• Nenhum resultado encontrado

7 - Modelo Teórico – Atividades Neoacadêmicas - Vivenciais

7.1. Atividades Neoacadêmicas Vivenciais

7.1.5. Materializando o Referencial Teórico

É a parte sã de cada um que vem à tona e, em seu esplendor, ofusca a parte doentia. A dúvida cede espaço para a solução.

Como, adequadamente citado por Ruth Cavalcanti ( 81 ), sintetizando o psicólogo Cezar Wagner, que o Princípio Biocêntrico ultrapassa o cenário ou pano de fundo holístico, a tendência de o todo manifestar-se na diversidade e esta, por conseguinte revela, em sua potencialidade, o todo:

“ - Arremete-nos para uma percepção diáfana da vida, manifestada hierofanicamente em todas as coisas e só é possível de ser abarcada pela vivência integradora, lugar de pulsação imanente, transcendente. A grandeza da vida encontra-se no cotidiano, no trabalho, no prazer, no encontro entre as pessoas, na luta contra toda forma de opressão, na aceitação plena dos corpos desnudos entre estrelas. Não é uma atitude passiva frente à realidade e sim ativa, criativa, corajosa e amorosa: toma como referência não os valores de uma cultura, mas o sentir-se vivo com o sentido maior de nossa existência e da vida coletiva.”

E., como pontifica Toro:

“ – O desenvolvimento evolutivo se realiza à medida em que os potenciais genéticos encontram opções para expressar-se através da existência. Podem ser obstruídos ou estimulados ao entrar em contado com o meio ambiente ...”

como que uma “volta à natureza”, mediante a “volta à nossa natureza interna”. Ou de outra forma, tomando-se a natureza como cenário, ribalta e protagonista e seus mecanismos como script ou referência, pretende-se criar as condições ideais para que se possa sensibilizar e facilitar a conexão saudável de cada um, com todas as suas dificuldades e potencialidades específicas, com os elementos internos e externos constitutivos do Ser integral.

E esse retorno, no plano tangível, abrange um “passeio” de reconhecimento dos múltiplos espaços, internos e externos, como se antevê nessas imagens que se seguem de vivências de reencontro com esse Ser Integral:

* no espaço físico externo percorrem-se a Mandalas de Pedra (grandes círculos concêntricos, delimitados por pedras, à semelhança das Távolas Redondas e no meio das quais há uma espaço onde o fogo crepita e amplia quando cada um lança seus gravetos) e a Mandala de Tijolos (grande círculo de tijolos, organizados de tal forma a reproduzir o Big-Bang do Universo), áreas iniciáticas, onde se celebra o universo nos movimentos em câmara-lenta circulantes e ondulatórios e que e introduzem a harmonização do Tai Chi Chuan e onde evolvem serpenteando energias e sonoridades nas rodas sagradas e xamânicas e se queimam na fogueira as “vaidades, os vícios e as inseguranças” e se iluminam, com o fogo ardente, os novos destinos de cada um;

* no Quiosque de Cerâmica, (espaço onde se manipula e se experencia o contato direto com o barro) onde se plasma na argila, um novo Ser que se extrai de si, a criança divina adrede abortada e que, no consistente continente de um amplexo compreensivo de que todos inconteste participam, se sente segura para nascer;

* nos espaços de intimidade, na ante-câmara do Ofurô (banheira de madeira que lembra uma barrica e que pode ser utilizada coletivamente em cerimônias de transe e surto de renascimento) para que todos sejam induzidos a untar-se de lama, inteiramente, sem repulsa e sem auto-censuras, lama que remete à gênesis e que viscosa, aos poucos se estende entre todos e a tudo tocando com sua viscosidade e volúpia de forma a não se

saber onde começa um e termina o outro, que agregados permanecem por instantes num mesmo útero prenhe, protegidos de tudo pela coesão da união e do qual se quer dele delivrar, num segundo momento, expelindo-se na direção do canal que dá retorno ao mundo, e a plenos pulmões poder gritar e manifestar todo desconforto de que se é capaz, chupar os dedos avidamente e chorar convulsivamente a plenos pulmões, em de regressão ou surto profundo, que só vem à tona em situações de transe de transcendência sob controle profissional, mas que posto para fora, permite experiência inesquecível e o reencontro breve de equilíbrio natural perdido, contando com o continente e o afago grupo de natureza incondicional;

* para meditar e entoar seus mantras (sons repetitivos com palavras com significado de libertação e aproximação com o Divino) e mentalizar seus Yantras (ideogramas, ou desenhos da escrita em chinês, japonês ou sânscrito, que são realizados mentalmente pelos circunstantes, enquanto entoam mantras), na Capela do Pequizeiro, para assentar nos recantos alhures espalhados e passear pelas pastagens permaculturadas em paisagismo de recolhimento, em convívio com emas e outros animais que traduzem o afeto pela natureza e pelos seus gnomos, duendes e elementais;

* para em seguida percorrer as trilhas do Bosque da Reserva, assentar-se em roda para olhar uns nos olhos do outro, sem culpas e sem ânsias, sob o olhar maior de Ísis, a Mãe Natureza;

* para se deixar banhar de águas tépidas vindas dos lençóis emendados das Águas Emendadas que brotam nas entranhas e fraturas dos cristais de rocha que a deixam jorrar em burburinho, afluir à superfície e que trazem o emblema da união de bacias que derivam e percorrem todo o território nacional e para lá levam essas tais harmoniosas vibrações que vicejam em suas nascentes, balsamizando as terras à jusante;

* para observar a placidez nas tardes das lagoinhas onde voam e pousam as araras e saciam a sede, os micos, cágados, tatus e preás...

Enfim, essa busca do caminhar externo, que leve a um caminhar interno, onde aflorem os fragmentos que precisam ou anseiam se reintegrar, aspectos sobre os quais cada um possa vir a trabalhar na sua grande jornada ...

Nesse esforço, eivado de prazer, deleite, emocionalismo e vezes, catarse, esses processos orientados de êxtase, íntase, transtase, homeostase 83 estão sempre associados, e realizados individual e coletivamente.

Tem-se tempos de trabalho, e aqui há que se problematizar o sentido do trabalho para que não se adentre a velha divisão capitalista de tempo de trabalho e tempo livre para repor energias. Isto vale para romper dualidades, propiciando integração do trabalho mecânico, no sentido físico, que surge integrado ao conceito de massa e dissipação de energia. Todo trabalho é válido, especialmente o construído no sentido de torná-lo menos cansativo, repetitivo e motivo de exploração capitalista.

Mas, vislumbram-se tempos de trabalho de qualidade, entremeados com tempos livres para refletir, nutrir-se com comida caseira e saudável, para descansar nos quartos, nas redes, junto à piscina, fazendo sauna ou ofurô, trabalhando com argila, esculpindo a pedra bruta, colando, meditando no nicho de antenagem no salão de vivências, no mirante ou na capela do pequizeiro, desenhando, pintando, cantando, brincando e celebrando a vida ...

tudo sob orientação ou facilitação dos Terapeutas, suavizados em ritmo o mais Zen, cada um literalmente “estando naquilo em que se esteja”, dentro de uma possível perspectiva de aliviar cada pessoa e o grupo como um todo, das tensões, do estresse, especialmente daqueles que chegam literalmente “perdendo as chaves” gritando que nem “araras vermelhas” (quando se espantam com o barulho do motor de popa que singra o Amazonas)

83 Êxtase – Salto de euforia mística, para fora, para o alcance de níveis mais elevados de percepção, decorrentes do vislumbre de luzes que vêm de fora (contemplação do Sol, da Lua, etc.); Íntase, entende-se por processo no qual se introjeta a sensação de euforia, e o vislumbre de luzes é absolutamente interno, como nos estados meditativos; transtase, é um processo conhecido na biodanza pelo qual os neuro-transmissores, por decorrências de impulsos adequados (música suavizada, ritmos orgânicos de batimento cardíaco, vozes sussurrantes, e outros efeitos conduzidos pelo facilitador), produzem substâncias (morfina, endorfina, e outras) que permitem a alteração do estado perceptivo, com saldo de qualidade para um estado mais profundo. Na Homeostase, há um processo de inter-trocas e sinergia de energias positivas entre as pessoas, que se encontram num mesmo nível perceptivo aguçado, de forma correlata ao que ocorre na osmose.

e contaminados com as pressões urbanas e são trabalhados para saírem cantando como

“cotovias” e tão garbosos como as “araras amarelas e azuis”.

7.1.6. Instrumentação com Teatro e Comunicação - Artes nos