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Uma tese acadêmica que se propõe discutir as experiências de pessoas trans no campo do Ensino de Biologia, suscita diversas indagações. Entre os questionamentos de colegas da área específica em Ciências Biológicas, algumas problematizações foram insurgentes: Qual a ‗causa‘ das experiências trans? Não trata-se de um modismo, patologia, perversão e/ou pecado?

Nos eventos do campo dos Estudos de Gêneros e Estudos Queer a proposta, desenvolvida por um pesquisador com formação inicial em Ciências Biológicas, era olhada com desconfiança por alguns, que me tencionavam dos riscos da investigação caminhar numa naturalização e conformação das experiências em um determinismo biológico e assim instituir um modelo pedagógico para o Ensino de Biologia. Na 7o edição do Seminário ‗Conexões: Deleuze e cosmopolíticas e Ecologias Radicais e Nova Terra e ...20‘, as desconfianças da aproximação da Biologia nesses campos, também,

foram expressas. Um estudante de filosofia me indagou como funcionava essa aproximação com alguém da Biologia. Como resistir a Biologia?

Desse modo, uma das perguntas mais frequentes que me fazem é a seguinte: ‗Como conciliar as singularidades das pessoas trans e a Biologia?‘ A pergunta é curiosa e é interessante refletir o que leva as pessoas a pensar que existe um problema de incompatibilidade entre os dois lugares.

Entendo as produções dessas inquietações e perguntas, pois fomos e somos ensinados/as em meio às lições de uma biologia afeita as essências fixas, ideais e orgânicas do corpo instaladas por um regime convencionado de coerência entre o corpo, o gênero e a sexualidade, num destino biológico deslocado dos contextos sociais, políticos e culturais mais amplos. Os riscos e as desconfianças produzidos por esse regime insurgiram de um modo de pensar na/pela biologia que evoca e inviabiliza o espaço e a produção de subjetividades subversivas à norma.

Para os corpos que fogem regra, os princípios de correção social, psíquica, química e cirúrgica se apresentam por meio de procedimentos médicos, jurídicos, pedagógicos e didáticos. Coloca-se em curso o discurso normalizador, base da sustentação dos binarismos modernos, como saúde X doença; normal X patológico, aberração X normalidade, que reforçam os determinismos biológicos e a biologia

20 O evento ocorreu na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP de 27 a 29 de novembro de 2017.

como destino para o alinhamento do sexo, da sexualidade e do gênero. (SILVA, 2017, p. 268-269).

Nesse sentido é um desejo que essa investigação seja uma invenção provocativa com o Ensino de Biologia. Um delineamento teórico e cartográfico que produza possibilidades de pensarmos ―[...] outras biologias, outras anatomia, fisiologia e genética, carregadas dos odores, cheiros, dores, sabores daquilo que comportam e para além delas se processam‖ (SILVA, 2017a, p. 269), bem como apontar a importância em se estudar as experiências de pessoas trans com as construções de conhecimentos em Biologia, tanto quanto questionou a bióloga Elenita Pinheiro de Queiroz Silva (2017a):

Poderíamos inventar anatomias e fisiologias impregnadas de vida, a fim de pensarmos e darmos a pensar as experiências que, cotidianamente, se revelam no espaço escolar. Elas dizem respeito s transmutações dos corpos e das sexualidades contemporâneos, possibilitadas pela ciência, cultura e tecnologias como as dos corpos biontes, tatuados, modificados, transformados em arte, automutilados; as sexualidades vividas e experimentadas fora do corpo, como o

sexting; a heterossexualidade, bissexualidade, pessoas trans e

assexualidade. (p. 269-270).

A autora nesse texto intitulado ‗Outras experimentações de corpos, gênero e sexualidade em Ciências e Biologia‘ reforça a potencialidade da incursão de outros corpos e sexualidades para a perturbação das lições de Ciências e Biologia no espaço escolar. (SILVA, 2017a). Apostas que ela amplia para as experiências de pessoas trans que adentram, desafiam e atrapalham a Biologia na ―[...] produção tranquila do discurso que necessita saber, classificar e produzir a verdade do indivíduo para existir e proliferar. Compreendemos que esses corpos (trans) como potentes produções desejantes, que ressignificam-se em múltiplas dimensões‖. (SILVA, 2014, p. 42).

No texto ‗Currículo das margens: apontamentos para ser professor de Ciências e Biologia‘ o biólogo Marco Antonio Leandro Barzano (2016) sinaliza a importância de sensibilidades, insurgências, experimentações e ressonâncias de temas e sujeitos ‗das margens‘ nas discussões e diálogos curriculares com o Ensino de Biologia como possibilidade de potencializar ―[...] novas perspectivas que podem contribuir para a formação e atuação docente do professor de Ciências e Biologia‖. (p. 105).

Esses foram aspectos relevantes para insistir na aproximação das experiências de pessoas trans e biologia, pois ela foi produzindo um deslocamento do meu olhar daquilo que sempre foi considerado como central, nuclear, essencial para se entender o funcionamento da Biologia, para aquilo que era descrito como marginal, menor,

patológico, anormal e fronteiriço, ou seja, considerado como um ‗inimigo‘ nas margens de sentido. Em ‗Uma Cartografia das margens‘ Albuquerque-Júnior, Veiga-Neto e Souza-Filho (2011) apontaram que

[...] Foucault teria deslocado seu olhar para as bordas constitutivas da racionalidade ocidental ao se dedicar a estudar a desrazão, a loucura, a anormalidade, a monstruosidade, a sexualidade, o corpo, a literatura, os ilegalismos, os infames, tudo aquilo que a racionalidade moderna excluiu, desconheceu, definiu como passível de punição, de normalização e medicalização. (p. 9).

Com isso, Foucault considerava que os delineamentos e contornos de uma sociedade se dão a partir do que ela ―[...] joga para as margens é o que constitui seus limites, as suas fronteiras e é justamente o que a define [...]‖. (p. 9-10). Nesse sentido aciona a potencialidade de experiências consideradas marginais na produção de processos de insurgências de modos outros de existência.

As experiências do fora, das margens, dos limites, das fronteiras, seriam experiências que permitiriam cartografar novos desenhos, novas configurações para o acontecer de uma dada sociedade. Como o saber é perspectivo, esse olhar das margens permite constituir outras visibilidades e outras dizibilidades sobre qualquer tema ou problema que se queira colocar para o conhecimento. (ALBUQUERQUE- JÚNIOR; VEIGA-NETO; SOUZA-FILHO, 2011, p. 10).

Apostei nas (in)constâncias que atravessam as experiências das pessoas trans para mobilizar um encontro potente no/com o Ensino de Biologia, na tentativa de produzir desenhos outros; configurações outras para movimentá-lo e povoá-lo com outras instâncias que permitissem que um Ensino de Biologia outro, também, funcionasse na produção de ―[...] saberes e tecnologias que possibilitam a educação da recusa aos modelos fixos e pré-determinados das vivências das feminilidades, masculinidades e da orientação sexual‖. (SILVA, 2017, s/p).

Com isso realizei uma hibridação e criei o que chamo de Ensino de Biologia- experiências de pessoas trans. Um encontro. Para Deleuze e Claire Parnet (1998) ―um encontro é talvez a mesma coisa que um devir21 ou núpcias. [...] encontram-se pessoas

21 Devir é jamais imitar, nem fazer como, nem ajustar-se a um modelo, seja ele de justiça ou de verdade. Não há um termo de onde se parte, nem um ao qual se chega ou se deve chegar. [...] A questão: ―o que você está se tornando?‖ é particularmente estúpida. Pois medida que alguém se torna, o que ele se torna muda tanto quanto ele próprio. Os devires não são fenômenos de imitação, nem de assimilação, mas de dupla captura, de evolução não paralela, núpcias entre dois reinos. As núpcias são sempre contra natureza. [...]. A vespa e a orquídea são o exemplo. A orquídea parece formar uma imagem de vespa, mas, na verdade, há um devir-vespa da orquídea, um devir-orquídea da vespa. [...]. A vespa torna-se parte do aparelho reprodutor da orquídea, ao mesmo tempo em que a orquídea, torna-se órgão sexual para a vespa. Um único e mesmo devir, um único bloco de devir. [...] uma evolução a-paralela de dois seres que não têm absolutamente nada a ver um com o outro. (DELEUZE; PARNET, 1998, p. 10). Um encontro ou

[...] mas também movimentos, idéias, acontecimentos, entidades. [...] Ele designa um efeito, um ziguezague, algo que passa ou que se passa entre dois [...]‖. (p. 14).

Uma experimentação provocativa, fascinante, sedutora, afetiva que (des)arruma o que já foi pensando no Ensino de Biologia. Provoca perplexidades, admirações, surpresas e indignações. A minha aposta foi a de que essa criação

[...] em seus múltiplos caminhos e trajetos, nos faz olhar e encontrar trilhas diferentes a serem perseguidas, possibilidades de transgressões em emolduramentos que supomos permanentes, em quadros que nos parecem fixos demais, em direções que nos parecem por demais lineares. (PARAÍSO, 2005, p. 79).

Apostei no Ensino de Biologia-experiências de pessoas trans para a explosão, mobilização e movimentação dos quadros fixos e demais lineares dos corpos, gêneros e sexualidade e, para a operação de novas conexões na proliferação das diferenças e de outros sentidos.

Para tanto, a construção desta pesquisa se formulou por meio das observâncias de investimentos sociais, pedagógicos e de discursos do campo da Biologia sobre a naturalização dos corpos, gêneros e sexualidades, mais ainda quando se trata de experiências trans. Assim, essas experiências tornam-se sumariamente importantes nas produções dos conhecimentos no Ensino de Biologia, a partir do momento em que elas encontram-se cotidianamente no espaço escolar. Pergunto-me: Quais perturbações/endurecimentos/desafios ocorrem no Ensino de Biologia a partir das experiências de pessoas trans no espaço escolar?

Incursões que vão produzindo algo no campo dos encontros ―é preciso que algo force o pensamento, abale-o e o arraste numa busca [...]‖ (ZOURABICHVILLI, 2016, p. 51). Em uma pesquisa cartográfica ―é exatamente um encontro entre dois amantes que marca toda a possibilidade de uma erótica desejosa de criação de mundos [...] É por encontros que o corpo da cartografia se define‖. (OLIVEIRA; PARAÍSO, 2014, p. 295, destaque dos/as autores/as).

O encontro Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans tem a capacidade de afetar e ser afetado. Um encontro em meio a um campo de forças, combinações de elementos heterogêneos, díspares e disputas que podem produzir abalos ou

relação em que os termos heterogêneos se ‗desterritorializam‘ mutuamente. Não se abandona o que se é para devir outra coisa (imitação, identificação), mas uma outra forma de viver e de sentir que assombra ou se envolve na nossa e a ‗faz fugir‘. (ZOURABICHVILI, 2004, p. 48). Desse modo o devir é tornar-se diferente de si. É potência de acontecer, diferindo de si sem jamais confundir-se com o estado resultante dessa mudança. (FUGANTI, 2015, p. 75).

regularidades, constituindo o que Deleuze e Guattari (2011) conceituam como agenciamento em que:

[...] há linhas de articulação ou segmentaridade, estratos, territorialidades, mas também linhas de fuga, movimentos de desterritorialização e desestratificação. As velocidades comparadas de escoamento, conforme estas linhas acarretam fenômenos de retardamento relativo, de viscosidade ou ao contrário, de precipitação e de ruptura. (p. 18).

O arranjo resultante de uma combinação de elementos Ensino de Biologia- experiências de pessoas trans “[...] comporta, necessariamente, tanto linhas de segmentaridade dura e binária, quanto linhas moleculares, ou linhas de borda, de fuga ou de declive‖. (DELEUZE; PARNET, 1998, p. 153).

Atentei-me s: ―[...] linhas que formam contornos, figuras, dentros, estrias, segmentos, blocos [...] linhas de variação que atravessam o agenciamento de devires, metamorfoses, variações, intensidades, mudanças, novas relações‖ (TADEU; CORAZZA; ZORDAN, 2004, p. 51) do arranjo resultante da combinação de elementos entre o Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans.

Com isso, utilizei o Ensino de Biologia como um território existencial do qual tentei construir um ‗desenho‘ acompanhando os movimentos de sua fruição, com as experiências de pessoas trans, que seguisse o caminho da produção, do desmanchamento e da reprodução dos sentidos ali expressos, desdobrados a partir dos agenciamentos que se constituiam.

A primeira coisa que faz agenciamento é o território, ele ―[...] é o primeiro agenciamento [...] o agenciamento é antes territorial‖. (DELEUZE; GUATTARI, 2012, p. 139). O território é constituído por um conjunto de linhas, de diferentes naturezas, ritmos e direções que podem normatizar e fixar modos de existência ou investir em outras linhas que criam outros territórios, singularizando as experiências.

Os componentes heterogêneos (heterogeneidade de linhas do território do Ensino de Biologia e as produções desejantes das experiências trans) agenciam diferentes configurações de paisagens territoriais (ROLNIK, 1989), ora povoadas de discursos únicos de corpos, gêneros e sexualidades, ora atravessadas por lapsos, torções e deslocamentos na produção de sentidos destes.

A invenção cartográfica da tese se deu a partir dos encontros demasiadamente estriados com os territórios do Ensino de Biologia, movimentos próprios que tomo como definição dos territórios. Daí que foi preciso visitar espaços privilegiados da

ciência de referência, na produção de uma gramática normativa de corpo, gênero e sexualidade; e, da própria experiência das pessoas trans – Scientia sexualis; o dispositivo da sexualidade; as pesquisas hormonais, genéticas e neuro-anatômicas; o dispositivo da transexualidade e as pesquisas em educação – na tentativa de mapear linhas duras e suas linhas de fuga. Busquei também nas experiências de pessoas trans tessituras, singularidades e deslocamentos que desmontam as imagens dogmáticas dos corpos, gêneros e sexualidades dadas no Ensino de Biologia, de modo que esse ensino se veja potente e liberto para outras possibilidades, e para isso fui engendrando o encontro Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans.

Com isso, a consistência e a materialidade dessa cartografia juntam-se aos traçados das linhas territorializantes e das linhas intensivas da criação do encontro Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans.

Dispus-me a cartografar/mapear os agenciamentos do encontro Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans, observando as possíveis ressonâncias que essa aliança pode produzir na expansão, experimentação e abertura a modos de vida outros no Ensino de Biologia. O movimento realizado foi construir um mapa aberto dos seus segmentos, poderes, territórios, e dos seus pontos de desterritorialização: por onde foge e faz fugir.

Nos encontros e afetos as minhas inquietações possibilitaram a invenção das questões que passei a perseguir no trabalho. São elas: O que pode acontecer entre as experiências das pessoas trans e o Ensino de Biologia? Que agenciamentos e acontecimentos podem surgir desse encontro? O que pode as experiências das pessoas trans no/com o Ensino de Biologia? Há passagens? Índices de abertura? De devir? Ressoam desterritorializações no Ensino de Biologia? Quais linhas predominam na composição? Uma cartografia dos modos pelos quais as transexperiências agenciam

outros modos de pensar corpo, gênero e sexualidade no ensino de Biologia.

Foi um caminhar entre Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans, um andar pelo meio, intermezzo22. Um encontro. Um devir ou núpcias. Uma

experimentação de Ensino de Biologia com transexperiências. Ensino de Biologia e transexperiências. De um lado, uma experiência marcada pela criação, pela transgressão, pelo movimento, pelo jogo. De outro, uma disciplina escolar, um conjunto

22 Ideia utilizada por Deleuze e Guattari (2011) para se referir ―ao rizoma que não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser [...]‖. (p. 48).

de práticas discursivas pedagógicas e científicas, livros didáticos, laboratórios, professores/as, alunos/as, lista de conteúdos, parâmetros curriculares, etc.

Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans atravessado por movimentos, relações, pelos jogos de poder-saber-verdade, por modos de objetivação, de subjetivação, carregados de densidades e intensidades, por formações rizomáticas, pela composição de dispositivos, por práticas de enfrentamentos, resistências e rupturas, portanto, passível de ser cartografado.

No contexto da composição teórico-metodológica empregada na investigação, por meio da perspectiva cartográfica, apresentarei os movimentos que foram acontecendo no próprio percurso. Eles não são estanques, há fios que os conectam. Nesse percurso, como num rizoma, ocorrem múltiplas entradas e saídas.

Os movimentos na tese apresentam uma sintonia e não uma sequência. Nestas margens introdutórias, que ofereço uma ideia panorâmica da pesquisa, apresentei pistas da perspectiva teórico-metodológica que deram consistência para a criação e aposta em um campo investigativo que chamei de Ensino de Biologia - experiências de pessoas trans, bem como as questões que foram sendo desenhadas para a fabricação da tese com as intencionalidades que fui me dispondo.

No movimento intitulado ‗A fabricação da pesquisa: a cartografia‘ apresentei a perspectiva epistemológica utilizada no desenvolvimento da pesquisa. Relato o atendimento às determinações do Comitê de Ética, da minha subordinação e reações a tais determinações, e a (re)configuração e apontamentos do diálogo-entrevista e de outros encontros, como aquele ocorrido em um dos momentos do VII EREBIO/NE denominado na programação como ‗roda de conversa‘ que foram colados na composição da pesquisa.

No movimento: ‗Uma cartografia da produção científica debrucei-me nas teses, dissertações, artigos dos bancos de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTB), Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), Encontros Nacionais de Ensino de Biologia (ENEBIO‘s) e dossiês nacionais, e, esbocei um mapa dos rastros, dos encontros, das linhas e traçados produzidos por/nestes trabalhos que me reforçaram pistas teóricas, perspectiva metodológica, de análise e de composição do campo de pesquisa que elegi.

No movimento ‗Povoando o território do Ensino de Biologia: conexões, dispositivos e linhas (in)suspeitadas‘, procurei desenhar o Ensino de Biologia como um

território existencial atravessado por linhas que compõem os dispositivos da sexualidade e da transexualidade, permeado por disputas de poder-saber. Nos traçados ‗Compondo a gramática normativa‘ e o ‗monopólio do discurso „legítimo‟ apresentei as constituições demasiadamente estriadas desse território, respectivamente, a emergência do dispositivo da sexualidade e os saberes da ciência de referência na produção de verdades sobre o ‗ser‘ das experiências de pessoas trans: hormonais, genéticos e neuro- anatômicos que deram condições de insurgência do dispositivo da transexualidade. Mostro também que o diagrama traçado pelo Ensino de Biologia permite territorializações e des-territorializações.

Em ―Por que você existe da maneira que existe?‖ invisto nos traços cartográficos das linhas e paisagens que emergiram do diálogo-entrevista e dos encontros ocorridos no VII EREBIO/NE. Uma pergunta que pode movimentar um coletivo de forças de criação e ao mesmo tempo processos de capturas.

Finalizo a tese nas (in)conclusões com as paisagens moventes e a imediação de Sauane, passando por uma experimentação que potencializou deslocamentos, aberturas e o engendramento da instabilidade da ideia de Sandro como algo produzido, provisório e (in)constante.