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3 MATERIAIS E MÉTODOS

4.5 Massa individual de frutos por calibre

Na massa individual de frutos por calibre (Quadro 5) só a origem de variação Calibres é que afectou este parâmetro e mostrou ter uma influência altamente significativa.

Na Figura 26 é possível verificar que não existem grandes diferenças por tratamentos, embora a média total de massa difere significativamente por calibre. É de realçar apenas que a monda manual apresentou frutos mais pesados com o calibre médio mas sendo também o grupo que apresentou resultados mais baixos no calibre 75/80 mm.

Quadro 5 - Análise de variância relativamente à massa individual dos frutos.

Origens de variação Graus de liberdade R.V. (F) Valor de P Nível de significância

Tratamentos 6 0,79 0,5771 N.S

Calibres 2 63,04 0,0001 ***

Tratamentos*Calibres 12 0,78 0,669 N.S

Resíduo 154

Total 174

(R..V.) Resultados da variância; (***) Altamente significativo (P>0,001); (n.s.) não possui significância.

59 De todos os produtos aplicados, os mondadores florais, Ethrel (subs. act. Etefão) e o Ger- ATS (subs. act. TSA), assim como o Dira-Max (combinação de subs. act. BA+ANA), foram os que obtiveram melhor prestação, realçando-se dos restantes pela produção de maçãs de maior calibre.

A aplicação de Etefão em plena floração, levou ao aumento da concentração de etileno nas flores, provocando a degradação celular na zona de abcisão, o que levou a uma maior queda de frutos. A conjugação e o efeito de TSA por sua vez são mais complexos, pois o seu efeito está muito dependente da época de aplicação e da sua concentração.

Ouma (2007) ao comparar o efeito do TSA aplicado em plena floração com o aplicado à queda das pétalas, não obteve diferenças significativas. A variabilidade da acção do Etefão depender das concentrações hormonais nas flores, levou-nos a utilizar o TSA alguns dias mais tarde do que é indicado, de forma a garantir o seu efeito.

A combinação destes dois mondadores florais já utilizada anteriormente em outras variedades como é descrito por Irving et al. (1989), que aplicaram esta combinação na variedade „Braeburn‟, obtiveram efeito mondador com a utilização do Etefão mas o TSA, por sua vez, só mostrou alguma queima das pétalas e folhas.

No nosso estudo, os resultados obtidos com estes produtos poderão ter sido influenciados por vários factores, nomeadamente as condições meteorológicas na altura da aplicação dos produtos e as concentrações utilizadas. Basak (2000), demonstra que o TSA quando aplicado em concentrações iguais ou superiores a 1,5% pode provocar mondas severas e queima das folhas. Por sua vez, Janoudi e Flore (2005) relataram, através do seu estudo, que se podem utilizar concentrações iguais a 5%, logo que uma hora após a aplicação, se efectue uma lavagem às árvores pulverizadas.

A concentração utilizada neste estudo foi cerca de 1,4%. Se o mondador fosse aplicado sozinho num tratamento, esta concentração seria relativamente baixa, perante as condições meteorológicas do local (temperatura de 18,5 oC e 84% de humidade relativa).

Porém, não foi o caso, pois já tinha sido aplicado o Etefão. A precipitação ocorrida logo após a aplicação poderá ter atenuado o efeito do TSA. No entanto, só com outro ensaio que permitisse estudar o efeito da lavagem do produto e a concentração utilizada é que ajudaria a compreender o efeito da precipitação ocorrida .

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Contudo a aplicação conjunta destes dois mondadores florais apresentou os melhores resultados, demonstrando que a sua eficácia depende inteiramente das condições meteorológicas que por sua vez irão condicionar a concentração a utilizar.

De acordo com vários autores (Stopar et al., 2003; Bregoli e Fabronni, 2007) a aplicação conjunta de mondadores à base de auxinas e citocininas são mais eficientes do que quando aplicados individualmente. No nosso estudo, esta combinação, demonstrou ser uma boa escolha para as „Galas‟, pois a indução à divisão celular promovida pelo BA estimula o crescimento dos frutos e previne a formação de pequenos frutos ocasionada pelo ANA e o seu maior efeito mondador, permite obter resultados interessantes. Todo o controle inicial da divisão e alargamento celular depende do teor hormonal endógeno, principalmente das citocininas que são conhecidas por estimular a divisão celular, das auxinas que promovem o crescimento do fruto e das giberelinas desenvolvidas nas sementes que afectam todo o desenvolvimento do fruto. Quando se interfere com este equilíbrio, os efeitos podem ser evidentes no aumento ou diminuição do tamanho do fruto, na sua forma e na sua capacidade de se manter na árvore.

O mondador Dirager (subs. act. ANA) provocou uma monda demasiado severa, com uma produção baixa e de pequenos frutos. O mesmo se verificou com a combinação de Geramid (subs. act. NAD) com Dira-Max (subs. act. BA+ANA) e monda manual, provavelmente devido ao efeito de monda excessivo provocado pelas concentrações de NAD e ANA juntos. Esta observação já tinha sido descrita anteriormente por outros autores (Black e Bukovac, 1995; Dennis, 2000) em que as auxinas mostravam essa desvantagem comparativamente às restantes hormonas.

Obviamente que estes dois mondadores apresentaram uma maior massa individual dos frutos por calibre, pois existindo uma maior densidade folhear por fruto, ou seja uma alta relação folha/fruto, há uma maior disponibilidade e transporte de fotoassimilados para cada fruto, aumentando a sua massa. A dependência do crescimento do fruto pela capacidade fotossintética da árvore é bem expressa pelos trabalhos que estabelecem relações entre o número de folhas e o calibre dos frutos. A acumulação de fotoassimilados translocados para os frutos desde as folhas adultas constitui um ponto-chave do seu crescimento. É importante manter um rácio folhas/fruto favorável, ficando comprometida a acumulação de açúcares nos frutos quando este valor é reduzido (Tromp et al., 2005).

61 Este efeito do mondador poderia ser benéfico no caso da massa total obtida fosse superior aos outros tratamentos; contudo a monda foi demasiado severa e o número reduzido de frutos produzidos suficientemente pesados não compensa o peso total da produção da árvore.

No caso das auxinas, as condições atmosféricas encontravam-se dentro do mais aconselhável para a sua aplicação e por isso, o que poderá ter acontecido é que a concentração poderá ter sido elevada para as árvores em questão, embora tenha sido utilizada a referenciada no rótulo do produto. Seria vantajoso a utilização destes produtos no ano seguinte com concentrações mais baixas de forma a determinar qual a concentração mais aconselhável, ou utilizar as mesmas concentrações nas variedades consideradas difíceis de mondar.

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