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MECANISMOS PARA A ACESSIBILIDADE 1 Soluções existentes no mercado português

A análise dos mecanismos de acessibilidade existentes no mercador por� tuguês começou por uma recolha de empresas que prestam estes serviços, da qual resultou o seguinte grupo: Grupnor, Pinto & Cruz, Enor, Thys-

senkrupp, OTIS, Schindler, Schmitt+Sohn, Orona, Liftech, Escada Fácil e Auto Elevação, Lda.

Numa primeira fase, foi realizada uma recolha do tipo de soluções ofe� recidas por cada uma das empresas através da informação disponibilizada no respectivo site. Contudo, esta informação nem sempre é completa, e por vezes, é inexistente. Deste modo, com o intuito de obter mais informação sobre os mecanismos procedeu�se ao contacto com as empresas. No seu de� curso, não só foi possível obter mais informação e clarificar dúvidas sobre a aplicação dos mecanismos previamente identificados, como também foi dado a conhecer outras soluções que não constavam nos sites das empresas, como é o caso da plataforma elevatória embutida no passeio.

A aplicação dos mecanismos analisados é, na sua maioria, compat�vel com as caracter�sticas arquitectónicas da casa burguesa portuense, indepen� dentemente de exigirem uma menor ou maior adaptação do existente. A ex� cepção encontra�se na aplicação de plataformas ou cadeiras sobre escadas nas escadas centrais, cu�a construção (quer dos lanços, quer das paredes de tabique) não tem a resistência necessária.

Ainda que su�eita a outras interpretações, a qualidade do desenho dos mecanismos do mesmo tipo é sensivelmente idêntica entre marcas, encon� trando�se diferenças relevantes apenas quando se compara diferentes tipos de mecanismos. Por exemplo, denota�se uma melhor qualidade no desenho dos ascensores e das plataformas elevatórias do que nas plataformas ver� ticais para pequenos desn�veis (excepto a plataforma embutida no pavi� mento), o que pode estar relacionado com a procura que cada um tem no mercado.

Relativamente à possibilidade de o arquitecto fazer adaptações no meca� nismo em função da sua melhor adequação à solução de pro�ecto, é poss�vel constatar que existem os mecanismos cu�o desenho pode ser adaptado: caso dos ascensores, plataformas verticais (excepto a plataforma elevatória para

44 vencer um piso) ou homelifts, onde a cabine exterior pode ser desenhada

pelo arquitecto (desde os perfis ao revestimento); ou das plataformas em� butidas no pavimento, cu�o revestimento pode ser escolhido consoante as necessidades do pro�ecto. E por outro lado, há os mecanismos cu�o desenho não é poss�vel adaptar, como é o caso das plataformas ou cadeiras sobre es� cadas, plataformas verticais para vencer um piso e plataformas elevatórias para pequenos desn�veis (excepto a plataforma embutida no pavimento).

Ascensores

Os ascensores destinados a edif�cios de habitação podem dividir�se em duas subcategorias: os hidráulicos e os eléctricos. Comparativamente, os ascensores hidráulicos são mais lentos e menos ecológicos, pois consomem uma grande quantidade de óleo, tem um custo de manutenção mais elevado do que um ascensor eléctrico com a mesma utilização e performance, e, para um desempenho semelhante, consomem mais energia.

Ambos os tipos de ascensor atingem uma velocidade máxima de 1 m/s ou de 1,6 m/s e um curso máximo de 21 m altura, no caso dos ascensores hidráulicos, e de 45 m de altura, no caso dos ascensores eléctricos. Estes, para lá da habitual caixa de betão, também podem ser instalados dentro de uma caixa em estrutura metálica – formada através de perfis metálicos –, que pode ser revestida por materiais opacos ou translúcidos (figuras 2 e 3). Os elevadores são comercializados segundo dimensões padronizadas, to� davia, é poss�vel a instalação de um ascensor com medidas personalizadas. No caso de um ascensor com uma cabine interior de 1,1 m de largura por 1,4 m de comprimento (dimensões m�nimas estipuladas no D.L. 163/2006,

Fig. 2 � Ascensores dentro de caixa em estrutura metálica, no exterior.

Fig. 3 � Ascensores dentro de caixa em estrutura metálica, no interior.

FIG. 2

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de 8 de Agosto, para um ascensor acess�vel), a dimensão da caixa exte� rior auto�portante tem, aproximadamente, 1,65 m x 1,75 m quando a guia localiza�se na lateral e 1,35 m x 2,1 m quando a guia se encontra na parte de trás (figura 4).

Este tipo de soluções pode ser encontrado nas seguintes empresas: Grup-

nor, Pinto & Cruz, Enor, Thyssenkrupp, OTIS, Schindler, Schmitt+Sohn e Orona.

Plataformas Verticais e Homelifts

A instalação das plataformas verticais e dos homelifts (figura 5) é seme� lhante à dos ascensores. Estes mecanismos podem ter um curso máximo até 15 m e uma velocidade de deslocação máxima de 0,15 m/s, sendo por isso, bastante mais lentos do que os ascensores, o que torna�os uma opção menos eficaz para percursos com três ou mais pisos.

No entanto, pelo facto de serem regidas pela directiva de máquinas, e não pela directiva de elevadores, a sua aplicação é mais flexível em termos de dimensionamento, ou se�a, tendo em vista a aplicação ao mesmo espaço, as plataformas verticais ou homelifts conseguem uma maior rentabilização do espaço da cabine interior. Por exemplo, quando o espaço dispon�vel para a sua aplicação é de 1,24 m de largura por 2 m de profundidade, a plataforma elevatória consegue uma cabine interior de 1 m x 1,5 m, enquanto no mes� mo espaço um ascensor apenas consegue uma cabine interior de 0,98 m x 1,32 m (figura 6). Também a profundidade exigida para o poço é menor nas plataformas, entre 0,1 e 0,3 m, enquanto nos elevadores é cerca de 1,1 m.

Fig. 4 � Dimensões de um ascensor acess�vel com guia lateral e de um com guia tra� seira. 2.10 1.40 1.10 1.35 1.10 1.65 1.40 1.75

46 Um pouco à margem deste tipo de soluções, existe uma plataforma verti�

cal para vencer um piso, comercializada pela Liftech e com curso máximo de 3,5 m. O facto de a sua construção ser autoportante, faz com que não ne� cessite de uma parede de suporte e por não exigir uma caixa de movimen� tação, como os ascensores ou as restantes plataformas verticais, o espaço fica totalmente livre no piso em que a plataforma não se encontra (figura 7). Tal como acontece com os elevadores, as plataformas verticais e os ho� melifts são comercializados com dimensões padronizadas, podendo tam� bém ser executados em dimensões personalizadas. Estes mecanismos são, na sua maioria, produzidos por empresas estrangeiras especializadas nes� te tipo de produto, sendo depois revendidas pela Grupnor, Enor, Pinto &

Cruz, Thyssenkrupp, Schindler, OTIS, Liftech, Escada Fácil e Auto Eleva- ção, Lda.

Plataformas sobre escadas

As plataformas sobre escadas podem ser agrupadas segundo o tipo de percurso que realizam: em plataformas de percurso recto (figura 8), para escadas de lanço recto (“de tiro”); e em plataformas de percurso curvo (fi� gura 9), para escadas com mais de um lanço, com patamares intermédios, ou escadas curvas.

Qualquer uma destas plataformas pode ser instalada tanto no interior como no exterior do edif�cio. É poss�vel observar que o curso máximo efec� tuado varia sensivelmente entre duas medidas, a primeira até a um máximo de 1,8 m e segunda até 8 m de comprimento.

Na generalidade, a inclinação das escadas aceitável para a instalação das plataformas varia entre 20º e 45º, embora se�a poss�vel com algumas pla� taformas vencer inclinações até 65º. A capacidade de carga máxima varia entre os 190 kg e os 250 kg, dependendo da inclinação da escada. A guia da plataforma pode ser fixa à parede ou pode ser suportada por pinos metálicos fixos ao pavimento.

Relativamente ao dimensionamento das plataformas, modelos como a

Ginevra e a Olympia, revendidas em Portugal, por exemplo, pela Auto Ele- vação, Lda.10, tem uma dimensão padrão para a plataforma de 0,7 m de

largura por 0,8 m de comprimento, enquanto outros modelos apresentam uma dimensão estandardizada aproximada à definida no D.L. 163/2006, de 8 Agosto, nunca inferior a 0,75 m x 1 m.

10. Fornecidas pela empresa Faboc, uma empresa italiana especializada em mecanismos motorizados para a acessibili� dade, que fornece algumas das empresas a comercializar em Portugal.

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Fig. 5 � Plataforma elevatória vertical.

Fig. 6 � Rentabilização do es� paço interior da cabine inte� rior.

Fig. 7 � Plataforma vertical para vencer um piso.

Fig. 8 � Plataforma sobre esca� das, percurso recto.

Fig. 9 � Plataforma sobre es� cadas, percurso curvo.

1.24 0.98 1.24 1.00 1.32 2.00 1.50 2.00 1.24 0.98 1.24 1.00 1.32 2.00 1.50 2.00

ASCENSOR PLATAFORMA ELEVATÓRIA

FIG. 5 FIG. 6

FIG. 7

FIG. 8

48 Independentemente do tamanho da plataforma, quando em utilização, to�

dos os modelos analisados ocupam sensivelmente a mesma largura, entre 1,02 m e 1,07 m. E, quando a plataforma está recolhida, é um dos modelos com maior plataforma o que ocupa menos espaço em largura, cerca de 0,36 m.

À semelhança do que acontece com as plataformas verticais e homelifts, as plataformas sobre escadas são sobretudo fabricadas por outras empre� sas europeias, sendo depois revendidas em Portugal pela Grupnor, Pinto

& Cruz, Enor, Thyssenkrupp, Liftech, Escada Fácil e Auto Elevação, Lda. Plataformas elevatórias para pequenos desníveis

A oferta de plataformas elevatórias (motorizadas) para pequenos desn�� veis apresenta alguma diversificação, existindo plataformas verticais para desn�veis até 1,8 m, plataformas embutidas no pavimento e escadas conver� t�veis em plataforma elevatória.

As soluções de plataformas elevatórias verticais analisadas não ultrapas� sam, geralmente, o curso máximo de 2 m de altura, verificando-se a excep� ção a este padrão apenas nas plataformas oferecidas pela Liftech, que al� cançam um curso máximo de 3 m. Estas plataformas podem ser instaladas tanto no interior como no exterior e apresentam uma capacidade de carga que ascende até aos 300 kg. Quanto ao modo como operam, é possível dis� tinguir dois tipos de solução:

1. As plataformas verticais que são accionadas através de um sistema hidráulico em “tesoura”, situado na face inferior (figura 10). De� pendendo do modelo, a plataforma pode ou não estar dentro de uma caixa autoportante. Os modelos sem caixa autoportante possuem guias laterais para maior segurança do utilizador.

2. As plataformas verticais que são idênticas às plataformas sobre es� cadas, mas movimentam-se através de uma guia vertical fixa à pa� rede (figura 11). As suas dimensões padrão são de 0,76 m largura por 1 m de comprimento, sendo poss�vel plataformas até 0,85 m x 1,05 m.

Estas soluções são comercializadas pela Grupnor, Thyssenkrupp, Pinto &

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As plataformas embutidas no pavimento (figura 12) são disponibilizadas pela Liftech, Pinto & Cruz e Thyssenkrupp, ainda que não constem nos sites das duas últimas empresas. Segundo a informação mais detalhada que foi poss�vel obter através da Pinto & Cruz, este modelo de plataforma é ins� talado no patamar inferior da escada e, para além do movimento vertical, realiza também um movimento de translação, podendo ser instalada tanto no interior como no exterior.

O modelo padrão tem uma elevação máxima de 0,5 m, existindo também um modelo especial com uma elevação máxima de 0,78 m. As dimensões úteis da plataforma são de 0,94 m de largura por 1,52 m de comprimento, sendo que as dimensões do poço apenas acrescem 0,04 m em largura e 0,1 m em profundidade. Na periferia da plataforma existem pequenas barreiras de protecção, que se elevam antes de se iniciar o movimento vertical. Con� tudo, estas plataformas apenas podem ser aplicadas em pavimentos sem pendente ou com pendente quase nula.

A escada convertível em plataforma elevatória (figura 13) é revendida pela Liftech e pela Escada Fácil, e, como o nome indica, é uma escada ca� paz de transformar�se em plataforma elevatória pass�vel de ser utilizada por uma pessoa em cadeira de rodas ou com outro condicionamento f�sico. A sua instalação pode ser efectuada no interior ou no exterior e não necessita de alterações estruturais, sendo apenas necessário um piso de n�vel e uma fonte de alimentação eléctrica.

Os modelos existentes estão dispon�veis em duas larguras padrão, corres� pondentes a 0,8 m e 0,9 m úteis. O número de degraus da escada é calculado

Fig. 10 � Plataforma elevatória para pequenos desn�veis, sis� tema hidráulico em “tesoura”. Fig. 11 � Plataforma elevatória para pequenos desn�veis, guia vertical.

50 de acordo com a altura a vencer, que deverá ser no máximo 1,25 m, poden�

do variar entre os três e os seis degraus. Independentemente do número de degraus, a plataforma tem sempre um comprimento m�nimo de 1,25 m; no caso de possuir três degraus, o degrau superior é maior para compensar.

Cadeiras sobre escadas

As cadeiras sobre escadas são uma solução mais direcionada para as pes� soas de mobilidade reduzida que, essencialmente, não se desloquem por meio de uma cadeira de rodas. Estas são habitualmente instaladas em es� paços privados, onde não é poss�vel a instalação de uma plataforma para o transporte de uma cadeira de rodas, mas podem ser instaladas igualmente em espaços públicos.

O espaço requerido para a aplicação destes mecanismos é bastante menor comparativamente ao exigido para uma plataforma sobre escadas, podendo ser instalados em escadas com uma largura m�nima de 0,66 m.

Dependendo do modelo, a instalação destes mecanismos pode ser reali� zada no interior e/ou no exterior. Em todos os modelos de cadeiras sobre escadas comercializados pela Escada Fácil é poss�vel a sua instalação tanto no interior como no exterior, �á na Thyssenkrupp existe uma diferenciação dos modelos que são exclusivamente para interior e os que são exclusiva� mente para exterior. Quanto ao tipo de percurso que efectuam, é poss�vel distinguir dois: as cadeiras de percurso recto (figura 14) e as cadeiras de percurso curvo ou em espiral (figura 15).

Tal como as plataformas sobre escadas, as cadeiras sobre escadas são instaladas numa guia, a qual é suportada através de pinos metálicos apara� fusados à escada. Estas podem ser instaladas em escadas com uma incli� nação que vai desde os 23º até a um máximo de 60º. Este tipo de solução é comercializado pela Grupnor, Pinto & Cruz, Thyssenkrup, Liftech, Escada

Fácil e Auto Elevação, Lda. Mecanismos portáteis

Durante esta análise, foi possível identificar dois tipos distintos de meca� nismo portáteis: as rampas metálicas e os trepadores de escadas.

As rampas metálicas podem subdividir-se em rampas portáteis ou fixas, e podem ser telescópicas, dobráveis ou compostas por uma única peça. Comercia�

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Fig. 12 � Plataforma elevatória embutida no pavimento. Fig. 13 � Escada convert�vel em plataforma elevatória. Fig. 14 � Cadeira sobre escada, percurso recto.

Fig. 15 � Cadeira sobre escada, percurso curvo.

FIG. 12

FIG. 13

52 lizadas pela Escada Fácil, as rampas são constru�das em alum�nio perfura�

do, de modo a que se tornem mais leves e fáceis de limpar, e tem na parte superior um revestimento de borracha anti�derrapante.

Relativamente às rampas portáteis (figuras 16 e 17), as suas dimensões dependem do modelo; a rampa mais curta tem 0,55 m de comprimento, sendo recomendada para desn�veis até 0,1 m, podendo a rampa mais longa chegar aos 3 m de comprimento, sendo aconselhada para desn�veis até 0,6 m. A carga máxima suportada por este tipo de rampas pode atingir os 400 kg.

As rampas fixas funcionam de modo diferente (figura 18); o sistema é sempre constitu�do por duas peças de apoio, uma na parte inferior e outra na parte superior da rampa, entre as quais se adicionam os módulos cen� trais, de modo a adquirir a distância dese�ada.

Os trepadores de escadas, comercializados pela Escada Fácil e Liftech, são um mecanismo portátil que permite às pessoas em cadeiras de rodas manuais subir e descer escadas, contudo, é necessário o aux�lio de um acompanhante (figura 19).

Os modelos existentes apresentam dois sistemas através do qual escalam os degraus: por meio de “lagartas” e através de rodas. Os modelos com “lagartas” estão limitados a escadas com uma inclinação máxima de 40º e a degraus com uma altura não superior a 0,22 m; �á os modelos com rodas apenas estão limitados à altura dos degraus, que pode atingir os 0,23 m. Ambos têm uma capacidade de carga máxima entre 130 kg e 160 kg, que varia em função da inclinação das escadas, ocupando a mesma largura de 0,76 m e necessitando de patamares com um m�nimo de 0,9 x 0,9 m para efectuarem a viragem.

Após a identificação e a análise dos mecanismos para acessibilidade exis� tentes no mercado português, é agora poss�vel sistematizar os diferentes tipos de soluções para a acessibilidade em dois grupos:

1. Soluções para vencer grandes desn�veis (no m�nimo entre dois pi� sos): elevadores, plataformas verticais, homelifts, plataformas e ca� deiras sobre escadas e trepadores de escadas.

2. Soluções para vencer pequenos desn�veis (pequenas escadas ou desn�veis): Plataformas e cadeiras sobre escadas, trepadores de es� cadas, plataformas verticais para pequenos desn�veis e rampas me� tálicas.

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Fig. 16 � Rampa portátil do� brável.

Fig. 17 � Rampa portátil teles� cópica.

Fig. 18 - Rampa métálica fixa. Fig. 19 � Trepador de escadas.

FIG. 16

FIG. 17

FIG. 18

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5. MODELOS DA CASA BURGUESA PORTUENSE – SÉCULO