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Medidas fundamentais para a revisão da política do medicamento em Portugal adoptadas em 2011 e

Para promoção do acesso a medicamentos a custos comportáveis, foram adoptadas medidas julgadas fundamentais para a revisão da política do medicamento. Essas medidas teriam como objectivo a baixa generalizada dos preços, a garantia de mais elevado grau de transparência no mercado farmacêutico e uma maior sustentabilidade do SNS, através de uma política de simplificação administrativa de procedimentos (215). O Governo procurava,

desse modo, garantir uma redução nos gastos públicos com medicamentos e incentivar as vendas de produtos farmacêuticos a mais baixo custo.

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Algumas das medidas implementadas davam cumprimento a compromissos assumidos no Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica 62, firmado pelo Governo Português com o Fundo Monetário Internacional

(FMI), a União Europeia e o Banco Central Europeu (215).

No seguimento das recomendações acordadas e das orientações políticas do Governo, foi determinado que o PVP máximo do primeiro medicamento genérico a introduzir no mercado deveria ser igual ou inferior a 50 % do preço do produto de marca com o mesmo princípio activo, mantendo-se a excepção para os medicamentos cujo PVA, em todas as apresentações, fosse igual ou inferior a 10 €, uma vez que se tornava necessário garantir que a imposição de preços baixos em medicamentos genéricos não fosse impeditiva da respectiva entrada no mercado, com o inerente prejuízo para os consumidores e para o Estado (215). Nesses casos, o PVP máximo do primeiro medicamento

genérico a introduzir no mercado deveria ser igual ou inferior a 75 % do preço do produto de marca com o mesmo princípio activo (215).

O sistema de referenciação de preços em vigor foi também revisto, tendo em consideração, doravante, os preços internacionais e os novos países de referência: a Espanha, a Itália e a Eslovénia (215), em vez da Espanha, da França, da Itália e da Grécia (175).

Tendo por base a experiência adquirida de outros Estados membros da União Europeia, foi alterada a margem de comercialização das empresas grossistas e das farmácias, numa base regressiva e por escalões de preços, no último dos quais a margem

62 Programa de Assistência Económica e Financeira acordado em Maio de 2011, entre as autoridades

portuguesas, a União Europeia e o FMI. Foi uma carta de intenções, subscrita pelo Governador e pelo Ministro de Estado e das Finanças, e em memorandos de entendimento (Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica, com a Comissão Europeia, e Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, com o FMI), visando o restabelecimento da confiança dos mercados financeiros internacionais e a promoção da competitividade e do crescimento económico sustentável, assente em três pilares essenciais, ou seja, a consolidação orçamental, a estabilidade do sistema financeiro e a transformação estrutural da economia portuguesa. O pacote de assistência financeira previa, para o período de 2011 a 2014, um total de 78 mil milhões de euros, dos quais 52 mil milhões de euros através dos mecanismos europeus (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) e 26 mil milhões de euros a assistência do FMI, ao abrigo de um Programa de Financiamento Ampliado. Deste total, 12 mil milhões de euros foram destinados ao mecanismo de apoio público à solvabilidade de bancos viáveis (Bank Solvency Support Facility).

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seria um valor fixo independentemente do preço do medicamento (215). As margens de

comercialização passariam a incorporar também valores fixos para as farmácias e para os grossistas (215).

Por último, e atendendo às necessidades de simplificação e eficiência administrativas, estabelecia-se um ponto único de recepção de requerimentos para

comercialização de medicamentos, incluindo recepção dos pedidos de AIM, de autorização

de PVP e de comparticipação de medicamentos (215).

Os medicamentos para uso humano comparticipados pelo Estado, com excepção dos usados apenas nos hospitais, ficariam sujeitos a novas regras para definição de preço a partir de 1 de Janeiro de 2012, podendo as embalagens postas à venda antes dessa data ser vendidas até 31 de Março de 2012 com o novo preço remarcado na embalagem quer pela própria farmácia quer pelo respectivo distribuidor (215). Nesse novo regime de formação de

preço, o PVP máximo passou a resultar do somatório do PVA 63, da margem do

distribuidor 64, da margem da farmácia 65, da taxa sobre a comercialização dos

medicamentos paga ao INFARMED e do IVA pago ao Estado, não podendo ultrapassar a média dos PVA respectivos nos países de referência onde estivesse disponível (215). Se o

medicamento não estivesse à venda em nenhum dos países de referência, seria usado o PVA do país de origem (215).

As alterações do regime de preços incluíram também alterações das margens máximas para os distribuidores e para as farmácias (215). Os preços dos medicamentos

comparticipados e não comparticipados pelo Estado passaram, a partir de 1 de Janeiro de 2012, a ser calculados com base no PVA do medicamento (ver Tabela 13) (215).

Os medicamentos genéricos, que até então tinham de ser, no mínimo, 35 % ou 20 % mais baratos (175), passaram a ser, no mínimo, 50 % mais baratos do que o equivalente

medicamento de marca (215). Caso o PVA do medicamento de marca fosse inferior a 10 €, o

genérico deveria ser, no mínimo, 25 % mais barato do que o respectivo medicamento de marca (215).

63Preço máximo a que o medicamento pode ser vendido pelo produtor ou importador aos distribuidores.

64Diferença máxima permitida entre o que o distribuidor pagou pelo medicamento e o preço a que o vende à

farmácia.

183 Tabela 13

PVA do medicamento Margens máximas de comercialização dos medicamentos comparticipados e não comparticipados

Grossistas

(% calculada sobre o PVA)

Farmácias

(% calculada sobre o PVA)

Igual ou inferior a 5.00 € 11.2 % 27.9 % De 5,01 € a 7.00 € 10.85 % 25.7 % + 0.11 € De 7,01 € a 10.00 € 10.6 % 24.4 % + 0.20 € De 10,01 € a 20.00 € 10 % 21.9 % + 0.45 € De 20,01 € a 50.00 € 9.2 % 18.4 % + 1.15 € Superior a 50.00 € 4.60 € 10.35 €

Tabela 13.: Margens máximas de comercialização dos medicamentos comparticipados e não comparticipados

em 2012.

Com o objectivo de simplificar os processos administrativos relacionados com a venda de medicamentos, só o INFARMED poderia passar, a partir de 1 de Janeiro de 2012, a receber os pedidos relacionados com os procedimentos envolvendo a AIM de um medicamento, a autorização de PVP e a comparticipação de medicamentos (215). Deste

modo, seria possível incentivar a venda de medicamentos mais baratos, reduzindo a despesa do Estado e dos cidadãos (215).

A possibilidade da revisão excepcional de preços dos medicamentos, quer por motivos de interesse público, quer por iniciativa do titular da AIM (191, 215), mantinha-se em

vigor, e teria natureza casuística, justificando-se a decisão do respectivo pedido por motivos de saúde pública, de interesse público, de interesse económico, de equidade e de viabilidade produtiva (216).

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- Definição das regras de formação dos preços dos medicamentos em

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