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3 MATERIAIS E MÉTODOS

4.7 Resultados laboratoriais

Até se efectuarem as análises laboratoriais foi necessário manter as amostras no frio, vindo a verificar-se, na altura, que alguns dos frutos tiveram de ser excluídos por apresentarem ligeiros danos na epiderme. Desta forma reduziu-se o número de frutos por tratamento de 20 para um total de 17 frutos por tratamento, de forma a mantermos o mesmo nº de frutos por amostra.

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Ao analisarmos os dados, referentes às análises laboratoriais (Quadro 12), é possível verificar que os tratamentos afectaram o calibre médio dos frutos por amostra, mas apenas o tratamento com ANA e o tratamento BA+ANA mostraram diferenças significativas com menores e maiores calibres, respectivamente.

Relativamente à massa individual dos frutos, o comportamento foi idêntico, a combinação de BA+ANA obteve maior massa média, enquanto que os grupo que receberam auxinas (ANA e NAD) obtiveram as massas mais baixas.

As determinações seguintes (firmeza, teor de sólidos solúveis, acidez e matéria seca) são fundamentais porque para além de influenciarem as características sensoriais dos frutos, dão importantes indicações sobre a sua capacidade de armazenamento.

Relativamente à firmeza existiram diferenças significativas, registando-se os valores mais elevados nos frutos sujeitos aos tratamentos NAD+(BA+ANA)+manual (8,25 kg/cm2) e os frutos menos firmes foram provenientes do tratamentos de monda manual (6,59 kg/cm2). Refira-se que todos os valores determinados encontram-se próximos dos valores médios desta variedade (6,8 -7,5 kg/cm2) (Castellarnau et al., 2000).

65 Quadro 12 - Efeito dos tratamentos sobre o calibre, massa, firmeza, teor em sólidos solúveis, acidez e matéria seca dos frutos.

Tratamentos Calibre (mm) Massa (g)

Firmeza (kg/cm2) TSS (0Brix) Acidez (pH) MS (%) Testemunha 72,44 ± 0,73 ab 166,29 ± 5,14 ab 8,14 ± 0,22 b 11,00 ± 0,00 a 3,69 ± 0,01 a 13,3 Etefão + TSA 73,88 ± 1,25 ab 192,97 ± 9,69 bc 8,10 ± 0,14 b 12,00 ± 0,71 b 3,55 ± 0,02 a 14,6 NAD+(BA+ANA)+Manual 73,05 ± 1,36 ab 185,16 ± 10,22 abc 8,25 ± 0,28 b 11,3 ± 0,00 a 3,64 ± 0,01 a 14 ANA 66,77 ± 3,63 a 153,75 ± 10,47 a 7,28 ± 0,42 ab 12,3 ± 0,42 b 3,56 ± 0,01 a 14,4 BA+ANA 74,49 ± 1,70 b 199,26 ± 13,59 c 7,76 ± 0,27 b 11,15 ± 0,21 a 3,62 ± 0,01 a 12,8 NAD 67,73 ± 3,95 ab 159,51 ± 15,16 a 7,21 ± 0,41 ab 11,25 ± 0,07 a 3,65 ± 0,01 a 13 Manual 72,18 ± 0,71 ab 173,45 ± 4,83 abc 6,59 ± 0,57 ab 11,15 ± 0,21 a 3,77 ± 0,01 a 13,4

(TSS) teor em sólidos solúveis; (MS) matéria seca; resultados apresentados com nível de significância = 0,05.

Quanto ao teor em sólidos solúveis (TSS), as diferenças entre tratamentos foram pouco evidentes podendo, contudo, formarem-se dois grupos distintos cujos valores variaram entre 11 ºBrix (Testemunha) e 11,3 ºBrix (NAD + (BA+ANA) + Manual) e outro grupo que variou entre 12 ºBrix (Etefão + TSA) e 12,3 ºBrix (ANA). Também os teores em sólidos solúveis se encontram próximos dos valores médios desta variedade (12 -13%) embora ligeiramente inferiores.

O grupo tratado unicamente com o ANA apresentou um maior teor em sólidos solúveis (TSS), o que prova, mais uma vez, que a maior relação folha/fruto que este mondador provoca comparativamente aos restantes, disponibiliza uma maior quantidade de fotoassimilados para cada fruto, e um aumento do TSS. O aumento do TSS tem como consequência, também, um aumento do teor em MS.

A matéria seca foi medida através da massa total fresca das amostras e massa total seca das mesmas, não existindo assim variabilidade de valores pois desta forma obtivemos um valor por tratamento. Contudo é possível visualizar mais uma vez, que os tratamentos com mondadores

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florais (Etefão + TSA) e a auxina (ANA) apresentaram maior percentagem de matéria seca e por sua vez o grupo que recebeu a combinação de (BA + ANA) obteve a menor percentagem.

A acidez demonstrou ser o parâmetro com os resultados mais uniformes não existindo diferenças significativas entre tratamentos.

Link (2000) refere que a relação entre a firmeza e MS não é linear, ou seja, o aumento da firmeza não aumenta exponencialmente com o aumento do teor em MS. Ao analisarmos o Quadro 12 é possível constatar isto mesmo.

Já a firmeza está inversamente relacionada com o tamanho dos frutos, visto que um aumento de calibre provoca uma diminuição deste parâmetro. Apenas os tratamentos com as auxinas ANA e NAD curiosamente provocaram a formação de frutos de menor tamanho mas também com menor firmeza.

O efeito das auxinas sobre a firmeza poderá ser explicada por Link (2000), que refere que a firmeza, é um parâmetro complexo visto estar dependente de vários factores como o número de células no fruto, MS, TSS, entre outros. Os mondadores ANA e NAD como provocam um decréscimo no número de células formadas por fruto (daí a menor dimensão do fruto), provocam, assim, formação de frutos menos firmes.

Quando se visualiza os valores de firmeza deparamo-nos que os frutos dos tratamentos ao serem colhidos na mesma data, os frutos provenientes dos tratamentos de mondadores químicos, apresentaram menor grau de firmeza (e desta forma maior grau de maturação), isso leva-nos a concluir que estes frutos deveriam ser colhidos mais cedo e que a monda química consegue antecipar a colheita.

A firmeza/textura de um fruto é um importante atributo para a sua aceitabilidade e tolerância à manipulação pós-colheita e é afectada por um grande número de factores como a disponibilidade hídrica do solo, a temperatura, a humidade relativa e a disponibilidade de nutrientes. Este parâmetro vai sofrendo alterações durante o amadurecimento do fruto essencialmente provocadas pela degradação do amido e modificações no metabolismo das paredes celulares. Com efeito, a dissolução da lamela média, que envolve enzimáticas conversões de formas insolúveis em solúveis, reduz a coesão entre células adjacentes e promove assim o amolecimento (Santos, 2007 e Prasanna et al., 2007). Esta degradação não está limitada só à lamela média e ocorre noutras camadas da parede.

Neste estudo a monda manual, a nível quantitativo e qualitativo, não mostrou melhores resultados que a testemunha. Esta constatação é diferente das encontradas em muita

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bibliografia sobre o tema (Dennis, 2000), o que confirma mais uma vez que a atipicidade deste ano obrigaria à repetição destes estudos.

Seria interessante, nestes ensaios, que tivessem sido feitos estudos sobre a bioquímica da parede celular, com particular referência aos polissacáridos da parede e aos fenómenos da sua degradação; contudo, o facto de os ensaios decorrerem nos Açores e este tipo de análises celulares, só poderem ser executadas nos laboratórios da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro impediram a realização deste tipo de estudos. Aliás esta distância, foi a principal razão por se terem cometido algumas imprecisões no tratamento das amostras, para algumas das análises efectuadas e na dificuldade de resolver rapidamente as dúvidas que iam surgindo ao longo do trabalho.

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