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PARTE I: BALANÇO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFESSORES DO

I. 2. MATRIZ DE ANÁLISE

Nessa dissertação adaptamos a Matriz epistemológica12 utilizada pela pesquisa EPISTEF-NE para realizar a coleta dos dados bibliográficos, a fim atender as necessidades concretas desta investigação. Além disso, essa matriz se vale de técnicas informatizadas de planilhas eletrônicas do programa Microsoft Excel13.

Assim, os desafios metodológicos da pesquisa se colocam em responder nossa problemática, mantendo a coerência teórica, em virtude das produções a serem analisadas apresentarem uma diversidade de método, técnicas, teorias, formas de abstrações científicas e sistematização dos dados. Ademais, levantar a realidade requererá objetivar interesses, reconhecer limites e possibilidades, mediante instrumentais que permitem a reconstituição dos fundamentos lógicos que organiza e sistematiza dados de cada pesquisa, além de contribuir na análise dos pressupostos e a interpretação das tendências epistemológicas hegemônicas das produções estudadas.

Destarte, o processo de investigação se desdobrou da seguinte forma: a) mapeamento dos nomes dos professores extraído do site Faculdade de Educação da UFBA; b) acesso a plataforma Lattes para realização da caracterização, considerando: área de graduação; titulação da pós; IES de formação da pós-graduação Stricto Sensu; área do curso de pós- graduação Stricto Sensu; linha de pesquisa; agência de fomento, caso tenha tido bolsa; título da pesquisa; ano de defesa; orientador; c) levantamento das teses nos bancos de dados on-line;

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Segundo Silva e Sanchez-Gamboa (2014, p. 60-61), com o auxílio da Matriz Epistemológica, podemos identificar as relações entre os níveis, pressupostos e elementos histórico-sociais da produção em análise. Para tanto, inicia-se o processo de reconstrução da totalidade, a partir da produção concreta do conhecimento, sintetizada e manifestada nas pesquisas selecionadas para análise e ainda podemos utilizar como mediação, categorias abstratas, no caso, as tendências e correntes teórico-filosóficas, que geralmente sustentam a produção científica brasileira. Portanto, pelo fato de possuírem uma função metodológica essencial na construção do concreto, tanto os níveis e pressupostos de análise quanto às tendências e correntes teórico-filosóficas identificadas em estudos anteriores, funcionam como momentos de abstração.

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d) leitura e análise das teses, buscando identificar os dados apontados na matriz epistemológica; e) registro da leitura analítica, essa que será agrupada num processo de síntese progressiva e que tomaremos como referência a tabulação definida no Microsoft Office Excel considerando: nome de pesquisadores; título da pesquisa; autor/data; palavras-chave; objeto de pesquisa; problema/questão central; objetivo geral; relevância social; tese/hipótese; fonte de coletas das informações; técnicas de pesquisa; técnica de análise dos dados; principais conclusões; principais recomendações; critério de cientificidade; pressupostos ontológicos, gnosiológicos axiológicos e teleológicos; concepção de formação/educação; concepção de Educação Física; coerência interna; por fim, f) elaboração de sínteses teóricas, considerando as categoria: modo de produção, trabalho, produção do conhecimento, epistemologia e formação social brasileira para organização e exposição dos capítulos teóricos da dissertação.

Ademais, o protocolo da pesquisa para seleção e levantamento dos dados se divide em dois momentos. Primeiro, pela caracterização de pesquisadores identificando os seguintes elementos:

1. Código do autor: número para identificação da produção e de pesquisador;

2. Nome do autor: identificação do autor conforme apresentado na plataforma Lattes ou na produção;

3. Endereço do Lattes: extração dos dados sobre as atividades acadêmicas dos professores, considerando que atualização é feita pelos pesquisadores;

4. Área de formação: dado extraído do Lattes para identificação da formação-graduação de professores, na perspectiva de sabermos sob que área do conhecimento vem se formando os professores de Educação Física da UFBA;

5. Título da pós-graduação: dado extraído da plataforma Lattes para confirmação da formação do Stricto Sensu de professores;

6. IES Formadora: identificação das universidades que estão formando os professores de Educação Física que trabalham no curso de Educação Física da UFBA;

7. Grupo de pesquisa: identificação se o Pesquisador durante sua pós-graduação Stricto Sensu esteve vinculado a grupos de pesquisa;

8. Agência de fomento: permitirá reconhecer quais professores tiveram financiamento público para desenvolvimento de sua pesquisa;

9. Orientador: identificação de quem foi orientador da formação teórico-metodológico da pós-graduação Stricto Sensu do pesquisador;

Já o segundo momento do protocolo, será para decomposição e análise dos fundamentos lógicos das pesquisas, diz respeito aos seguintes campos:

1. Objeto de Pesquisa: o critério para analisar os objetos de pesquisa se dá pela necessidade de identificar e explicar no tempo histórico a ênfase em um determinado objeto. Essa identificação foi orientada pelo título da pesquisa e a união das palavras- chave, que nos permitiram estabelecer a relação da parte com a totalidade para compreender o que uma pesquisa está se propondo a estudar (LACKATOS e MARCONI, 1992, p.102).

2. Problemática/questão da pesquisa: esse campo de análise, dentro da lógica reconstituída, se apresenta como o fio condutor de qualquer pesquisa científica, considerando que é o grau de desenvolvimento da pergunta que vai delinear todo o caminho da pesquisa científica. Aqui, estamos buscando na análise, reconhecer se o problema levantado pelos pesquisadores parte de uma necessidade objetiva ou se fica no plano da vontade subjetiva. Assim, podemos compreender se a pesquisa é direcionada para o interesse vital de toda a sociedade, de um grupo específico de seres humanos ou de interesses individuais do pesquisador (SAVIANI, 2009, p.12-19). 3. Objetivo: é o campo da pesquisa que nos permite reconhecer para quê e a quem

pretende atingir com as suas formulações. A análise desse campo nos possibilitará revelar com que finalidade histórica a pesquisa foi produzida (SANCHEZ GAMBOA, 2013, p. 144- 146).

4. Relevância social: é a parte da pesquisa que justifica a necessidade histórica da produção de um determinado conhecimento científico, e quais as suas contribuições à sociedade. Assim, a análise desse campo é importante no processo de elucidação dos dados, para identificamos se a pesquisa é ou não socialmente relevante considerando as necessidades materiais dos seres humanos (SAVIANI, 2009, p. 17).

5. Tese ou hipótese: sendo a formação de uma possível resposta pelo pesquisador diante do problema levantado, a análise desse campo se justifica pela necessidade de reconhecer se o pesquisador está defendendo ou refutando alguma tese. Considerando ainda, que a defesa de uma tese ou hipótese é fundamental para compreender como o

autor está se posicionamento perante os problemas que estão colocados na realidade concreta (SÁNCHEZ GAMBOA 2013, p. 120).

6. Fontes: materiais de consulta e análise utilizados pelos pesquisadores para desenvolvimento da pesquisa, que pode ser caracterizada em: primárias, aquelas que são produzidas pelo autor em contato direto com o lócus da pesquisa: fotografias, filmes produzido pelo autor, relato de pessoas vivas; secundárias, os materiais realizados por outros que são utilizados para o desenvolvimento da pesquisa, sendo estes: documental – acervo público ou privado; bibliográfica – Imprensa escrita, meios audiovisuais, cartografias e publicações (SÁNCHEZ GAMBOA 2013, p 123-124; LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 174- 186).

7. Técnica de pesquisa: trata-se da forma como o pesquisador coletou os dados da fonte de pesquisas: 1) documental direta – documentação produzida pelo autor, a partir do lócus da pesquisa, como por exemplo, fotos, filmes, depoimentos, experimentos; 2) documental indireta – documentos oficiais, teses dissertações; 3) observação direta intensiva – após a observação o pesquisador aplica o questionário; 4) observação assistemática – ocorre sem uma preparação antecedente, o fato é casual e o pesquisador precisa de preparo para lidar com essa situação; 5) observação sistemática – parte de uma organização prévia com os devidos instrumentos de pesquisa; 6) observação não participante – o pesquisador não se integra a comunidade pesquisa, apenas observa sistematicamente; 7) observação participante – o pesquisador se integra ao grupo participando de todas as atividades; 8) observação Individual – realizada por um único indivíduo e interpretação; 9) observação em equipe – realizada coletivamente com diferentes observações para atingir um único resultado; 10) observação da vida real – o fenômeno ocorre no seu espaço específico; 11) observação em laboratório – o espaço é devidamente preparado para que não ocorra alteração nos resultados da pesquisa; 12) observação direta extensiva – utiliza-se de questionário, formulários, medida de opinião e de atitudes e de técnicas mercadológicas (LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 174-201).

8. Técnica de tratamento dos dados: é a forma como o pesquisador, no processo de elaboração do relatório, analisou e sistematizou os dados tais como: análise de conteúdo, análise epistemológica, análise do discurso, interpretação estatística, análise histórica, análise comparativa, análise funcionalista e análise estruturalista (LAKATOS E MARCONI, 1991, p. 81-85).

9. Principais conclusões: é a parte do todo que permite ao pesquisador a síntese dos resultados atingidos pela pesquisa. É importante destacar, que é na conclusão que a tese/hipótese é confirmada ou refutada de acordo a realização do processo de elaboração.

10. Principais recomendações: permite-nos analisar se o pesquisador formula alguma proposição para o objeto discutido. Estamos considerando, que numa pesquisa científica não basta constatar, é preciso apontar possibilidade de superação concreta da problemática abordada.

11. Concepção de ciência: considera-se um conjunto de conhecimento baseado em métodos e recursos, que formam um sistema determinado, a partir do movimento objetivo/subjetivo do ser humano que permite o estudo de certo objeto para a sua compreensão das múltiplas relações considerando método, técnica e teorias utilizadas (KOPNIN, 1972, p. 8).

12. Critérios de cientificidade ou de prova científica/critério verdade: trata-se da reprodução fiel do objeto na consciência enquanto reflexo da realidade. Considerando se o conteúdo objetivo (leis e propriedades) do objeto está posto em múltiplas dimensões. Trata-se de provar a verdade de forma direta, prática e material ou indireta a partir de teorias e lógicas (BAZARIAN, 1985, p. 132-133).

13. Projeto Histórico (teleologia): trata-se de identificar qual o projeto de sociedade ou organização que o autor defende, e quais as ações ideológicas, políticas e sociais são necessárias para a superação do modo de produção capitalista ou para manutenção do mesmo, considerando as atuais condições existentes (FREITAS, 1987. p. 123).

14. Concepção de Homem (ontologia): buscamos reconhecer como os pesquisadores sistematizam as suas compreensões sobre a existência e natureza do ser humano e a sua atuação no mundo concreto, bem como está expressa nas produções a relação entre ser e consciência (LOMBARDI, 2010, f. 134).

15. Axiologia ou lógica dos valores: o pressuposto parte da necessidade de analisarmos quais os valores políticos, ideológicos e sociais; como o ser humano deve se comportar; quais os valores materiais; em que direção está caminhando a humanidade; e quais as ações dos seres humanos com os outros que estão evidenciadas nas produções. (LOMBARDI, 2010, f. 145).

16. Concepção de Formação/Educação: estamos considerando enquanto critério para extração desse dado, o que os pesquisadores apontam como necessário para a formação humana na área da educação. E quais os princípios educacionais defendidos para a sociedade (SAVIANI, 2010, p. 13).

17. Concepção de Educação Física: trata-se do que os pesquisadores estão considerando enquanto objeto de estudo da Educação Física.

18. Coerência interna: no processo de articulação lógica entre os níveis teóricos, técnicos, metodológicos e dos pressupostos ontológicos, epistemológicos, axiológicos e teleológicos, buscaremos reconhecer se as pesquisas mantêm uma coerência interna ou não. Isto é, a compreensão do conceito do objeto na separação do conhecimento entre o essencial e o fenomênico para atingir a verdade (KOSIK, 1979, p. 14).

19. Teoria do conhecimento (gnosiologia): a partir da lógica reconstituída mediante a identificação da coerência interna, buscamos apontar qual a teoria do conhecimento que fundamenta o pensamento do pesquisador, bem como, como se dá o processo de conhecimento da realidade. Considerando assim, o estudo da essência do conhecimento, seu critério e a sua validade (BAZARIAN, 1985 p. 41).

O protocolo permitiu coletar os dados conforme a necessidade da pesquisa. Assim, na próxima seção trataremos de expor a caraterização dos professores efetivos que trabalham no curso de Educação Física da UFBA, bem como a análise dos supostos epistemológicos do material decomposto das 13 Teses.