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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4 Monda dos frutos

2.4.5 Mondadores de frutos

2.4.5.1 Insecticidas de carbamato

Os insecticidas de carbamato são nos dias de hoje, menos vulgares. O produto mais utilizado era o Carbaril, que pertencente à família das auxinas, foi descoberto em 1958 sendo aceite mundialmente na época, devido à aparente inexistência de efeitos secundários nas árvores ou nos frutos (Tromp et al., 2005).

Este mondador consegue ser eficaz em condições de baixa luminosidade, embora o seu efeito também varie com a temperatura, visto que temperaturas altas potenciem a sua eficácia (Tromp et al., 2005). No entanto o Carbaril é mais eficaz quando aplicado sobre os jovens frutos do que sobre as folhas (Dennis, 2002). Faust (1989) indica que o Carbaril deve ser aplicado em „Delicious‟ com concentrações de 300 a 600 ppm, em „Delicious‟ tipo spur a 600 a 1200 ppm, e em „Golden Delicious‟ em concentrações de 1200 a 1800 ppm.

O uso deste produto, como referido, acabou por ser proibido na maior parte dos países europeus devido aos riscos ambientais que provocava. Desta forma, esta auxina acabou por ser substituída por outros produtos do mesmo grupo, como o Oxamyl, mas principalmente pelos biorreguladores de plantas e pelos inibidores de fotossíntese, devido à sua maior eficácia e ao menor risco ambiental (Dennis, 2000). Contudo em alguns estados americanos, a sua utilização ainda é permitida.

2.4.5.2 Inibidores de fotossíntese

Os inibidores de fotossíntese são um grupo que se baseia nos princípios fisiológicos de formação e alimentação dos frutos, ou seja, no facto do crescimento dos frutos depender do fornecimento de fotoassimilados por parte das folhas. Quando cessa o fornecimento de fotoassimilados aos frutos motivado por condições internas ou externas, o seu crescimento pára podendo levar à sua queda (Dennis, 2000). A produção de frutos e a retenção dos

25 mesmos na árvore é geralmente maior nas regiões ou locais com maior exposição solar e consequentemente com uma maior taxa fotossíntética.

Para inibir fornecimento de fotoassimilados, uma das formas mais rápidas é o impedimento da fotossíntese, responsável pela síntese dos mesmos. A abcisão dos frutos pode ser assim feita, de uma forma indirecta, através do sombreamento total ou parcial (sombreando apenas alguns ramos) da árvore (Dennis, 2000).

Entre os químicos mais utilizados, encontram-se herbicidas como o Terbacil e o Metamitrão, que quando aplicados em doses apropriadas promovem a redução de fotossíntese.

Estudos efectuados por Dorigoni e Lezzer (2007), na variedade „Fuji‟ com aplicações de Metamitrão e de Carbaril em conjunto com benziladenina (BA), permitiram nas árvores tratadas com Metamitrão, uma maior percentagem de frutos de maiores calibres (> 80mm) e também uma maior percentagem de cor (80 a 100%) comparativamente aos outros tratamentos.

Actualmente o Metamitrão ainda é classificado como herbicida mas brevemente será integrado, a nível europeu, nos produtos mondadores. Este produto tem como vantagens ser de fácil aplicação, resultar bem quer em macieiras quer em pereiras e ser versátil quanto à época de aplicação, uma vez que é apenas necessário que exista uma densidade folhear adequada (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Na monda mecânica existem também métodos que se baseiam na redução de fotossíntese, como a utilização de redes de sombreamento para cobrir parcial ou totalmente as árvores.

Domingos (2009) revela que o ensombramento efectuado 30 dias após plena floração (DAPF) consegue obter resultados semelhantes à monda química ao nível da carga da árvore, obtendo até resultados mais positivos nos parâmetros de qualidade como a firmeza, acidez e o teor em sólidos solúveis (TSS).

O último grupo a ser referenciado, embora seja comercialmente um dos mais utilizados, é o grupo dos biorreguladores. Dentro deste grupo, encontram-se os mondadores que são formulados a partir das três hormonas essenciais ao funcionamento do organismo vegetal, as auxinas, giberelinas, citocininas e os geradores de etileno (Dennis, 2000).

2.4.5.3 Mondadores da família das auxinas

Segundo Stopar (2002), o ácido naftalenacético (ANA) e a sua amida (ANAm) são dos mondadores químicos mais antigos, cuja actividade se baseia na acção de uma auxina

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sintética. Burkholder e McCown (1941), ao aplicarem ANA em plena floração (Fig.1 estados fenológicos F-F2), foram os primeiros a testemunhar o efeito mondador desta auxina, através

da redução da quantidade de frutos produzidos.

Até meados da década de 40, os mondadores do tipo ANA eram aplicados sempre na floração. Contudo Davidson et al. (1945), testaram a sua aplicação na queda das pétalas conseguindo obter resultados positivos. Anos mais tarde, Black e Bukovac (1995) relataram que era frequente a utilização de mondadores do tipo ANA após a plena floração nas macieiras do grupo Delicious, sendo a sua aplicação mais aconselhável à queda das pétalas ou quando o fruto central (King Fruit Diameter KFD) apresente entre 10 a 12 mm de diâmetro. Faust (1989), descreve que a concentração aconselhada para o grupo „Delicious‟ será cerca de 2 a 5 ppm, evitando-se a aplicação de ANAm devido ao efeito severo que este provoca, porém o mesmo autor indica que é possível ter bons resultados em „Golden Delicious‟ com cerca de 17 a 35 ppm de ANAm.

Contudo, o maior problema dos mondadores desta família é fomentarem a produção excessiva de pequenos frutos (50 a 60 mm de diâmetro) quando são aplicados em pomares comerciais do tipo spur (Black e Bukovac, 1995).

Dennis (2000), também referiu que perante algumas condições a aplicação de mondador do tipo ANA poderá provocar a formação de frutos pigmeus. Por exemplo, quando é aplicado em árvores do grupo „Delicious‟, na fase em que os frutos apresentam cerca de 11,3 mm obtêm- se maiores percentagens de frutos pequenos. Contudo, o posicionamento dos frutos sobre o corimbo também influencia o efeito do mondador. Dennis (2000), afirma que nos casos em que existe um fruto central e um fruto lateral no corimbo, é o central que é mais afectado, acabando por cair. Assim, o número de frutos por corimbo e o calibre KFD afecta a acção do mondador, aumentando a percentagem de frutos de baixo calibre nas situações em que existe mais do que um fruto por corimbo e quando o calibre do KFD é cerca de 11 mm (Black e Bukovac 1995).

Stopar (2002) relatou que os mondadores do tipo ANA conseguem ser mais eficientes quando os frutos possuam de 7 a 10 mm de diâmetro, embora a sua eficácia varie anualmente. Com efeito, a mesma concentração de produto e o mesmo período de aplicação têm, por vezes, resultados diferentes de ano para ano.

Dentro da família das auxinas pertencem ainda as amidas, como a Naftaleno acetamida NAD, derivado do ANA, e que possui resultados semelhantes mas com menor intensidade de monda do que o ANA, o Carbaril e o DNOC.

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2.4.5.4 Mondadores da família das citocininas

Em 1972, foram efectuados estudos por Stembridge, com citocininas sintéticas, 6- benziladenina (6-BA), que indicaram que este mondador estimulava a divisão celular nas flores de macieiras e posteriormente nos frutos jovens quando fosse aplicado entre a plena floração e a queda das pétalas. Efeitos semelhantes foram obtidos quando foi combinado com giberelinas (Dennis, 2000; Stopar, 2002). Estes autores também descreveram que os melhores resultados são obtidos quando os frutos já apresentam cerca de 10mm de diâmetro.

Segundo Yuan e Greene (2000), estudos efectuados com a variedade „McIntosh‟, permitiram concluir que a aplicação de mondadores à base de 6-BA, promove o aumento da divisão celular e, desta forma, ocorre também uma rápida formação de sementes, factor este, preponderante para a competição com os restantes frutos. Frutos que possuam um maior número de sementes, apresentam uma maior actividade metabólica e uma maior capacidade de competição relativamente aos restantes frutos.

A realização de vários estudos permitiram concluir que os mondadores à base de citocininas são mais eficientes quando aplicados sobre as folhas do que sobre os frutos, visto que estes aumentam a respiração nocturna e diminuem a fotossíntese levando a um menor abastecimento de fotoassimilados aos frutos. Desta forma, como resposta a este estímulo, a árvore limita a quantidade de frutos que possui (Yuan e Greene, 2000).

Contudo, a eficiência dos mondadores do tipo 6-BA é muito dependente das condições meteorológicas, sendo a temperatura (aproximadamente 18 oC) o factor mais fundamental para o máximo rendimento do produto (Bubán, 2000). A concentração a aplicar também depende da variedade, devendo utilizar-se concentrações mais elevadas (cerca de 100 ppm) nas variedades mais difíceis (ex. „Elstar‟) e cerca de 50 a 70 ppm de BA nas variedades de monda mais fácil.

2.4.5.5 Geradores de etileno (Etefão)

Wertheim (2000), na sua investigação, demonstra que o Etetão, classificado como mondador floral, é mais activo quando a planta se encontra nos períodos de queda naturais, ou seja, desde a formação do botão rosa (Fig.1 estado fenológico E2) até à plena floração e, mais

tarde, antes da queda de Junho.

Após uma fase não sensível ao etileno, os pequenos frutos começam a apresentar sensibilidade crescente a esta substância a partir do início da segunda queda fisiológica (queda de Junho). Contudo, o recurso a este tipo de mondadores é um pouco controverso pelo facto

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da sua acção depender muito da concentração a utilizar e da fase fenológica em que se encontra a planta na altura da aplicação. O Etefão ao ser hidrolisado induz à formação de etileno, que por sua vez favorece a abcisão e maturação dos frutos. Isto pode provocar uma queda precoce e uma antecipação da maturação dos frutos que podem não atingir os calibres pretendidos.

Também concentrações muito altas podem provocar a queda total dos frutos, assim como concentrações muito baixas (100-150 ppm) podem ter o mesmo efeito quando aplicadas em Junho (Wertheim, 2000). A acção deste mondador pode ser atenuada com a aplicação de giberelinas (Byers, 1993).

Sendo um mondador mais eficiente em fases fenológicas mais tardias, Byers (1993) aconselha a utilização do Etefão apenas quando os mondadores aplicados anteriormente não produziram resultados suficientes.

Yuan (2007) conseguiu obter bons resultados quando aplicou 400 ppm de Etefão em „Golden Delicious‟ com frutos de 20mm de diâmetro e com temperaturas entre 21 e 32 0

C. Por sua vez, aplicações efectuadas em „Fuji‟, em plena floração e 14 dias após, mostraram a mesma eficiência (Jones et al., 1989).

Byers (1993) mostrou que a aplicação de Etefão em „Delicious‟ pode aumentar a floração e a produção de frutos do ano seguinte através de uma inibição de crescimento dos ramos. Por fim Wertheim (2000) afirmou que elevadas doses deste químico, aceleram a maturação e afectam a cor do fruto, a formação de ceras da epiderme e a queda de frutos antes da colheita.

Em suma, conclui-se que o Etefão apresenta uma grande versatilidade quanto à época de aplicação, embora seja aconselhável a sua utilização na floração e na queda em Junho, visto que após estas fases não é aconselhável a aplicação dos produtos pois pelo facto de poder trazer efeitos indesejáveis.

2.4.5.6 Família das giberelinas

Os mondadores pertencentes a este grupo são menos utilizados, visto que quando aplicados isoladamente apresentam efeitos menos interessantes do que a utilização do ANA ou do BA.

Elfving e Cline (1993), ao aplicarem uma giberelina (promalina) e uma citocinina (BA) em árvores da variedade „Empire‟, notaram que a promalina não foi tão eficaz na sua acção mondadora como o BA, provocando também redução no número de sementes formadas e dessa forma contribuiu para o aparecimento de deformações no fruto e problemas no armazenamento.

29 Além do efeito negativo na monda, esta giberelina tem um efeito negativo na floração do ano seguinte. Algumas giberelinas, como a GA7 são conhecidas por inibirem a diferenciação

floral nas macieiras. McLaughlin e Greene (1991) impediram o desenvolvimento do gomo floral, através de repetidas aplicações de GA4+7 na plena floração na variedade „Golden

Delicious‟. Assim como Looney, Pharis, e Noma (1985) através da aplicação de GA4 em

„Golden Delicious‟ conseguiram diminuir consideravelmente a floração do ano seguinte.

2.4.5.7 Combinação de produtos

A combinação de produtos ocorre quando o efeito de um só mondador não é suficiente. É o caso da utilização de mondadores à base de citocininas (ex. BA) que dependem muito das condições climáticas da altura de aplicação e que ao misturá-los com mondadores à base de auxinas (ex. ANA) consegue-se obter uma monda adequada (devido ao efeito do ANA) e uma produção com frutos de calibres desejados (devido ao efeito do BA). Foi o que comprovaram os trabalhos de Bregoli e Fabronni (2007) na variedade „Galaxy‟ com a aplicação de BA + ANA a concentrações de 150 e 15 ppm, respectivamente, na fase em que os frutos centrais do corimbo possuíam entre 5 a 7 mm de diâmetro.

Stopar e Lokar (2003), ao executarem experiências na variedade „Summerred‟ com Etefão, BA e ANA, depararam que ao utilizarem BA isoladamente ou misturado com Etefão, conseguiam obter frutos de boas dimensões mesmo após a acção de monda. Neste caso foi ultrapassado o problema provocado pela da aplicação isolada do ANA de aumentar a formação de pequenos frutos.

Contudo os mesmos autores testemunharam que a aplicação de 200 ppm de Etefão seguido de 100 ppm de BA com 10 ppm de ANA provocou uma monda demasiado severa. Já a mistura de BA + ANA a concentrações de 100 e 10 ppm, respectivamente, reduziu a carga de frutos para níveis esperados.

Stopar (2002) aplicou a mistura de BA+ANA nas variedades „Gala‟ e „Golden Delicious‟, nas concentrações de 50 e 5 ppm, respectivamente, conseguindo obter resultados interessantes ao nível de monda, no entanto não obtiveram diferenças significativas comparativamente aos resultados obtidos com os mondadores aplicados isoladamente.

Em zonas onde a produção de frutos é elevada, é comum a utilização de um mondador floral seguido da aplicação de um mondador de frutos. É o caso da costa noroeste dos EUA, onde é comum a utilização de DNOC na plena floração seguida da aplicação de um spray pós- floração como o Carbaril misturado ou não com o ANA (Wertheim, 2000). Outras

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combinações têm sido efectuadas entre Carbaril, ANA, BA e Etefão, algumas com resultados mais interessantes que outras.

Basak (2006) ao aplicar vários produtos (Etefão, TSA, ANA e BA) na variedade „Gala‟ obteve os melhores resultados quando utilizou misturas de mondadores, relativamente ao uso dos produtos isolados. Foi o caso do Etefão com a aplicação posterior de BA ou ANA. Também conseguiu bons resultados com o TSA aplicado isladamente, mas que melhoraram quando combinado com BA.

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