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Os diferentes sinais gerados pela electr´onica anal´ogica e digital, assim como os sinais do gerador, foram monitorizados utilizando o oscilosc´opio representado na Figura 4.5. Trata-se de Tektronix [36] modelo TDS 2024B, que possui uma taxa de amostragem de 2 GS/s, visor colorido (cada um dos 4 canais tem uma cor diferente) e permite conectar 4 pontas de prova. Todas as medi¸c˜oes foram feitas utilizando pontas de prova com um factor de atenua¸c˜ao de

10×, o que minimiza a carga capacitiva apresentada pela ponta ao n´o de onde parte o sinal

a ser medido.

Figura 4.5: Oscilosc´opio.

4.3

Medi¸c˜oes realizadas na electr´onica anal´ogica e digital

Nesta sec¸c˜ao s˜ao expostos resultados de medi¸c˜oes realizadas at´e `a presente data na

electr´onica anal´ogica e digital. O rigor de algumas delas surge condicionado pela quali-

dade de algum material utilizado, como ´e principalmente o caso da fonte de alimenta¸c˜ao e da cablagem utilizada para a conex˜ao das duas placas. H´a tamb´em a limita¸c˜ao do instrumento de medida (oscilosc´opio) na medi¸c˜ao de sinais de transi¸c˜ao muito r´apida, e na coloca¸c˜ao de

capacidades parasitas nos n´os em que se faz o acoplamento das pontas de prova com o sis-

tema. Este ´ultimo facto levou a frequentes oscila¸c˜oes descontroladas do sistema, observadas no oscilosc´opio.

Um outro condicionamento imprevisto deu-se na altura em que se concebeu a placa de circuito impresso: no momento de enviar os ficheiros referentes ao desenho da placa ao fabricante, por lapso faltou enviar aquele que correspondia ao plano de alimenta¸c˜ao e massas. Assim, a alimenta¸c˜ao e as massas tiveram de ser implementados ”a posteriori” soldando fios pelo exterior da placa. A ausˆencia deste plano de massa, que tem uma preponderante fun¸c˜ao de blindagem ao ru´ıdo nos circuitos r´apidos, e a exposi¸c˜ao das linhas das alimenta¸c˜oes, surgem

Cap´ıtulo 4. Testes e Resultados

assim tamb´em como factores limitativos na performance do sistema. Alguns componentes,

como ´e o caso dos interruptores de selec¸c˜ao de ganho e dos n´ıveis de discrimina¸c˜ao, tamb´em tiveram de ser corrigidas na sua implementa¸c˜ao, mas no entanto estas altera¸c˜oes n˜ao parecem introduzir qualquer limita¸c˜ao ao sistema.

Na Figura 4.6 ´e exposta a implementa¸c˜ao exterior dos planos de alimenta¸c˜ao e de massa constru´ıdos na parte de baixo da placa prot´otipo de ”front-end”.

Figura 4.6: Implementa¸c˜ao ”a posteriori” do plano de alimenta¸c˜ao e de massa da placa prot´otipo de ”front-end”.

Na Figura 4.7 s˜ao vis´ıveis as correc¸c˜oes que foram feitas na implementa¸c˜ao de alguns componentes anal´ogicos. Neste caso em particular, trata-se dos interruptores de selec¸c˜ao de ganho e dos n´ıveis de discrimina¸c˜ao (na figura `a esquerda) e do interruptor encarregue da re-inicializa¸c˜ao dos integradores (na figura `a direita).

Por forma a moldar a electr´onica digital de controlo `a placa prot´otipo, fizeram-se algumas adapta¸c˜oes ao n´ıvel do processo sequencial de varrimento dos dados provenientes das vias lentas, mas mantiveram-se integralmente as restantes fun¸c˜oes. Estas adapta¸c˜oes consistiram:

ˆ na altera¸c˜ao do controlo dos multiplexers, que deixou de ser de 16:1 para a selec¸c˜ao dos canais dos PMTs e de 2:1 para a selec¸c˜ao dos ADCs, passando-se a um ´unico andar de

multiplexagem 4:1 pois existem na placa prot´otipo apenas 4 canais e um ADC;

4.3 Medi¸c˜oes realizadas na electr´onica anal´ogica e digital

Figura 4.7: Correc¸c˜oes `as liga¸c˜oes de componentes anal´ogicos. `A esquerda, nos interrupto- res de selec¸c˜ao de ganho e de n´ıveis de discrimina¸c˜ao, e `a direita do interruptor encarregue

da re-inicializa¸c˜ao dos integradores.

ˆ no ajuste do valor do rel´ogio de controlo do ADC, dado que este suporta uma frequˆencia

m´axima de amostragem de 15 MSPS, para um quarto do valor do rel´ogio de controlo

da FPGA, 48 MHz /4 = 12 MHz;

ˆ e na altera¸c˜ao do barramento de dados para 8 bits.

Na Figura 4.8 ´e poss´ıvel observar a resposta do pr´e-amplificador a um sinal do gerador de sinais que simula o sinal `a sa´ıda do PMT, para diferentes valores de ganho4. As diferentes amplitudes do sinal `a sa´ıda do pr´e-amplificador s˜ao obtidas pela configura¸c˜ao dos interrupto- res seleccionadores de ganho (ver Tabela 2.2), que interrompem ou n˜ao as duas resistˆencias em paralelo com a retroac¸c˜ao do pr´e-amplificador, conforme foi referido na sec¸c˜ao 2.2.2.3.

Os sinais provenientes do gerador foram estendidos temporalmente para larguras muito acima das dos sinais previstos para os PMTs. Deste modo, foi-nos poss´ıvel medir a amplitude estabilizada dos sinais do pr´e-amplificador fora da zona de ”ripple”5, tornando mais f´acil extrair destes sinais a informa¸c˜ao necess´aria `a compara¸c˜ao dos ganhos medidos com os valores de ganho previstos teoricamente.

O sinal gerado (CH1) apresenta, nas quatro situa¸c˜oes, uma amplitude de 130 mV. Os

ganhos obtidos experimentalmente, por divis˜ao das amplitudes dos sinais medidos `a sa´ıda

4

Para referir a posi¸c˜ao dos gr´aficos m´ultiplos nas figuras, o autor optou por usar a seguinte nomencla- tura: (SE), canto superior esquerdo; (SC), superior central; (SD), canto superior direito; (IE), canto inferior esquerdo; (IC), inferior central; (ID), canto inferior direito.

5Oscila¸ao indesejada, consequˆencia das r´apidas transi¸oes do sinal de entrada dos pr´e-amplificadores,

devida a reflex˜oes nas linhas de transmiss˜ao, a problemas na filtragem das alimenta¸c˜oes ou `a d´ebil estabilidade de ampops e comparadores.

Cap´ıtulo 4. Testes e Resultados

Figura 4.8: Monitoriza¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do pr´e-amplificador (CH2) em resposta ao sinal que simula a sa´ıda do PMT (CH1), para diferentes valores de ganho. Os valores de ganho te´oricos correspondentes aos diferentes gr´aficos s˜ao: (SE) 9.57× (SD) 11.57× (IE) 16.24× e

(ID) 18.24×

dos pr´e-amplificados (CH2) pelas dos sinais gerados, s˜ao: (SE) para uma amplitude de ∼1300

mV, o ganho ´e de ∼10×; (SD) para uma amplitude de ∼1600 mV, o ganho ´e de ∼12.3×;

(IE) para uma amplitude de ∼2400 mV, o ganho ´e de ∼18.5×; e para uma amplitude de

∼2700 mV, o ganho ´e de ∼20.8×.

A Figura 4.9 ilustra a resposta do comparador ao sinal proveniente do pr´e-amplificador.

O comparador apresenta `a sa´ıda um sinal quadrado com uma amplitude de 5 V. Este sinal

´

e atenuado, com um divisor de tens˜ao, para um valor com amplitude de 3 V. Deste modo,

pode ser utilizado na comunica¸c˜ao com a FPGA, pois esta n˜ao suporta sinais de entrada com amplitudes acima de 3.3 V.

Figura 4.9: Monitoriza¸c˜ao do sinal medido `a sa´ıda do comparador (CH2) em resposta ao sinal proveniente do pr´e-amplificador (CH3).

4.3 Medi¸c˜oes realizadas na electr´onica anal´ogica e digital

O sinal `a entrada do comparador corresponde `a resposta do pr´e-amplificador a um sinal vindo do gerador de sinais com 110 mV de amplitude e uma largura a meia altura de 100 ns. Neste caso o ganho te´orico do pr´e-amplificador ´e de 18,5×.

Na Figura 4.10 ´e monitorizada a varia¸c˜ao da tens˜ao de compara¸c˜ao no comparador com histerese, como consequˆencia da activa¸c˜ao do comparador pelo sinal proveniente dos pr´e- amplificadores. Os diferentes valores da tens˜ao de compara¸c˜ao nos quatro gr´aficos apre- sentados, s˜ao obtidos por interrup¸c˜ao do paralelo de duas resistˆencias conectado `a entrada positiva do comparador inversor, como foi referido na Sec¸c˜ao 2.2.2.3.

Figura 4.10: Medi¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do pr´e-amplificador (CH3) e do sinal referente `a tens˜ao de compara¸c˜ao do comparador (CH4). Os limites de compara¸c˜ao te´oricos, inferior e superior, s˜ao, respectivamente (em millivolt): (SE) -510 e -210; (SD) -340 e -140; (IE) -420

e -170; e (ID) -290 e -120

O sinal utilizado na entrada do comparador para medi¸c˜ao dos limites de compara¸c˜ao, corresponde `a resposta do pr´e-amplificador e um sinal gerado no gerador de sinais com 110

mV e uma largura a meia altura de 100 ns. O pr´e-amplificador foi configurado, neste caso,

para um ganho te´orico de 18,5×. Os limites aproximados, inferior e superior, da tens˜ao de compara¸c˜ao obtidos nesta medi¸c˜ao, s˜ao respectivamente: (SE) -470 e -260; (SD) -340 e -150; (IE) -430 e -180; e (ID) -290 e -120.

Na Figura 4.11 ´e poss´ıvel observar a forma do sinal `a sa´ıda do integrador (CH4), quando a via lenta ´e estimulada por 6 diferentes sinais, gerados com o gerador de sinais (CH2). Nesta medi¸c˜ao pretende-se verificar como ´e que a electr´onica da via lenta se comporta perante as

Cap´ıtulo 4. Testes e Resultados

diferentes caracter´ısticas, de amplitude e largura no tempo, do sinal que simula a sa´ıda dos PMTs.

Figura 4.11: Medi¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do integrador em resposta a diferentes sinais do gerador. A amplitude e a largura a meia altura dos sinais gerados s˜ao, respectivamente: (SE) 100 mV - 110 ns, (SC) 140 mV - 110 ns, (SD) 180 mV - 110 ns, (IE) 150 mV - 70 ns,

(IC) 150 mV - 100 ns e (ID) 150 mV - 130 ns.

Para verificar a rela¸c˜ao de proporcionalidade entre a ´area do sinal de entrada (relembrando que esta ´area ´e proporcional `a energia depositada no PMT) e a tens˜ao de sa´ıda do integrador, comparou-se, utilizando o resultado de duas medi¸c˜oes – neste exemplo as dos gr´aficos (IE) e (ID), – a raz˜ao entre as ´areas dos sinais de entrada com a raz˜ao entre as respectivas tens˜oes `

a sa´ıda do integrador. Assim, nos gr´aficos (IE) e (ID) observa-se que os sinais de entrada

possuem, respectivamente, uma ´area de 150×70=10500 e 150×130=19500 e que as tens˜oes `a

sa´ıda do integradores valem, respectivamente, ∼2 V e ∼3.75 V . A raz˜ao entre as ´areas dos sinais de entrada e a raz˜ao entre as tens˜ao de integra¸c˜ao s˜ao, respectivamente, 1.86 e 1.87.

Para fazer esta medi¸c˜ao utilizou-se o valor m´ınimo do ganho dos pr´e-amplificadores (9.57×). No entanto, ´e poss´ıvel observar nos gr´aficos (SD) e (ID) que o resultado da in- tegra¸c˜ao se aproxima da tens˜ao de satura¸c˜ao (o ampop utilizado no integrador, o LM6171, possui uma alimenta¸c˜ao positiva de 5 V). Note que isto se verifica apesar de serem utiliza- dos neste exemplo sinais de PMT simulados com ´area inferior `a do sinal modelo descrito no cap´ıtulo 2.1.3 como sendo o sinal mais prov´avel emitido pelos PMTs reais.

O gr´afico da Figura 4.12 mostra o sinal do integrador no processo de descarga, ap´os

este ter-se carregado at´e um valor pr´oximo da tens˜ao de satura¸c˜ao do AmpOp. Aqui ´e poss´ıvel medir aproximadamente a constante de tempo de descarga da malha RC existente na retroac¸c˜ao do ampop que constitui o integrador. O valor desta constante de tempo ´e de

4.3 Medi¸c˜oes realizadas na electr´onica anal´ogica e digital

aproximadamente 10 µs. Este valor ´e inferior (cerca de metade) ao valor da constante de

tempo simulada na sec¸c˜ao 2.2.2.3, que ´e aproximadamente 22 µs .

Figura 4.12: Medi¸c˜ao da constante de tempo de descarga do condensador.

Nos dois gr´aficos apresentados na Figura 4.13 ´e poss´ıvel observar a re-inicializa¸c˜ao do integrador (CH2), ap´os a activa¸c˜ao do sinal que a ordena (CH3). Este sinal digital respons´avel pela re-inicializa¸c˜ao dos integradores, prov´em da FPGA e activa o interruptor que curto-

circuita a malha RC na retroac¸c˜ao do integrador, promovendo a sua descarga abrupta. O

gr´afico da esquerda corresponde a uma situa¸c˜ao em que s´o um PMT ´e activado; neste caso ´

e detectado um evento inv´alido, e a re-inicializa¸c˜ao do integrador d´a-se antes de se concluir o processo de integra¸c˜ao. O gr´afico da direita corresponde a uma situa¸c˜ao em que existe coincidˆencia dos sinais provenientes dos PMTs; neste caso ´e detectado um evento v´alido, e a re-inicializa¸c˜ao do integrador d´a-se depois de conclu´ıdo o processo de convers˜ao AD dos 4 canais da placa anal´ogica prot´otipo. O ADC implementado na placa prot´otipo de teste opera

a uma frequˆencia de 12 MHz, o que se traduz num per´ıodo de 83 ns. Como o ADC processa

os canais lentos a cada ciclo de rel´ogio e os valores de latˆencia das restantes componentes

s˜ao pequenos quando comparados com o per´ıodo do ADC, o tempo de convers˜ao AD dos 4

canais pode ser aproximado por 4 ciclos rel´ogio do ADC, que ´e 4×83 ns = 332 ns.

O oscilosc´opio mostra algumas oscila¸c˜oes na monitoriza¸c˜ao do sinal proveniente da FPGA, durante a medi¸c˜ao do sinal de re-inicializa¸c˜ao dos integradores, devido `as capacidades pa-

rasitas criadas no acoplamento da ponta de prova com o local da medi¸c˜ao. No entanto, ´e

poss´ıvel verificar que o integrador descarrega depois de ser activado (a ’0’) o sinal da FPGA que controla os interruptores encarregues da descarga. O sinal da FPGA poder´a ser alargado, caso seja necess´ario.

Cap´ıtulo 4. Testes e Resultados

Figura 4.13: Monitoriza¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do integrador, e do sinal proveniente da FPGA que activa o interruptor encarregue de limpar este integrador. Na figura `a esquerda a re- inicializa¸c˜ao do integrador sucede-se a um evento inv´alido, e `a direita sucede-se a um evento

v´alido.

Na medi¸c˜ao representada na Figura 4.14, pretende-se verificar a resposta dos integradores de dois canais diferentes da via lenta ao mesmo est´ımulo. Estes dois canais apresentam o

mesmo ganho nos pr´e-amplificadores. No entanto, pode-se observar que existem pequenas

discrepˆancias nos dois sinais medidos. Este problema pode ser corrigido utilizando um sis-

tema mais fino de ajuste de ganho para calibrar os pr´e-amplificadores como, por exemplo,

recorrer a um potenci´ometro.

Figura 4.14: Medi¸c˜ao dos sinais provenientes dos integradores de dois canais diferentes da via lenta, (CH2) e (CH3), em resposta ao mesmo estimulo (CH1).

De modo a testar o funcionamento do multiplexer, que responde aos sinais de controlo pro- venientes da FPGA, fez-se o seguinte: gerou-se um evento v´alido, e for¸cou-se a re-inicializa¸c˜ao de 3 dos 4 canais da placa anal´ogica de testes, permitindo que apenas a um canal (o canal de entre os 4 que n˜ao foi ”limpo”) mantivesse a carga acumulada no processo de integra¸c˜ao. Na ocorrˆencia de um evento v´alido, a electr´onica digital de controlo selecciona sequencialmente,

por interm´edio do multiplexer 4:1, qual dos 4 canais conecta ao ADC durante o processo de