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Figura III.3 − Fotografia

III.8. Medição do potencial hídrico foliar

Foram realizadas medições de potencial hídrico foliar recorrendo a uma câmara de pressão do tipo Scholander (Scholander et al., 1965). Este método, além da sua rapidez, é considerado suficientemente robusto para a utilização no campo (Hsiao, 1990).

As medições incidiram sobre o potencial hídrico foliar de base, o potencial hídrico foliar medido depois do meio-dia e também sobre a evolução ao longo do dia. O período de medições abrangeu os meses de Junho, Julho e Agosto, tanto em 1998 como em 1999. As medições de Ψb foram efectuadas com maior frequência nos períodos de imposição de stress

hídrico (medições diárias ou de dois em dois dias) e cerca de uma vez por semana fora destes períodos. As medições ao longo do dia (cinéticas diárias) foram realizadas cerca de uma vez por semana e as medições de Ψf mínimo realizaram-se preferencialmente em dias em que se

mediu a condutância estomática ao princípio da tarde (ver III.7). Utilizaram-se folhas à sombra, de dimensões médias, de uma zona média dos ramos, excluindo folhas com características fora do comum. Foram escolhidas folhas à sombra para aproximar o Ψf obtido

do potencial no xilema dos ramos (Valancogne, 1995). Esta selecção foi também feita por razões de ordem prática, para evitar destacar demasiadas folhas expostas ao sol da zona seleccionada para amostragem, uma vez que eram também necessárias para as medições de gs

e dado que os ensaios se estenderam por um período longo, implicando o arranque de muitas folhas.

A amostragem foi efectuada em todas as árvores equipadas com sensores de Granier, sendo recolhidas 2 folhas por árvore em cada medição. Foram efectuados cortes ligeiros no limbo, ao longo da nervura, de modo a permitir a introdução na câmara de pressão. As medições foram realizadas no menor intervalo de tempo possível (máximo 2 minutos). Em todas as medições efectuadas ao longo do dia optou-se pela colocação das folhas em sacos de plástico fechados contendo um algodão humedecido, para evitar que a folha perdesse água durante o transporte para a câmara.

As medições do chamado Ψf mínimo decorreram cerca das 14 horas (hora solar, isto é,

15.35 h, hora local), normalmente imediatamente a seguir a medições de condutância estomática, tendo-se escolhido este momento para a realização das medições por se verificar ser durante a tarde que se verificavam maiores diferenças entre o Ψf de plantas em conforto

hídrico e o de plantas submetidas a défice hídrico (vd. IV.6.1).

III.9. Parâmetros do coberto vegetal no período dos ensaios

III.9.1. Índice de área foliar e grau de cobertura

O índice de área foliar foi estimado indirectamente dada a dificuldade inerente à medição directa, sobretudo se efectuado por via não destrutiva. Vários métodos indirectos podem ser utilizados, baseando-se normalmente na intercepção da radiação ou em medições do peso da matéria seca ou do número de folhas (vd., p. ex., Nobel et al., 1993 e Norman e Campbell, 1991). A estimativa efectuada baseou-se neste último método e processou-se da forma a seguir descrita. Colheram-se aleatoriamente amostras de cerca de 50 folhas, em que se mediram o comprimento e/ou a largura, tendo-se ainda medido a área foliar com um

planímetro digital (Tamaya Digitizing Area-Line Meter - Planix 5000) aplicado às fotocópias das folhas. De referir que este procedimento se tornou viável, dada a morfologia das folhas ter permitido a sua planificação. Na posse destas informações procurou-se relacioná-las de forma a obter uma função que permitisse estimar a área de uma folha a partir do comprimento e/ou largura da mesma. A colheita de amostras teve lugar nos dias 2 de Setembro de 1998, 16 de Junho e 10 de Agosto de 1999.

Paralelamente, procurou-se contar em alguns ramos, escolhidos aleatoriamente, o número de folhas e medir o comprimento e largura destas. Através da primeira relação encontrada, determinou-se para cada um destes ramos a área foliar total e determinou-se uma relação entre esta e o número de folhas. A colheita de amostras teve lugar em 2 de Setembro de 1998 (3 ramos), em 16 de Junho de 1999 (9 ramos) e entre 4 e 10 de Agosto do mesmo ano (15 ramos).

Em cada uma das árvores onde se encontravam instaladas as sondas de medição de fluxo de seiva pelo método de Granier, contou-se o número de folhas. Este procedimento foi efectuado em 1998, entre 24 de Julho e 11 de Agosto (1ª contagem) e em 12 de Outubro (2ª contagem). Esta última contagem foi efectuada apenas nas árvores 2, 6, 8 e 11. Em 1999, teve lugar durante o mês de Julho (1ª contagem) e em 7 de Outubro (2ª contagem).

Utilizando as funções encontradas para descrever a área foliar em função do número de folhas, determinou-se a área foliar total para cada árvore.

Admitiu-se que as funções que relacionam a área foliar com as dimensões da folha e com o número de folhas se mantêm durante a fase em que já se iniciou a queda das folhas.

O grau de cobertura foi medido por uma técnica que tem em conta a existência relativa de áreas sombreadas. A técnica e os resultados das medições efectuadas encontram-se descritos detalhadamente em Conceição (2001). Cerca do meio-dia solar o grau de cobertura era, em média, igual a 29%.

III.9.2. Área activa de transporte no xilema

Foi iniciado o arranque do pomar no Verão de 2001, tendo-se aproveitado o facto para efectuar medições destrutivas, que tiveram como objectivo a determinação da área activa de transporte no xilema. Foram escolhidas quatro árvores, 3 das quais tinham sido anteriormente utilizadas para a medição do fluxo de seiva pelo método de Granier (nº 3 e nº 4 de 1999 e nº 3 de 1998, vd. legenda da Figura III.5). As árvores foram escoradas e foi serrado o tronco a um nível próximo do solo, com a zona de corte imersa em água para evitar a ocorrência de cavitação. O tronco foi inserido numa solução aquosa de corante, de forma muito rápida, mantendo-se a árvore numa posição próxima da original. A ascensão da solução no tronco foi assim conseguida pela transpiração natural. Foram utilizados quatro corantes: safranina,

nesta situação, tendo-se efectuado um segundo corte, a um nível superior ao primeiro e posicionado perto da zona de bifurcação do tronco. Os troncos obtidos foram conservados em estearina até se ter procedido ao seu seccionamento transversal em troços de cerca de 3 cm. As amostras obtidas foram polidas e foi medida a área da superfície corada em relação à área total da secção transversal, em amostras próximas da base do tronco. Para o efeito, foi utilizado o software AnalySIS Pro 2.11.007 (Soft Imaging System, GmbH). Idealmente esta medição deveria ter sido efectuada ao nível da sonda aquecida, no entanto a área corada a este nível era substancialmente inferior, o que nos levou a considerar que parte do corante teria já sido adsorvido pelos tecidos ao longo do trajecto e que desta forma a área detectada seria inferior à área real. Dado que os troncos apresentavam uma forma homogénea, considerou-se que a área de xilema activo para o transporte se manteria sensivelmente idêntica ao longo do comprimento do tronco observado e que seria possível transpor a observação feita perto do ponto de inserção do corante para o nível de colocação da sonda aquecida.

Paralelamente, foi ainda efectuado um estudo sobre o comportamento dos quatro corantes utilizados, no que diz respeito à sua mobilização ao longo do tronco. A face superior de todas as amostras obtidas foi analisada por um sistema de análise de imagem disponibilizado no software referido no parágrafo anterior. Foi assim determinada a percentagem de área corada em relação à área total da secção transversal e a distribuição longitudinal do corante nas diferentes secções do tronco foi usada como informação adicional relativa ao perfil radial (de densidade de fluxo de seiva).