Af foi criado com vistas à complementação da política de inclusão e democratização da ES e do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação. Uma parceria entre o CNPq, o MCTI e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) permitiu o lançamento desse programa que tem “[...] o objetivo de estimular a formação técnico-científica de estudantes que ingressaram nas universidades por meio de políticas de ações afirmativas” (BRASIL, 2010, p. 46).

O PIBIC-Af adota os mesmos procedimentos do PIBIC e no ano de 2009 foram concedidas 600 bolsas a 47 instituições. Em 2015, esses números cresceram para 800 bolsas e 61 instituições. Com isso, foram necessários investimentos no valor de R$ 3.150.000. Ver o crescimento dos valores no gráfico 12:

Gráfico 12 – Investimentos no PIBIC-Af (2009-2015)

Fonte: Painel de Investimentos (CNPq, 2015). 1222 2005 1666 2523 2686 2562 2281 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 689 2639 3305 3505 3744 3697 3150 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Em sete anos de existência, o, PIBIC-Af aumentou a produção do conhecimento a respeito da diversidade cultural a partir da formação de pesquisadores nessa área. Trata-se de uma iniciativa relevante, mas os números indicam uma insuficiência para atendar ao contexto de um país como o Brasil.

A IC na educação básica contempla três programas desenvolvidos, especificamente no ensino fundamental e médio. São eles: ICJ, PIBIC-EM e PIC para os premiados da OBMEP.

O programa ICJ foi criado em 2003 com a finalidade de despertar nos estudantes do ensino médio o interesse pela pesquisa e pelos estudos, permitindo uma interação entre ciência e tecnologia na sociedade e aproximando o conteúdo científico e tecnológico do cotidiano dos bolsistas.

No tocante aos investimentos públicos no programa ICJ, em 2015, o governo investiu um valor de R$ 330.000 distribuídos em 3.656 bolsas. Em 2012 foram investidos R$ 15.000 o que representa um aumento de mais de 2.000% em 4 anos. O ano de 2013 recebeu o maior valor em recursos R$ 352.000. Ver gráfico 13:

Gráfico 13 – Investimentos no ICJ (2012-2015)

Fonte: Painel de Investimentos (CNPq, 2015).

Nessa modalidade, as FAP, parceiras do CNPq, recebem cotas de bolsas e autonomia para implementá-las. Essas fundações são estimuladas a ofertar “[...] uma contrapartida em recursos, o que agrega esforços para ampliar o atendimento do programa. Os programas de ICJ são desenvolvidos localmente, o que promove o atendimento a demandas específicas de cada uma das diferentes realidades brasileiras” (BRASIL, 2010, p. 56). 15 352 191 330 0 100 200 300 400 2012 2013 2014 2015

Por fim, apresentamos o PIBIC-EM, lançado em junho de 2010, o mais recente programa criado pelo CNPq, envolve as IES no desenvolvimento de projetos de educação científica com estudantes do ensino médio nas escolas públicas de ensino regular, militares, técnicas e privadas de aplicação. Ver os investimentos aplicados no gráfico 14:

Gráfico 14 – Investimentos no PIBIC-EM (2010-2015)