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4.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo observacional descritivo de cunho exploratório do tipo Estudo de Caso.

4.2 Descrição da Unidade-Caso

A unidade-caso deste estudo foi o município de Aracaju, Sergipe, especificamente a estrutura de gestão denominada “Coordenação de AF (CODAF)”, setor da Secretaria Municipal de Saúde responsável pela gestão da AF do município.

Segundo o RAG do ano de 2011, único disponível no endereço eletrônico do SargSUS (www.saude.gov.br/sargsus), o município de Aracaju possuía naquele ano, uma população de 571.149 habitantes, 100% urbana e em sua maioria (66,32%) de pardos e negros com crescente o aumento do número de idosos com uma razão de sexos de 0,58 homens por mulher

De acordo com o Plano Municipal de Saúde (PMS) de Aracaju/2010-2013 (disponibilizado na página do SargSUS), o Município encontra-se habilitado na Gestão Plena do Sistema Municipal, exercendo o comando único de saúde, sendo responsável por todas as etapas que compõem a gestão da saúde, envolvendo, portanto, planejamento, controle, regulação e avaliação, gerenciamento de todas as unidades próprias, básicas, especializadas e hospitalares, co-gestão de unidades públicas e privadas, sendo responsável por toda a gestão da prestação dos serviços de saúde pública no município. É o único município sede de pólo e referência para todos os procedimentos de alta complexidade. Dentro de sua própria micro-região, o município mais distante encontra-se a apenas 30 quilômetros da sede do Município. Fora de sua própria micro-região, o Município fornece serviços de saúde para todos os outros municípios, sendo o mais distante localizado a 215 quilômetros da capital.

Ainda segundo o PMS, a SMS apresenta em sua estrutura as seguintes redes de serviços de Saúde: de Atenção Primária; de Atenção Especializada

Hospitalar; de Urgência e Emergência; de Atenção Psicossocial, além de Estabelecimentos de Saúde da rede própria e Estabelecimentos de Saúde conveniados e contratados. Apesar atuação da CODAF permear por todas essas redes de saúde, para realização desse estudo, o foco foi sua atuação junto à Rede de Atenção Primária.

A Rede de atenção à saúde do município conta com a seguinte capacidade instalada: 43 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 135 Equipes de Saúde da Família, 69 Equipes de Saúde Bucal, 06 Núcleos de Apoio à Saúde da Família com 79,25% de cobertura populacional da ESF, segundos dados coletados junto à Coordenação Estadual de AB da SES.

Segundo dados da CODAF, o quadro de recursos humanos do município conta com 23 farmacêuticos lotados em vários serviços relacionados ao Ciclo da AF, desses, apenas quatro estão lotados nas farmácias das UBS e outros quatro fazem a supervisão das 39 UBS que não possuem farmacêutico.

Verificou-se que o município possui um setor de Licitações e Compras especializado em medicamentos, mas não conta com a colaboração de um profissional farmacêutico nos processos de aquisição.

A definição de um fluxo operacional para o processo de compras, com atribuições e responsabilidades deve assegurar agilidade e seqüência em todas as etapas, além de garantir o envolvimento de todos os setores: AF, Planejamento, Orçamento, Finanças, Administrativo/Compras e outros para harmonização dos procedimentos (Brasil, 2006a).

É importante ressaltar que pela sua proximidade a outros municípios do Estado, vários usuários desses municípios utilizam-se dos serviços prestados pelo Município de Aracaju, inclusive do serviço prestado pela AFB (PMS 2010- 2013).

4.3 Procedimento de Coleta de Dados

O procedimento para a coleta de dados consistiu na pesquisa documental e análise dos:

 Relatórios de consumo de medicamentos do CBAF elaborados pela gestão municipal do período compreendido entre os anos de 2008 a 2012 do CBAF;

 dos RAG municipais do mesmo período, aprovados pelo CMS que se encontravam no CES e no endereço eletrônico do SARGSUS e

 de todos os depósitos listados nos relatórios do FNS para o município de Aracaju disponibilizados no endereço eletrônico do FNS.

Os valores unitários dos preços dos medicamentos utilizados para o estudo foram uma média dos valores disponibilizados no Sistema do MS, o Hórus no perfil básico e no endereço eletrônico do Banco de Preços em Saúde.

Os dados sobre o consumo médio mensal (CMM) foram coletados a partir dos relatórios da CODAF, setor responsável por solicitar, junto ao setor municipal de Licitação, o pedido de aquisição dos medicamentos do CBAF. Para a elaboração do CMM, a CODAF leva em consideração o consumo das todas as farmácias localizadas nas UBS do Município.

O CMM é o método que consiste na soma dos consumos de medicamentos utilizados por determinado período de tempo, dividido pelo número de meses em que cada produto foi utilizado. Deve-se excluir perdas, empréstimos e outras saídas de produtos não regulares (Marin, et al, 2003).

Os valores da partida federal do CBAF depositados na conta do FMS foram verificados através do sítio eletrônico do FNS, para a obtenção dos valores das contrapartidas Estadual e Municipal, foram levados em conta os valores estabelecidos nas Portarias GM/MS nº 3.237 e nº 2.982, vigentes no período da pesquisa, pois os RAGs desse período não disponibilizavam tais informações.

Para complementar a pesquisa documental, foi aplicado um roteiro de entrevista semi-estruturada (Anexo A) com o gestor municipal da AF do município de Aracaju, realizado nas visitas in loco à SMS e UBS tendo como foco o período compreendido entre janeiro de 2008 e dezembro de 2012.

As entrevistas eram abertas à discussão, ou seja, além das respostas aos questionamentos propostos, o gestor, se assim desejasse, poderia emitir suas

opiniões acerca dos assuntos abordados. Todas as entrevistas foram gravadas e sintetizadas em tabela (Anexo A).

Os seguintes questionamentos foram propostos: gasto do município no período da pesquisa com medicamentos do CBAF; suficiência dos recursos do financiamento tripartite da AFB para aquisição desses medicamentos; frequência dos depósitos da contra-partida municipal na conta da AFB; acesso da CODAF às informações financeiras desse componente; existência de mecanismos de controle no uso desses recursos; adesão do município à ARP estadual; existência de elenco padronizado de medicamentos do CBAF no município; existência de faltas dos medicamentos deste componente no período da pesquisa e motivos das faltas. Algumas dessas informações prestadas puderam ser confirmadas no sítio eletrônico do FNS e nos documentos apresentados pelo Gestor da AF.

Os questionamentos propostos foram elaborados visando obtenção de dados que fossem públicos e relevantes para a pesquisa, ou seja, que pudessem ser obtidos sem solicitação de autorização, mas que ao mesmo tempo, permitissem a visualização da situação vivida pelo município na questão do acesso da população aos medicamentos do CBAF.

Todas as UBS foram visitadas. Nas unidades que possuíam farmacêuticos, esses profissionais foram contatados e conversas informais foram realizadas, com a finalidade de verificar como se encontrava a estruturação da AFB nesses estabelecimentos de saúde.

Cada visita e posterior consolidação de dados foram sintetizados e analisados de acordo com as respostas do gestor e relatórios analisados, buscando relacionar os recursos financeiros destinados à aquisição dos medicamentos do componente básico da AF e à complexidade da logística para a sua compra.

Os dados foram organizados em planilha própria e analisados utilizando-se de estatística descritiva. A consolidação e análise das respostas do roteiro de entrevista foi realizado de forma livre, considerando o referencial teórico da pesquisa.

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