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Contribuição para a realização do sistema MiniPET: projecto do sistema digital de controlo e da electrónica de vanguarda

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CI ˆENCIAS DEPARTAMENTO DE F´ISICA

Contribui¸

ao para a Realiza¸

ao do Sistema

MiniPET: Projecto do Sistema Digital de

Controlo e da Electr´

onica de Vanguarda

Joel Filipe Garcia Duarte Silva

Mestrado em Engenharia F´ısica

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CI ˆENCIAS DEPARTAMENTO DE F´ISICA

Contribui¸

ao para a Realiza¸

ao do Sistema

MiniPET: Projecto do Sistema Digital de

Controlo e da Electr´

onica de Vanguarda

Joel Filipe Garcia Duarte Silva

Disserta¸c˜ao orientada por:

Professor Doutor Jos´e Ant´onio Soares Augusto

Mestrado em Engenharia F´ısica

(4)
(5)

UNIVERSITY OF LISBON

Abstract

Faculty of Sciences Department of Physics

Contribution to the MiniPet System Realization: Design of the Digital Control System and the Front-End Electronics

by Joel Silva

The purpose of this thesis is to report on the design of a digital control system using VHDL, on its implementation into a development board that includes a FPGA, and on the design and implementation of the front-end’s fast analogue electronics. All these tasks are pursued in the context of building a MiniPet instrument.

The instrument’s main purpose is to be useful as an educational tool. The PETs are cha-racterized by having two detectors, face-to-face, that operate by doing a synchronized circular scanning around the analysis subject. The front-end’s analogue electronics is responsible for processing and conditioning the signals that come out from the detectors. This electronic block gets a measure of the energy of the incoming photons, generated in the positron annihilation, by integrating the charge or current pulses spit out by the detectors, converts the integration values into a digital word with an ADC, and also generates a trigger for each detected signal. The digital control block manages the detection system, validates the coincidences between events occurring in both detectors and pre-processes all the data related with the integration values.

The MiniPet is divided into four main structural parts: a detection system composed of two scintillating crystal LYSO matrices and two photo-multipliers with 4 × 4 channels each; a front-end board that includes the fast analogue electronic components; a development board equipped with a FPGA for the implementation of the digital control blocks; and, finally, a computer program, written in C++, which makes use of an API library from the the FPGA board’s company, for establishing the communication between the computer and the FPGA, in order to be possible to record the detector data for posterior analysis and to configure some parameters in the front-end electronics.

Keywords: MiniPet, Fast Analogue Electronics, Digital Electronics for Control, FPGA, VHDL.

(6)
(7)

UNIVERSIDADE DE LISBOA

Sum´

ario

Faculdade de Ciˆencias Departamento de F´ısica

Contribui¸c˜ao para a Realiza¸c˜ao do Sistema MiniPET: Projecto do Sistema

Digital de Controlo e da Electr´onica de Vanguarda

por Joel Silva

Nesta Tese s˜ao focados o projecto e a implementa¸c˜ao, em VHDL, de um sistema digital de controlo, realizados com o aux´ılio de uma placa de desenvolvimento que inclui uma FPGA, e o projecto de electr´onica anal´ogica r´apida de ”front-end”, tarefas estas realizadas no ˆambito

da concep¸c˜ao de um instrumento de MiniPET.

O instrumento foi pensado para servir essencialmente como ferramenta educacional. O

MiniPet ´e caracterizado por possuir dois detectores, montados cara-a-cara, que operam

fa-zendo o varrimento circular em torno do objecto de estudo. A electr´onica anal´ogica de front-end trata os sinais provenientes dos detectores. Para fazer uma estimativa da energia dos fot˜oes que chegam aos detectores como resultado da aniquila¸c˜ao dos positr˜oes, s˜ao integradas as cargas ou os impulsos de corrente debitados pelos detectores, s˜ao convertidos os valores dessa integra¸c˜ao numa palavra digital atrav´es de um ADC, e ´e gerado um sinal de ”trigger” por cada evento detectado. O controlador digital faz a gest˜ao do sistema de detec¸c˜ao, valida as coincidˆencias entre os dois detectores e pr´e-processa os dados referentes aos valores de integra¸c˜ao.

O MiniPET divide-se em quatro blocos estruturais principais: um sistema de detec¸c˜ao,

que inclui duas matrizes de cristais cintilantes do tipo LYSO e dois foto-multiplicadores com 4 × 4 canais; uma placa que cont´em a electr´onica anal´ogica r´apida de ”front-end”; uma placa

de desenvolvimento, dotada de uma FPGA, que serve de plataforma de implementa¸c˜ao da

electr´onica digital de controlo; e, por ´ultimo, um programa em C++ que faz uso de uma

API proveniente do fabricante da placa da FPGA, que permite a comunica¸c˜ao entre um

computador e a FPGA para, assim, ser poss´ıvel registar os dados da detec¸c˜ao para posterior an´alise e configurar alguns parˆametros da electr´onica anal´ogica de ”front-end”.

Palavras chave: MiniPet, Electr´onica Anal´ogica R´apida, Electr´onica Digital de Con-trolo, FPGA, VHDL.

(8)
(9)

Agradecimentos

A realiza¸c˜ao desta Tese n˜ao teria sido poss´ıvel sem o suporte de algumas pessoas e

insti-tui¸c˜oes a quem quero prestar homenagem e expressar o meu agradecimento.

Ao Prof. Jos´e Ant´onio Soares Augusto pelos ensinamentos transmitidos que foram fulcrais

para a concep¸c˜ao de grande parte deste trabalho, pelo constante apoio e tempo que sempre

me dispensou e por ter aceite a responsabilidade de me orientar nesta Tese. `

A Prof. Am´elia Maio por me ter incentivado a fazer esta Tese e por me ter proporcionado a oportunidade de me integrar no projecto em que esta Tese se insere.

`

A Prof. Guiomar Evans pelo tempo que dedicou a ensinar-me a trabalhar com o software Eagle.

Aos restantes elementos do projecto por todo o auxilio disponibilizado (por ordem al-fab´etica): Jos´e Silva, Lu´ıs Gurriana, Rute Pedro e Tiago Dias.

`

A minha fam´ılia, ao meu pai Carlos Silva que muito embora n˜ao entendesse o meu

trabalho sempre se mostrou interessado e o tentou perceber, `a minha m˜ae Aurora Filipe que `

a sua maneira sempre me motivou. Ao meu avˆo Mapril.

Aos meus amigos, em casa, que sempre me encorajaram e muitas vezes auxiliaram (por

ordem alfab´etica): Ana Cunha, Inˆes Cunha e Jorge Machado.

Aos meus amigos, na FCUL e n˜ao s´o, que sempre me encorajaram e de alguma forma se

mostraram interessados no que andava a fazer (por ordem alfab´etica): Caeli Gobato, Catarina

Fernandes, Filipe Lisboa, Inˆes Besugo, Lara Nogueira, Marco Nunes, Marta Mimoso, Miguel

Campos, Ricardo Pratas, Rui Caldeira, S´ılvia Barros e Tiago Robalo.

Ao Departamento de F´ısica da Faculdade de Ciˆencias da Universidade de Lisboa por me

ter disponibilizado um espa¸co e uma s´erie de instrumentos essenciais `a realiza¸c˜ao desta Tese. Ao CFNUL que suportou financeiramente o projecto e que me concedeu a bolsa de inves-tiga¸c˜ao cientifica Ref. CFNUL-275-BI-01/09, durante um per´ıodo importante da realiza¸c˜ao desta Tese.

(10)
(11)

Conte´

udo

Abstract v

Sum´ario vii

Agradecimentos ix

Lista de Figuras xv

Lista de Tabelas xix

Siglas xxi

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Princ´ıpios B´asicos da Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes . . . 5

1.1.1 Fen´omenos F´ısicos . . . 5

1.1.1.1 Decaimento Radioactivo . . . 5

1.1.1.2 Decaimento por emiss˜ao de positr˜oes . . . 6

1.1.1.3 Radia¸c˜ao de aniquila¸c˜ao . . . 7

1.1.1.4 Interac¸c˜ao de fot˜oes em tecido humano . . . 8

1.1.2 Detec¸c˜ao de radia¸c˜ao . . . 9

1.1.3 Tipos de eventos no PET . . . 10

1.2 Motiva¸c˜ao para o presente trabalho . . . 12

1.3 Revis˜ao de Alguns Sistemas de PET . . . 13

1.4 Estrutura da Tese . . . 14

2 Detector e electr´onica de front-end 17 2.1 Detector . . . 17

2.1.1 O Foto-Multiplicador . . . 17

2.1.2 Cristal cintilador . . . 19

2.1.3 Reconstru¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do PMT para simula¸c˜ao . . . 19

2.2 Electr´onica de “front-end” . . . 21

2.2.1 Via r´apida . . . 22

2.2.1.1 Pr´e-amplifica¸c˜ao . . . 23

2.2.1.2 Discrimina¸c˜ao ou compara¸c˜ao . . . 24

2.2.1.3 Dimensionamento e simula¸c˜ao do canal r´apido (via r´apida) . 26 2.2.2 Via lenta . . . 29

(12)

CONTE ´UDO

2.2.2.2 Integra¸c˜ao . . . 30

2.2.2.3 Dimensionamento e simula¸c˜ao . . . 32

2.2.2.4 Multiplexagem de canais anal´ogicos . . . 35

2.2.2.5 Convers˜ao anal´ogico-digital . . . 36

2.3 Conclus˜ao . . . 37

3 Controlo digital 39 3.1 Circuitos reconfigur´aveis: a FPGA . . . 40

3.2 Recursos de desenvolvimento . . . 42

3.2.1 Placa de implementa¸c˜ao da electr´onica digital . . . 42

3.2.2 Software e linguagem de descri¸c˜ao de hardware . . . 43

3.3 Arquitectura da electr´onica digital . . . 44

3.3.1 M´odulo PET Top . . . 45

3.3.2 M´odulos Synchronize Gama 1 e Synchronize Gama 2 . . . 46

3.3.2.1 Diagrama de blocos . . . 47

3.3.2.2 M´aquina de estados . . . 48

3.3.2.3 An´alise temporal . . . 50

3.3.3 M´odulo Coincidence Detection . . . 51

3.3.3.1 Diagrama de blocos . . . 51

3.3.3.2 M´aquina de estados . . . 52

3.3.3.3 An´alise temporal . . . 54

3.3.4 M´odulo Mux ADC Controller . . . 55

3.3.4.1 Diagrama de blocos . . . 55

3.3.4.2 M´aquina de estados . . . 57

3.3.4.3 An´alise temporal . . . 58

3.3.5 M´odulo PET Data Management . . . 60

3.3.5.1 Diagrama de blocos . . . 60

3.3.5.2 M´aquina de estados . . . 62

3.3.5.3 An´alise temporal . . . 64

3.3.6 M´odulo GPIF Interface . . . 64

3.3.6.1 Diagrama de blocos . . . 65

3.3.6.2 Diagrama temporal . . . 66

3.4 API e programa de interface com o utilizador . . . 67

3.4.1 API . . . 68

3.4.2 Descri¸c˜ao do programa desenvolvido para interface com o utilizador . 70 3.5 Conclus˜ao . . . 73

4 Testes e Resultados 75 4.1 Placa prot´otipo para teste da electr´onica de front-end . . . 75

4.2 Instrumenta¸c˜ao auxiliar utilizada nos testes . . . 77

4.3 Medi¸c˜oes realizadas na electr´onica anal´ogica e digital . . . 79

4.4 Desempenho temporal do sistema electr´onico . . . 87

4.5 Recursos consumidos na FPGA pela electr´onica digital de controlo . . . 92

4.6 Exposi¸c˜ao da bancada de trabalho com a electr´onica prot´otipo do MiniPET . 94 4.7 Conclus˜ao . . . 95

5 Conclus˜oes e Trabalho Futuro 97

(13)

CONTE ´UDO

5.1 Conclus˜ao . . . 97 5.2 Trabalho Futuro . . . 101

A Projecto da placa prot´otipo de testes MiniPET com a ferramenta Eagle 103

B C´odigo VHDL da electr´onica digital de controlo 105

B.1 Exemplo do c´odigo VHDL utilizado para implementa¸c˜ao da electr´onica

digi-tal: m´odulos Synchronize Gama 1 e Synchronize Gama 2 . . . 105

C C´odigo C++ para implementa¸c˜ao do programa de interface com o utlizador

e tabela de fun¸c˜oes da API 109

C.1 C´odigo C++ do programa para interface com o utilizador . . . 109

C.2 Tabela de fun¸c˜oes da API . . . 114

(14)
(15)

Lista de Figuras

1.1 Diagrama b´asico de PET . . . 2

1.2 Esquema global do ”hardware”do MiniPET . . . 3

1.3 Esquema de blocos global do MiniPET . . . 4

1.4 Decaimento por emiss˜ao dum positr˜ao e respectiva aniquila¸c˜ao . . . 6

1.5 Espectro de energia de fot˜oes. . . 10

1.6 Diferentes coincidˆencias que podem ser detectadas no PET . . . 11

2.1 Esquema do detector. . . 17

2.2 PMT da Hamamatsu com as respectivas dimens˜oes (em mm) e o esquema dos d´ınodos. . . 18

2.3 Cristal LYSO cintilante do tipo Prelude 420. . . 19

2.4 Sinal el´ectrico t´ıpico medido `a sa´ıda do detector. . . 20

2.5 Reconstru¸c˜ao, por simula¸c˜ao no TopSPICE do sinal medido `a sa´ıda do detector. 21 2.6 Esquema da electr´onica de ”front-end”, onde se real¸cam as vias r´apida e lenta. 22 2.7 Montagem inversora (esquerda). Caracter´ıstica de transferˆencia da montagem inversora (direita). . . 23

2.8 Comparador regenerativo inversor. . . 25

2.9 Imunidade ao ru´ıdo no comparador com histerese. . . 26

2.10 Esquema do circuito da via anal´ogica r´apida para simula¸c˜ao com o TopSPICE. 27 2.11 Simula¸c˜ao no TopSPICE do sinal de sa´ıda da via r´apida. . . 28

2.12 Montagem n˜ao-inversora (esquerda). Caracter´ıstica de transferˆencia da mon-tagem n˜ao-inversora (direita). . . 29

2.13 Integrador de Miller com resistˆencia adicionada `a realimenta¸c˜ao. . . 30

2.14 Representa¸c˜ao das correntes de polariza¸c˜ao na entrada do AmpOp. . . 31

2.15 Esquema para a simula¸c˜ao da via lenta no TopSPICE. . . 33

2.16 Simula¸c˜ao no TopSPICE do sinal de sa´ıda da via lenta. . . 34

2.17 Simula¸c˜ao no TopSPICE da descarga do integrador. . . 35

2.18 Esquema de organiza¸c˜ao dos multiplexers seleccionadores dos canais da via lenta (esquerda). Esquema de organiza¸c˜ao dos multiplexers seleccionadores dos ADCs (direita). . . 36

2.19 Diagrama temporal do AD9235. . . 37

(16)

LISTA DE FIGURAS

3.2 Placa de desenvolvimento CESYS USB3FPGA. . . 42

3.3 Diagrama de blocos da placa de desenvolvimento CESYS USB3FPGA. . . 43

3.4 Arquitectura global da electr´onica digital de controlo. . . 45

3.5 Diagrama de blocos do m´odulo Synchronize Gama. . . 47

3.6 M´aquina de estados de controlo do m´odulo Synchronize Gama. . . 49

3.7 Diagrama temporal do m´odulo Synchronize Gama. . . 50

3.8 Diagrama de blocos do m´odulo Coincidence Detection. . . 52

3.9 M´aquina de estados de controlo do m´odulo Coincidence Detection. . . 53

3.10 Diagrama temporal do m´odulo Coincidence Detection. . . 54

3.11 Diagrama de blocos do m´odulo Mux ADC Controller. . . 56

3.12 M´aquina de estados de controlo do m´odulo Mux ADC Controller. . . 57

3.13 Diagrama temporal do m´odulo Mux ADC Controller. . . 59

3.14 Diagrama de blocos do m´odulo PET Data Management. . . 61

3.15 M´aquina de estados de controlo do m´odulo PET Data Management. . . . 63

3.16 Diagrama temporal do m´odulo PET Data Management. . . 64

3.17 Diagrama de blocos do m´odulo GPIF Interface. . . 65

3.18 Diagrama temporal da transferˆencia de leitura/escrita singular. . . 67

3.19 Diagrama temporal da transferˆencia da FIFO no sentido da FPGA para o PC. 67 4.1 Diagrama de blocos da placa prot´otipo para teste da electr´onica anal´ogica de ”front-end”. . . 75

4.2 Placa prot´otipo para teste da electr´onica anal´ogica de ”front-end”. . . 77

4.3 Fonte de alimenta¸c˜ao. . . 78

4.4 Gerador de Sinais. . . 78

4.5 Oscilosc´opio. . . 79

4.6 Implementa¸c˜ao ”a posteriori”do plano de alimenta¸c˜ao e de massa da placa prot´otipo de ”front-end”. . . 80

4.7 Correc¸c˜oes `as liga¸c˜oes de componentes anal´ogicos. . . 81

4.8 Monitoriza¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do pr´e-amplificador. . . 82

4.9 Medi¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do comparador. . . 82

4.10 Sinal `a sa´ıda do pr´e-amplificador e sinal referente `a tens˜ao de compara¸c˜ao do comparador. . . 83

4.11 Medi¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do integrador em resposta a diferentes sinais do gerador. 84 4.12 Medi¸c˜ao da constante de tempo de descarga do condensador. . . 85

4.13 Monitoriza¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do integrador, e do sinal de controlo do inter-ruptor encarregue de limpar este integrador. . . 86

4.14 Medi¸c˜ao dos sinais provenientes dos integradores de dois canais diferentes da via lenta, em resposta ao mesmo est´ımulo. . . 86

4.15 Monitoriza¸c˜ao do sinal proveniente dos integradores `a sa´ıda do multiplexer 4:1. 87 4.16 Medi¸c˜ao do tempo decorrido desde a activa¸c˜ao do sinal proveniente da via r´apida at´e `a activa¸c˜ao do sinal de re-inicializa¸c˜ao dos integradores. . . 89

(17)

LISTA DE FIGURAS

4.17 Observa¸c˜ao do sinal de re-inicializa¸c˜ao dos integradores `a sa´ıda da FPGA e do sinal proveniente de uma das vias r´apidaa, numa situa¸c˜ao em que ocorre

um evento inv´alido. . . 90

4.18 Velocidade de transferˆencia de dados registada pela API para uma taxa de 10 Keventos/s. . . 91

4.19 Velocidade m´axima de transferˆencia de dados registada pela API. . . 91

4.20 Relat´orio do Project Navigator sobre o estado de ocupa¸c˜ao da FPGA. . . 93

4.21 Bancada de trabalho onde se realizaram os diferentes testes `a electr´onica do instrumento MiniPET. . . 94

5.1 Poss´ıvel circuito para o aumento do valor m´edio do sinal na entrada invertida do comparador. . . 99

A.1 Desenho da placa prot´otipo de testes do MiniPET. . . 103

A.2 Esquema a electr´onica da placa prot´otipo de testes MiniPET. . . 104

(18)
(19)

Lista de Tabelas

2.1 Tens˜oes de compara¸c˜ao implementadas no discriminador para as diferentes

configura¸c˜oes dos interruptores. . . 28 2.2 Valores de ganho do andar de pr´e-amplifica¸c˜ao da via lenta para as diferentes

configura¸c˜oes dos interruptores. . . 33

2.3 Especifica¸c˜oes temporais do ADC AD9235. . . 37

(20)
(21)

Siglas

ADC Conversor anal´ogico-digital [Analog-to-Digital Converter ]

AMPOP Amplificador Operacional [Operacional Amplifier (OPAMP)]

API Interface de Programa¸c˜ao de Aplica¸c˜oes [Application Programmable Interface] ASIC Circuito Integrado de Aplica¸c˜ao Espec´ıfica [Application Specific Integrated Circuit ]

CLB Blocos L´ogicos Configur´aveis [Configurable Logic Block ]

DC Correntes Cont´ınuas [Direct Current ]

FIFO Primeiro a entrar, primeiro a sair [First In, First Out ]

GPIF Interface program´avel geral [General Programmable Interface]

HDL Linguagem de descri¸c˜ao de hardware [Herdware Language Description]

ISE Ambiente de Software Integrado [Integrated Software Environment ]

LUT [Look Up Table]

ME M´aquina de Estados

PET Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes [Positron Emission Tomography ]

PMT Tubo foto-multiplicador [Photo Multiplier Tube]

RTL N´ıvel de transferˆencia de Registos [Register Transfer Level ]

VHDL Linguagem de descri¸c˜ao de hardware VHSIC [VHSIC Hardware Description Language]

(22)
(23)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

Numa altura de grandes avan¸cos nas ´areas da Medicina e da F´ısica de Part´ıculas, a

tecnologia surge como um importante elo de liga¸c˜ao destas ´areas no desenvolvimento de

instrumentos que tˆem vindo a possibilitar a melhoria do diagn´ostico atempado de certas

patologias fisiol´ogicas, sendo cada vez mais importante dar a conhecer aos jovens, aos m´edicos, bem como a todas as classes profissionais relacionadas com a ´area, os princ´ıpios f´ısicos e os modos de operar por detr´as deste tipo de instrumentos.

A Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes (PET)1 desempenha um papel fundamental na

an´alise e no diagn´ostico m´edico, particularmente na sua aplica¸c˜ao em oncologia. Os instru-mentos de PET comuns permitem a reconstru¸c˜ao de imagens resultantes da distribui¸c˜ao de radio-f´armacos emissores de positr˜oes in vivo, radio-f´armacos estes que, normalmente, s˜ao utilizados para marcar zonas de elevado metabolismo ou de replica¸c˜ao celular an´omala.

Os sistemas de PET baseiam-se na detec¸c˜ao de raios gama produzidos pela aniquila¸c˜ao de positr˜oes resultantes de decaimento nuclear. Os raios gama s˜ao detectados em coincidˆencia por detectores que circundam o paciente. A Figura 1.1 representa um sistema dotado de um anel de detectores e inclui um diagrama que ilustra a taxa de eventos para dois detectores.

´

E de notar que apenas um pequeno n´umero de eventos processados por cada detector

corres-ponde a coincidˆencias. A taxa de eventos processada por cada detector corresponde

frequen-temente a uma larga frac¸c˜ao de eventos singulares para esse detector, e a frac¸c˜ao restante, a taxa de eventos coincidentes, inclui eventos ´uteis, eventos dispersos e eventos aleat´orios. A resolu¸c˜ao espacial do PET ´e limitada pela natureza fundamental da aniquila¸c˜ao do positr˜ao.

1

(24)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Os positr˜oes, ao viajarem por entre a mat´eria v˜ao perdendo energia cin´etica principalmente atrav´es da interac¸c˜ao de Coulomb com os electr˜oes. Como a massa de repouso dos positr˜oes ´

e a mesma dos electr˜oes, os positr˜oes dever˜ao sofrer desvios significativos na sua direc¸c˜ao em cada interac¸c˜ao de Coulomb, e assim seguir um atribulado e aleat´orio caminho at´e perderem

a sua energia cin´etica. Estes temas ser˜ao discutidos mais detalhadamente ao longo deste

cap´ıtulo.

Figura 1.1: Diagrama b´asico de um ”scanner” de PET ilustrando-se a coincidˆencia de eventos em dois detectores. (Retirado de [39])

Existem, em desenvolvimento e j´a no mercado, diversos tipos de equipamentos de PET,

tais como: PETs circulares para exame geral do corpo humano; PETs planares para detec¸c˜ao

tumoral mam´aria; e pequenos PETs para aplica¸c˜ao em pulsos, em antebra¸cos e em animais de pequeno porte.

Um instrumento de PET para fins de diagn´ostico cl´ınico possui alguns milhares de

detec-tores e exige um elevado n´umero de recursos. O MiniPET, que ser´a exposto neste trabalho,

trata-se por´em apenas de um instrumento de PET para fins did´acticos e educativos, preten-dendo expor de forma acess´ıvel o modo de operar e os processos f´ısicos subjacentes a este tipo de aparelhos.

Este aparelho ´e ”mini” no sentido em que apresenta um n´umero reduzido de detectores

e um sistema de aquisi¸c˜ao com baixa eficiˆencia temporal, sendo projectado para operar

durante longos per´ıodos de exposi¸c˜ao e aplicado a pequenos ”fantomas2”dopados ou a fontes

de is´otopos radioactivos de pequena actividade (∼ 10µCi).

2

Fantomas s˜ao estruturas constitu´ıdas por materiais que possuem caracter´ısticas de distribui¸c˜ao da radia¸c˜ao de forma an´aloga aos tecidos biol´ogicos

(25)

Detectores

2X Amplificadores2X16 canais Integradores2X16 canais

Amplificadores 2X Discriminadores2X Multiplexers 2X(16:1) Multiplexers 12X(2:1) Conversão para Digital FPGA PC Mecânica

Placa analógica de front-end

USB

Figura 1.2: Esquema global do ”hardware”do MiniPET.

De um modo geral, o aparelho de MiniPET ´e dividido em 5 grandes sub-sistemas,

esque-matizados na Figura 1.2:

1. O sistema de detec¸c˜ao constitu´ıdo por dois tubos foto-multiplicadores (PMT) 3

ma-triciais de 4 × 4 canais, munidos de um cristal cintilante optimizado para a detec¸c˜ao da radia¸c˜ao electromagn´etica com energia de 511 keV proveniente da aniquila¸c˜ao dos positr˜oes. Os detectores captam aquela radia¸c˜ao emergente, convertendo este est´ımulo num sinal representado por uma carga el´ectrica.

2. A electr´onica anal´ogica de ”front-end” faz a gest˜ao e o pr´e-processamento dos sinais el´ectricos provenientes dos PMTs. ´E caracterizada pela existˆencia de duas vias: uma,

lenta, com 16 canais por cada foto-multiplicador, constitu´ıda por um andar de pr´

e-amplifica¸c˜ao, por um andar de integra¸c˜ao que ret´em a informa¸c˜ao sobre a energia

colectada por cada canal do PMT e por um andar de digitaliza¸c˜ao que converte esta

informa¸c˜ao numa palavra digital; e por uma via mais r´apida, com um canal por foto-multiplicador, constitu´ıda tamb´em por um andar de pr´e-amplifica¸c˜ao e por um andar

de discrimina¸c˜ao, que activa um sinal de ”trigger” sempre que um qualquer dos 16

canais do foto-multiplicador produz sinal relevante. 3

(26)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

3. A electr´onica digital, implementada numa FPGA4, faz o controlo e o pr´e-processamento

de dados do MiniPET. Este sistema define os padr˜oes de funcionamento do aparelho,

tais como os ganhos e os valores de discrimina¸c˜ao, controla a re-inicializa¸c˜ao dos integra-dores, colecta os dados provenientes da electr´onica anal´ogica e estabelece um protocolo de comunica¸c˜ao com o computador (PC)5 atrav´es de um barramento s´erie universal (USB)6.

4. O PC que efectua a liga¸c˜ao entre o utilizador e o aparelho por interm´edio de uma

interface de programa¸c˜ao da aplica¸c˜ao (API)7, ´e respons´avel pelo processamento dos dados e pela respectiva reconstru¸c˜ao de imagem.

5. O sistema mecˆanico permite controlar automaticamente o posicionamento e o

desloca-mento dos PMTs de modo a ser poss´ıvel efectuar um varridesloca-mento circular ao objecto da an´alise.

Os temas focados nesta Tese enquadram-se maioritariamente nos t´opicos dois e trˆes que

acab´amos de enumerar. Um diagrama mais compacto do MiniPET encontra-se na Figura

1.3.

Figura 1.3: Esquema de blocos global do MiniPET.

O posicionamento f´ısico dos detectores (ver Figura 1.3), de faces viradas um para o outro,

permite eventualmente colectar um par de fot˜oes resultante da aniquila¸c˜ao de um mesmo

positr˜ao. Cada um destes dois fot˜oes perde, total ou parcialmente, energia em cada elemento da matriz de cristais cintilantes acoplado a cada um dos detectores. A cada um destes

4

FPGA – Field Programable Gate Array.

5PC – Personal Computer 6

USB – Universal Serial Bus.

7API – Application Programming Interface. 4

(27)

1.1 Princ´ıpios B´asicos da Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes

elementos da matriz de cristais corresponde um canal do foto-multiplicador, e isto permite

amplificar e converter num sinal representado por uma carga el´ectrica a energia depositada

em cada cristal. Nesta situa¸c˜ao, da electr´onica anal´ogica s˜ao emitidos dois sinais r´apidos, um de cada tubo foto-multiplicador, com a informa¸c˜ao referente `a detec¸c˜ao de um fot˜ao por parte do detector, e 32 sinais lentos, 16 de cada tubo, com informa¸c˜ao referente `a energia depositada em cada canal do detector. Na electr´onica digital, a chegada dos sinais r´apidos

dentro da mesma janela temporal, d´a inicio ao processo de convers˜ao e de armazenamento

em mem´oria dos sinais provenientes das vias lentas. Os dados registados na mem´oria da

FPGA s˜ao ent˜ao lidos pelo PC, onde ser˜ao interpretados e permitir˜ao reconstruir a imagem tomogr´afica 3D.

1.1

Princ´ıpios B´

asicos da Tomografia por Emiss˜

ao de

Po-sitr˜

oes

1.1.1 Fen´omenos F´ısicos

1.1.1.1 Decaimento Radioactivo

O decaimento radioactivo ´e um processo f´ısico no qual n´ucleos at´omicos inst´aveis per-dem energia sob a forma de radia¸c˜ao, radia¸c˜ao esta que pode ser corpuscular (emiss˜ao de part´ıculas) ou electromagn´etica (emiss˜ao de ondas electromagn´eticas). Este decaimento, re-sulta da transforma¸c˜ao de um ´atomo de um certo tipo, o is´otopo “pai”, num ´atomo de outro tipo, o is´otopo “filho”. Se N0 for o n´umero de n´ucleos radioactivos existentes inicialmente numa amostra, o n´umero mais prov´avel de n´ucleos por decair ap´os um tempo t, ´e dado por:

N = N0e−λt (1.1)

Onde λ ´e a constante de decaimento com dimens˜ao de [t−1]. O tempo de semidesintegra¸c˜ao ´

e o tempo necess´ario para que uma popula¸c˜ao de n elementos de uma amostra radioactiva

se reduza a metade, ou seja, para que a metade dos n´ucleos radioactivos se desintegre, que

´

e determinado definindo N = N02 na Eq. 1.1 e resolvendo em ordem a t:

t1/2 = ln(2)

(28)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Onde τ ´e a vida m´edia de uma amostra radioctiva. A actividade A(t) ´e a taxa de desinte-gra¸c˜ao dos n´ucleos radioactivos e tamb´em obedece `a mesma lei exponencial do decaimento:

At= −dN

dt = λN0e

−λt= A0e−λt (1.3)

A unidade b´asica de actividade ´e o curie (Ci). 1 Ci = 3, 7 × 1010desintegra¸c˜oes por segundo (dis/s). A unidade SI da actividade ´e o bequerel (Bq). 1 Bq = 1 dis/s = 2, 7 × 10−11 Ci.

1.1.1.2 Decaimento por emiss˜ao de positr˜oes

Existem dois m´etodos de produ¸c˜ao de positr˜oes: por produ¸c˜ao de pares, e por trans-muta¸c˜ao nuclear. A emiss˜ao de um positr˜ao pelo n´ucleo ´e representado simbolicamente pelo decaimento dum prot˜ao num neutr˜ao, atrav´es de uma reac¸c˜ao dada por:

1

1p+→01 n + e++ ν (1.4)

sendo neste caso tamb´em emitido um neutrino (pela lei da conserva¸c˜ao da energia e do mo-mento linear). Esta reac¸c˜ao (decaimento do prot˜ao num neutr˜ao) n˜ao ocorre na natureza, sendo que os radiois´otopos emissores de positr˜oes s˜ao formados por acelera¸c˜ao (num ciclotr˜ao por exemplo) de prot˜oes para bombardeamento de um alvo. O positr˜ao ´e a antipart´ıcula do electr˜ao (e−), apresentando assim a mesma massa mas carga oposta `a do electr˜ao. A inte-rac¸c˜ao de um positr˜ao com um electr˜ao d´a lugar a um fen´omeno denominado de aniquila¸c˜ao (ver Fig 1.4).

Figura 1.4: Decaimento por emiss˜ao dum positr˜ao e respectiva aniquila¸c˜ao, com a resul-tante emiss˜ao de dois raios gama de 511 keV. (Retirado de [26].)

(29)

1.1 Princ´ıpios B´asicos da Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes

A equa¸c˜ao geral para o decaimento por emiss˜ao de um positr˜ao a partir dum ´atomo ´e:

A

ZX →AZ−1Y + e++00ν (1.5)

O ´atomo X ´e rico em prot˜oes e consegue atingir a estabilidade emitindo um positr˜ao e um neutrino do electr˜ao. A carga positiva ´e transportada pelo positr˜ao.

Depois de emitidos pelo n´ucleo, os positr˜oes perdem energia cin´etica por interac¸c˜ao com a mat´eria circundante. Os positr˜oes podem interagir com outros ´atomos e consequentemente serem deflectidos da direc¸c˜ao original por quatro tipos diferentes de interac¸c˜ao:

(i) Colis˜ao inel´astica com electr˜oes orbitais, que ´e o mecanismo predominante de perda de energia cin´etica;

(ii) Colis˜ao el´astica com electr˜oes orbitais, onde os positr˜oes s˜ao deflectidos mas a energia e o momento s˜ao conservados;

(iii) Dispers˜ao inel´astica com os n´ucleos, com deflex˜ao do positr˜ao e, frequentemente, com a correspondente emiss˜ao de radia¸c˜ao de Bremsstrahlung;

(iv) Dispers˜ao el´astica com os n´ucleos onde o positr˜ao ´e deflectido mas n˜ao radia qualquer energia ou transfere energia para o n´ucleo.

Os positr˜oes atravessam a mat´eria, perdendo constantemente energia, ionizando outros

´

atomos ou radiando ap´os dispers˜ao inel´astica. Inevitavelmente ap´os percorrer um dado

percurso (cujo comprimento depende do meio em que se encontra inserido) o positr˜ao acabar´a por perder a sua energia cin´etica.

1.1.1.3 Radia¸c˜ao de aniquila¸c˜ao

Os positr˜oes interagem com a mat´eria, perdendo total ou quase total da sua energia

cin´etica, come¸cam a interagir com os electr˜oes da mat´eria circundante, quer por aniquila¸c˜ao, em que s˜ao produzidos dois fot˜oes anti-paralelos no referencial do positr˜ao com 511 keV cada (conserva¸c˜ao de energia, E = mc2), quer por forma¸c˜ao de um par orbital hidrogen´oide

denominado de positr´onio. No seu estado fundamental, o positr´onio tem duas formas:

(30)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

spins s˜ao anti-paralelos. O para-positr´onio decai por auto-aniquila¸c˜ao, gerando dois fot˜oes de 511 keV anti-paralelos. O orto-positr˜ao auto-aniquila-se emitindo trˆes fot˜oes [19]. Apenas

uma pequena percentagem dos positr˜oes, menos de 2% [26], se aniquila sem chegar a formar

positr´onio.

Os dois fot˜oes produzidos durante a aniquila¸c˜ao s˜ao emitidos em direc¸c˜oes ∼180º uma relativamente `a outra (devido ao princ´ıpio da conserva¸c˜ao do momento). Varia¸c˜oes no

mo-mento das part´ıculas envolvidas no momo-mento da aniquila¸c˜ao podem resultar numa incerteza

da direc¸c˜ao dos fot˜oes de 511 keV (raios gama) de, aproximadamente, 4 mrad (0.23º) [9] no

referencial do observador, o que se traduz na n˜ao colineariedade dos raios gama de 511 keV

emitidos.

1.1.1.4 Interac¸c˜ao de fot˜oes em tecido humano

As interac¸c˜oes mais importantes, `as quais os fot˜oes resultantes da aniquila¸c˜ao de positr˜oes s˜ao submetidos no tecido humano, s˜ao a dispers˜ao de Compton e o efeito fotoel´ectrico.

Na dispers˜ao de Compton um fot˜ao interage com um electr˜ao do meio material. Se a

energia do fot˜ao e momento forem, respectivamente, muito maior do que a energia de liga¸c˜ao e momento de electr˜ao com o qual o fot˜ao interage, este electr˜ao pode ser considerado, para

fins de calculo, aproximadamente livre ou pouco ligado e em repouso. Pela conserva¸c˜ao do

momento e da energia, porque os electr˜oes tem massa e os fot˜oes n˜ao, um fot˜ao n˜ao pode

ser completamente absorvido transmitindo toda a sua energia para o electr˜ao. Deste modo,

na interac¸c˜ao de fot˜oes de elevada energia com os electr˜oes, os fot˜oes s˜ao desviados da sua direc¸c˜ao original (dispersos) e perdem parte da sua energia.

A energia do fot˜ao disperso ´e dada por [19]:

E0 = E

1 + (E/m0c2)(1 − cosθ) (1.6)

onde E ´e a energia do fot˜ao incidente, E’ ´e a energia do fot˜ao disperso, m0c2 ´e a massa do electr˜ao e θ ´e o ˆangulo de dispers˜ao. A equa¸c˜ao (1.6) implica que deflex˜oes bastante grandes

possam ocorrer com perdas de energia bastante pequenas - para um fot˜ao de 511 keV, por

exemplo, uma dispers˜ao de Compton na qual o fot˜ao perde 10% da sua energia resultar´a

numa deflex˜ao superior a 250.

(31)

1.1 Princ´ıpios B´asicos da Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes

No efeito fotoel´ectrico, um fot˜ao ´e absorvido por um ´atomo e durante este processo um electr˜ao ´e emitido de uma das suas camadas electr´onicas. A probabilidade de ocorrˆencia de efeito fotoel´ectrico aumenta rapidamente com o n´umero at´omico do ´atomo absorsor, e

diminui rapidamente com o aumento da energia do fot˜ao [19]. Na ´agua, a probabilidade de

ocorrˆencia de efeito fotoel´ectrico diminui com aproximadamente a 3a potˆencia da energia do fot˜ao e ´e desprez´avel a 511 keV [25].

A probabilidade total de um fot˜ao com uma determinada energia sofrer algum tipo de

interac¸c˜ao com a mat´eria, quando percorre uma dada distˆancia no interior de um dado

material, ´e caracterizada pelo de coeficiente linear de atenua¸c˜ao deste material. Se I0 for a intensidade inicial de um feixe paralelo de fot˜oes monoenerg´eticos, ent˜ao a intensidade I(x) a uma distˆancia x, percorrida no mesmo objecto atenuante desde o ponto inicial, ser´a dada por [19]:

I(x) = I0e− Rx

0 µ(x)dx (1.7)

assumindo que os fot˜oes dispersos s˜ao removidos do feixe. E, onde µ(x) ´e o coeficiente de atenua¸c˜ao linear

1.1.2 Detec¸c˜ao de radia¸c˜ao

A interac¸c˜ao de radia¸c˜ao ionizante com a mat´eria est´a na base do desenvolvimento dos detectores de radia¸c˜ao. A ideia inerente a estes detectores ´e medir a energia total depositada pela radia¸c˜ao no detector. Tipicamente, os detectores de radia¸c˜ao convertem a energia de-positada num sinal el´ectrico mensur´avel (carga, tens˜ao ou corrente). O integral deste sinal ´e proporcional `a energia total depositada no detector pela radia¸c˜ao. Para radia¸c˜ao incidente mono-energ´etica, existir˜ao flutua¸c˜oes, bem como grandes varia¸c˜oes na carga total colectada pelo detector (ver espectro de energia na Figura 1.5). Estas varia¸c˜oes s˜ao consequˆencia da deposi¸c˜ao incompleta de energia pela radia¸c˜ao incidente. Nos cristais de um sistema PET alguns fot˜oes interagem por efeito fotoel´ectrico depositando toda a energia no cristal sendo a principal contribui¸c˜ao para o foto-pico. Uma grande percentagem dos fot˜oes de 511 kev

in-cidentes dever˜ao submeter-se a uma ou mais dispers˜oes de Compton, depositam nele apenas

uma parte da energia e saem do detector. Dispers˜oes m´ultiplas de Compton podem

eventu-almente conduzir `a deposi¸c˜ao da totalidade da energia do fot˜ao, colocando o evento na regi˜ao do foto-pico do espectro de energia. A zona cont´ınua do espectro de energia (Figura 1.5) mostra a regi˜ao de Compton do espectro com uma parcial deposi¸c˜ao da energia. A posi¸c˜ao

(32)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

do pico (foto-pico) marca a energia m´axima da radia¸c˜ao incidente depositada no detector. A largura deste pico mostra o efeito das flutua¸c˜oes na medi¸c˜ao da carga resultante da de-posi¸c˜ao completa da energia de fot˜oes mono-energ´eticos. A precis˜ao do detector em energia ´

e caracterizada pela largura do foto-pico no espectro de energia, e ´e referida como resolu¸c˜ao energ´etica do detector. A resolu¸c˜ao energ´etica do detector ´e um n´umero adimensional e ´e definido como a raz˜ao entre a largura a meia altura do foto-pico e a posi¸c˜ao do seu centr´oide.

Figura 1.5: Espectro de energia de fot˜oes medido por um detector de cintila¸c˜ao (Retirado de [38]).

1.1.3 Tipos de eventos no PET

A detec¸c˜ao de eventos no PET est´a essencialmente relacionada com o detector e com a

geometria e a eficiˆencia electr´onica do sistema de detec¸c˜ao. Um evento ´e considerado v´alido se:

(i) dois fot˜oes forem detectados (um fot˜ao em cada um dos dois detectores) numa janela

de tempo predefinida pela electr´onica, denominada janela de coincidˆencias;

(ii) a subsequente linha de resposta que une os pontos de colis˜ao dos fot˜oes com o detector estiver dentro de um dado intervalo de ˆangulos v´alidos;

(iii) a energia depositada no cristal por ambos os fot˜oes estiver dentro de uma janela de

energia previamente seleccionada.

Eventos como estes s˜ao frequentemente referidos como eventos v´alidos. No entanto, ha-bitualmente existe um certo n´umero de eventos v´alidos registados como tendo obedecido aos

(33)

1.1 Princ´ıpios B´asicos da Tomografia por Emiss˜ao de Positr˜oes

Figura 1.6: Representa¸c˜ao das dife-rentes coincidˆencias que podem ser de-tectadas no PET. O ponto preto indica o local onde o positr˜ao sofreu aniquila¸c˜ao, e as setas ”em mola”representam as tra-ject´orias. A partir do canto superior esquerdo e no sentido dos ponteiros do rel´ogio, os eventos representados s˜ao: uma coincidˆencia verdadeira, um evento com dispers˜ao, um evento m´ultiplo, e uma coincidˆencia aleat´oria ou acidental.

(Retirado de [39])

crit´erios acima referidos, mas que s˜ao, de facto, eventos indesejados. Exemplos s˜ao a detec¸c˜ao de um ou dois fot˜oes dispersos, ou uma coincidˆencia resultante de uma ”acidental”detec¸c˜ao de dois fot˜oes provenientes separadamente da aniquila¸c˜ao de dois positr˜oes diferentes (Fig. 1.6). A terminologia frequentemente utilizada para descrever estes v´arios eventos detectados pelo PET ´e:

(i) Um evento singular ´e, como o nome sugere, um ´unico fot˜ao contado pelo sistema de

detec¸c˜ao. Um ”scanner”de PET considera tipicamente entre 1% e 10% dos eventos

singulares como sendo eventos coincidentes [39];

(ii) Uma coincidˆencia verdadeira ´e um evento que resulta da aniquila¸c˜ao de um ´unico positr˜ao. Os dois fot˜oes da´ı resultantes alcan¸cam o detector em lados opostos sem

interagir significativamente com os ´atomos circundantes e s˜ao detectados dentro da

mesma janela temporal;

(iii) Uma coincidˆencia aleat´oria (ou acidental) acontece quando dois n´ucleos decaem

apro-ximadamente ao mesmo tempo. Depois da aniquila¸c˜ao de ambos o positr˜oes, quatro

fot˜oes s˜ao emitidos. Dois destes fot˜oes de diferentes aniquila¸c˜oes s˜ao contados dentro

da mesma janela temporal e s˜ao considerados como provenientes do mesmo positr˜ao,

(34)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

(iv) Eventos m´ultiplos (ou triplos) s˜ao semelhantes aos eventos aleat´orios, `a excep¸c˜ao de que trˆes fot˜oes de duas aniquila¸c˜oes s˜ao detectados dentro da mesma janela temporal. De-vido `a ambiguidade em decidir qual o par de eventos proveniente da mesma aniquila¸c˜ao, o evento ´e descartado;

(v) Eventos dispersos surgem quando um ou ambos os fot˜oes provenientes de uma

ani-quila¸c˜ao singular, detectados dentro da mesma janela temporal, foram submetidos a

interac¸c˜ao de Compton.

A taxa de eventos v´alidos ´e dada pela soma de todos estes diferentes eventos, visto todos eles satisfazerem o crit´erio de criar um impulso el´ectrico na sa´ıda do detector com energia superior ao limiar necess´ario para validar o evento para processamento.

1.2

Motiva¸

ao para o presente trabalho

O trabalho realizado nesta Tese revelou-se bastante aliciante (`a excep¸c˜ao, ´e claro, dos momentos de maior desmotiva¸c˜ao e ang´ustia associados `a sua escrita...) porque permitiu investigar e esclarecer v´arias quest˜oes relacionadas com as ´areas da instrumenta¸c˜ao e da F´ısica Nuclear e Part´ıculas. O autor lidou com temas como electr´onica anal´ogica de pequenos sinais, sistemas digitais reconfigur´aveis e interfaces program´aveis, tendo de aprender a manusear

todo um conjunto de ferramentas de desenvolvimento (software), instrumentos e t´ecnicas

associados `a concep¸c˜ao e ao teste dos blocos desenvolvidos neste trabalho, onde se destacam ferramentas de desenvolvimento como o TopSpice, o Eagle e o Xilinx ISE, e instrumentos tais como oscilosc´opios e geradores de sinais.

Anteriormente o autor j´a esteve envolvido num outro projecto, de um instrumento para

medi¸c˜ao do tempo de vida m´edia dos mu˜oes, que consistia na constru¸c˜ao de um aparelho capaz de colectar os mu˜oes atmosf´ericos e de medir o tempo que estes demoram a decair para uma part´ıcula mais est´avel, o positr˜ao. `A semelhan¸ca do que acontece com este trabalho,

o detector de mu˜oes incorporava um sistema de detec¸c˜ao composto por PMTs tinha

associ-ada alguma electr´onica anal´ogica de processamento de pequenos sinais e um sistema digital de controlo implementado numa FPGA. Naquele trabalho, o autor esteve encarregado de desenvolver o controlador digital [28].

7Mu˜oes c´osmicos – Part´ıculas resultantes da colis˜ao de part´ıculas pesadas, tais como os prot˜oes, com

elementos, ´atomos ou mol´eculas, da atmosfera.

(35)

1.3 Revis˜ao de Alguns Sistemas de PET

1.3

Revis˜

ao de Alguns Sistemas de PET

A primeira imagem obtida com tecnologia PET foi feita em 1973, por Michael Phelps e

Edward Hoffman, e no ano seguinte, em 1974, foi constru´ıda a primeira m´aquina comercial:

portanto, o PET tem cerca de 35 anos. Fazer um historial de todos os avan¸cos tecnol´ogicos e cient´ıficos significativos para este instrumento est´a muito para al´em do nosso objectivo nesta

sec¸c˜ao. O que iremos fazer ´e dar um panorama de algumas das m´aquinas de PET cujos

objectivos se assemelham aos do MiniPET, e falaremos tamb´em de alguns ”front-ends” e

sistemas de gest˜ao digital com alguma rela¸c˜ao com os do MiniPET.

H´a v´arios textos de referˆencia geral sobre sistemas de detec¸c˜ao de radia¸c˜ao. Por exemplo, em Ahmed [2] ´e feito um estudo abrangente das fontes de radia¸c˜ao, dos v´arios tipos de detec-tores, do processamento e do tratamento estat´ıstico dos sinais e de dosimetria e de protec¸c˜ao radiol´ogica, tudo assuntos relevantes para o MiniPET. J´a Spieler [34] foca essencialmente os detectores realizados com semicondutores, e inclui uma revis˜ao abrangente da electr´onica de condicionamento e de filtragem de sinais relevante para aqueles detectores, discutindo assuntos tais como a forma¸c˜ao dos sinais nos detectores, o ru´ıdo, e as v´arias t´ecnicas de processamento electr´onico dos sinais.

Um ”front-end” t´ıpico que pode servir de exemplo, ´e o do detector Tilecal da experiˆencia

ATLAS do colisionador LHC do CERN. A amplifica¸c˜ao e a discrimina¸c˜ao do impulso

pro-veniente dos detectores est´a descrita em [14, 15], e a sua digitaliza¸c˜ao em [16]. A forma e a dura¸c˜ao dos impulsos s˜ao muito semelhantes `as do MiniPET. No Tilecal usa-se um ”shaper” associado a um par de amplificadores (por canal), um de baixo ganho e outro de ganho

elevado. Cada um destes amplificadores est´a ligado a um ADC de 10 bits, e combinando

as leituras dos dois conversores atinge-se uma resolu¸c˜ao equivalente de 16 bits. O ”shaper” ´

e passivo e realizado com um filtro de Bessel de 7 p´olos. S˜ao usados circuitos CLC501 e

CLC502, dois AmpOps de baixo ganho com realimenta¸c˜ao em corrente e com limita¸c˜ao na

tens˜ao de sa´ıda (para n˜ao saturar os ADCs), em s´erie com dois AmpOps OPA4650 que

im-plementam os ganhos baixo e alto. A digitaliza¸c˜ao ´e feita com ADCs AD9050 da Analog

Devices. Este ”front-end” ´e muito mais complexo do que o do MiniPET, pois as exigˆencias

de linearidade na medida da carga (ou energia) proveniente dos PMTs do Tilecal assim o exigem.

(36)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao

Noutras situa¸c˜oes os amplificadores utilizados nos ”front-ends” s˜ao circuitos integrados (CIs) especificamente projectados para o efeito. Como exemplo damos aquele descrito em

[11, 12], que se destina especificamente a ser utilizado em m´aquinas de PET. As vantagens

dos CIs s˜ao a miniaturiza¸c˜ao, o baixo consumo de energia, e a melhor imunidade ao ru´ıdo,

quando comparados com realiza¸c˜oes `a base de componentes discretos. Num mesmo CI ´e

implementada a electr´onica correspondente a v´arios canais. Um ASIC incorporando os v´arios blocos electr´onicos que suportam 32 canais ´e descrito em [13].

Outros exemplos de ASICs desenvolvidos para servir de ”front-end” em sistemas PET s˜ao [10, 18], tendo este ´ultimo a particularidade de ser desenvolvido quase exclusivamente em Portugal.

Finalmente, uma m´aquina de PET com fins educativos ´e descrita em [17]. Este sistema

entra em conta com o tempo de voo para melhorar a localiza¸c˜ao das aniquila¸c˜oes dos po-sitr˜oes, e disp˜oe de 48 canais anal´ogicos que s˜ao multiplexados antes da convers˜ao feita por 8

ADCs r´apidos. O controlo do sistema ´e feito atrav´es de um barramento VME. Este sistema

´

e mais complexo que o do MiniPet.

1.4

Estrutura da Tese

Nesta Tese ser´a descrita a concep¸c˜ao preliminar do instrumento MiniPET, efectuada a um baixo n´ıvel no que respeita `as especifica¸c˜oes, que correspondem, mais concretamente, ao n´ıvel el´ectrico. Come¸cando pelo sistema de detec¸c˜ao, descreveremos posteriormente, e em sequˆencia, a electr´onica anal´ogica de ”front-end”, a electr´onica digital de controlo e

uma aplica¸c˜ao que faz a interface entre o PC e a placa com a FPGA, usando uma API8

desenvolvida pela companhia Cesys GmbH que fabrica a referida placa.

No cap´ıtulo 2, dedicado ao detector e `a electr´onica de ”front-end”, descrevem-se as ca-racter´ısticas dos elementos que constituem o detector: o cristal cintilante e os tubos foto-multiplicadores. Estuda-se a reconstru¸c˜ao dum impulso el´ectrico, proveniente do detector, que ser´a usado como sinal modelo para o dimensionamento e para a simula¸c˜ao da electr´onica

anal´ogica de ”front-end”. Descrevem-se tamb´em o funcionamento e os componentes

cons-tituintes das vias lenta e r´apida de propaga¸c˜ao dos impulsos dos detectores, do sistema de 8API – Application Programming Interface.

(37)

1.4 Estrutura da Tese

multiplexagem de canais anal´ogicos e do sistema de convers˜ao anal´ogica-digital que comp˜oem a electr´onica anal´ogica de ”front-end”.

No cap´ıtulo 3, que foca o controlo digital do sistema, come¸ca-se por fazer uma pequena introdu¸c˜ao sobre as FPGAs. Referem-se os recursos utilizados no seu desenvolvimento: placa de implementa¸c˜ao, ferramentas de software e linguagem de descri¸c˜ao de hardware (VHDL) utilizadas para a concep¸c˜ao e para a implementa¸c˜ao da electr´onica digital. S˜ao detalha-damente descritos os m´odulos l´ogicos que constituem a arquitectura da electr´onica digital. Descreve-se a funcionalidade implementada na API da Cesys e, em algum detalhe, as fun¸c˜oes dessa API que s˜ao essenciais `a realiza¸c˜ao deste trabalho.

No cap´ıtulo 4, ”Testes e Resultados”, apresentam-se os resultados de alguns testes

rea-lizados a um prot´otipo, constitu´ıdo por uma pequena placa anal´ogica com 4 canais e com

uma FPGA. Este sistema foi concebido durante a realiza¸c˜ao deste trabalho para se constituir como um objecto de estudo preliminar para validar a realiza¸c˜ao do aparelho final, que ser´a

bem mais complexo pois envolver´a bastantes mais componentes electr´onicos.

Finalmente, no cap´ıtulo 5, ”Conclus˜oes e Trabalho Futuro”, retiram-se as conclus˜oes

pertinentes da realiza¸c˜ao deste trabalho e s˜ao revistas as perspectivas de trabalho futuro. Em apˆendice `a Tese inclui-se o esquema da electr´onica da placa prot´otipo de testes, algum

do c´odigo em VHDL desenvolvido para a implementa¸c˜ao da electr´onica digital na placa

FPGA, e o c´odigo em C++ correspondente `a aplica¸c˜ao que efectua a interface de utilizador, implementada no PC, e que lhe permite comunicar com a placa da FPGA.

(38)
(39)

Cap´ıtulo 2

Detector e electr´

onica de front-end

2.1

Detector

O sistema de detec¸c˜ao surge como o primeiro contacto da radia¸c˜ao emergente com o

aparelho, promovendo a convers˜ao da radia¸c˜ao electromagn´etica num sinal el´ectrico, desem-penhando um importante papel na performance de todo o sistema, na medida em que as

suas dimens˜oes e desempenho constituem um importante factor na resolu¸c˜ao do aparelho.

No aparelho MiniPET o sistema de detec¸c˜ao ´e constitu´ıdo por dois PMTs do fabricante Ha-mamatsu [37], modelo H8711 [21] (Fig. 2.2), munidos de um cristal cintilante do fabricante Saint-Gobain, modelo Prelude 420 (Fig. 2.3).

Figura 2.1: Esquema do detector.

2.1.1 O Foto-Multiplicador

Um foto-multiplicador permite converter a luz num sinal el´ectrico, e amplifica este si-nal at´e um n´ıvel de potˆencia que est´a suficientemente acima do n´ıvel de ru´ıdo, e tamb´em

(40)

Cap´ıtulo 2. Detector e electr´onica de front-end

acima do limite inferior da sensibilidade do sistema electr´onico a jusante (habitualmente um amplificador).

Os PMTs H8711 da Hamamatsu possuem 4×4 ˆanodos, com uma ´area de 4.2 mm×4.2 mm

cada um, o que perfaz uma ´area total efectiva de 18.1mm × 18.1mm. Contˆem uma cascata

com 12 etapas de amplifica¸c˜ao electr´onica por d´ınodos, as quais s˜ao alimentadas por uma

fonte de alta tens˜ao. Apresentam um baixo ´ındice de ”cross-talk1”, com valores t´ıpicos

rondando 1%, e uma elevada velocidade de resposta [27].

Ao colidirem com o foto-c´atodo do PMT, os fot˜oes produzidos no cristal cintilante, se tiverem energia suficiente, libertam um fotoelectr˜ao como consequˆencia do efeito fotoel´ectrico. Este fotoelectr˜ao ´e multiplicado por um factor elevado, cerca de 3.5 × 106, ao longo dos 12

d´ınodos, e finalmente a nuvem de carga assim criada atinge um dos 16 ˆanodos. Ligado a

cada um dos 16 ˆanodos existe um terminal para o exterior, onde est´a ligada a electr´onica de ”front-end”. Existe ainda um 17º terminal que liga ao ´ultimo d´ınodo antes dos ˆanodos,

o denominado d´ınodo 12, que ´e activado sempre que existe actividade em qualquer um dos

ˆ

anodos. Este sinal ser´a utilizado como sinal de ”trigger”para a via r´apida da electr´onica anal´ogica.

Figura 2.2: PMT da Hamamatsu com as respectivas dimens˜oes (em mm) e esquema dos d´ınodos.

1

Opta-se, nesta e em outras situa¸c˜oes, por usar o termo em Inglˆes, visto ser a op¸c˜ao que torna mais clara a exposi¸c˜ao desta mat´eria `as pessoas envolvidas no meio.

(41)

2.1 Detector

2.1.2 Cristal cintilador

Os cristais cintiladores utilizados no aparelho de MiniPET, Prelude 420 (Lu1.8Y.2SiO5 :

Ce), s˜ao cristais do tipo LYSO2. Este tipo de cristais cintilantes, baseados em silicato de

Lut´ecio dopado com C´erio, conferem uma elevada densidade e um curto tempo de decaimento

ao detector, o que ´e ideal em aplica¸c˜oes que exijam uma boa resolu¸c˜ao no tempo e na energia. Estes cristais cintilantes est˜ao acoplados ao PMT numa matriz de 4 × 4 cristais (aos quais

chamamos tamb´em canais) com 4.2 mm × 4.2 mm de sec¸c˜ao e 22 mm de profundidade,

separados entre si de uma distˆancia de 0.2 mm (separa¸c˜ao intercanal).

A radia¸c˜ao gama incidente no detector perde energia no cristal cintilador, causando a transi¸c˜ao electr´onica para o estado excitado no material. O estado excitado decai emitindo fot˜oes (radia¸c˜ao vis´ıvel), que posteriormente ir˜ao interagir com o foto-c´atodo do PMT ao qual o cristal est´a acoplado.

Figura 2.3: Cristal LYSO cintilante Prelude 420.

2.1.3 Reconstru¸c˜ao do sinal `a sa´ıda do PMT para simula¸c˜ao

A fim de conhecer a forma do sinal el´ectrico `a sa´ıda do PMT com o cristal cintilador aco-plado, o que ´e indispens´avel saber para realizar, posteriormente, a simula¸c˜ao e o dimensiona-mento do sistema anal´ogico de ”front-end”, fizeram-se em laborat´orio algumas medi¸c˜oes [27], utilizando radia¸c˜ao de energia conhecida e amostrando o sinal com um conversor anal´ ogico-digital (ADC)3 de carga, cuja sa´ıda ficou registada em computador. Para tal utilizou-se uma

2

”Lutetium Yttrium Orthosilicate”, dopado com C´erio.

(42)

Cap´ıtulo 2. Detector e electr´onica de front-end

fonte de 137Cs. O 137Cs decai por emiss˜ao de β− para um estado metast´avel do 137Ba que, posteriormente, relaxa emitindo radia¸c˜ao gama de 661.7 keV.

Apesar de bem conhecido o valor de energia da radia¸c˜ao gama emitida pelo137Cs, poder˜ao existir varia¸c˜oes na carga total colectada pelo PMT, conforme j´a foi referido na sec¸c˜ao 1.1.2.

Contudo, considerou-se o valor m´edio dos resultados obtidos para reconstru¸c˜ao do sinal

el´ectrico (ver Figura 2.4). Conhecendo o espectro de energia para este tipo de detectores

(detectores de cintila¸c˜ao) sabe-se que o valor m´edio de energia corresponde a valores de e-nergia inferiores ao do foto-pico. O foto-pico corresponde ao valor mais prov´avel e ´e o ponto de maior deposi¸c˜ao de energia. Se o sistema electr´onico se revelar eficaz para responder correctamente aos sinais de valor m´edio, tamb´em se revelar´a eficaz para os sinais mais ener-g´eticos na zona do foto-pico, e restar´a apenas resolver a quest˜ao de calibra¸c˜ao dos n´ıveis de discrimina¸c˜ao dos comparadores.

Figura 2.4: Sinal el´ectrico t´ıpico medido `a sa´ıda do detector.

O sinal medido em tens˜ao `a sa´ıda do detector4 com uma resistˆencia de carga de 50 Ω, representado na Figura 2.4, apresenta aproximadamente um tempo de subida de 40 ns, uma largura a meia altura de 60 ns e uma amplitude de -220 mV. Aproximando a forma do sinal de corrente (a tens˜ao observada a dividir pelos 50 Ω) a um trap´ezio com uma base de 95 ns,

um topo de 1 ns e uma altura de −4.4 mA, a ´area deste sinal traduz-se num total de carga

de aproximadamente 210 pC `a sa´ıda do PMT. Com base nestes resultados utilizando uma

ferramenta de simula¸c˜ao electr´onica, o TopSPICE, procedeu-se `a reconstru¸c˜ao deste sinal 4

A sa´ıda do PMT tem um comportamento aproximado a uma fonte de corrente, i(t) = dQ(t)/dt, onde Q(t) ´e a carga que atinge o ˆanodo do PMT devida aos fotoelectr˜oes ”amplificados”pelos d´ınodos.

(43)

2.2 Electr´onica de “front-end”

(ver Figura 2.5). Foi com base neste sinal que se realizaram as simula¸c˜oes feitas `a electr´onica anal´ogica de ”front-end” utilizando a mesma ferramenta de simula¸c˜ao.

Figura 2.5: Reconstru¸c˜ao por simula¸c˜ao no TopSPICE do sinal medido `a sa´ıda do detector.

2.2

Electr´

onica de “front-end”

A electr´onica de ”front-end”, esquematizada na Figura 2.6, tem a seu cargo a gest˜ao e o processamento dos sinais anal´ogicos provenientes dos detectores at´e ser feita a sua digita-liza¸c˜ao, e esta ser comunicada `a electr´onica digital de controlo. A electr´onica de ”front-end” ´

e caracterizada pela existˆencia de duas vias, designadas de via r´apida e via lenta.

A via r´apida est´a conectada ao terminal do PMT que prov´em do terminal ”d´ınodo 12”,

que funciona como um ”OR” realizado aos 16 canais do PMT, dado que o d´ınodo 12 ´e

de algum modo ”comum” a todos eles, permitindo assim determinar se houve actividade em qualquer dos 16 canais do detector. Esta via r´apida consiste num andar de pr´e-amplifica¸c˜ao e num andar de compara¸c˜ao ou discrimina¸c˜ao. O seu sinal de sa´ıda ´e utilizado para determinar a existˆencia de coincidˆencias entre os dois detectores, pois cada um deles tem a sua via r´apida. A via lenta, uma por cada detector, consiste de dezasseis andares de pr´e-amplifica¸c˜ao, seguidos de integra¸c˜ao, dois andares de multiplexagem e um andar de convers˜ao anal´

ogico-digital (com um ADC). Esta via est´a conectada aos terminais dos 16 ˆanodos de cada PMT,

sendo respons´avel pela integra¸c˜ao em carga dos sinais provenientes de cada um destes, inte-gra¸c˜ao esta que se relaciona com a energia daqueles sinais e dos fot˜oes incidentes no detector.

(44)

Cap´ıtulo 2. Detector e electr´onica de front-end

Figura 2.6: Esquema da electr´onica de ”front-end”, onde se real¸cam as vias r´apida e lenta.

O primeiro andar de multiplexagem permite seleccionar, de entre os 16 canais da via

lenta, qual deles ir´a conectar ao ADC, possibilitando assim reduzir no n´umero de ADCs

necess´arios por detector. O segundo andar de multiplexagem permite seleccionar, de entre

os ADCs associados a cada PMT, qual deles comunica com a FPGA. Por fim, o andar de convers˜ao anal´ogico-digital, constitu´ıdo por um ADC paralelo com resolu¸c˜ao de 12 bits,

permite converter o valor da tens˜ao observada na sa´ıda do integrador numa palavra digital

de 12 bits, que ser´a guardada na FPGA.

2.2.1 Via r´apida

A via r´apida tem a seu cargo a fun¸c˜ao de disparar um sinal indicador de actividade

relevante no d´ınodo 12 do PMT sem, no entanto, dar qualquer informa¸c˜ao quantitativa.

O sinal proveniente do d´ınodo 12 do detector ´e um sinal positivo. Este sinal ´e previamente amplificado de modo a conseguir-se aumentar a sua potˆencia e melhorar a rela¸c˜ao sinal-ru´ıdo. A pr´e-amplifica¸c˜ao ´e feita utilizando um amplificador operacional (AmpOp) numa montagem

inversora. Seguidamente este sinal ´e comparado, utilizando-se para isso um comparador com

histerese tamb´em realizado com uma montagem inversora. A existˆencia de uma tens˜ao de

referˆencia vari´avel numa das entradas de compara¸c˜ao, fruto da histerese, permite discriminar n´ıveis de ru´ıdo significativos (Figura 2.9).

(45)

2.2 Electr´onica de “front-end”

2.2.1.1 Pr´e-amplifica¸c˜ao

A pr´e-amplifica¸c˜ao faz uso de um AmpOp em montagem inversora, tal como est´a repre-sentado no esquema da Figura 2.7 (esquerda). Considerando o AmpOp ideal e a funcionar na zona linear, a sua entrada inversora tem uma tens˜ao quase nula em rela¸c˜ao `a massa (massa virtual na entrada inversora), e logo vD ≈ 0. Assim, a corrente em R1 ´e vI/R1. Sendo nula a corrente de entrada do amplificador, a corrente em R1 ´e igual `a que passa em R2,

vI

R1 = −

vO

R2 (2.1)

donde resulta que o ganho de tens˜ao da montagem inversora ´e

Gr= vO vI = −R2 R1 (2.2)

O amplificador satura quando vO atinge as tens˜oes Vsat+ ou V −

sat, cujos valores s˜ao

ha-bitualmente aproximados aos das tens˜oes de alimenta¸c˜ao do AmpOp. A caracter´ıstica de

transferˆencia vO(vI) da montagem inversora tem o aspecto mostrado na Fig. 2.7 (direita).

v

O

v

D

V

+

V

-v

I

R

1

R

2

-+

V

-at

θ

tg θ = |G

r

|

V

+sat

v

I

v

O

Figura 2.7: Montagem inversora (esquerda). Caracter´ıstica de transferˆencia da montagem inversora (direita).

Uma vez que a corrente de entrada ´e vI/R1, a resistˆencia de entrada vale Rir = R1. A

resistˆencia de sa´ıda vale Ror ≈ 0, e assim a tens˜ao vO sofre uma influˆencia neglig´ıvel do valor da corrente de sa´ıda da montagem inversora, desde que esta corrente se encontre dentro dos limites especificados pelo fabricante do AmpOp, pois se estes forem violados o componente entra em ”modo de protec¸c˜ao de curto-circuito” e deixa de ser v´alida a an´alise linear do circuito.

(46)

Cap´ıtulo 2. Detector e electr´onica de front-end

Seja Gr = vO/vIo ganho da montagem inversora referente ao circuito com realimenta¸c˜ao,

e Af = vO/vD o ganho do AmpOp isolado (ou ”ganho em malha aberta”), que se considera

infinito no caso do AmpOp ideal. Se o amplificador tiver ganho finito, ent˜ao vD = vO/Af e a tens˜ao na entrada inversora ´e −vO/Af. Sendo iguais as correntes em R1 e R2, temos agora

1 R1 (vI+ vO Af ) = − 1 R2 (vO+ vO Af ) (2.3) e, fazendo β = R1 R1+ R2 (2.4) fica Gr= (1 − β) Af 1 + Afβ (2.5)

Quando Af → ∞, obt´em-se Gr = −(1 − β)/β = −R2/R1, como anteriormente. Este modelo

do ganho do ampop finito (mas muito grande, tipicamente na ordem das centenas de milhar), juntamente com a informa¸c˜ao sobre o valor da resistˆencia de sa´ıda R0Ado AmpOp em malha

aberta (que vale em geral poucas centenas de Ω), tamb´em permite fazer uma estimativa

da impedˆancia de sa´ıda da montagem inversora, conclu´ındo-se que vale aproximadamente

R0≈ R0A/(βG), na pr´atica uma frac¸c˜ao do Ohm.

2.2.1.2 Discrimina¸c˜ao ou compara¸c˜ao

A compara¸c˜ao (ou discrimina¸c˜ao) ´e feita utilizando um comparador regenerativo inversor com histerese. Trata-se de um circuito bi-est´avel, pois possui dois estados est´aveis. O estado actual depende n˜ao s´o do valor actual da excita¸c˜ao, mas tamb´em dos valores anteriores;

pode dizer-se que o circuito tem mem´oria. O comparador regenerativo inversor resulta de

uma montagem n˜ao-inversora em que a polaridade das entradas do AmpOp se encontra

trocada, o que corresponde `a existˆencia de realimenta¸c˜ao positiva. Utiliza-se uma tens˜ao de referˆencia n˜ao nula no terminal de entrada inversor de modo a controlar os valores limiares da compara¸c˜ao (Fig. 2.8).

Neste circuito, o comparador ´e um dispositivo n˜ao-linear, mas enquanto mantiver uma

mesma tens˜ao de satura¸c˜ao na sa´ıda comporta-se electricamente como se fosse um gerador de tens˜ao. Aplicando o teorema da sobreposi¸c˜ao ao circuito da Fig. 2.8, obt´em-se

vx= αVref + δvO (2.6)

(47)

2.2 Electr´onica de “front-end” vO vX vI R3 R2 -+ V+ V -V+ sat V+sat V-sat V -sat vI vI vO δV -sat δV+sat αVref αVref R1 Vref

Figura 2.8: Comparador regenerativo inversor.

onde as constantes multiplicativas s˜ao

α = R1//R2

R3+ R1//R2, δ =

R1//R3

R2+ R1//R3 (2.7)

Enquanto vI > vX, isto ´e, vI > αVref + δVsat−, teremos vO = V −

sat e, por outro lado, se vI < vX, isto ´e, vI < αVref + δVsat+, ent˜ao vO = Vsat+. Daqui resulta a caracter´ıstica de transferˆencia representada `a direita na Figura 2.8; fora da gama de valores na entrada em que a histerese se manifesta, vO e vI tˆem sinal oposto (assumindo Vref = 0), da´ı o comparador ser do tipo inversor.

Assumindo que vI toma exclusivamente valores negativos, de modo a que vX tome

va-lores de compara¸c˜ao que permitam ao comparador comutar de estado, Vref ter´a de ser tal que αVref < −δVsat+, ou seja Vref < −δVsat+/α. Se a tens˜ao de alimenta¸c˜ao negativa do comparador for nula, ent˜ao Vsat− ≈ 0. Assim, enquanto vI > vX, o que agora significa vI > αVref, teremos vO≈ 0 (ver Figura 2.9).

O comparador regenerativo tem vantagens em rela¸c˜ao ao comparador sem realimenta¸c˜ao. Devido `a realimenta¸c˜ao positiva, a transi¸c˜ao da tens˜ao de sa´ıda de um n´ıvel para o outro ´e mais r´apida. E, por outro lado, a histerese oferece imunidade ao ru´ıdo, conforme ´e vis´ıvel no exemplo da Fig. 2.9, podendo o n´ıvel de rejei¸c˜ao desse ru´ıdo ser escolhido pelo projectista, atrav´es dos valores de Vref e das resistˆencias.

O dispositivo seleccionado para a realiza¸c˜ao desta fun¸c˜ao, o comparador TLV3501, tem histerese implementada internamente correspondendo, segundo o fabricante, a uma janela de

(48)

Cap´ıtulo 2. Detector e electr´onica de front-end

Figura 2.9: Imunidade ao ru´ıdo no comparador com histerese. Quando a sa´ıda v0 subiu,

o limiar de compara¸c˜ao passou de αVref para αVref + δVsat+ e as duas ”oscila¸c˜oes”mais

pr´oximas do pico mais negativo do impulso na entrada n˜ao mudam o estado do comparador.

6 mV. Este valor ´e considerado demasiado pequeno para a nossa aplica¸c˜ao, raz˜ao pela qual foi adicionada a histerese externa que acab´amos de descrever.

2.2.1.3 Dimensionamento e simula¸c˜ao do canal r´apido (via r´apida)

A fim de dimensionar e testar os blocos anal´ogicos descritos nas sec¸c˜oes anteriores, a via r´apida da electr´onica de front-end foi verificada, por simula¸c˜ao, com a ferramenta TopSPICE, utilizando-se componentes com caracter´ısticas reais. A Figura 2.10 mostra o circuito utilizado na simula¸c˜ao.

O andar de pr´e-amplifica¸c˜ao emprega o AmpOp LM7171 [32] da National Semiconductor.

Este dispositivo funciona com realimenta¸c˜ao em tens˜ao5 e ´e muito r´apido, o suficiente para lidar com os impulsos do detector cuja dura¸c˜ao t´ıpica (FWHM6) ´e de poucas dezenas de

nanosegundo. Algumas das suas caracter´ısticas mais relevantes s˜ao: um ”slew-rate”de 4100

V /µs, uma largura de banda para pequenos sinais de 200 MHz e d´ebito de 100 mA de corrente

na sa´ıda. O ganho desta montagem inversora, dado que o ganho diferencial do AmpOp ´e

Af > 104, pode ser aproximado por −R2/R1. Para R1 = 630 Ω e R2 = 6 kΩ, o ganho de

pr´e-amplifica¸c˜ao da via r´apida vale Gr= −9.52. 5

H´a AmpOps com ralimenta¸c˜ao em corrente, bastante utilizados na electr´onica de processamento de impulsos em detectores de part´ıculas.

6

”Full Width at Half Maximum”.

(49)

2.2 Electr´onica de “front-end”

Figura 2.10: Esquema do circuito da via anal´ogica r´apida para simula¸c˜ao com o TopSPICE.

A discrimina¸c˜ao faz uso do comparador TLV3501 [23] da Burr-Brown. Trata-se de um

comparador ”rail-to-rail”(a sa´ıda pode ”encostar-se”quase exactamente `as tens˜oes de ali-menta¸c˜ao, VCC e 0 Volt), muito r´apido e que apresenta um reduzido atraso entre o sinal de entrada e o sinal de sa´ıda, tipicamente 7.5 ns. Os valores da tens˜ao de compara¸c˜ao no ter-minal n˜ao inversor s˜ao obtidos a partir da express˜ao (2.6), onde neste caso os multiplicadores s˜ao calculados atrav´es de α = (RP//R4)/(R8+ RP//R4), δ = (RP//R8)/(R4+ RP//R8), e teremos VRef= -5 V, Vsat+ = 5 V e Vsat− = 0 V . A resistˆencia RP ´e equivalente ao paralelo de R5, R6 e R7, sendo os valores de R6 e R7 no c´alculo de RP infinitos quando o respectivo interruptor est´a aberto. Assim, as resistˆencias R6 e R7 podem ser removidas do circuito usando o interruptor MAX4615 de elevada velocidade da Maxim [6]. Pode-se escolher, con-soante a configura¸c˜ao dos interruptores, quatro n´ıveis de discrimina¸c˜ao diferentes. Valendo

R4 = 7.7 kΩ, R5 = 550 Ω, R6 = 900 Ω, R7 = 2 kΩ e R8 = 4.5 kΩ, a tens˜ao de compara¸c˜ao

vx poder´a tomar um dos valores referidos na Tabela 2.1.

A discrimina¸c˜ao dos valores de pico dos impulsos em vi corresponde ao limite de histerese inferior, isto ´e vx(vo = 0V ): o sinal de sa´ıda vO do comparador s´o muda de 0 para 5V se o pico daquele impulso for inferior a este limite. Uma vez que, ap´os esta detec¸c˜ao vai dar-se uma mudan¸ca e vo = 5 V, a tens˜ao de compara¸c˜ao passar´a a corresponder ao limite de histerese superior vx(vo = 5); o sinal vo do comparador s´o muda de 5V para 0V se vi exceder vx(vo= 5 V ). Note que vx tem sempre valores negativos.

(50)

Cap´ıtulo 2. Detector e electr´onica de front-end W0/W1 Paralelo RP (Ω) vx(vo = 0V )(V ) vx(vo = 5V )(V ) 00 R5 550 -0,51 -0,21 10 R5//R6 341,38 -0,34 -0,14 01 R5//R7 431,37 -0,42 -0,17 11 R5//R6//R7 291,61 -0,29 -0,12

Tabela 2.1: Tens˜oes de compara¸c˜ao implementadas no discriminador para as diferentes configura¸c˜oes dos interruptores. W0 e W1 s˜ao os valores l´ogicos que controlam as posi¸c˜oes

(aberto ou fechado) dos interruptores do MAX4615.

Na Figura 2.11 est´a representada a simula¸c˜ao da resposta do circuito da via r´apida a um est´ımulo consistindo no sinal referido na sec¸c˜ao 2.1.3. O gr´afico em cima mostra a sa´ıda do comparador. O gr´afico em baixo mostra o sinal `a sa´ıda do pr´e-amplificador, que ´e tamb´em o sinal de entrada do comparador, bem como o sinal utilizado para limiar da discrimina¸c˜ao, vx. ´E vis´ıvel que este limiar muda devido `a histerese.

Figura 2.11: Simula¸c˜ao no TopSPICE do sinal de sa´ıda da via r´apida.

Os valores da tens˜ao de compara¸c˜ao vx aqui simulados correspondem aos dois

interrup-tores abertos (W0= 0 e W1 = 0), ou seja, RP = 550 Ω. O atraso entre o sinal de entrada vI

e o sinal de sa´ıda v0 ´e representado por ∆t e vale cerca de 8 ns.

Imagem

Figura 1.1: Diagrama b´ asico de um ”scanner” de PET ilustrando-se a coincidˆ encia de eventos em dois detectores
Figura 1.5: Espectro de energia de fot˜ oes medido por um detector de cintila¸ c˜ ao (Retirado de [38]).
Figura 2.2: PMT da Hamamatsu com as respectivas dimens˜ oes (em mm) e esquema dos d´ınodos.
Figura 2.4: Sinal el´ ectrico t´ıpico medido ` a sa´ıda do detector.
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Referências

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