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5 CAPÍTULO I – DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO EM

5.6 Conclusões

6.5.4 Produtividade de grãos de milho

Comparando a produção de milho em sucessão aos diferentes tipos de resíduos, sem aplicação de N, observa-se que a aveia preta, o nabo forrageiro e o tratamento sem aporte de resíduos apresentaram, respectivamente, produtividade de 50, 66, 72% daquela obtida sobre os resíduos de ervilhaca (Tabela 6). Com adubação nitrogenada (120 kg ha-1 de N), a

diferença entre as sucessões foi reduzida, destacando-se somente a sucessão ervilhaca/milho que, apesar do menor incremento de produtividade com a adubação nitrogenada (18%), alcançou, aproximadamente, 9 Mg ha-1 de grãos.

Tabela 6 – Produtividade de milho obtida em sucessão a 6 Mg ha-1 de matéria seca de diferentes culturas de cobertura de inverno. Médias de 2003 e 2004. Adubação nitrogenada (kg ha-1) 0 120 kg ha-1 Aveia preta 3717 B c 7331 A b Nabo forrageiro 4945 B bc 7410 A b Ervilhaca 7500 A a 8860 A a Sem resíduos 5380 B b 8294 A b Média 5386 7974

Médias não seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna diferem pelo teste de Duncan (p<0,05).

O incremento médio de produtividade com a adubação nitrogenada foi de 48%, correspondendo a um ganho em grãos de 22 kg ha-1 para cada kilograma aplicado de N. A

sucessão aveia/milho foi a que teve maior incremento por kilograma de N aplicado (30 kg ha-

1), seguido do tratamento sem aporte de resíduos (24 kg ha-1) e da sucessão nabo/milho (20 kg

ha-1). Considerando apenas a sucessão ervilhaca/milho, esse ganho foi de apenas 11 kg ha-1, o que significa que a adubação nitrogenada no milho pode ser mesmo reduzida quando a ervilhaca for a cultura antecessora ao milho, como sugere a CQFS-RS/SC (2004), mas deverá ser reforçada quando for em sucessão a resíduos de alta relação de C/N, como a aveia preta.

A sucessão aveia/milho e nabo/milho, apesar de terem incrementado sua produção, respectivamente, em 97 e 50%, com a adubação nitrogenada, não alcançaram o valor obtido na sucessão ervilhaca/milho sem N (7500 kg ha-1 de grãos). Andrada et al. (2000)

encontraram uma diferença na produtividade em torno de 2,2 Mg ha-1 em favor da sucessão ervilhaca/milho, quando comparada com a sucessão aveia/milho e pousio/milho. Na média de dois anos, foi necessário aplicar 150 kg ha-1 de N no milho em sucessão à aveia preta para alcançar a produção de grãos obtida com 60 kg ha-1 de N na sucessão ervilhaca/milho.

Quando o milho foi semeado em solo, sem nenhum tipo de resíduo de cultura de cobertura, obtiveram-se produtividades superiores, quando comparado aos tratamentos com aveia e nabo, sem e com adubação nitrogenada complementar. Estes resultados reforçam a idéia de que resíduos com maior relação de C/N como os de aveia preta (C/N ± 49) e nabo forrageiro (C/N ± 30) podem reduzir a produtividade de milho e refletem os benefícios da utilização de leguminosas como a ervilhaca (C/N ± 17), como cultura antecessora. Resultados de pesquisa de Muzilli (1981a) em um experimento sobre sistema de manejo e rotação de culturas implantado em Carambeí-PR, em 1976, já mostravam claramente a deficiência de N no tecido foliar do milho e do trigo, quando a seqüência de culturas era predominantemente constituída de gramíneas (milho/trigo/milho). Posteriormente, Derpsch et al. (1985),

trabalhando com diversas coberturas verdes de inverno, mostrou que as leguminosas, antecedendo a cultura do milho, proporcionaram maior produtividade de grãos do que as gramíneas.

Apesar do evidente efeito positivo da sucessão ervilhaca/milho, apresentado por vários estudos, tem-se procurado entender melhor os benefícios dos resíduos de ervilhaca na produção de milho, além do fornecimento de N, uma vez que recuperação de N-ervilhaca varia entre 10 a 27% (ver Capítulo IV), sendo que há trabalhos que têm observado respostas à adubação nitrogenada complementar na sucessão ervilhaca/milho (BONGIOVANNI, 2001; SILVA et al., 2006).

Analisando a quantidade de N mineral no solo (Figura 8), verifica-se a variação na disponibilidade de N ao longo do ciclo do milho, basicamente em função da qualidade dos resíduos, da adubação nitrogenada complementar e da provável absorção pelas plantas; ambas variáveis correlacionadas e condicionadas pelos processos microbiológicos e condições climáticas momentâneas. Quando se correlacionou o conteúdo de N mineral do solo em diferentes fases fenológicas da cultura do milho com a produtividade, encontrou-se elevado índice de correlação e significância com o N disponível nos primeiros 20 dias após a emergência das plantas de milho, indiferentemente do ano avaliado ou da dose de N aplicada. Nas demais fases (4 a 6 folhas e 7 a 9 folhas), encontraram-se menores correlações e não significativas (Tabela 7). Apesar da fase inicial do milho (até 3 folhas) não ter grande capacidade para absorver elevadas quantidades de N, decorrente de seu reduzido porte, níveis elevados de N mineral no solo durante esta fase parecem ser preponderantes para a obtenção de elevadas produtividades de grãos (NOVAIS, 1974; COELHO; FRANÇA, 1995; FANCELLI; DOURADO NETO, 1996; YAMADA; ABDALLA, 2000; GARCIA, 2005; SILVA et al., 2006).

Tabela 7 – Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre o conteúdo de N mineral do solo e a produtividade de grãos em três estádios fenológicos do milho.

Safra 2003/04 Safra 2004/05 kg ha-1 de N aplicado

Estádios Período

0 120 0 120

Até 3 folhas 1 a 20 dias 0,99 * 0,92 *** 0,98 ** 0,90 *** 4 a 6 folhas 21 a 40 dias 0,78 ns 0,79 ns 0,50 ns -0,42 ns 7 a 9 folhas 41 a 60 dias 0,13 ns 0,70 ns 0,63 ns -0,65 ns 1 Considerando a média de N mineral em kg ha-1 da camada de 0 a 20 cm nos tratamentos com nível de 6 Mg ha-1 de resíduos de aveia preta, nabo forrageiro, ervilhaca e sem aporte de resíduos. 2 Período em dias após a emergência do milho. 3 * p<0,01; ** p<0,05; *** p<0,10,

Comparando os diferentes níveis de resíduos, na média dos dois anos avaliados, não houve diferença significativa na produtividade de milho com ao aporte crescente de resíduos, principalmente, quando foi aplicado N fertilizante complementar (Tabela 8). Entretanto, sem aplicação de N, observam-se tendências associadas à qualidade e à quantidade de resíduos aportados ao solo. O aporte de 9 Mg ha-1 de MS de aveia proporcionou a redução da produtividade em 708 kg ha-1 (17%), quando comparado com o aporte de 3 Mg ha-1 de MS. Já o maior aporte de resíduos de nabo forrageiro e ervilhaca promoveu pequenos incrementos na produtividade (± 22%), mas não houve diferença estatística. Com adubação nitrogenada, praticamente não houve diferença entre os aportes de resíduos. Apesar das tendências de redução ou incremento da produtividade com o aporte crescente de resíduos, os resultados sugerem que a quantidade de resíduo não deva ser um fator complementar no estabelecimento das recomendações de N a serem aplicados na cultura do milho como propõe a CQFS/RS-SC (2004).

Tabela 8 – Produtividade de milho obtida em sucessão a diferentes níveis de resíduos de culturas de cobertura de inverno. Médias de 2003 e 2004. Níveis de resíduos (Mg ha-1) 0 3 6 9 Média Sem aplicação de N kg ha-1 Aveia preta 4091 3678 3383 4133 b Nabo forrageiro 4399 5075 5362 5054 b Ervilhaca 5380 6597 7912 7992 6970 a Média - 5039 5555 5579 Com 120 kg ha-1 de N kg ha-1 Aveia preta 7133 7276 7585 7572 b Nabo forrageiro 7244 7574 7412 7630 b Ervilhaca 8294 8530 8663 9386 8718 a Média - 7636 7838 8128

Médias não seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna diferem pelo teste de Duncan (p<0,05). Em ambos os anos avaliados, os níveis de resíduos não foram significativamente diferentes (p<0,05).

6.6 Conclusões

1. As quantidades de resíduos aportadas não influenciaram significativamente a disponibilidade de N mineral no solo.

2. As oscilações de disponibilidade de N no solo estão associadas à qualidade do resíduo antecessor e condicionadas às condições climáticas momentâneas.

3. Os resíduos de nabo forrageiro e, principalmente, de aveia preta promoveram imobilização temporária de N nos primeiros meses após o manejo, com liberação tardia e parcial, a partir da fase de florescimento do milho.

4. Os resíduos de ervilhaca proporcionaram elevado incremento na disponibilidade de N, coincidindo com fase inicial de desenvolvimento da cultura do milho, favorecendo a produtividade desta cultura.

7 CAPÍTULO III – ABSORÇÃO DE NITROGÊNIO E PRODUTIVIDADE

DE MILHO EM FUNÇÃO DA QUANTIDADE DE RESÍDUOS

APORTADOS AO SOLO SOB SISTEMA PLANTIO DIRETO