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2. ALGUMAS QUESTÕES TEÓRICAS

2.2 Questões relacionadas com as obras de referência para questões linguísticas (incluindo

2.3.2 Maximização da usabilidade

A usabilidade é uma dimensão secundária, mas crucial para que a interação entre qualquer plataforma, ferramenta ou produto e o utilizador seja bem-sucedida. Segundo a norma ISO 9241-11, a usabilidade é definida como «extent to which a system, product or service can be used by specified users to achieve specified goals with effectiveness, efficiency, and satisfaction in a specified context of use» (ênfase meu).12. Assim sendo, a utilização de qualquer produto, mas neste caso, da ferramenta terminológica, surge de uma necessidade anterior, de um estado de desconhecimento, para atingir um objetivo posterior, um (novo) estado de conhecimento: «usability means that the people who use the product can do so quickly

and easily to accomplish their own tasks» (Dumas & Redish’s, 1999: 4 apud Byrne, 2006: 98).

No entanto, como afirma Byrne (2006), a usabilidade é um conceito relacionado com a forma como os utilizadores fazem uso da informação, não devendo ser confundido com a utilidade dada à informação apresentada, que é de inteira responsabilidade do utilizador: «Usefulness refers to the potential use users can find for something whereas usability refers to how users can use it» (Byrne, 2006: 97).

Detenhamos-nos agora na questão que podemos referir como “os cinco E’s da usabilidade” propostos por Quesenbery (2001 apud Byrne, 2006: 155).

 Eficácia (Effectiveness)

It addresses whether the software is useful and helps users achieve their goals accurately. If users cannot actually do the thing they set out to do (or do something unnecessary), it probably doesn’t matter whether the experience is short or long, easy or hard. In the end, they have failed to complete their tasks or meet their goals. If we want to be able to measure effectiveness, we have to understand how people define success or usefulness […]. (Quesenbery, 2004: 5).

O grau de eficácia da aplicação está intrinsecamente relacionada com o grau de satisfação do utilizador e, apesar de o tradutor não poder ser totalmente responsabilizado pelo conteúdo disponibilizado, já que existem questões técnicas que ultrapassam em larga escala o âmbito tradutológico e terminológico, este é eticamente responsável pela veiculação de informação correta sobre o termo de partida e pela relação fidedigna com o equivalente disponibilizado.

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47 A falta de satisfação do utilizador relativamente ao front office da ferramenta pode dever-se: a) ao não reconhecimento do termo pelo sistema devido a erro tipográfico, ao facto de o termo pesquisado não corresponder a um lema, ou à sua total ausência na base de dados; b) a resultados de pesquisa pouco “convincentes” para o utilizador, com vista às suas necessidades específicas.

 Eficiência (Efficiency)

«Efficiency is the speed (with accuracy) with which work can be done. Efficiency may be something that is carefully defined […]. Or it may be a subjective judgment of when a task is taking “too long” or requires “too many clicks”» (Quesenbery, 2004: 5). Neste caso, a questão da eficiência é mais notória ao nível do documento ms-excel, do que propriamente da ferramenta jurídica. Sabe-se que quantos mais campos de informação existirem no documento, mais completa será a informação disponibilizada ao utilizador. No entanto, a crescente complexidade do documento também retarda o processo de tradução, revisão e lançamento de entradas no sistema.

 Atratividade (Engaging)

An interface or system is engaging if it is pleasant and satisfying to use. An engaging system will hold a user’s attention and make using it a rewarding experience. This characteristic can be affected by such things as the visual design of the interface where the readability of the text as well as the type of interaction can change a user’s relationship with the interface and system. The way in which information is chunked also plays a role in how engaging an interface is […]. (Byrne, 2006: 155).

A atratividade do front office da ferramenta é uma questão que, neste projeto, ultrapassa em larga escala o âmbito do trabalho do tradutor, remetendo para o âmbito da Informática.

 Antevisão do erro (Error tolerance)

In an ideal world, every system and interface would be free form errors and the people who use them would not make any errors. However, it would be naïve to expect users not make at least some mistakes. Consequently, a usable system should pre-empt the types of errors a user is likely to make and either make it very difficult to make these errors or at least provide ways of identifying and rectifying errors when they occur. In this case […] clear and precise information and instructions are essential. Similarly,

48 warnings and precautions should be given in good time to prevent users “jumping the

gun” or performing invalid actions (Byrne, 2006: 155-156).

Quanto à questão da antevisão do erro, e consequentes medidas corretivas, mencionada por Byrne (2006), a ferramenta sugere um conjunto de termos lexicalmente semelhantes ao termo pesquisado, quando a pesquisa é infrutífera. Noutras situações, o sistema apresenta os termos com maior frequência de procura, na esperança de que essa lista ofereça o termo desejado.

 Facilidade de aprendizagem (Ease of learning)

«Ease of learning concerns how well the product supports both initial orientation and deeper learning. A product may be used just once, once in a while, or on a daily basis. It may support a task that is easy or complex, and the user may be an expert or a novice in this task» (Quesenbery, 2004: 5). A ferramenta Trad-Iure não apresenta um nível de complexidade elevado, sendo fornecida informação sobre a sua utilização de modo bem visível. Contudo, para o colaborador da base terminológica, a introdução de informação nas células específicas pode não ser totalmente intuitiva ou coerente com o resto do documento, uma vez que o processo de tradução é realizado maioritariamente de forma autónoma e só depois revisto e confrontado com outras soluções ou corrigido. Assim sendo, sugere-se a redação de uma “cábula interna” que dite e exemplifique o tipo de informação que os colaboradores devem introduzir, no sentido de facilitar a produção de dados coerentes e fidedignos, que (idealmente) implicará um menor esforço de revisão na fase de pós-tradução.

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3. QUESTÕES PRÁTICAS DE TRADUÇÃO (INTEGRANDO SUGESTÕES