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Transpiração relativa vs potencial hídrico foliar de base

Figura III.3 − Fotografia

IV. 4.3.2.2 Correcção dos fluxos através do perfil radial de distribuição do fluxo de seiva

IV.6. Indicadores do estado hídrico da planta 1 Potencial hídrico foliar

IV.6.5. Análise da evolução conjunta de indicadores do estado hídrico 1 Condutância estomática vs potencial hídrico foliar de base

IV.6.5.2. Transpiração relativa vs potencial hídrico foliar de base

A informação sobre a forma como se relacionam a transpiração relativa e o potencial hídrico foliar afigura-se interessante, no contexto da procura de relações adequadas entre variáveis automatizáveis e não automatizáveis, passíveis de serem utilizadas na programação da rega. A Figura IV.95 (a) apresenta os resultados obtidos para a evolução da transpiração relativa com o potencial hídrico foliar de base, durante o 2º ciclo de stress, em 1998.

Ferreira et al. (1996) estudaram esta relação em pessegueiro, na zona de Águas de

Moura (Setúbal). Estes autores identificaram uma mudança clara no comportamento de árvores de pessegueiro, quando Ψb atingia o valor de -0.45 MPa, que correspondia a uma

transpiração relativa de 0.65. O limiar Ψb =-0.45 MPa foi confirmado também neste trabalho

(vd. IV.6.5.1) e é possível identificar um valor correspondente de TR, utilizando a equação de

regressão da Figura IV.95 (a), que seria igual a 0.5, ou que, numa estimativa visual, se aproximaria de 0.6.

A relação entre TR e Ψb foi estudada em diversas espécies por Valancogne et al.

(1997), nomeadamente em pessegueiro, tendo sido observado que entre TR e Ψb existe uma

forte correlação, embora com diferentes coeficientes de regressão para as diferentes espécies; concluíram que TR = a e bΨb era a melhor relação encontrada para o conjunto das espécies que estudaram, sendo a e b coeficientes, que relacionaram com o potencial hídrico foliar de base

máximo (média de valores de Ψb obtidos em condições de conforto hídrico – Ψb max).

Concluíram que tanto a como b se correlacionavam com Ψbmax, da seguinte forma:

13 . 1 62 . 0 max + − = b a ψ (r2 = 0.43) (IV.8) 16 . 2 43 . 3 max + = b b ψ (r2 = 0.95) (IV.9)

tendo considerado para a um valor médio igual a 1.28.

Analisou-se a adaptação de uma função do tipo TR = a e bΨb aos resultados obtidos na Atalaia, Montijo (Figura IV.95 (a)), tendo-se verificado a obtenção de uma regressão de elevado coeficiente de determinação, em que os coeficientes a e b assumem os valores 1.60 e 2.54, respectivamente. A Tabela IV.11 indica os valores determinados experimentalmente para a e b em pomar de pessegueiro, na zona de Águas de Moura, Setúbal (Ferreira et al., 1997b; Valancogne et al., 1997), para a variedade Maybelle. Quando se compara a função aqui obtida com aqueles resultados prévios em pessegueiro (Figura IV.95 (b)), verifica-se que, para valores mais baixos de Ψb e de TR, a curva obtida para a Atalaia, Montijo tende a

afastar-se mais das restantes, do que para valores elevados, indicando uma evolução ligeiramente diferente da relação entre variáveis.

y = 1,60 e2,54x r2 = 0,92 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 Ψb (MPa) TR 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 -1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 Ψb (MPa) TR

var. Silver King var. Maybelle, * var. Maybelle, **

Figura IV.95 – Relação entre a transpiração relativa (TR) e o potencial hídrico foliar de base (Ψb), utilizando uma função do tipo TR = a e bΨb para (a) a variedade Silver King – Atalaia, Montijo, 1998, (b) comparação entre as diferentes curvas do tipo TR = a e bΨb ajustadas para a variedade Maybelle – Águas de Moura, Setúbal (* Valancogne et al., 1997; ** Ferreira et al., 1997b).

Tabela IV.11 – Coeficientes a e b obtidos experimentalmente para a função TR = a e bΨ

b e valores de Ψbmax para a situação correspondente - média de valores de Ψb obtidos em condições de conforto hídrico.

Variedade Localização do pomar a b Ψb max (MPa)

Silver King 98 2º ciclo Atalaia (Montijo) 1.60 2.54 -0.17

Maybelle (2 ciclos) (Ferreira et al., 1997b) 1.28 1.47 -0.20 Maybelle (2 ciclos) (Valancogne et al., 1997) Águas de Moura (Setúbal) Águas de Moura (Setúbal) 1.47 1.30 -0.30

Na Figura IV.96, os coeficientes a e b determinados experimentalmente para a Atalaia (Montijo) são representados em conjunto com as funções IV.8 e IV.9. Enquanto que, para o coeficiente a, os valores obtidos experimentalmente são próximos do valor médio proposto em Valancogne et al. (1997), os obtidos para o coeficiente b afastam-se bastante, dado os valores de Ψb max observados serem mais elevados que os encontrados por Valancogne et al.

(1997) (vd. Tabela IV.11).

0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 -0.6 -0.5 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0 Ψb max (MPa) a ou b a b a 98 2º b 98 2º

Figura IV.96 – As rectas a e b representam as funções definidas em Valancogne et al. (1997) (a=−0.62ψbmax+1.13 e b=3.43 ψbmax +2.16), os pontos representam os coeficientes a e b obtidos

experimentalmente no âmbito deste estudo.

Seguindo o procedimento descrito em Valancogne et al. (1997), ou seja, utilizando

Ψbmax como factor de normalização e a função única

TR = 1.28e(3.43 Ψb max + 2.16)Ψb (IV.10)

obtém-se para a Atalaia, Montijo a curva a tracejado representada na Figura IV.97, em que

Ψbmax = -0.17 MPa (vd. Tabela IV.11). Também na Figura IV.97 é representada a função do

tipo TR = a e bΨb, determinada experimentalmente (Figura IV.95 (a)). Observando então a Figura IV.97 é possível verificar que as duas curvas representadas se afastam para valores baixos de Ψb e de TR, cruzando-se para um valor de TR de cerca de 0.9.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 Ψb (MPa) TR

Figura IV.97 – Comparação entre TR estimada a partir de Ψb max (de acordo com Valancogne et al, 1997) e TR obtida por análise de regressão dos dados recolhidos na Atalaia, Montijo (2º ciclo de stress hídrico, 1998).

TR = 1.60 e2.54 Ψb TR = 1.28 e(3.43Ψ

Para o valor limiar de Ψb (-0.45 MPa) determinado para pessegueiro por Ferreira et al.

(1996) e confirmado para este estudo, a função IV.10 fornece uma estimativa de TR igual a 0.63.

Na Figura IV.98, encontram-se representadas as curvas obtidas para as três diferentes situações analisadas (vd. Identificação na Tabela IV.11), mediante a utilização da equação IV.10. As duas curvas obtidas, respectivamente, para a variedade Maybelle (Ferreira et al., 1997b) e para a variedade Silver King apresentam-se quase sobrepostas, dado que o valor de

Ψb max é idêntico para as duas situações (vd. Tabela IV.11). A segunda curva obtida para a

variedade Maybelle (Valancogne et al., 1997) apresenta um decréscimo menos acentuado da

TR com Ψb, dado Ψbmax ser mais baixo que os determinados para as situações anteriores.

As medições de Ψb, para a variedade Maybelle, decorreram no mesmo pomar, para as

situações descritas em Ferreira et al. (1997b) e Valancogne et al. (1997), e não seria expectável encontrar diferentes valores de Ψb, para idênticas condições hídricas das plantas.

Esta diferença decorre de formas de execução distintas da técnica de medição de Ψf por parte

dos operadores, influenciando o resultado e fornece uma estimativa de TR cerca de 1/10 menor quando Ψb se aproxima de -1 MPa. Tendo em conta a possibilidade destas pequenas

divergências, a solução proposta por Valancogne et al. (1997) poderá ser útil para a estimativa da TR em pomar de pessegueiro, num contexto de programação da rega, dado que a diferença entre a TR estimada pela equação IV.10 e a TR estimada pela equação obtida experimentalmente poderá não ser relevante, como mostrado na Figura IV.96. Sobretudo em situação de défice hídrico moderado, as duas estimativas são próximas, sendo este procedimento passível de ser utilizado para a estimativa de TR nas condições do pomar em estudo, com a margem de erro identificada.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 Ψb (MPa) TR var. Maybelle ** var. Maybelle * var. Silver King

Figura IV.98 – Utilização da equação IV.10 para representar a relação entre o potencial de base (Ψb) e a transpiração relativa (TR), utilizando Ψb max (Valancogne et al., 1997), para a variedade Silver King – Atalaia, Montijo, 1998 e a variedade Maybelle – Águas de Moura, Setúbal (* Valancogne et al., 1997; ** Ferreira et al., 1997b).

IV.6.5.3. Relação entre a transpiração relativa, a condutância estomática relativa