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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.5 Práticas culturais adicionais

Além da monda dos frutos que foi executada durante este trabalho, foram efectuadas algumas práticas culturais antes e durante o período de crescimento dos frutos e que, por sua vez, influenciaram a produção de frutos do ano corrente.

As práticas culturais efectuadas foram:

 Aplicação de dois estimuladores/promotores de quebra de dormência - Érger (5%) e Activ Érger (10%) executada a 15 de Março de 2012;

 Tratamentos fitossanitários efectuados de forma a evitar ou combater doenças e pragas – os produtos utilizados foram Confidor, Enxofre, Bupirimato, Karate zeon. Tendo sido efectuados 7 tratamentos fitossanitários durante a produção frutícola deste ano.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

4.1 Análise de dados meteorológicos

Num clima mediterrânico, as temperaturas decrescem acentuadamente a partir do mês de Novembro, com a chegada do Inverno, favorecendo a entrada das fruteiras em repouso vegetativo. Tendo em conta que este decréscimo é menos acentuado no clima açoriano, foram considerados para análise os dados meteorológicos registados a partir do primeiro dia de Novembro.

Na Figura 14 é possível observar que, durante o Inverno, as temperaturas registadas são amenas, com oscilações um pouco superiores à média dos anos anteriores observadas para o mesmo local. Estas temperaturas são consideradas altas para a época do ano, o que podem ocasionar distúrbios na fisiologia das fruteiras, nomeadamente nos processos que ocorrem durante o repouso vegetativo.

Tendo presente o que refere a bibliografia, como Petri et al. (1996) e Putti et al. (2003), as necessidades de frio, para as macieiras, são contabilizadas como o número de horas em que a temperatura é inferior a 7,2 ºC. Nas condições do nosso pomar, verificámos que durante os cinco meses referidos só contabilizamos uma hora de frio com temperatura a 7,1 ºC. Ora de acordo com estes fundamentos, estas árvores nunca teriam satisfeito as suas necessidades em frio.

Contudo a metodologia utilizada para as regiões temperadas não pode ser a mesma das regiões sub-tropicais, ou seja, com base no modelo Utah descrito por Shaltout e Unrath (1983), é contabilizado meia unidade (hora) de frio quando a temperatura se encontra entre 12,4 ºC e 9,2 ºC e a partir de 9,1 ºC até 2,5 ºC é contabilizado uma unidade (hora) de frio. Porém, quando a temperatura se encontra entre os 16 ºC e os 18 ºC, é retirado meia hora de frio.

Assim, através deste modelo, pode-se afirmar que durante os 5 meses, existiram cerca de 576 horas de frio.

Como durante este período também se registaram 160 horas com temperaturas acima dos 16 ºC, poder-se-á concluir que as horas de frio acumuladas desde Novembro a Março foram aproximadamente 417 horas. Este valor encontra-se ainda abaixo da exigência em frio desta variedade (600 a 800 horas) e até mesmo com os valores médios registados nos últimos anos de cerca de 700 horas (Figura 15).

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Figura 14 - Temperatura diária desde Novembro 2011 até Março de 2012.

Figura 15 - Temperatura média diária desde Novembro até Março desde 2008 até 2011.

Na Figura 14, observou-se durante este período, uma série de horas em que as temperaturas foram altas (superiores a 12,5 oC). Bahls (1984) refere que é necessário temperaturas médias de 21 ºC durante 10 dias seguidos para interromper a fase de repouso vegetativo, o que, no nosso caso e durante este período, acabou por não acontecer.

Hawerroth et al. (2010), descreveram que os indutores de abrolhamento ou quebradores de dormência quando aplicados nas macieiras conseguiam quebrar a dormência diminuindo as exigências em frio. De facto, com a aplicação de Érger (composto à base de nitrogénio e nitrato de cálcio), neste pomar e com estas condições climáticas, conseguiu-se normalizar o abrolhamento e provavelmente diminuir as exigências em frio.

49 Porém, à semelhança do que acontece nas outras regiões tropicais e sub-tropicais, a floração arrastou-se no tempo, prolongando-se por mais de 3 semanas (Figura 16), o que acabou por dificultar o planeamento da aplicação dos mondadores, assim como a gestão da colheita.

Figura 16 - a) Desfasamento da floração num ramo de um ano em que se consegue visualizar da extremidade

do ramo para a zona mais basal, flores ainda em botão, em plena floração e já na queda das pétalas. b) Outro exemplo em que se nota da extremidade do ramo para a zona mais basal, início da floração, o botão rosa, e até mesmo frutos já com 10 mm.

A precipitação (Figura 17) que ocorreu nestes meses foi reduzida e atípica quando comparada com anos normais (Figura 18). Consegue notar-se que ocorreram níveis de precipitações baixos durante os meses de Dezembro até Fevereiro, tendo existido alguns picos nos meses próximos da floração e até mesmo durante esta fase. Ou seja a época de maior precipitação ocorreu cerca de um mês mais tarde do que quando comparado com os anos normais.

A humidade (Figura 19) foi o parâmetro que se mostrou mais regular durante os meses em análise. No entanto, os níveis mais altos verificaram-se principalmente na época da floração, e poderão ter interferido com a eficácia dos produtos aplicados, nomeadamente em relação ao efeito de Tiossulfato de amónio (TSA) em que perante níveis tão altos de humidade poderá apresentar um efeito mondador severo (Wertheim, 2000).

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Figura 17 - Precipitação acumulada mensal.

Figura 18 - Precipitação média mensal registada neste período e neste local nos últimos 4 anos.

51 Durantes as várias aplicações dos mondadores seleccionados ocorreram, por vezes, algumas dificuldades pelo facto de ocorrer precipitação no período recomendado. Foi o caso da aplicação efectuada a 8 de Maio que teve de ser interrompida pela ocorrência de precipitação após a utilização do produto Ger-ATS (77% de tiossulfato de amónio), o que obrigou a um adiamento da utilização do mondador Geramid (44,8 g de Naftaleno acetamida/l). Este acabou por ser aplicado no dia em que as condições foram favoráveis à sua aplicação, ou seja, a 13 de Maio quando os frutos já apresentavam um diâmetro entre 4 a 6 mm. Dessa forma, foi provável que existisse alguma perda de eficácia dos mondadores, comprometendo o seu efeito. Os dados da caracterização climática neste período podem ser observados na Figura 20 e na Figura 21.

Assim, no dia 30 de Abril, no momento e após a aplicação, a temperatura média era cerca de 15 ºC e a humidade era cerca de 80 (%) encontrando-se, dentro dos valores considerados ideais para o emprego de Ethrel. No dia da segunda aplicação (8 de Maio) a temperatura a 18,5 ºC, encontrava-se dentro do óptimo, embora a humidade (84%) não fosse a mais recomendada. A precipitação também se afirmou como um factor negativo visto ter ocorrido pouco tempo após a aplicação.

Nos restantes dias, 13, 19 e 21 de Maio, obtiveram-se temperaturas e humidades próximas do óptimo. Em todos os dias em que se actuou no campo, houve momentos em que o vento (Figura 22) dificultou a operação, como é o caso dos dias 8 e 21 de Maio que se registaram velocidades médias de cerca de 17 km.h-1.

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Figura 20 - Temperatura e humidade registada desde o desenvolvimento do botão rosa (fase fenológica E2) até os frutos centrais do corimbo possuírem cerca de 12

mm. O rectângulo cinza representa a fase da plena floração e os círculos a negro representam os dias em que foram efectuadas as aplicações dos mondadores.

Figura 21 - A precipitação diária, acumulada no mesmo período. Os dias em que foram efectuadas as aplicações dos mondadores estão assinalados por um círculo a

53 Figura 22 - Intensidade de vento registado durante a floração. Dias em que se efectuaram as aplicações dos

mondadores está assinalado por um círculo negro.

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