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6. Concelho de Castelo de Vide

06.05. Mato da Póvoa – Mosteiros

CMP 325 / CNS 483230, 5800231 e 10315232 / N 39º 30’ 53.0’’ / 7º 32’ 52.8’’

/ Terreno / Santuário (?)

Um sítio vertiginoso, porque no carrossel de subidas e descidas vamos sempre encontrando novas estruturas e uma infinidade de pedras, de cerâmicas, de memórias abandonadas pela história. E no topo, o Olimpo: uma vista arrebatadora e um panorama que sobre ‑eleva toda a envolvente. Portanto, é uma tarefa complexa, a de descrever o sítio de Mosteiros, porque é um verdadeiro tell onde, da base para o topo da elevação somos continuamente surpreendidos por núcleos de vestígios materiais. Curiosamente, a maior parte dos elementos escapou a Conceição Rodrigues, que apenas refere o forno cerâmico e as construções medievais233. Mas já Leite de Vasconcellos visitara o

local: “Quanto ao caracter das ruinas, não havia duvida que elas eram romanas. A sua extensão é que era muito grande para que pudesse ser explorada de repente; talvez ocupem uma área não inferior a quatro hectares.234” Em devido

230 Referente ao forno.

231 Registado como “Tapada de PaiAnes”. 232 Como “Villa romana dos Mosteiros”. 233 Rodrigues 1975: 139 ‑145.

lugar235 já tive ocasião de expor os dados que sustentam a minha convicção

de ser aqui o local de proveniência da ara de P. Carminivs Macer, situação deduzida a partir do texto vasconcelliano e de uma passagem em epístola do seu correspondente local, o Dr. Basso: a restante [epígrafe] no Mato da Povoa ou Pai

Anes236. O próprio “mandou fazer pesquisas cautelosas, com intuito de averiguar

qual a extensão que ocuparia a «mouraria», e qual o caracter d‘esta: e, com tanta sorte, que descobriu o seguinte: a ara a que ha pouco me referi; o anverso de uma lucerna (candeia), de barro, no qual se vê a figura de Mercurio; muitos

lateres (tijolos), fragmentos de dolios (potes); uma asa de anfora; dois fustes de

colunas, graniticos; pedaços de opus Signinum (formigão), e de imbrices (telha curva).237” Por via desta referência, o sítio entrará em inventários posteriores238.

Será também referido em breve passagem de Mário Saa: “Transposta a Póvoa, atinge, 3 km depois, os Mosteiros, campo de ruínas que, na tradição local, andam atribuídas a destruído convento. Mas são ruínas de idades e épocas várias, principalmente da romana: vasta e densa dispersão tègular, com todo o mais material daquelas específicas construções. Paredes grossas e rijas, empedernidos alicerces, segmentos de condutas de água, fragmentação de pavimentos a cores, silos subterrâneos.”239 Outra referência é feita por Jorge de Oliveira, importante

por dois aspectos: é então que pela primeira vez se alude à interpretação do local como um templo e porque refere a existência de materiais romanos na escavação do monumento megalítico da Tapada dos Matos240. Todavia, apesar da

exuberância dos vestígios, nunca merecerá um olhar atento até que em trabalho académico recente Mário Monteiro (2002 ‑2003) procede a uma cuidada descrição dos núcleos estruturais, quer com base em impressões de terreno muito rigorosas, quer através de um exaustivo levantamento de informações orais. São estas que também permitem perceber o ritmo de delapidação do sítio, inclusive com recurso a detectores de metais. De referir ainda que, no monte de Mato da Póvoa, está uma coluna e um capitel de granito aqui recolhidos, elementos arquitectónicos que se somam a um outro capitel em mármore, actualmente depositado no GACV, mas com uma cronologia muito tardia241.

235 Carneiro, 2009 ‑2010.

236 Correspondente nº 2998, carta 1756, sublinhado original. 237 Vasconcellos, 1930 ‑1931: 178.

238 Gorges, 1979: 464 ‑465; RP 6/35 (entrada PaiAnes) e 6/36 (entrada Mosteiros) 239 1967: 190. O autor diferencia o sítio de Mosteiros do “alcarial romano” de Paio Anes [sic]. 240 1997: 478 ‑479, menção a “templo”, uma “ampla estrutura quadrangular” onde foram descobertos “fragmentos de mosaicos policromáticos” na nota 3. A anta contígua, da Tapada dos Matos, revelou na sua escavação materiais como “uma fíbula, várias moedas, fragmentos de peças de vidro e de sigillata clara” indicando, se não um enterramento, pelo menos “que os romanos a visitaram”.

241 Mário Monteiro (2003: 47) aponta várias opiniões que unicamente coincidem no facto de ser um exemplar tardio, oscilando todavia entre o século VIII e o IX. Adianto que, de acordo com a figura publicada, aproxima ‑se do de Vale da Bexiga ou o exemplar de Mosteiros (Crato).

O primeiro elemento a notar é a óbvia proximidade a um caminho romano, o mesmo que transita por Poço de Marvão, Ponte Velha e Póvoa e Meadas e que, para oeste, servindo de limite administrativo dos concelhos, corre em direcção ao povoado da barragem. Uma azinhaga larga, com marcas de rodados e pendentes muito suaves. Resulta também evidente da leitura do trabalho de Mário Monteiro que a área envolvente se encontra repleta de sepulturas escavadas na rocha e lagaretas. Chegados ao sítio, a impressão imediata centra ‑se na imponência da elevação, grande massa de terreno que assinala o contacto entre o complexo xisto ‑grauváquico com a mancha de granitos. O pequeno curso de água que daqui emana parte de uma fonte de mergulho, possivelmente de fábrica romana, que tem tradição salutífera de “fonte das águas santas”. Aqui se encontram as estruturas conhecidas como os Mosteiros, de construção medieval embora em lintel de uma porta se encontre a gravação de 1725. De acordo com as fontes consultadas por Mário Monteiro242 não

existe qualquer referência à existência de uma estrutura monástica aqui situada, faltando, neste como em tantos outros sítios, um levantamento documental de arquivo que seja exaustivo.

É extremamente complexo realizar uma descrição dos numerosos núcleos, mais a mais sem um levantamento topográfico que urge realizar antes que mais informação se perca. De qualquer forma, da base para o topo encontram ‑se três grandes núcleos. Sigo o ordenamento e numeração de Mário Monteiro, com algumas indicações adicionais.

Conjunto da base, articulado em torno de uma plataforma artificial que se ergue entre 3 a 4 metros de altura, quebrando a pendente da encosta:

E1 – Na base, no extremo oeste. Estrutura rectangular com aproximadamente 2x2,5 metros terminando em nichos circulares a Este, com cerca de 90 cm de diâmetro, revestidos a argamassa com pinturas a ocre. Atribuídos a uma estrutura termal.

E2 –o conjunto mais complexo: a norte, três estruturas muito próximas, uma delas erguendo ‑se com aparelho de opus latericium solidamente unido por uma argamassa muito compacta e branca. Formam uma estrutura em tripla ábside, forrada a mármore branco, conservada com altura máxima de um metro.

P1 – Área sobre ‑elevada, com muitos blocos de granito no seu interior. Seria aqui que se encontraria o mosaico que foi identificado e fotografado na década de oitenta antes de ser destruído pelo proprietário.

E3 ‑ Estrutura em opus caementicium já muito destruída, interpretada como pertencente a um aqueduto ou estrutura de condução de águas.

C1 –mais próximo da base e da linha de água. Duas estruturas, uma medieval, idêntica às outras casas dos “Mosteiros”, que cavalga em parte (porque a de base é de maiores dimensões) uma estrutura de fortíssimo embasamento.

A mais recente reaproveita vários silhares, enquanto a da base é de um opus fortemente argamassado.

E4 – forma parte do núcleo este da base. É uma construção dos “Mosteiros”, portanto medieval ou posterior, formada por vários silhares, alguns almofadados. É aqui, no lintel da porta, que se encontra a inscrição “1725”. Os muros que afloram nas suas imediações, e as oscilações do relevo, indicam que existem estruturas no subsolo. É possível, como indica Mário Monteiro, que houvesse por aqui um recinto murado delimitando a parte edificada, e a entrada actual da estrutura de algum modo perpetuasse o antigo ponto de passagem.

E5 – Troços de muros que prolongam o anterior recinto para norte e sul. Claramente romanos. Um deles, com mais de meio metro de altura, tem na base uma meia ‑cana na união do pavimento.

F – A já referida fonte de mergulho com água permanente. Nas proximidades encontra ‑se um alinhamento de pedras desmanteladas (um paredão de barragem?).

T – Tanque rectangular com 2,5 por 3 metros, próximo da fonte, à qual está unida por um canal. Os silhares envolventes indicam que as paredes foram partidas para que o gado tivesse acesso à água. A hipótese de Mário Monteiro de aqui se situar um castellum aquae, de onde poderia partir um aqueduto, deve ser considerada, mais do que a interpretação como banho termal, manifestamente inadequada face à robustez das paredes e pequenas dimensões do interior.

E6 – Estrutura rectangular com 1,30 por 0.90m, de função indeterminada e que emprega uma laje de xisto envolta na argamassa do aparelho.

P – Poço quadrangular com 2,8 por 2,8m em aparelho de blocos de granito. Forno – De planta quadrangular com 5,55m de cada lado. Referido por Conceição Rodrigues, foi escavado de forma voluntarista em 1982 pelo GACV, sem que fossem realizados relatórios. Não subsiste nenhuma ideia sobre que materiais foram aqui produzidos, embora se refiram doze pesos de tear encontrados no seu interior. O depósito de rejeitados ou resíduos permanece por identificar. Nas imediações foram encontrados indicadores que configuram a existência de uma área artesanal: escórias de ferro e chumbo e uma possível bigorna, em zona com muitos fragmentos de cerâmica de construção. Quanto ao forno, surpreende pelo excelente estado de conservação na altura em que foi identificado. Estrutura típica, com uma câmara de combustão curta, de corredor central e seis arcos em tijolo. Grelha em opus caementicium com linhas de agulheiros arredondados onde se encontraram tampas de argila com impressões digitais. Entrada do

praefurnium rectangular, delimitada por silhares de granito. Paredes revestidas

a argamassa argilosa, decorada com largas incisões formando uma retícula. Pelos poucos vestígios de utilização, levanta ‑se a hipótese de ter funcionado durante um curto período de tempo.

P2 – Tapete de pavimento em opus signinum, talvez com 8 por 5 metros, ligeiramente sobre ‑elevado em relação à envolvente, e servindo de base para um moroiço onde estão várias pedras aparelhadas. Aqui a encosta quebra o declive, tornando ‑se em larguíssima plataforma artificial onde sobressai um podium com 20 metros de comprimento delimitado por dois largos silhares de granito em cada extremidade. A frente do podium por vezes aflora à superfície ou espreita sob as raízes das azinheiras. Daqui se desfruta um amplíssimo panorama, incluindo o conjunto da base e a anta e que abrange todo o vale.

C2 – A construção anexa emprega variados elementos de construção no seu aparelho. Silhares, uma soleira de porta embutida na verga que separa os dois compartimentos interiores e um fragmento de coluna em granito junto à parede sul.

No topo da elevação:

E7 – Conhecido como a “Torre”, é uma enorme estrutura que aflora em meio a uma elevação artificial com 3 a 4 metros de altura em relação ao solo envolvente. Tem um rectângulo interior de blocos de pedra fragmentados, formando um outro podium ou um embasamento rodeado em três frentes (excepto a este) por meias ‑canas de um opus caementicium extremamente forte, com pedras de médio calibre e uma argamassa muito pura (branca), com meia‑ ‑cana de cerca de 30cm de altura, parecendo formar um espelho de água em três lados, espaçada a cerca de 1 metro da estrutura central. O total da estrutura não tem menos de 15 metros. Na base é referida a antiga existência de uma calçada que rodeava toda esta estrutura e que foi desmontada, razão pela qual se encontram tantos blocos de granito nas imediações e nos muros de separação de propriedade. Mais abaixo, uma plataforma de perímetro circular, a C6. Neste topo existem notícias de achados de ossos, razão pela qual foi proposta a existência de um mausoléu familiar. Mário Monteiro relaciona esta estrutura com um torre que procedesse à vigilância sobre as Terras de Azafa, mas a construção é romana. Em primeiro olhar, parece tratar ‑se de um espelho de água, delimitado pelo

opus e a meia ‑cana, que definiria um tanque de um metro de espessura que

emoldurava a estrutura central, talvez um templo. A panorâmica abrangente é dominadora, embora a elevação não tenha destaque quando avistada de longe.

Necrópole – A cerca de 400 metros para Norte, junto ao ribeiro. O único indicador conhecido é a descoberta acidental de uma urna de chumbo com incineração no seu interior, exumada no interior de uma cavidade com paredes em xisto e planta rectangular243. É difícil determinar o seu recheio, pois o

GACV deparou ‑se com o achado já removido e disperso, mas as informações orais recolhidas por Mário Monteiro apontam para uma ou duas moedas, pelo menos dois recipientes cerâmicos e um de vidro. Aparentemente, cinco lucernas são provenientes do seu interior. Resta saber se se trata de um enterramento

isolado, o que é pouco provável, pois mencionam ‑se fragmentos de cerâmica de construção e de opus signinum na zona. Mário Monteiro244 aponta para uma

cronologia de meados do século III ou inícios do IV, o que faria desta sepultura um exemplo tardio do rito de incineração. Relembre ‑se ainda que são muito raras as urnas de chumbo no território actualmente português, sendo esta a única conhecida no Alto Alentejo.

*

Em resumo, e com tão extenso conjunto de indicadores materiais, o que se pode dizer sobre Mosteiros?

Desde logo, o óbvio: trata ‑se de um dos grandes sítios arqueológicos do Alto Alentejo, infelizmente em acentuado processo de delapidação.

Existem alguns componentes inusuais, que devem ser atentamente considerados. Um reside no campo estrutural: toda a elevação está pontuada de construções, progressivamente mais imponentes à medida que procedemos à ascensão para a cota mais elevada. Se o conjunto que temos na base apresenta alguma componente sacra – a fonte, o conjunto monástico – o quadro global pode ser interpretado como uma villa: notícia de mosaicos, um edifício que parece representar uma sala de tripla abside, estruturas relacionadas com o armazenamento e condução de águas, espaços identificáveis com uma pars

rustica. Todavia, o que está mais para cima já não é uma villa assumindo, pela sua

monumentalidade, integração paisagística e cariz dominador, uma componente sacra. E aqui é indispensável fazer a relação com a dedicatória de P. Carmivs

Macer, peça ‑chave neste contexto, feita a uma divindade inominada, o que indica

tratar ‑se de um entidade tópica. A epígrafe sempre foi encarada neste âmbito, já desde a primeva notícia feita por Leite de Vasconcellos, mas o que se torna necessário esclarecer será ou o cariz privado (no âmbito de um lararium ou templo de uma villa), ou se dentro de uma estrutura cultual pública se integrava – um santuário na verdadeira acepção da palavra, um espaço de devoção agregador das comunidades em redor. Neste aspecto, o impressionante volume da massa edificada deve ser tida em consideração: o podium panorâmico a meio da encosta e a estrutura emoldurada por um espelho de água que se encontra culminando a elevação, não parecem ser edifícios de âmbito doméstico, por muito sumptuoso que este pudesse ser. Não há aqui uma estrutura contínua de edifícios, mas núcleos que vamos encontrando ao subir da encosta, como se de um corredor processional se tratasse. De resto, corresponde a um modelo já conhecido, o dos santuários de

terraços, espaços nucleados onde decorrem festividades e cerimónias de culto.

É então de excluir a existência de uma villa? Neste aspecto os dados não são claros. Na base poderemos ter uma estrutura desse âmbito, como já foi referido no início desta argumentação. Mas invertamos a perspectiva: a villa poderia estar na outra margem da ribeira, em PaiAnes, em ponto ainda não identificado,

e aqui teríamos um recinto, delimitado pelo talude visível a este e com a entrada onde se encontra hoje a porta com a inscrição “1725”. Entrando para o recinto poderíamos ter jogos de água, ou tanques para banhos rituais ou de purificação. As estruturas existentes não podem ser interpretadas no ponto actual dos conhecimentos, mas correspondem a espaços de reunião ou de âmbito sagrado, reforçadas por zonas de actividades produtivas relacionadas com a função sacra, ou com actividades comerciais em momentos de festividades, corporizadas nas possíveis forjas e no forno, de resto com sinais de esporádica utilização.

Para finalizar: não é possível saber, neste momento, o que terá sido Mosteiros. Certos são os sinais de uma inequívoca romanização ou, dito de outra forma, de fortes índices aquisitivos. O tria nomina epigrafado é um desses sinais, como também a urna de chumbo, a variedade de tipos de terra sigillata dados a conhecer por Mário Monteiro ou o elevado número de lucernas. Este pode ser mais um indicador de função sacra, pois é sabido que o objecto ‑lucerna é mono ‑funcional, apenas servindo para iluminação de ambientes, seja nos espaços de vivência, de celebração religiosa ou no sentido metafórico na deposição funerária, como elemento psicopompo que clareia a viagem no domínio das trevas. A ocorrência de sete lucernas neste sítio arqueológico (quatro ou cinco na urna) é um padrão anormal, pelo excesso, face ao conhecido na região. É certo que os materiais visíveis à superfície são escassos e pouco expressivos – maioritariamente cerâmica de construção e alguma comum – mas tal pode dever ‑se à boa qualidade de preservação de níveis arqueológicos pouco remexidos (apesar das acções furtivas recentes). Relembro que, mesmo em época romana, a coabitação entre residência privada e estrutura cultual pública existia, e nesse sentido não existiam exclusões ou territórios separadores245.

A componente sagrada é evidente, e neste âmbito Mosteiros é um marco referencial na geografia religiosa da região, sendo desde logo necessário identificar o teónimo respectivo, não explícito na invocação epigrafada. Santuário ou complexo cultual, parece ‑me fora de dúvida, mas não elimino a hipótese de uma estrutura residencial associada, embora me pareça preferível situá ‑la em PaiAnes, na margem oposta da ribeira (embora aqui os dados sejam escassos). Pelos argumentos apresentados, não fica claro que no sítio em causa exista efectivamente uma villa, parecendo ‑me que, a existir, não seria só uma villa.

Seja o que quer que tenha sido, Mosteiros é um dos grandes complexos

arqueológicos do Alto Alentejo.

Outras referências: Proc. IPPAR 4.05.009; Processo IPA 2003/1(144); RP 6/36; TIR J ‑29: 113.

245 Relembro a nota 89 em Carneiro, 2009 ‑2010: na Epistola IX.39 de Plínio ‑o ‑Jovem ficamos a saber que em uma sua propriedade existia um templo a Ceres com duas estruturas separadas por uma estrada: de um lado o templo privado, do outro um espaço público porticado, para descanso e orações dos viajantes, estando ambos situados dentro da sua estrutura fundiária. Aliás, com o decorrer do Império esta abertura de estruturas cultuais privadas ao comum visitante intensifica ‑se, de modo a funcionar como modelo de ostentação e auto ‑representação das famílias proprietárias.