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As principais zonas de produção de trigo classe Pão na Argentina são as províncias de Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé, correspondendo a 87% do total da produção. Nesta zona se concentra todo trigo que é exportado para o Brasil, que equivale a uma média de 60% das exportações. Outros destinos do trigo excedente são Chile, África do Sul, Peru e Colômbia.

O plantio, de acordo com a Cotecna, é realizado a partir de meados de maio, até final de agosto de cada ano. A colheita por sua vez é realizada a partir da metade de novembro, podendo se estender até a terceira semana de janeiro, dependendo da região.

Quanto à qualidade deste trigo, vale destacar que o único tipo de trigo produzido e exportado é o trigo da classe Pão. Como pode se observar na Tabela 1, abaixo, com os padrões de qualidade do grão de trigo estabelecido pela Secretaría de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentación15 da Argentina, na qual os indicadores mínimos exigidos são um pouco melhores que os exigidos pelo MAPA, porém, o órgão de fiscalização atuante na Argentina, o Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria16 (SENASA) atua rigorosamente para atestar os padrões de qualidade.

Tabela 1 - Padrão da Argentina para o trigo

Fonte: TRIGO ARGENTINO. Argentine Standart for Wheat: New resolution SAGPyA 1262/04. Disponível em:

<http://www.trigoargentino.com.ar/trigo2007/ENG/texts/TRIGOPAN_CALIDAD_2007ENG.HTML>. Acesso em: 20 out. 2011.

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Tradução livre da autora: Secretaria de Agricultura, Grãos, Pesca e Alimentos.

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Ainda, conforme pode se observar no Gráfico 1, a produção na Argentina é alta, sendo capaz de produzir quantidades para seu consumo interno e direcionar o excedente para a exportação.

Gráfico 1 - Produção da Argentina - 1990/01 a 2010/11

Fonte: ARGENTINA. Ministério de Agricultura, Ganadería y Pesca. Exportaciones de Granos y oleaginosas. Disponível em: < http://www.minagri.gob.ar/SAGPyA/agricultura/precios_fob_- _exportaciones/03-exportaciones/index.php>. Acesso em: 28 set. 2011.

Gráfico 2 - Exportações argentinas em TM – 1990/01 a 2009/10

Fonte: ARGENTINA. Ministério de Agricultura, Ganadería y Pesca. Exportaciones de Granos y oleaginosas. Disponível em: < http://www.minagri.gob.ar/SAGPyA/agricultura/precios_fob_- _exportaciones/03-exportaciones/index.php>. Acesso em: 28 set. 2011.

0 2.000.000 4.000.000 6.000.000 8.000.000 10.000.000 12.000.000 14.000.000 16.000.000 18.000.000 Q u ant idad e e m kg Safra

Produção da Argentina - Safra 1990/01 a 2010/11

5.852.000 5.545.000 6.048.000 5.598.000 5.262.000 6.781.000 5.833.000 8.479.000 10.143.000 8.555.000 10.795.000 10.583.000 8.873.000 6.037.000 9.956.000 9.957.000 9.364.000 9.484.000 8.497.000 5.041.000 1990 /91 1992 /93 1994 /95 1996 /97 1998 /99 2000 /01 2002 /03 2004 /05 2006 /07 2008 /09

A este respeito Lezcano (2007) afirma:

En la última década Argentina destinó anualmente a su mercado interno, para molienda entre 4,7 y 5,2 millones de toneladas de trigo pan que, dependiendo de cada campaña, dejaron liberados para la exportación volúmenes que oscilaron entre los 8 y los 10 millones de toneladas17.

Os dados de importação do Brasil, quando nos referimos ao trigo proveniente da Argentina em especial, se mantiveram altos e estáveis a partir da década de 90. Um fator que contribuiu para este cenário foi a Tarifa Externa Comum nula para o trigo entre os países do MERCOSUL, criado em 1991. Os índices de exportações para o Brasil podem ser verificados no Gráfico 3.

Gráfico 3 - Volume exportado pela Argentina para o Brasil – 1993 - 2010

Fonte: MDIC. ALICE Web. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/. Acesso em: 30 set. 2011.

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Tradução livre da autora: “Na última década a Argentina destinou anualmente ao seu mercado interno para moagem entre 4,7 e 5,2 milhões de toneladas de trigo pão que, dependendo de cada região, liberaram para exportação volumes que oscilam entre os 8 e 10 milhões de toneladas.” (LEZCANO, 2007). 3.473.974,00 3.761.043,00 4.379.592,00 3.861.287,00 3.965.178,00 5.961.926,00 6.147.013,00 7.110.729,00 6.534.729,00 5.455.868,00 5.310.063,00 4.530.901,00 4.584.298,00 6.098.900,00 5.667.232,00 4.035.161,00 3.322.364,00 3.439.861,00 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Ainda, segundo a empresa Cotecna (2011), com sede na Argentina, a área total cultivada com trigo no país permaneceu estável durante a década de 1990 até 2000. Entrementes, a partir desta época observou-se um retrocesso. Na safra de 1996/97 e 2000/01 o total de hectares era de 6.3 e 6.2 milhões, respectivamente, baixando para uma média de 4,9 milhões de hectares plantados nos cinco anos seguintes.

A respeito da redução da área do trigo Aizen et. al. (2009) cita a presença de uma outra cultura forte para os argentinos, a soja: “La soja, un cultivo casi irrelevante para la producción agrícola de La Argentina a comienzos de la década de los ’70, se ha convertido em el cultivo estrella del campo argentino.” A soja atualmente representa cerca de 50% da área cultivada no país.

É importante considerar também que a Argentina enfrentou sérios problemas climáticos nos últimos ciclos que ajudam a explicar o retrocesso da área de plantio. O governo do país vizinho também está regendo um esquema de dupla intervenção no mercado de cereais desde 2006, através de taxas de exportação amparadas através da Lei 21.453, que conforme tabela atual estabelecida pela Secretaría de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentación para o NCM 1001.90.90, correspondente ao trigo, equivale a uma taxa de exportação de 23% do valor FOB da mercadoria, que o vendedor deve pagar.

O segundo limitador praticado é o fornecimento de licenças de exportação para os comerciantes de trigo, não podendo ser exportada uma quantidade além da cota estabelecida pelo governo argentino.

Não há também qualquer incentivo tributário direto fornecido pelo governo para os agricultores, entretanto é possível reaver os impostos pagos conforme explicado pela Cotecna (2011):

El Gobierno Nacional establece la devolución total o parcial de tributos interiores (ingresos brutos, IVA, tasas comunales) que se hubieran pagado en las distintas etapas de producción y comercialización de las mercaderías a exportar, nuevas, sin uso, y manufacturadas en el país. 18

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18 Tradução livre da autora: “O Governo Nacional estabelece a devolução total ou parcial de tributos

inferiores (imposto de renda, Imposto sobre Valor Agregado (IVA), taxas municipais e estaduais) que tenham sido pagas nas distintas etapas de produção e comercialização das mercadorias a exportar, novas, sem uso e manufaturadas no país.”

Apesar de ser possível para o produtor reaver esses tributos, o processo é ainda muito lento, colocando este fator também como uma possível barreira indireta do governo para a exportação no país.

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