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Efeito de várias modalidades de monda em macieiras do grupo "Gala" (Malus domestica Borkh.)

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Efeito de várias modalidades de monda em macieiras do grupo

‘Gala’

(Malus domestica Borkh.)

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Ivan Marino Gomes Castro

Orientador: Doutora Ana Paula Calvão Moreira da Silva Co-orientador: Doutor João da Silva Madruga

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Efeito de várias modalidades de monda em macieiras do grupo

‘Gala’

(Malus domestica Borkh.)

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Ivan Marino Gomes Castro

Orientador: Doutora Ana Paula Calvão Moreira da Silva Co-orientador: Doutor João da Silva Madruga

Composição do Júri:

Presidente do Júri: Doutora Maria Isabel Mendes Guerra Marques Cortês 1º Vogal: Doutora Ana Paula Calvão Moreira da Silva

2º Vogal: Doutor João da Silva Madruga

3º Vogal: Doutor Carlos Jorge de Oliveira Ribeiro

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agronómica, logo todas as ideias apresentadas no mesmo, são de total responsabilidade do autor.

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i empenho de algumas pessoas as quais pretendo enaltecer:

À Professora Ana Paula Silva, por ter-me orientado neste longo e extenuante período, por compartilhar o seu conhecimento e por mostrar a sua total disponibilidade em concretizar esta dissertação.

Ao Professor João Madruga e à Universidade dos Açores, por receberem-me de braços abertos nas suas instalações e facultarem todos os equipamentos que possuíam e que foram necessários para a realização da metodologia.

Ao Engenheiro César Medeiros, por transmitir o saber e toda a sua experiência na área, por disponibilizar o pomar para o estudo, o seu tempo e todo o apoio que realizou no campo.

Aos meus amigos e engenheiros que durante este percurso académico mostraram ser uma mais valia tanto na vida pessoal como profissional.

À minha família por todo o apoio e carinho em todos os momentos da vida, sem vocês, nada disto seria possível.

À minha namorada Engenheira Catarina Ormonde, pelo carinho, apoio, conselhos, paciência e companheirismo que demonstrou durante todo este tempo.

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iii situado na freguesia dos Biscoitos, concelho de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

Foram efectuadas mondas químicas e monda manual em macieiras do grupo das „Galas‟. O delineamento efectuado consistiu em testar sete modalidades/tratamentos: T0 – Grupo de controlo (testemunha); T1 – Grupo tratado com Etefão em plena floração e Tiossulfato de amónio à queda das pétalas; T2 – Grupo tratado com Naftaleno acetamida à queda das pétalas, Benziladenina + Ácido Naftalenacético quando o fruto central possui 10 mm e acabamento manual (eliminando os deformados e deixando apenas 2 frutos por corimbo); T3 – Grupo tratado com Ácido Naftalenacético quando o fruto central tinha entre 10 a 12 mm de diâmetro; T4 – Grupo tratado com Benziladenina + Ácido Naftalenacético quando o fruto central tinha entre 10 a 12 mm; T5 – Grupo tratado só com Naftaleno acetamida à queda das pétalas; e T6 – Grupo submetido apenas à monda manual (eliminando parte dos frutos de forma a que não ficassem mais do que 2 frutos por corimbo).

Foi avaliado o efeito de todas as combinações descritas sobre a produção obtida, tendo em conta a quantidade de frutos e a massa total dos frutos distribuídos por três calibres (65/70 mm; 70/75 mm; 75/80 mm) assim como a massa média individual dos frutos por calibre.

Os efeitos produzidos nos parâmetros biométricos dos frutos (diâmetros e massas) e em alguns dos seus atributos qualitativos dos frutos (teor de sólidos solúveis, firmeza, pH, % matéria seca) foram avaliados em amostras representativas de cada modalidade. Na colheita, foram os tratamentos T1 (Etefão+TSA) e T4 (BA+ANA) que produziram os melhores resultados, quer em termos de número e quer em massa dos frutos nos maiores calibres. É de salientar que todos os tratamentos apresentaram uma maior produção de frutos de menor calibre estudado (65/70 mm), contrariamente ao esperado. Relativamente aos parâmetros biométricos dos frutos e a alguns atributos nutricionais, as diferenças foram pouco significativas. No entanto, os tratamentos T1 e T4 foram os que apresentaram os melhores resultados. Desta forma, é aconselhável a utilização de combinações de mondadores para promover uma monda dos frutos mais eficaz, com a finalidade de se obter frutos de maior qualidade e evitar-se a alternância.

Palavras-chave: „Gala‟, Etefão, Tiossulfato de amónio, Benziladenina, Ácido

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Biscoitos, Angra do Heroísmo (Terceira island).

Chemical and manual fruits thinning were made in „Gala‟ apple trees. This work consists in testing seven treatments: T0 – Control group; T1 – Group treated with Ethephon in full bloom and Ammonnium thiosulfate at petal fall; T2 – Group treated with Naftaleneacetamid at petal fall, Benzyladenine+ Naphthalene Acetic Acid in 10 mm of King Fruit Diameter (KFD) finishing with manual thinning (eliminating the deformers fruits and keeping only 2 fruits per cluster); T3 – Group treated with Naphthalene Acetic Acid when we have between 10 and 12 mm of KFD; T4 – Group treated with Benzyladenine+ Naphthalene Acetic Acid when we have between 10 and 12 mm of KFD; T5 – Group treated with Naftaleneacetamid at petal fall; and T6 – Group treated only with manual thinning (eliminating the deformers fruits and keeping only 2 fruits per cluster).

The effect of all these combinations were evaluated by the obtained production, taking into account the amount and weight produced in three sizes (65/70 mm; 70/75 mm; 75/80 mm), as the average weight obtained in each size.

The effects produced in biometric parameters of fruits (diameter and weight) and in some of their qualitative attributes of fruits (soluble solids content, firmness, pH, %dry matter) of fruits were analyzed using a sample of each treatment.

In harvest, the treatments T1 (Ethephon+ATS) and T4 (BA+NAA) were the best in terms of fruits number and weight in major sizes. It is noteworthy that all treatments presented a larger production of fruits with the smallest size studied.

Although there has been no difference in terms of intrinsic properties, the treatments T1 and T4 were the one who had best results. In this way, it is advisable the use of combinations of thinners to promote a more efficient fruit thinning, with the purpose of obtaining bigger fruits with more quality and to avoid the biennial bearing.

Keywords: „Gala‟, Ethephon, Ammonium thiosulfate, Benzyladenine, Naphthalene

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RESUMO ... iii

ÍNDICE ... v

ÍNDICE DE FIGURAS ... vii

ÍNDICE DE QUADROS ... i

ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS, OU ACRÓNIMOS ... ii

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 3

2.1 Importância comercial mundial, europeia e nacional ... 3

2.2 Descrição da espécie (fenologia) ... 5

2.2.1 Fase de dormência ... 5

2.2.2 Efeito das regiões com horas de frio insuficientes ... 6

2.2.3 Fase vegetativa ... 7

2.3 Descrição da variedade ... 15

2.4 Monda dos frutos ... 17

2.4.1 Monda manual ... 18

2.4.2 Monda mecânica ... 18

2.4.3 Monda química ... 19

2.4.4 Mondadores florais ... 22

2.4.5 Mondadores de frutos ... 24

2.4.6 Monda das flores e dos frutos ... 30

2.4.7 Modo de actuação dos mondadores químicos nas macieiras ... 31

2.4.8 Efeito da monda na qualidade dos frutos ... 33

2.5 Forma de aplicação dos produtos e condições ambientais necessárias ... 34

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 37

3.1 Selecção das árvores para o ensaio ... 38

3.2 Selecção dos produtos ... 38

3.3 Análises dos frutos ... 42

3.4 Análise estatística ... 44

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4.2 Resultados de campo da primeira colheita ... 53

4.3 Número de frutos por calibre ... 55

4.4 Massa total de frutos (kg) por calibre ... 56

4.5 Massa individual de frutos por calibre ... 58

4.6 Resultados de campo da segunda colheita ... 61

4.7 Resultados laboratoriais ... 63

5 CONCLUSÃO ... 69

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vii anos, na ilha Terceira (Fruter 2012). ... 4

Figura 2 - Estados fenológicos de um gomo floral de uma macieira. Legenda: A (gomo dormente); B (ponta cinza); C – C3 (ponta verde); D – D3

(emergências das folhas); E (folhas verdes); E2 (Ponta rosa); F - F2 ( Floração);

G (inicio da queda das pétalas) H (queda das pétalas completa); I (frutificação); J (desenvolvimento dos frutos) ( HYPPZ, 2012, consultado via Internet,

WWW.URL: http://www.inra.fr/hyppz/CULTURES/6c---003.htm) ... 8 Figura 3 - Esquema da flor da macieira e da maçã, assim como dos seus

órgãos internos nestas estruturas (adaptado de Farabee, 2011). ... 10 Figura 4 - Esquema de um corimbo de frutos com as zonas de abcisão e

disposição das flores laterais e central (adaptado de Tromp, et al., 2005). ... 12 Figura 5 - Curva de crescimento sigmoidal das maçãs. (adaptado de

Luckwill,1948). ... 13 Figura 6 - Floração em corimbo, com o desfasamento temporal na abertura

das pétalas entre a flor central e as flores laterais. ... 16 Figura 7 - Imagem real do campo com as sebes na bordadura e o coberto

vegetal natural na entre-linha. ... 40 Figura 8 - Esquema das árvores que receberam tratamentos, assim como a

sua disposição em relação às polinizadoras e também ao terreno. Este esquema

não se encontra à escala. ... 40 Figura 9 - a) Balança utilizada na pesagem dos frutos no campo. b)

Calibrador utilizado na colheita com os respectivos calibres. ... 42 Figura 10 - a) Balança de precisão digital. b) Calibrador manual. ... 43 Figura 11 - Penetrómetro utilizado. ... 43 Figura 12 - a) Refratómetro utilizado. b) Corte das maçãs para obtenção do

respectivo sumo. ... 44 Figura 13 - a) Sumo extraído da maçã. b) Potenciómetro utilizado. ... 44 Figura 14 - Temperatura diária desde Novembro 2011 até Março de 2012. ... 48 Figura 15 - Temperatura média diária desde Novembro até Março desde

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ainda em botão, em plena floração e já na queda das pétalas. b) Outro exemplo em que se nota da extremidade do ramo para a zona mais basal, início da

floração, o botão rosa, e até mesmo frutos já com 10 mm. ... 49 Figura 17 - Precipitação acumulada mensal. ... 50 Figura 18 - Precipitação média mensal registada neste período e neste local

nos últimos 4 anos. ... 50 Figura 19 - Médias semanais de humidade registadas. (S1, S2, S3, S4)

semanas do mês. ... 50 Figura 20 - Temperatura e humidade registada desde o desenvolvimento do

botão rosa (fase fenológica E2) até os frutos centrais do corimbo possuírem

cerca de 12 mm. O rectângulo cinza representa a fase da plena floração e os círculos a negro representam os dias em que foram efectuadas as aplicações

dos mondadores. ... 52 Figura 21 - A precipitação diária, acumulada no mesmo período. Os dias em

que foram efectuadas as aplicações dos mondadores estão assinalados por um

círculo a negro. ... 52 Figura 22 - Intensidade de vento registado durante a floração. Dias em que

se efectuaram as aplicações dos mondadores está assinalado por um círculo

negro. ... 53 Figura 23 - a) Produção do ano anterior nas árvores em estudo notando-se a

retenção de vários frutos por corimbo numa fase em que os mesmos encontram-se com dimensões superiores a 12 mm. Imagem cedida por César Medeiros. b) Amostra de um ramo de uma árvore em estudo, este ano, depois de efectuar-se a monda química em que se nota a retenção de um e dois frutos

por corimbo, com cerca de 12 mm de diâmetro. ... 54 Figura 24 - Distribuição dos frutos por tratamento e por calibre (mm). ... 55 Figura 25 - Massa total (kg) de frutos por calibre (mm). ... 57 Figura 26 - Variabilidade da massa individual (g) por tratamento e por

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ix colheita e distribuídos pelos parâmetros quantitativos. ... 54

Quadro 2 - Análise de variância relativamente ao número de frutos (mm)

por calibre. ... 55 Quadro 3 - Análise de variância relativamente à massa total de frutos (kg)

por calibre. ... 56 Quadro 4 - Produção total (kg) por tratamento... 57 Quadro 5 - Análise de variância relativamente à massa individual dos frutos. ... 58 Quadro 6 - Análise de variância relativamente ao nº de frutos/calibre (mm)

correspondente à 2ª colheita. ... 61 Quadro 7 - Variação do nºfrutos/calibre, e o seu grau de significância,

considerando apenas a origem de variação tratamento. ... 62 Quadro 8 - Variação das médias entre calibres. ... 62 Quadro 9 - Análise da variação relativamente à massa total de frutos (kg)

por calibre. ... 62 Quadro 10 – Variação da massa total (kg)/calibre, e o seu grau de

significância, considerando apenas a origem de variação tratamento. ... 63 Quadro 11 - Variação das médias entre calibres (massa total (kg)/calibre

(mm)) ... 63 Quadro 12 - Efeito dos tratamentos sobre o calibre, massa, firmeza, teor em

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BA – Benziladenina

CITA-A - Centro de Investigação e Tecnologia Agrícola dos Açores DAPF – Dias após plena floração

DNOC - 4,6-dinitro-orto-cresilato

Fruter – Associação de Produtores de Frutas, de Produtos Hortícolas e Florícolas da Ilha Terceira

g – Grama ha – Hectare K – Potássio

KFD – Diâmetro do fruto central (King fruit diameter) kg – Quilograma

l/ha – Litro por hectare m – Metro

M.O. – Matéria orgânica. mg. l-1 – Miligrama por litro mm – Milímetro

MM (106) – Mailing Merton (106) MS – Matéria seca

N – Norte

NAD – Naftaleno acetamida O – Oeste

ºC –Grau Celcius P - Fósforo

ppm – Partes por milhão R. V (F) – Valor de F t –Tonelada

TSA – Tiossulfato de Amónio TSS – Teor em sólidos solúveis

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1 INTRODUÇÃO

As fruteiras, e em particular a macieira, possuem mecanismos de abcisão (flores não polinizadas e jovens frutos) que lhes possibilita minimizar os processos de inibição e competição que se estabelecem entre gomos, frutos e jovens ramos ao longo dos seus ciclos vegetativos, garantindo assim as reservas necessárias que lhes permitam resistir às condições adversas do meio e a sua sobrevivência durante o maior período de tempo possível.

Contudo estas quedas naturais, do ponto de vista do produtor, são geralmente insuficientes pois mantêm, até à colheita, um elevado número de frutos sem calibre comercial e que podem, além disso, desencadear fenómenos de alternância, pela inibição dos processos de diferenciação floral.

Com efeito, produções de número elevados de frutos levam a grandes dispêndios de energia e de fotoassimilados por parte das árvores, que ao não conseguirem alimentar de igual modo todos os frutos, provoca uma grande heterogeneidade de calibres prevalecendo os de menor calibre, que serão desvalorizados posteriormente no mercado, com prejuízos directos para o produtor.

Esta grande produção de frutos também provoca distúrbios internos nas árvores, causados pelo excesso da concentração de giberelinas produzidas pelo elevado número de sementes formadas que vão inibir o processo de diferenciação floral e por conseguinte afectar a produção do ano seguinte. Desta forma a árvore poderá entrar em alternância e assim trazer dificuldades acrescidas ao produtor que se depara com irregularidades de produção.

Actualmente os mercados são cada vez mais diversificados e exigentes, impondo aos fruticultores a produção segura e sustentável de frutos de bom calibre, mais açucarados e com melhor apresentação, assente numa gestão sustentável dos recursos, que garanta menores riscos ambientais.

Esta produção segura e sustentável exige por parte do produtor um melhor aproveitamento das condições edafo-climáticas do local de cultivo e a opção por um conjunto de medidas culturais que necessitam de ser oportunamente e apropriadamente executadas, desde a fertilização, passando pela poda, monda dos frutos, tratamentos fitossanitários, e por fim a colheita.

O objectivo deste trabalho será avaliar diferentes tipos de monda de flores e frutos, aplicando cinco modalidades de monda química com as substâncias activas Etefão, Tiossulfato de Amónio, Ácido Naftalenacético, Naftaleno acetamida e Benziladenina e uma de monda manual comparando os resultados sempre com a testemunha. As modalidades serão

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aplicadas em árvores em plena produção, pertencentes a variedades do grupo das „Galas‟. O seu efeito será avaliado através de métodos biométricos no campo e de métodos físico-químicos em laboratório.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Importância comercial mundial, europeia e nacional

A nível mundial, a maçã aparece como o segundo fruto mais produzido (cerca de 69 milhões de toneladas), logo a seguir à banana, representando cerca de 11% do total de frutos produzidos (FAO, 2012).

Também na europa, a maçã aparece em segundo lugar (cerca de 13 milhões de toneladas), logo depois da uva que é o fruto mais produzido. A balança comercial da maçã na União Europeia é positiva, com uma importação de cerca de 2 milhões de toneladas e exportação de cerca de 3 milhões (FAO, 2012).

Em Portugal Continental, a maçã representa cerca de 26% do total de frutos frescos produzidos, sendo as regiões mais representativas, o Ribatejo, Trás-os-Montes e Beiras, representando cerca de 95% da maçã produzida. Contudo o grupo Gala, encontra-se mais representado no litoral que no interior, sendo o Ribatejo a mais representativa (cerca de 48% do total) e de seguida a Beira Litoral com cerca de 38% (GPP, 2007).

Na Região Autónoma dos Açores, as principais ilhas produtoras são a ilha Terceira (com cerca de 355t) e de seguida a ilha de S. Miguel (119,4t) (SREA, 2007).

A ilha Terceira sendo a ilha mais representativa, onde decorreram os estudos, sofreu um grande desenvolvimento na fruticultura nos finais da década de 70 e no início da década de 90, aquando da criação da Universidade dos Açores e da Associação de Produtores de Frutas, de Produtos Hortícolas e Florícolas da Ilha Terceira (Fruter). Enquanto que a Universidade promoveu o desenvolvimento científico e tecnológico disponibilizando aos produtores o conhecimento académico, a Fruter criou um meio economicamente mais seguro e dando garantias de escoamento da produção.

Desta forma incentivou-se o aparecimento de novos fruticultores e fomentou-se o aumento da produção, abastecendo o mercado regional com fruta produzida localmente.

Contudo, a limitação geográfica provoca um parcelamento por produtor muito elevado, sendo diminutos os produtores que possuem parcelas com área superior a 0,75 ha. Aliás a maioria possui áreas inferiores a 0,25 ha por parcela. É de salientar também que a irregularidade do terreno impossibilita a mecanização do pomar, obrigando a que todas as operações culturais no terreno sejam efectuadas manualmente.

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Desta forma pode deduzir-se que a dimensão parcelar reduzida leva à baixa competitividade das explorações face ao resto do território Português e estrangeiro, levando as associações locais e seus associados a apostarem mais no comércio regional.

Actualmente todos os pomares comerciais existentes na ilha Terceira foram instalados na década de 80 e 90, estando todos em plena produção.

Os pomares mais jovens, são os das Galas, e todos possuem idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos.

Segundo os dados fornecidos pela Fruter e representados na Figura. 1, verifica-se que embora nas últimas décadas, a variedade Reineta do Canadá fosse a variedade dominante (67% do total comercializado) começa, actualmente, a ser ultrapassada pelas Galas. De 2000 a 2011 verificou-se um aumento na produção das Galas e Mutsu de 5% e 14%, respectivamente, para 30% de cada variedade, sendo as Reinetas as que sofreram maior decréscimo na última década.

Figura 1 - Produções (kg) de todas as variedades de maçãs nos últimos 10 anos, na ilha Terceira (Fruter

2012).

É necessário salientar que na Figura 1, os dados referentes à Reineta Parda só começam a ser registados a partir de 2007, pelo facto de nos anos anteriores não se diferenciar as duas variedades de Reinetas.

Do mesmo modo que em Portugal Continental, o Arquipélago dos Açores não é auto-suficiente em maçã, com uma balança comercial negativa: anualmente os Açores importam cerca de 38,5 vezes mais do que a quantidade que produzem. O valor de importação anual oscilará entre 1 250 000€ e 1 750 000€.

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5 Segundo o autor Medeiros (2012), de 2005 a 2010, o grupo das Galas, foi o grupo com maior volume comercializado (29,4% do total importado), seguido das Golden Delicious (20,9%), Starking (18,4%), Granny Smith (10,4%) e a Jonagored (9,2%).

Cerca de 52% da maçã que entra no mercado açoriano têm origem do território continental nacional, sendo o restante proveniente da Argentina, Chile, França e Espanha. Como já foi referido anteriormente, devido à incapacidade desta fileira ser auto-suficiente, poderá concluir-se que toda a maçã produzida acaba por ser escoada na região.

2.2 Descrição da espécie (fenologia)

A macieira (Malus domestica Borkh.), sendo uma pomóidea, possui um ciclo bienal, ou seja, quando se encontra em produção, nesse ano, já se estão a formar os gomos que produzirão frutos no ano seguinte. Considerando o ano de produção, ano „n‟, enquanto se formam os frutos que serão colhidos nesse mesmo ano, estão a formar-se os primórdios nos gomos que no ano seguinte, „n+1‟, garantirão a produção da árvore.

Estes gomos, por serem inicialmente gomos mistos, são muito dependentes da concentração hormonal a ser produzida no ano „n‟, sendo principalmente a concentração de giberelinas, produzidas maioritariamente pelos frutos já formados, que influenciará a capacidade destes diferenciarem-se em gomos florais ou folheares. Este factor hormonal, é preponderante ao favorecimento da ocorrência de alternância (Faust, 1989).

2.2.1 Fase de dormência

Na generalidade, as espécies arbóreo-arbustivas de clima temperado, como é o caso das macieiras possuem dois períodos metabólicos: o período de repouso vegetativo (dormência) e o período de crescimento activo. A temperatura e a luz são os factores mais influenciadores nas transições entre estes dois períodos (Erez, 2000; Petri et al., 2012).

Existem algumas evidências que, com a aproximação de dias curtos de baixa luminosidade, estas espécies sofrem a indução para entrada em dormência. O factor luz, de acordo com Erez (2000), só é evidenciado nos gomos folheares. Aliás, segundo este autor, uma longa exposição a baixas luminosidades inibe o abrolhamento dos gomos folheares até mesmo quando estes já se encontram expostos a temperaturas óptimas para o abrolhamento.

A temperatura, por sua vez, é o factor mais determinante para a transição entre a fase de repouso vegetativo e a de crescimento activo independentemente da natureza dos gomos.

Sendo uma cultura de clima temperado, as baixas temperaturas invernais (< 7,2 ºC) proporcionam o decréscimo da actividade metabólica e a entrada em hibernação. Porém,

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outros autores como Bahls (1984), defendem que algumas cultivares entram em repouso vegetativo assim que as temperaturas atingem continuamente 9,4 ºC. Por sua vez Faust (1989) indica que quando a temperatura se encontra entre os 9,2 e 12,4ºC já se inicia a acumulação de horas de frio.

Estas espécies desenvolveram esta capacidade de sobrevivência de forma a evitarem o máximo, de danos provocados pelo frio invernal.

A necessidade de temperaturas baixas, durante um certo período de tempo, que são denominadas de horas de frio varia entre 200 a 2000 horas segundo as diferentes variedades de macieiras. O número de horas de frio é fundamental para o normal desenvolvimento e crescimento da planta.

As regiões que possuem Invernos com temperaturas amenas, que não satisfaçam as necessidades das variedades, podem provocar uma série de anomalias em diferentes fases fenológicas, referentes ao desenvolvimento dos gomos, floração, crescimento e desenvolvimento dos frutos e das árvores (Petri et al., 2012).

2.2.2 Efeito das regiões com horas de frio insuficientes

Já foi referenciado anteriormente, que os Invernos com temperaturas amenas, como é o caso do Arquipélago dos Açores, dificultam a produção regular de maçãs, pois com a incapacidade de satisfazer as necessidades em frio, os gomos não se formam devidamente, a floração prolonga-se por mais tempo tornando-se muito escalonada, ocorre uma maior percentagem de flores não fertilizadas e a produção baixa devido à má formação e queda dos gomos (Petri et al., 2012).

Segundo estes autores, uma forma de solucionar este problema em regiões tropicais poderá passar pela utilização de produtos para quebra de dormência ou promotores do abrolhamento. Estes produtos utilizam-se com duas finalidades:

I. Diminuir as exigências e horas de frio;

II. Para sincronizar as florações entre variedades produtoras e variedades polinizadoras. No primeiro item, sendo o que mais nos interessa, estes produtos conseguem diminuir as exigências dos gomos em horas de frio, promovendo o abrolhamento dos mesmos. Enquanto que, no segundo, visto existirem por vezes diferentes exigências em horas de frio, entre variedades e polinizadoras, a utilização deste tipo de produtos antecipa a floração conseguindo-se assim conciliar as duas florações.

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7 A aplicação de promotores de abrolhamento como os óleos minerais e as cianamidas hidrogenadas são eficientes na antecipação da floração. Ashebir et al. (2010), após a aplicação de uma cianamida hidrogenada (Dormex, de nome comercial) nas cultivares dos grupos „Golden‟, „Gala‟, „Jonagold‟, „Fuji‟ e „Granny Smith‟, concluíram que o produto tinha induzido o abrolhamento e aumentado a floração e também aumentado o ºBrix dos frutos. Contudo a duração da floração não foi afectada, continuando a ocorrer durante 5 semanas (duração característica de zonas tropicais), com mais 2 a 3 semanas que a floração ocorrida nas zonas temperadas.

Hawerroth et al. (2009), com a utilização de Dormex em „Imperial Gala‟ e „Fuji Suprema‟, conseguiram antecipar e encurtar o período de floração, uniformizar e aumentar o abrolhamento dos gomos, principalmente com concentrações de 0,44% da cianamida hidrogenada e 3,2% de óleo mineral.

Porém a utilização de cianamidas hidrogenadas tem sido contestada devido aos riscos de poluição ambiental, e com a entrada da nova legislação sobre a Protecção Integrada, os produtos tendem a ser substituídos por outros com menor risco para o ambiente (Hawerroth et

al., 2010), como é o caso do produto Érger (composto à base de nitrogénio e nitrato de

cálcio).

Quando Hawerroth et al. (2010) utilizaram este produto nas variedades „Imperial Gala‟ e „Fuji‟ conseguiram aumentar a percentagem de abrolhamento nas árvores e antecipar a floração contribuindo para uma maior produção. Verificaram que, como os efeitos eram muito semelhantes aos provocados pelas cianamidas, seria uma boa aposta futuramente, utilizar-se como indutor de abrolhamento. No entanto, os mesmos autores aconselham a utilização de Érger em concentrações não superiores a 7%, visto que valores mais elevados podem diminuir a frutificação efectiva.

2.2.3 Fase vegetativa

Na fase vegetativa, a quantidade de gomos formados depende directamente do crescimento dos ramos, e este por sua vez depende da quantidade de fotoassimilados disponibilizados pela densidade folhear.

Os gomos florais diferenciam-se dos gomos folheares ainda no ano „n‟, iniciando-se a fase de indução floral e posteriormente a diferenciação floral propriamente dita, em que os gomos começam a formar um maior número de primórdios comparativamente aos gomos folheares.

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O processo de indução floral ocorre assim que se inicia o crescimento dos ramos, ou seja, aproximadamente 45 a 60 dias após a plena floração (Petri et al., 2012).

Porém, os autores referidos anteriormente indicam que a indução, em zonas tropicais, pode ocorrer tardiamente, até mesmo após a colheita dos frutos. A diferenciação floral ocorre após a indução floral, prolongando-se até ao início da floração do ano seguinte.

Assim que termina o Inverno, as árvores passam da sua fase de repouso vegetativo para uma fase de crescimento, em que os gomos dormentes, após terem sofrido uma série de transformações internas, começam a abrolhar. Segundo Petri et al. (2012), a partir deste momento as fases fenológicas podem ser descritas como representadas na Figura 2. O tempo que decorre entre cada fase (assinaladas por letras) é de geralmente 6 a 7 dias.

Figura 2 - Estados fenológicos de um gomo floral de uma macieira. Legenda: A (gomo dormente); B (ponta

cinza); C – C3 (ponta verde); D – D3 (emergências das folhas); E (folhas verdes); E2 (Ponta rosa); F - F2 (

Floração); G (inicio da queda das pétalas) H (queda das pétalas completa); I (frutificação); J (desenvolvimento dos frutos) ( HYPPZ, 2012, consultado via Internet, WWW.URL: http://www.inra.fr/hyppz/CULTURES/6c---003.htm)

A duração de cada fase é dependente dos factores edafo-climáticos e do estado nutricional da árvore. Em regiões subtropicais, com uma disponibilidade de frio insuficiente para estas fruteiras, a floração é mais arrastada no tempo do que quando comparada com a floração nas regiões de clima mediterrânico, além disso encontram-se na planta, em simultâneo, gomos a desabrochar, flores abertas e pequenos frutos. Isto deve-se à heterogeneidade de gomos

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9 formados pois os que se encontram mais desenvolvidos, são os primeiros a abrir, influenciando os que ainda não se encontram neste estado (Petri et al., 2012).

O número de dias que decorre desde a floração até à colheita varia muito com a cultivar, se é mais temporã ou serôdia, e das condições edafo-climáticas do ano no local.

Os factores climáticos têm um papel preponderante na retenção e produção dos frutos. A precipitação que ocorre durante a floração, afecta a polinização, quer por interferir com o trabalho das abelhas quer pelo efeito mecânico que produz nos órgãos florais, sendo a própria libertação dos grãos de pólen também afectada.

A temperatura, por sua vez, apresenta efeitos mais complexos nesta fase fenológica, parecendo existir um efeito directo da temperatura, que ocorre durante e depois da floração na retenção dos frutos na árvore.

Durante a floração existe um período primordial, denominado período de polinização efectiva (PPE), que representa a diferença entre o tempo que o tubo polínico demora a chegar ao óvulo e a receptividade deste, ou seja, corresponde ao período em que pode, efectivamente, ocorrer fertilização dos óvulos. Este período está muito dependente da temperatura existente. Assim temperaturas elevadas, encurtam este período, pois aceleram a desidratação do estigma, que deixa de ser receptivo durante mais tempo (Sanzol e Herrero, 2001).

As temperaturas baixas são mais favoráveis, pois aumentam o PPE, através do efeito que provocam sobre o prolongamento da viabilidade do óvulo (Sanzol e Herrero, 2001).

Tromp e Borsboom (1994) determinaram, através de estudos realizados em „Golden Delicious‟ que temperaturas mais baixas na pós-floração promovem uma maior retenção de frutos, obtendo os melhores resultados nas situações em que a temperatura diminui no fim da floração para 13 0C, ou seja, temperaturas mais elevadas na pós-floração são mais desfavoráveis ao crescimento do fruto.

Durante a floração (Figura 3) ocorre alguma actividade celular dentro dos ovários, aumentando consideravelmente após o término desta fase fenológica. Ao mesmo tempo as sementes são formadas por uma actividade semelhante à descrita anteriormente.

O volume do ovário aumenta rapidamente nos 25 dias após a fertilização, diminuindo de seguida, devido à absorção pelo endosperma e pelo rápido crescimento deste tecido (Tromp et

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Figura 3 - Esquema da flor da macieira e da maçã, assim como dos seus órgãos internos nestas estruturas

(adaptado de Farabee, 2011).

O endosperma começa a ser consumido pelo embrião, que nos 60 dias após a floração, atinge o seu tamanho máximo. Contudo o endosperma continua a ser abastecido por substâncias açucaradas presentes na árvore, o que é fundamental para o crescimento dos frutos do ano, afectando também a produção do ano seguinte. Isto é: o endosperma é fundamental na produção de giberelinas e auxinas presentes na árvore, que influenciam a produção do ano seguinte, assim como é essencial para manter o fruto na árvore e para a viabilização da semente (Tromp et al., 1994).

Quando estes órgãos não se desenvolvem normalmente, permanecendo num estado incipiente, ocorre o aborto do embrião, não se formando a semente. Isto ocorre devido à competição interna que se estabelece entre o embrião e o endosperma, mas também pode ocorrer devido à competição com outros frutos ou órgãos em crescimento na árvore, como novos ramos. Esta ocorrência é frequente nos meses de Maio e Junho caracterizados por intensos crescimentos vegetativos. Este aborto do embrião leva à formação de sementes vazias ou mortas, provocando a queda dos frutos (Tromp e Borsboom 1994).

Na macieira estão identificadas três quedas naturais: queda de flores, queda de Junho e a queda antecipada da colheita.

A primeira queda corresponde à queda das flores não fertilizadas e pode dever-se a factores externos como vento, posição da flor na copa da árvore, abertura da flor mas também a factores internos como as concentrações hormonais (Tromp et al., 2005).

Nas pomóideas, e neste caso nas macieiras, a floração ocorre em corimbos, e quando se desenvolve a primeira flor lateral, logo após o desenvolvimento da flor central, possui maior

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11 probabilidade de cair, visto que a concentração de auxinas nesta fase é muito baixa e como a flor central possui maior poder „sink‟ (maior capacidade de fixação), a lateral, pior posicionada é mal alimentada possuindo uma concentração deficiente de auxinas, que vai ter como consequência a queda da flor (Tromp et al., 2005).

A queda de Junho poderá ser provocada por factores de competição que se estabelecem entre órgãos internos dos frutos, entre jovens frutos do corimbo e com ramos em intenso crescimento, como já foi mencionado anteriormente.

A queda anterior à colheita poderá ser provocada por factores intrínsecos (ex: árvore) e por factores extrínsecos (ex: ano em produção, ventos fortes). Quando nos encontramos na proximidade da fase de maturação comercial do fruto, a base do pedúnculo (Figura 4) começa a enfraquecer devido ao amolecimento das paredes celulares, propiciando a queda antecipada das maçãs, sendo esta queda mais ou menos intensa dependendo da cultivar, da massa do fruto e da força das ligações vasculares dos frutos à árvore (Tromp et al., 2005).

Mais uma vez, a concentração hormonal contribui para este fenómeno, visto que com a maturação, a concentração de auxinas diminui, aumentando gradualmente a concentração de etileno. Tromp et al. (2005) descreveram que altas temperaturas e secas no verão proporcionam o aumento da produção de etileno e por sua vez, a queda antecipada de frutos.

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Figura 4 - Esquema de um corimbo de frutos com as zonas de abcisão e disposição das flores laterais e

central (adaptado de Tromp, et al., 2005).

Assim pode-se afirmar, que as variedades mais temporãs são mais susceptíveis a quedas antecipadas de frutos, devido à maturação ocorrer na época de maior calor, comparativamente às mais tardias.

O desenvolvimento dos frutos nas macieiras, como em todas as pomóideas, não é uniforme desde o fim da floração até à colheita, como é possível visualizar na Figura 5. Com efeito, inicialmente regista-se um crescimento lento, aumentando gradualmente, e acabando por estagnar próximo da colheita. O crescimento dos frutos resulta inicialmente de processos de divisão celular, e posteriormente de alongamento celular.

No início, a divisão celular é dominante, prolongando-se, de acordo com Tromp et al. (2005), de 24 a 60 dias após a floração, enquanto Faust (1989) refere períodos de 32 a 40 dias após a floração.

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13 Figura 5 - Curva de crescimento sigmoidal das maçãs. (adaptado de Luckwill,1948).

Com efeito o início do crescimento de um fruto resulta, essencialmente, de uma intensa multiplicação celular, principalmente na zona do mesocarpo. No final deste período, o processo de crescimento passa a ser ocasionado pelo alongamento celular que se inicia do exterior do fruto para o interior (Tromp et al., 2005).

O alongamento celular consiste simplesmente no crescimento gradual dos vacúolos celulares, na redução do tamanho do citoplasma e na diminuição da espessura da parede celular. Simultaneamente, ocorre um aumento do espaço intercelular (Tromp et al., 2005). Esta fase pode prolongar-se até próximo da maturação comercial do fruto (Faust, 1989).

As fito-hormonas, principalmente do grupo das giberelinas, apresentam um efeito preponderante nesta fase, visto que, o alongamento do fruto é mais pronunciado com a aplicação e na presença de giberelinas no seu interior, enquanto que a utilização de inibidores da sua acção provoca a formação de frutos mais pequenos (Faust, 1989). Contudo a aplicação de giberelinas nesta fase tem de ser efectuada com alguma prudência pois sabe-se que estas hormonas são também responsáveis pela inibição da indução floral que ocorre neste mesmo período.

O perfeito desenvolvimento dos frutos depende fortemente de factores ambientais. A luz é o motor principal para a ocorrência de fotossíntese, sendo este processo fundamental para um abastecimento de fotoassimilados adequado às necessidades dos frutos.

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14

A ausência ou reduzida presença de luz ao provocar uma diminuição de fotoassimilados disponíveis para os frutos pode ter um efeito mondador sobre a árvore, contribuindo para a queda dos mesmos.

A redução da radiação incidente também interfere com a síntese de pigmentos dando origem a frutos pálidos e com menores concentrações de sólidos solúveis à colheita (Tromp et

al., 2005).

Bepete e Lakso, (1998) nos estudos que realizaram sobre o efeito da colocação de redes de sombreamento em árvores da variedade „Empire‟ durante determinados períodos (17 e 27 dias após floração), conseguiram provar que, a redução de luminosidade nestas fases fenológicas, provocou uma redução do crescimento dos frutos, embora não fosse registado qualquer efeito sobre o crescimento dos novos ramos. O que se pode concluir que, pelo menos nesta fase, os ramos são sempre privilegiados quando competem com os frutos pelos fotoassimilados disponíveis na planta.

Já foi referenciado que a temperatura é dos factores climáticos que mais influencia os estados fenológicos da macieira. Durante o desenvolvimento do fruto, existem algumas evidências que aumentos de temperatura conseguem antecipar a data de colheita, isto é, encurtam o período de desenvolvimento do fruto.

Isto pode ser demonstrado através de estudos efectuados por Denne (1963), com a variedade „Cox‟s Orange Pippin‟ que ao ser cultivada em Inglaterra e na Nova Zelândia, em climas bem distintos, demorava menos tempo a atingir a maturação na Nova Zelândia, comparativamente a Inglaterra, de clima mais frio.

As variações de temperatura entre a plena floração e a colheita têm uma acção decisiva (Tromp et al., 2005). Com efeito, estudos realizados por Tromp (1997) com a variedade „Elstar‟ foram submetidas a três temperaturas diferentes durante 6 semanas após a floração (16 ºC, 20 ºC e 24 ºC) e, após este período, foram todas expostas à mesma temperatura até à colheita (20 ºC), mostraram que as maçãs das árvores expostas a temperaturas mais elevadas após a floração ficavam com uma coloração menos intensa.

A disponibilidade hídrica do solo, também é um elemento que influencia o desenvolvimento do fruto. Após a floração existe um crescimento lento do fruto (Figura 5), e um maior crescimento dos novos ramos embora este crescimento vegetativo seja muito mais dependente da disponibilidade hídrica do que do crescimento dos frutos.

Actualmente existem técnicas como a rega parcial da raiz (PRD) e a irrigação deficitária regulada (RDI) que são utilizadas para que o efeito da redução da quantidade de água

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15 fornecida às plantas não afecte significativamente a quantidade e qualidade da produção (Tromp et al., 2005).

Assim, ao aplicar-se uma destas metodologias de rega nas duas a três semanas após a floração em que o desenvolvimento do fruto é baixo, e o crescimento dos novos ramos é mais elevado, é possível diminuir o desenvolvimento dos ramos e desta forma privilegiar o desenvolvimento dos frutos. Porém é necessário ter em atenção às fases fenológicas em que se aplica a rega deficitária, pois na floração e nas semanas antecedentes à colheita, os frutos apresentam grandes necessidades hídricas, sendo arriscado nestas fases, aplicar este tipo de rega.

Durante o desenvolvimento dos frutos, ocorrem, por vezes, alterações ao nível da epiderme que acabam por diminuir o seu valor comercial. É o caso da carepa, que resulta de um acumular de células mortas na zona da epiderme ou sub-epiderme do fruto. Este efeito inicia-se na fainicia-se de maior actividade celular do crescimento do fruto, inicia-sendo as primeiras inicia-seis semanas após a floração as mais críticas (Tromp et al., 2005).

É por este facto, que alguns mondadores químicos quando aplicados após a floração provocam um aumento de frutos com carepa.

A carepa é ocasionada pela presença de células mortas, como referido, ou pela presença de fendas na epiderme. Quando tal acontece, as células vizinhas são estimuladas a dividirem-se provocando uma sobreposição de camadas duras que provocam na epiderme um “efeito de cortiça”. Estas camadas conseguem manter as mesmas funcionalidades que a restante epiderme, embora sejam menos eficientes na retenção de água, podendo constituir, posteriormente, um factor depreciativo (Tromp et al., 2005).

2.3 Descrição da variedade

As maçãs do grupo „Gala‟ pertencem ao grupo das maçãs bicolores, diplóides, necessitam de 600 a 800 horas de frio (Tustin, 1999) e é considerado um dos grupos com maior potencial comercial em todo o mundo (Trillot et al., 1993).

Este grupo, com origem na Nova Zelândia, foi obtido através do cruzamento entre variedades „Kid Orange Red‟ e „Golden Delicious‟, produzindo frutos com uma cor vermelha, lisa, semi-estriada, de fundo amarelo, de tamanho médio (75mm), com um formato tronco, cónico, arredondado-ovóide, e de polpa branca, fina, doce, pouco acidulada e perfumada. É uma maçã crocante, firme, suculenta e doce (Lemos, et al., 2009).

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A árvore apresenta um vigor médio a forte, superior à variedade Golden Delicious, possuindo um bom desenvolvimento vegetativo nos primeiros anos, que vai reduzindo progressivamente com a entrada em produção. Com um porte semi-erecto, ângulos dos ramos bem abertos e bem distribuídos apresenta hábitos de vegetação e frutificação do tipo III da classificação Lespinasse (Trillot, et al., 1993), é uma variedade que responde bem à monda química.

Tal como a maioria das macieiras, o grupo das Galas apresenta uma floração em corimbo (Figura 6), com um número variável de flores. A frutificação ocorre em madeira de 1 e 2 anos sendo que os frutos de melhor qualidade são obtidos em madeira de 2 anos (Ferree e Warrington, 2003).

Figura 6 - Floração em corimbo, com o desfasamento temporal na abertura das pétalas entre a flor central e

as flores laterais.

A colheita dos frutos, ocorre geralmente, em meados de Agosto, no Continente, sendo o ciclo mais prolongado quando é produzida nas ilhas. Contudo a colheita é geralmente efectuada entre os 120 e 140 dias após plena floração (Ferree e Warrington, 2003).

A determinação da data de colheita pode ser efectuada através de métodos analíticos, como a determinação do conteúdo em açúcar (12 – 13 oBrix), firmeza (6,8 – 7,5 Kg/cm2) e também testes ao amido (4-6) (Castellarnau et al., 2000).

No armazenamento, este grupo de maçãs possui uma boa resposta à conservação no frio. A temperaturas entre 0 e 4 oC, humidade entre 90 e 95%, com 1 e 3% de oxigénio, e <0,5 e 2% de dióxido de carbono consegue manter-se até 150 dias sem danificar as suas propriedades intrínsecas, (Castellarnau et al., 2000).

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17 A variedade „Gala‟, a nível fitossanitário, é muito susceptível ao pedrado, fogo bacteriano, alternaria, cancro e podridão no fruto (Ferree e Warrington, 2003).

Actualmente as cultivares pertencentes ao grupo das Galas e que são comercializadas são a „Royal Gala‟, „Mondial Gala‟, „Galaxy‟, „Brookfield Gala‟, „Sninga Gala‟ e a „Gala Must‟.

2.4 Monda dos frutos

As árvores de fruto, por questões de sobrevivência e sempre que as condições do meio o permitem, produzem anualmente uma floração abundante, muito embora apenas uma pequena percentagem, cerca de 7%, seja suficiente para garantirem uma boa produção comercial (Hehnen et al., 2012).

Com efeito as fruteiras desenvolveram mecanismos auto-reguladores de forma a promoverem a queda de parte dos frutos vingados devido à incapacidade de alimentar em simultâneo o crescimento de novos ramos e o desenvolvimento de todos estes frutos. Estes mecanismos são conhecidos pelas quedas naturais, já referenciadas anteriormente, embora auto-regulação seja insuficiente para uma produção regular e adequada (Bangerth, 2000), uma vez que o número de frutos que permanece até à colheita ainda é elevado, existindo uma grande percentagem de frutos de baixo calibre e de reduzida qualidade que, não possuem as características exigidas pelo mercado.

Por outro lado, a inibição da indução floral, provocada pelo excessivo número de sementes, aumenta o risco de alternância, pondo em causa a produção do ano seguinte.

Forshey (1986) documenta que uma excessiva produção de frutos afecta a coloração dos mesmos, a concentração em açúcares, assim como a síntese de outros compostos, afectando a sua capacidade de armazenamento. Isto deve-se à relação folha/fruto ser insatisfatória ou muito baixa.

De forma a evitar este tipo de distúrbios nas árvores e a reduzir o efeito da alternância, surgiu a prática da monda dos frutos, que consiste na remoção, em determinada fase fenológica, dos frutos em excesso, de forma a obterem-se os seguintes resultados (Byers, 2003; Domingos, 2009):

 Aumento da razão área foliar/fruto (cerca de 25/30 folhas por fruto) de forma a aumentar a produção e a disponibilidade de fotoassimilados para os frutos;

 Produção de frutos de maiores calibres, bem corados, com teores de sólidos solúveis elevados, boa firmeza e com características organolépticas excelentes de forma a serem classificados na Categoria I (Hehnen et al., 2012).

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 Adequar os números de frutos às dimensões da árvore. Lafer (1999) referiu que a carga de frutos óptima varia de 6 a 9 frutos por cm2 de secção transversal de tronco (AST), ou de 1 a 5 Kg cm2.

 Modificar a data de colheita. Uma monda efectuada muito cedo promove uma maturação mais rápida, resultando numa colheita antecipada.

 Promover a floração do ano seguinte. Ao mondar-se os frutos, estamos a eliminar sementes em formação, que são uma das fontes de giberelinas, responsáveis pela inibição da diferenciação floral.

Segundo Dennis (2000), a monda de frutos manual já é realizada há milhares de anos, de forma a garantir a produção de frutos maiores e de melhor qualidade. Actualmente, devido ao aumento do conhecimento sobre a fisiologia das plantas, podemos referir três metodologias de monda:

 Monda manual;

 Monda mecânica;

 Monda química;

2.4.1 Monda manual

A monda manual, a mais ancestral, consiste simplesmente na remoção manual de fruto a fruto da árvore, através de uma avaliação criteriosa do operador, em que selecciona o número de frutos que vai deixar por corimbo fundamentando-se em certos parâmetros, como a sua sanidade, a exposição solar, a sua proximidade com o centro do corimbo, o número de frutos produzidos no ramo, entre outros.

Este processo, embora muito eficaz, tem o grande inconveniente de ser muito demorado e dispendioso em mão-de-obra. Por estes motivos a utilização da monda manual está limitada a fruteiras dispersas ou, no caso de pomares comerciais é apenas utilizada como um complemento aos outros métodos utilizados.

2.4.2 Monda mecânica

A monda mecânica teve origem na Alemanha há 16 anos, sendo um método de monda muito diversificado, englobando metodologias muito distintas e com efeitos e resultados diversos.

Os métodos utilizados tanto podem ser dos mais simples, como jactos de água aplicados durante a floração, até aos mais complexos como a utilização de vibradores acoplados a uma máquina. A sua utilização pode ir desde a floração até à formação de pequenos frutos.

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19 Geralmente a monda mecânica é mais aconselhável para as prunóideas. Dennis (2000) relata que é comum a utilização de batedores, constituídos por braços metálicos ou de madeira, que possuem nas extremidades tubos plásticos que ao vibrarem, chocam com os frutos removendo parte dos mesmos. Esta técnica é muito utilizada nos pessegueiros ou damasqueiros, essencialmente na fase do crescimento do caroço.

Para as pomóideas o uso de vibradores não é aconselhável por correr-se o risco de provocar lesões nos frutos que permanecem nas árvores, desvalorizando o seu valor comercial.

Menzies (1980) aplicou monda mecânica em macieiras „Golden Delicious‟, 4 a 12 semanas após plena floração e verificou que o grupo de macieiras que sofreram monda após as 4 semanas, não apresentaram diferenças no número final de frutos, relativamente às testemunhas, embora os frutos apresentassem um aumento de tamanho. Os restantes tratamentos apresentaram redução do número de frutos e consequente aumento do massa.

No entanto, a monda mecânica poderá não ser muito eficaz quando os pomares estão instalados em terrenos inclinados ou irregulares, que poderão dificultar o trabalho das máquinas e do operador.

Por fim, Dennis (2000) danos físicos sofridos nas árvores após ter sido efectuado este tipo de monda, como queda das folhas e de corimbos, destruição de ápices vegetativos e danos nos jovens frutos.

2.4.3 Monda química

A monda química, como o nome indica, consiste na utilização de produtos sintéticos ou naturais, formulados quimicamente, que quando aplicados numa fruteira, promovem a abcisão de uma percentagem variável de frutos tendo como objectivo a eliminação dos mais desfavoráveis. É o tipo de monda mais utilizado para as pomóideas, especialmente para pereiras e macieiras, dada a produção de frutos ser em corimbo, pois os químicos formulados actualmente são especializados na redução da carga por corimbo, ficando cada um com apenas 1 a 2 frutos.

A intensidade de monda varia e é muito dependente dos seguintes factores (Forshey, 1986):

 Condições meteorológicas;

 Fase fenológica em que se encontra a planta, em floração ou já com frutos;

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 Idade e vigor das árvores;

 Condições foliares;

 Polinização;

 Densidade floral;

 Nutrição e concentração hormonal das árvores;

 Poda utilizada;

Os mondadores químicos são quase na sua totalidade de aplicação por pulverização folhear, logo, são susceptíveis às condições meteorológicas do local na altura da aplicação, visto que a absorção de qualquer produto pulverizado sobre uma superfície é vulnerável à temperatura, humidade, vento, e ocorrência de precipitação.

Dias com exposição solar mais elevada levam a um engrossamento da cutícula das jovens folhas que se estão a formar, provocando uma menor absorção do mondador químico e, como resultado, um menor efeito do mesmo. Pelo contrário, dias nublados levam a uma produção de folhas com uma cutícula menos espessa favorecendo a absorção do mondador (Forshey, 1986).

A temperatura e a humidade são factores determinantes na eficácia do mondador. Dias com temperaturas e humidades mais elevadas, antes e após a aplicação, geralmente favorecem o efeito dos mondadores, sendo o contrário observado em dias frescos com humidade baixa (Tromp et al., 2005). As geadas que ocorrem na altura da aplicação provocam queimaduras e deformações folheares, diminuindo o vigor folhear da árvore e facilitando a monda (Faust, 1989). A ocorrência de precipitação antes e depois da aplicação de certos mondadores pode também ser benéfica de forma a criar níveis altos de humidade nas folhas consegue aumentar o tempo de absorção do mondador por parte das mesmas (Faust, 1989).

Os produtos utlizados como mondadores são muito específicos em relação à fase fenológica em que se encontram os órgãos „sink‟, variando a sua eficácia com o estado fenológico em que se encontra a planta. Link (2000), descreve que a monda efectuada muito cedo favorece o aumento da massa dos frutos, pois promove o aumento da divisão celular. Por esta razão, muitos dos produtos comercializados actualmente são formulados de forma a serem aplicados desde a floração até a formação de frutos com 10 a 12mm.

Os mondadores são na generalidade específicos para um grupo de variedades, assim como a concentração a aplicar, daí que o seu efeito varie com a variedade tratada e com a concentração utilizada.

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21 Segundo Forshey (1986), variedades de macieiras com órgãos de frutificação de tipo „spur‟, como a „Mutsu‟, „Golden Delicious‟ e „McIntosh‟, apresentam maior resistência à monda que as variedades mais antigas. Estas diferenças de tolerâncias aos mondadores químicos devem-se à variabilidade genética que controla os vários sistemas enzimáticos característicos de cada variedade.

As variedades mais propensas à alternância apresentam maior dificuldade de monda, devido à complexidade de aplicação de um mondador num ano „off‟, ou seja, num ano em que a produção é muito reduzida (Faust, 1989).

São numerosos os factores que influenciam o vigor da planta, sendo a produção do ano anterior, um dos que mais interfere com esta característica. A produção de frutos reduz o crescimento de todas as partes da planta, mas o seu efeito é maior sobre as raízes. Isto leva a uma redução do fornecimento de nutrientes e, consequentemente, a uma menor deposição de reservas. As aplicações de alguns reguladores de crescimento com efeito mondador, podem interferir nos crescimentos do início da primavera (Forshey, 1986).

O vigor da planta muito elevado também pode provocar dificuldades na aplicação, ou seja, em árvores com grande volume de copa há maior dificuldade em atingir todas as zonas da planta e a realizar uma aplicação uniforme. Assim, a poda utilizada na medida em que interfere com o tamanho e vigor dos ramos, influencia indirectamente a eficácia do mondador. Podas severas tendem a favorecer maiores crescimentos vegetativos e a formação de um número mais elevado de ramos, desviando os fotoassimilados para estes crescimentos (Faust, 1989).

Para se efectuar a monda química é necessária uma fertilização adequada, principalmente em relação ao azoto e potássio, essenciais para o desenvolvimento dos frutos que permanecerão nas árvores após a monda (Forshey, 1986).

A densidade floral é um parâmetro fundamental visto que é um dos factores que, logo no início, é decisivo para aplicação, ou não, do produto. Não é aconselhável o uso de um mondador químico em anos de pouca floração devido ao aumento do risco de ficar sem produção e aumentar as consequências de alternância. Quando existe uma polinização muito elevada, a acção do mondador é dificultada devido à fertilização elevada de flores e consequentemente ao elevado vingamento de frutos (Forshey, 1986; Faust, 1989).

A nutrição e concentração hormonal têm um papel fundamental, pois carências nutritivas na árvore podem acentuar as quedas naturais ou aumentar do efeito mondador. É necessário, por isso, ter cuidado com os distúrbios nutritivos existentes visto que podem interferir com a

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acção do mondador na produção desse ano mas também ter repercussão na produção dos frutos do ano seguinte. Por sua vez é necessário entender perfeitamente as variações hormonais que ocorrem na árvore nos diferentes estádios fenológicos. É o caso do etileno que é um dos principais agentes causadores da abcisão dos frutos, e a sua concentração varia ao longo do ciclo, dependendo também da concentração em auxinas (Faust, 1989).

Dennis (2000) refere que a monda química só começou a ser valorizada a partir de 1940, quando MacDaniels e Hildebrand (1940) relataram o efeito de Elgetol na inibição da germinação de pólen quando aplicado sobre a floração nas macieiras. Também Magness (1940), foi capaz de reduzir a tendência de alternância, através da aplicação de Elgetol e de óleo de alcatrão destilado. Contudo, há referência a mondadores químicos nos anos 20, todos eles, muitos cáusticos (ex: DNOC).

Com o passar dos anos, foram vários os produtos químicos que se utilizaram como mondadores e que posteriormente foram retirados do mercado: é o caso do Carbaril, que foi um mondador muito utilizado em países como a Itália e que em 2008 foi proibida a sua utilização na União Europeia devido ao facto de ser um insecticida com efeitos nocivos na fauna auxiliar (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Wertheim (2000), dividiu os mondadores em dois grupos: mondadores de flores e mondadores de frutos. Por sua vez Dennis (2000), preferiu caracterizar os mondadores pela sua acção nas árvores e também pela sua origem. Utilizando as suas classificações, podemos referir que actualmente existem dois grupos de mondadores, mondadores de flores (como o nome indica, actuam sobre as flores) e os mondadores de frutos, que por sua vez podem-se dividir em bioreguladores de plantas, insecticidas de carbamatos e os inibidores de fotossíntese.

2.4.4 Mondadores florais

Os mondadores florais, actualmente utilizados, são o Etefão, gerador de etileno e o grupo de sprays caústicos (Wertheim, 2000), que queimam parte das flores, especialmente o pólen depositado no estigma (MacDaniels e Hildbrand, 1940).

Quanto ao Etefão será efectuada a sua descrição posteriormente, visto ser um mondador que poderá ser utilizado como mondador floral mas também como mondador de fruto. Quando tem inicio a floração nas macieiras, a concentração de auxinas baixa, favorecendo o aumento da concentração de etileno, cuja acção pode ser potenciada através da aplicação do Etefão nesta fase.

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23 O óleo de milho é também um mondador floral que consegue inibir a abertura da flor, sendo eficaz em macieiras a concentrações de 3 a 5%, quando aplicado um pouco antes da floração. Porém os seus efeitos a longo prazo ainda não foram apurados (Wertheim, 2000).

No caso dos sprays cáusticos existem vários produtos como o DNOC (4,6-dinitro-orto-cresilato), nitrato de amónia, ureia, cianamidas hidrogenadas e, talvez o mais conhecido a nível comercial, o tiossulfato de amónio (TSA).

Faust (1989) refere que tradicionalmente o DNOC era aplicado quando uma percentagem de flores ainda não se encontravam abertas e como estas não eram afectadas pelo mondador, o seu efeito ficava comprometido. Por esta razão este produto passou a ser aplicado um a três dias após a plena floração a concentrações entre 1600 e 4800 ppm.

Contudo o DNOC só mostrava ser promissor nas regiões de clima árido, visto que quando aplicado em condições de clima húmido, provocava lesões nos frutos e/ou uma monda muito severa. Este produto acabou por ser retirado do mercado devido à sua composição em metais pesados que provocavam riscos ambientais consideráveis (Dennis, 2000).

A ureia consegue exercer efeito mondador no caso de ser aplicada em concentrações de 3 a 4% (para as macieiras), contudo o seu efeito causa graves danos a nível folhear e, por vezes, provoca carepa nos frutos e diminui a coloração de fundo (Tromp et al., 2005).

O TSA é utilizado como mondador em prunóideas desde os anos 80 e desde os anos 90 em pomóideas (Tromp et al., 2005). Este mondador é um fertilizante foliar com base em azoto e enxofre, que quando aplicado sobre as flores, provoca a queima de certos órgãos florais (anteras e pistilos) inibindo assim a fertilização das flores (Janoudi e Flore, 2005).

Contudo estes produtos só podem ser usados em concentrações muito baixas devido à sua fitotoxicidade e ao efeito que têm no aumento de frutos com carepa e, por vezes, no aumento de frutos assimétricos, pela redução no número de sementes formadas (Wertheim, 2000).

A aplicação deste grupo de produtos é mais aconselhável nos pessegueiros do que nas macieiras devido à menor concentração de folhas no momento de aplicação, evitando-se a queima das folhas provocada por este tipo de mondador (Dennis, 2000).

Janoudi e Flore (2005), através de experiências com aplicações de TSA na variedade „Jonagold‟, em que após umas horas a seguir ao tratamento, eram sujeitas a lavagens conseguiram obter bons resultados de monda sem danificar significativamente a folhagem das mesmas.

As condições atmosféricas, como referido, podem também favorecer ou comprometer o efeito do TSA, visto que a 20 ºC, o efeito é excessivo, enquanto que a 14 ºC é baixo. O

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mesmo acontece relativamente à humidade, em que níveis muito altos favorecem mais uma monda severa do que níveis muito baixos (Wertheim, 2000). Tromp et al. (2005) descrevem que concentrações de cerca de 1% TSA são suficientes para uma monda adequada nas macieiras.

Actualmente, outros produtos naturais, incluindo sabão, silicato de sódio, óleo de colza e óleos minerais, estão a ser testados na Europa para apurar o seu efeito como mondador. É possível através de uma mistura de sabão e óleos obter efeitos na monda, contudo, até ao momento, a maioria destes produtos mostraram ser prejudiciais também para a folhagem.

2.4.5 Mondadores de frutos

2.4.5.1 Insecticidas de carbamato

Os insecticidas de carbamato são nos dias de hoje, menos vulgares. O produto mais utilizado era o Carbaril, que pertencente à família das auxinas, foi descoberto em 1958 sendo aceite mundialmente na época, devido à aparente inexistência de efeitos secundários nas árvores ou nos frutos (Tromp et al., 2005).

Este mondador consegue ser eficaz em condições de baixa luminosidade, embora o seu efeito também varie com a temperatura, visto que temperaturas altas potenciem a sua eficácia (Tromp et al., 2005). No entanto o Carbaril é mais eficaz quando aplicado sobre os jovens frutos do que sobre as folhas (Dennis, 2002). Faust (1989) indica que o Carbaril deve ser aplicado em „Delicious‟ com concentrações de 300 a 600 ppm, em „Delicious‟ tipo spur a 600 a 1200 ppm, e em „Golden Delicious‟ em concentrações de 1200 a 1800 ppm.

O uso deste produto, como referido, acabou por ser proibido na maior parte dos países europeus devido aos riscos ambientais que provocava. Desta forma, esta auxina acabou por ser substituída por outros produtos do mesmo grupo, como o Oxamyl, mas principalmente pelos biorreguladores de plantas e pelos inibidores de fotossíntese, devido à sua maior eficácia e ao menor risco ambiental (Dennis, 2000). Contudo em alguns estados americanos, a sua utilização ainda é permitida.

2.4.5.2 Inibidores de fotossíntese

Os inibidores de fotossíntese são um grupo que se baseia nos princípios fisiológicos de formação e alimentação dos frutos, ou seja, no facto do crescimento dos frutos depender do fornecimento de fotoassimilados por parte das folhas. Quando cessa o fornecimento de fotoassimilados aos frutos motivado por condições internas ou externas, o seu crescimento pára podendo levar à sua queda (Dennis, 2000). A produção de frutos e a retenção dos

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25 mesmos na árvore é geralmente maior nas regiões ou locais com maior exposição solar e consequentemente com uma maior taxa fotossíntética.

Para inibir fornecimento de fotoassimilados, uma das formas mais rápidas é o impedimento da fotossíntese, responsável pela síntese dos mesmos. A abcisão dos frutos pode ser assim feita, de uma forma indirecta, através do sombreamento total ou parcial (sombreando apenas alguns ramos) da árvore (Dennis, 2000).

Entre os químicos mais utilizados, encontram-se herbicidas como o Terbacil e o Metamitrão, que quando aplicados em doses apropriadas promovem a redução de fotossíntese.

Estudos efectuados por Dorigoni e Lezzer (2007), na variedade „Fuji‟ com aplicações de Metamitrão e de Carbaril em conjunto com benziladenina (BA), permitiram nas árvores tratadas com Metamitrão, uma maior percentagem de frutos de maiores calibres (> 80mm) e também uma maior percentagem de cor (80 a 100%) comparativamente aos outros tratamentos.

Actualmente o Metamitrão ainda é classificado como herbicida mas brevemente será integrado, a nível europeu, nos produtos mondadores. Este produto tem como vantagens ser de fácil aplicação, resultar bem quer em macieiras quer em pereiras e ser versátil quanto à época de aplicação, uma vez que é apenas necessário que exista uma densidade folhear adequada (Dorigoni e Lezzer, 2007).

Na monda mecânica existem também métodos que se baseiam na redução de fotossíntese, como a utilização de redes de sombreamento para cobrir parcial ou totalmente as árvores.

Domingos (2009) revela que o ensombramento efectuado 30 dias após plena floração (DAPF) consegue obter resultados semelhantes à monda química ao nível da carga da árvore, obtendo até resultados mais positivos nos parâmetros de qualidade como a firmeza, acidez e o teor em sólidos solúveis (TSS).

O último grupo a ser referenciado, embora seja comercialmente um dos mais utilizados, é o grupo dos biorreguladores. Dentro deste grupo, encontram-se os mondadores que são formulados a partir das três hormonas essenciais ao funcionamento do organismo vegetal, as auxinas, giberelinas, citocininas e os geradores de etileno (Dennis, 2000).

2.4.5.3 Mondadores da família das auxinas

Segundo Stopar (2002), o ácido naftalenacético (ANA) e a sua amida (ANAm) são dos mondadores químicos mais antigos, cuja actividade se baseia na acção de uma auxina

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Figura  1  - Produções  (kg)  de  todas  as  variedades  de  maçãs  nos  últimos  10  anos,  na  ilha  Terceira  (Fruter  2012)
Figura 2 - Estados fenológicos de um gomo floral de uma macieira. Legenda: A (gomo dormente); B (ponta  cinza);  C  –  C 3   (ponta  verde);  D  –  D 3   (emergências  das  folhas);  E  (folhas  verdes);  E 2   (Ponta  rosa);  F  -  F 2   (  Floração); G (
Figura  3  -  Esquema  da  flor  da  macieira  e  da  maçã,  assim  como  dos  seus  órgãos  internos  nestas  estruturas  (adaptado de Farabee, 2011)
Figura  4  -  Esquema  de  um  corimbo  de  frutos  com  as  zonas  de  abcisão  e  disposição  das  flores  laterais  e  central (adaptado de Tromp, et al., 2005)
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Referências

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