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5 CAPÍTULO I – DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO EM

7.4 Material e Métodos

7.4.1 Localização e caracterização da área experimental

O experimento foi implantado na área experimental do Departamento de Solos da UFSM, Santa Maria, RS, em um ARGISSOLO VERMELHO Distrófico arênico (EMBRAPA, 2006), sendo conduzido durante as safras 2003/04 e 2004/05. O clima da região é do tipo “Cfa2” (subtropical úmido) de acordo com a classificação climática de Köppen, com precipitação média anual de 1.686 mm e temperatura média anual de 19,3o C, variando mensalmente entre 9,3e 31,5o C.

7.4.2 Delineamento experimental e tratamentos

O delineamento experimental foi um trifatorial (3x4x4) com parcelas subsubdivididas, com três repetições. O experimento constou de um total de 120 subsubparcelas experimentais medindo 20 m2 (4 x 5 m). As parcelas principais mediram 240 m2 (5 x 48 m), enquanto que as

subparcelas foram de 80 m2 (5 x 16 m). Foram avaliadas as interações dos seguintes fatores: Fator A: culturas de cobertura (Aveia preta – Avena strigosa Schreb, Ervilhaca Peluda – Vicia

3, 6 e 9 Mg ha-1 de MS); Fator C: doses de N no milho na forma de uréia (0, 60, 120, 180 kg ha-1).

7.4.3 Detalhes experimentais

As culturas de cobertura foram semeadas a lanço no mês de maio (17/05/2003 e 22/05/2004) com densidade de semeadura correspondendo a 80, 80 e 25 kg ha-1, para aveia

preta, ervilhaca e nabo forrageiro, respectivamente. As características químicas do solo na camada de 0 a 10 cm no início do experimento eram: MOS = 1,1%; pH = 4,9; P disponível (Mehlich I) = 27 mg dm-3; CTC = 4,2 cmolc dm-3; argila = 160 g kg-1 e cátions trocáveis

(cmolc dm-3) K = 0,07; Ca = 1,5; Mg = 0,4 e Al = 0,3. Em junho de 2003, foi aplicada 1 Mg

ha-1 de calcário (Calcário Dolomítico/PRNT 75%). As culturas de cobertura e o tratamento sem cultura de cobertura receberam 40 kg de P2O5 e 50 kg de K2O ha-1, como adubação de

inverno em ambos os anos do trabalho. O tratamento referência sem cultura de cobertura foi dessecado sucessivamente durante o inverno, sendo mantido livre de plantas.

Os níveis de resíduos foram estabelecidos a partir dos resíduos produzidos pela parte aérea das culturas de cobertura na própria parcela e em área adjacente, sendo manualmente ajustados. As culturas de cobertura foram manejadas com corte laminar próximo à superfície do solo dentro da parcela principal (5 x 48 m). O equipamento utilizado para corte foi uma roçadeira costal à gasolina. Após esse procedimento, dentro de cada bloco e espécie de cultura de cobertura, 50% da produção de resíduos frescos do nível baixo (3 Mg ha-1 de MS) foram transferidos para o nível mais alto (9 Mg ha-1 de MS). O restante dos resíduos (50%) foi distribuído dentro da subparcela (5 x 16 m). Efetuado esse procedimento de ajuste inicial, teve início um processo de conferência dos níveis com amostragens sucessivas com quadro de 0,5 x 0,5 m e pesagens com balança de campo, buscando ajustar as quantidades de resíduos frescos de forma a criar condições com aporte de 3, 6 e 9 Mg ha-1 de MS. Para isso, utilizaram-se coeficientes de relação entre matéria verde e matéria seca, obtidos uma semana antes do início do manejo das culturas de cobertura. As bordaduras do experimento foram semeadas com os mesmos procedimentos com a finalidade de contribuir na adequação dos níveis de resíduos aportados ao solo. O aporte do sistema radicular das culturas de cobertura não foi considerado neste trabalho. Depois de finalizados estes ajustes, as parcelas foram efetivamente amostradas para quantificação final da quantidade de resíduos aportados ao solo e para determinação do teor de N médio acumulado em cada nível de resíduo. Foram realizadas 5 repetições em cada nível de resíduo. O material amostrado foi seco em estufa a

65ºC até peso constante. Posteriormente, as amostras foram moídas em um triturador de forrageiras, subamostradas e moídas novamente em moinho tipo Willey, equipado com peneira de 40 mesh. O N no tecido foi extraído e determinado segundo o método descrito em Tedesco et al. (1995) para resíduos vegetais. Dentro das condições experimentais, foi possível obter aportes de N de acordo com o tipo e quantidade de resíduos variando de 20 a 260 kg ha-1 de N (Figura 11).

Figura 11 – Acúmulo de N das diferentes culturas de cobertura em função das quantidades de resíduos manualmente aportados ao solo. Média de 2003 e 2004.

O híbrido de milho utilizado em ambos os anos do trabalho foi o AG8021, semeado em outubro (18/10/2003 e 14/10/2004), com espaçamento entre linhas de 0,9 m e 75.000 plantas ha-1, posteriormente, sendo ajustado para 60.000 plantas ha-1 por desbaste manual. A adubação com fósforo e potássio no milho em ambos os anos foi de 200 kg ha-1 da fórmula 00-30-20, seguindo as recomendações da Comissão de Fertilidade do Solo (CFS-RS/SC, 1995).

A aplicação do N foi de acordo com a fase de desenvolvimento do milho, obedecendo às doses pré-definidas (Tabela 9). Durante o experimento, quando necessário, foi realizado o controle de ervas daninhas, pragas e doenças das culturas. Também foi realizada a irrigação

suplementar por aspersão do experimento durante os períodos sem precipitação pluviométrica, buscando manter o solo sob condições adequadas de umidade.

Tabela 9 – Estádios de desenvolvimento da cultura do milho e quantidades de N aplicadas.

Tratamentos Estádio de desenvolvimento do milho

Semeadura – 0 dia 4 a 6 folhas – 30 dias 10 a 12 folhas – 45 dias Doses de nitrogênio (1) --- 0 kg ha-1 --- Aveia preta 0 0 0 Nabo forrageiro 0 0 0 Ervilhaca 0 0 0 Sem resíduos 0 0 0 --- 60 kg ha-1 --- Aveia preta 20 20 20 Nabo forrageiro 20 20 20 Ervilhaca 20 20 20 Sem resíduos 20 20 20 --- 120 kg ha-1 --- Aveia preta 30 50 40 Nabo forrageiro 30 50 40 Ervilhaca 30 50 40 Sem resíduos 30 50 40 --- 180 kg ha-1 --- Aveia preta 50 80 50 Nabo forrageiro 50 80 50 Ervilhaca 50 80 50 Sem resíduos 50 80 50

(1) Fonte de N foi uréia (45-00-00).

7.4.4 Avaliações realizadas

No florescimento do milho, foi avaliada a produção de matéria seca (10/01/2004 e 06/01/2005). Em cada amostragem, foram coletadas 4 plantas de milho, dentro da área útil de cada tratamento, sendo posteriormente secas em estufa a 65ºC para estimar a matéria seca total pela população média de plantas por hectare. A quantidade de N absorvido pelo milho foi quantificada a partir do teor de N acumulado na fitomassa das amostras de milho coletadas para matéria seca. O método de análise de tecido utilizado foi o descrito por Tedesco et al. (1995). A produtividade de grãos de milho foi avaliada através da colheita manual em uma área útil de 10,8 m2 (3 metros lineares nas 4 linhas centrais). As espigas foram debulhadas mecanicamente e os grãos foram pesados e subamostrados para determinação da umidade. Os resultados foram corrigidos para 13% de umidade e expressos em Mg ha-1.

Os dados obtidos foram submetidos à análise da variância. Para os fatores de natureza quantitativa, realizou-se análise de regressão e, para fatores de natureza qualitativa, as médias de tratamentos foram comparadas através de teste de Tukey (p<0,05). Os gráficos e as análises estatísticas foram realizados com ajuda dos softwares PlotIT 3.2 (SCIENTIFIC PROGRAMMING ENTERPRISES, Haslsett, 1997) e Origin 5.0 (MICROCAL SOFTWARE, INC., 1997).