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ROUND-TABLES.106

Mesa 1

O amor e seus transtornos na clínica e na cultura

(Love and its disorders in clinical practice and in culture)

Coordenação: Cynthia Baldi (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Participação:

- A perversão na mulher: esse obscuro objeto do desejo (Perversion in women: this obscure object of desire) André Avelar (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

O propósito deste trabalho é fazer, a partir de um caso clínico, uma breve investigação a respeito do tema da perversão na mulher. Ao contrário do sujeito neurótico, o perverso irá negar o confronto com a castração, recorrendo à instituição do objeto fetiche. Porém, tal percurso torna-se mais problemático no tocante à mulher, pois esta não empreendeu o mesmo percurso que o homem na dialética edipiana. Freud salientou que na mulher a castração seria primária, anterior às suas aspirações edípicas, levando-a assim a não entrar em confronto a dimensão da falta a partir do signo da ameaça, como ocorre no percurso masculino. Isso nos confronta com algumas questões: se a instituição do objeto fetiche tem a função de evitar o confronto com a castração, podemos pensar em uma prática eminentemente ‘fetichista’ na mulher? Ou seria mais razoável pensar em uma mulher perversa ‘fetichizada’ ao invés de ‘fetichista’? São estas algumas das questões que pretendo abordar neste trabalho.

- Ensaio sobre a liberdade e teoria psicanalítica (Essay on freedom and psychoanalytic theory) Bárbara Breder (Universidade Federal Fluminense, RJ/Br.) Resumo:

Este trabalho traz como questionamento se há possibilidade de liberdade para o sujeito aprisionado no registro simbólico pelos mean- dros das palavras. Tendo em vista seu nascimento cativo ao lugar simbólico ofertado pela cultura. Freud afirmou que a civilização não comporta a liberdade do homem da mesma maneira que as satisfações pulsionais são impedidas de encontrarem plena realização. E apresenta o conceito de clichê esteriotípico como um modelo a partir do qual o sujeito se orienta em sua vida amorosa, estando fadado a viver a cada nova experiência comparada as do passado. Revelando certa fixidez humana a permanecer nostálgico em relação a sua história pregressa. A determinação simbólica, aliada às identificações imaginárias, estabelecem um círculo fechado de determinação da qual não se pode libertar? Ou há algo de inovador, uma abertura de possibilidade para que pudéssemos nos posicionar de forma outra frente ao nosso passado e lançar sobre o futuro novas formas de tecer nossa história?

- Excessos indizíveis – a escuta do horror do incesto (Unspeakable excesses - listening about the horror of incest) Débora Dantas (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

A questão que se coloca é a de como acompanhar na clínica a ocorrência do incesto, diante do excesso e do horror gerados como conseqüências do mesmo, para toda uma família? Partindo da escuta analítica, considerarei e darei ênfase à questão do incesto, na dinâmica familiar e nos desdobramentos suscitados para, então, tê-los como base numa reflexão teórica.

Em um primeiro momento, parece imperativo acompanhar o pensamento freudiano para, em seguida, considerar temas como a constituição da sexualidade, o complexo de Édipo, a interdição, a dinâmica pulsional, o sentimento de culpa, a vergonha, a reparação, o desamparo e a relação entre mãe e filha da maneira com que foram surgindo no decorrer de análise.

Por fim, ponderarei sobre as impossibilidades clínicas que se fizeram transparecer diante da fragilidade manifesta fazendo uma articu- lação com os conceitos de ‘sentir com’ de Sandor Ferenczi e de ‘uso do objeto’ de Donald W. Winnicott.

O amor sem fim ao amor do palhaço

(From unending love to love by the clown)

Coordenação: Heloisa Caldas (Universidade do estado do Rio de Janeiro, RJ/Br./EPB) Participação:

- Amor sem limites: sobre a devastação na relação mãe e filha e na parceria amorosa

(Love unlimited: on devastation in the relationship between mother and daughter and in romantic liaisons) Fernanda Samiko Küpper (Universidade Severino Sombra em Vassouras, RJ/Br.)

Resumo:

A questão da devastação é sempre atual na clínica com mulheres. Sabemos com Freud e Lacan que, no momento da incidência da castração pela descoberta de uma falta articulada ao significante, uma mulher reedita seu vínculo pré-edipiano com o Outro materno e apela por um significante que a represente como mulher. Este apelo se reatualiza durante toda a sua vida e torna nebulosa a distância a ser construída e mantida entre demanda e desejo, o que problematiza a assunção do desejo como separado do desejo do Outro materno. Lacan nomeia de devastação à persistência deste endereçamento de demanda infinita de amor. Para as mulheres, amor e devastação possuem estreito parentesco porque ambos estão sob o registro do sem limite e da falta de significante no Outro. Diante desse gozo, fora da lógica fálica e da falta de um significante que defina o que é uma mulher, a devastação se apresenta como resposta no relacionamento entre mãe e filha e nas parcerias amorosas, podendo ser pensada como uma patologia do amor.

- O supereu na demanda de amor insaciável das mulheres (The superego in the demand for insatiable love in women)

Daniela de Oliveira Martins Mendes Daibert (Universidade Estadual do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

Para as mulheres o amor é necessário ao gozar. Elas gozam das palavras, pois não se pode amar sem falar, demandando, assim, a fala de amor. O que alimenta essa fala é a pulsão, por estrutura insaciável, que passa pela demanda. Se articularmos o supereu à gulodice da pulsão, podemos pensar sua presença na demanda infinita de amor feita pelas mulheres? Freud assinala que o supereu é mais característico nos homens do que nas mulheres. No entanto, ele não deixa de se perguntar ‘o que quer uma mulher?’, marcando que é impossível de satisfazer às mulheres. Com Lacan, podemos localizar o supereu em conexão com o gozo fálico, do lado masculino, a exigir mais do mesmo; por outro lado, o supereu também pode ser pensado na demanda infinita de amor insaciável das mulheres. Nesse caso, essa demanda se articularia ao Outro gozo, aquele que escapa e difere do gozo fálico. Tal demanda não exige o mesmo, porém mais e mais de outra coisa. Gostaríamos então de pensar essas questões em relação aos males do amor causados pelas exigên- cias de amor das mulheres.

- O amor do palhaço (Love by the clown)

Ameli Gabrieli Batista Fernandes (Universidade Estadual do Rio de Janeiro,RJ/ Br.) Resumo:

Definido pelos estudiosos da palhaçaria como ridículo, o palhaço almeja ser amado enquanto tal. O palhaço Jango, afirma que “quan- do [...] olha para a platéia está dizendo: olhem como sou, vocês me amam mesmo assim? O riso é a aceitação”. Esta atitude não se refere à benevolência cristã ou compaixão, pois o clown não se sente melhor ou pior por ser ridículo e não o é para causar piedade. Ele já se apresenta ridículo logo, ao pedir para ser amado, aferindo de saída que o amor não cabe na idealização. O amor que visa tamponar a falta acaba por fazê-la eclodir. Ao contrário, um amor que não nega o real, é capaz de lhe fazer borda. Fazendo uso do humor e do chiste, o palhaço contorna a falta em seu impossível de ser dito e consegue assim transmiti-la. No campo do amor, isso se manifesta permitindo que este seja desfrutado como ele é, desobrigado de trazer felicidade plena através do encontro com o “parceiro ideal”. Este trabalho pretende exemplificar e compreender com a palhaçaria uma forma de amor capaz de dar lugar à falta.

Mesa 3

Destinos do amor: fantasia, luxúria e delírio

(Destinies of love: fantasy, lust and delusion)

Coordenação: Ademir Pacelli Ferreira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br./AUPPF) Participação:

- O delírio e o discurso amoroso (Delusions and the amorous discourse)

Heloisa Caldas (Universidade do estado do Rio de Janeiro, RJ/Br./EPB) Resumo:

O objetivo desse trabalho é percorrer alguns pontos da teoria freudiana e lacaniana sobre o amor para demonstrar que seu caráter delirante não se restringe à psicose, podendo ser encontrado no amor da vida cotidiana. Tomamos como ponto de partida a proposta avançada do ensino de Lacan de que o delírio é um discurso e que todo mundo delira. Cabe, portanto, pensar como o delí- rio se apresenta na neurose. O significante primordial da fantasia poderia ser comparado ao fenômeno elementar a partir do qual se constrói o delírio das psicoses? Na experiência amorosa, a fantasia desempenha um papel nodal. O discurso amoroso surge em torno de um encontro que causa o desejo e mobiliza o gozo. Essa causa enigmática não se constata facilmente. O discurso amoroso serve para justificar a necessidade lógica do amor e dar sentido à experiência amorosa. E acaba por constituir sua essência. O amor, assim, é um discurso delirante.

- O Amor em Lust, de Elfriede Jelinek, e o sintoma (Love in Elfriede Jelinek´s novel “Lust,” and the symptom) Sonia Alberti (Universidade do estado do Rio de Janeiro, RJ/Br.) Resumo:

A partir de um texto desenvolvido em 2006, sobre o livro da Prêmio Nobel de Literatura de 2004, retomo o tema, agora na articulação entre sujeito e falaser, verificando de que maneira podemos aí abordar o amor. Tomarei o caso Gerti, do livro Lust, na tensão

mulher no contexto do capitalismo, tantas vezes estudado sob o prisma do que provoca novas formas de gozo, formas de amor no homem e na mulher. Por outro lado, o caso não deixa de fora as referências universais, ou seja, determinadas pelo saber inconsciente e pelos mitos da cultura. Sintoma porque amarra sujeito e falaser, ou seja, o gozo, o corpo e o inconsciente, no ato final da estória de Gerti. Do princípio do prazer ao gozo, o caso assim estudado demonstra, mais uma vez, como o artista produz, a partir do insabido, o que o psicanalista tem o dever de questionar a partir de sua experiência: do sujeito ao falaser, o amor em Lust.

- Amor Repetição e Morte em Leila, de Dariush Merjui (Love, repetition and death in Dariush Merjui´s film “Leila”)

Doris Rinaldi (Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ/Br./AUPPF) Resumo:

Tomando como referência a trajetória de um personagem feminino, masgistralmente traçada por Dariush Merjui no filme Leila (Irã, 1997), pretende-se discutir os destinos do amor entre um homem e uma mulher, em uma sociedade fortemente marcada pela tradi- ção. Entre a Mãe e a mulher, Leila nos ensina sobre o investimento feminino no amor, o gozo masoquista e a devastação, na repetição que confina com a morte. Nos fracassos que permeiam o filme se evidencia a impossibilidade de satisfazer o desejo da Mãe, que não é outra coisa do que o impossível da relação sexual, que o amor busca encobrir.

Mesa 4

Gêmeos: um amor duplicado?

(Twins: duplicated love?)

Coordenação: Adela Judith Stoppel de Gueller (Instituto Sedes Sapientiae, SP/Br., Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/ Br./AUPPF)

Participação:

- Do imperativo da reprodução assistida à contingencia da humanização (From assisted reproduction to the contingency of humanization) Ada Morgenstern (Instituto Sedes Sapientiae, SP/Br.)

Resumo:

Como bem mostram os mitos, a gemelaridade é um tema recorrentemente referido na cultura, fazendo alusão a uma certa estranheza, a um só tempo, apontando para o fascínio e para o horror. Curiosamente, como produto da contemporaneidade (pós-moderna?) a proporção de nascimentos múltiplos tem crescido geometricamente, o que de uma certa forma, vai retirando a gemelaridade desse lugar de exceção. Sabemos que esse fenômeno vem ocorrendo não por questões genéticas e, sim, pela intervenção de técnicas re- produtivas da Medicina. Se costumamos pensar como sendo da ordem do natural as múltiplas crias dos animais, cabe indagar, nesses nossos tempos, sobre as condições de possibilidade do processo de sujetivação, quando nasce mais de um filhote humano. Pais fasci- nados e horrorizados com a gemelaridade, não raramente se encontram em significativas dificuldades para exercerem suas funções. A introdução no seio das famílias dessa problemática exige questionamentos a partir de procedimentos médicos que naturalizam o complexo processo de humanização do bebê. Além da gestação múltipla, esses recursos da Medicina têm sido buscados por novas configurações familiares, produtoras de subjetivações a serem ainda estudadas pela Psicanálise. Em muitos casos, quando as gestações dispensam o papel do homem como genitor, o médico ou a Medicina são referidos como tal. Que conseqüências isso pode gerar? E será nesse território do intra e do intersubjetivo que a Psicanálise poderá oferecer suas fecundas contribuições. Contribuições para a não-natural, mas contingente humanização.

- Maternidade múltipla: um subestimado excesso (Multiple maternity: underestimated excess)

Adela Judith Stoppel de Gueller (Instituto Sedes Sapientiae, SP/Br., Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/Br./AUPPF) Resumo:

Se todo parto é da ordem do trauma a ser metabolizado, a proposta é pensar na particularidade da resposta materna quando, na im- possibilidade de gestar, a mulher concorda em se submeter a procedimentos médicos que ultrapassam seu desejo de filho, ofertando- lhe a alta probabilidade de gestação múltipla. Sabemos que o instinto materno é um mito e que em seu lugar é necessário todo um árduo e demorado processamento psíquico para que a relação mãe-bebê se estabeleça de modo satisfatório. Algo de um excesso adicional se impõe para a mãe numa gestação múltipla, para além do trabalho de elaboração psíquica inerente a toda maternidade. O que é necessário para que uma mãe possa subjetivar mais de um filho simultaneamente? O que requer dela para erotizar mais de um corpo? Se a mãe precisa acreditar, nos primeiros tempos da relação mãe-bebê, que o filho é o falo que lhe falta, o que acontece quando esse lugar tenta ser ocupado por mais de um? Será que, na filiação gemelar, a necessária ilusão de unidade narcísica que se produz entre a mãe e o filho é deslocada para a relação entre os irmãos? Se esse for o caso, qual a particularidade da função paterna? Haveria uma premência e prevalência de sua incidência sobre a relação incestuosa entre os irmãos do que sobre a relação mãe-filhos? - Do trabalho suplementar na constituição subjetiva dos irmãos gêmeos

(Supplementary work in the subjective constitution of twins) Marcia Porto Ferreira (Instituto Sedes Sapientiae, SP/Br.) Resumo:

Como conseqüência dos avanços da medicina da reprodução recebemos, cada vez com maior freqüência, pacientes que tem irmãos gêmeos. Ainda que as queixas e os sintomas sejam próprios da idade e similares a qualquer sujeito, deparamo-nos com característi- cas particulares tais como uma “circulação” dos sintomas entre eles ou “a retirada de um em benefício do outro”. (Freud, 1920). O complexo fraterno passa, então, a ter um relevo particular: quais as dificuldades ao longo do processo de subjetivação que os irmãos gêmeos encontram para separar-se desse outro tão próximo? O que acontece quando se convive com um espelho vivente? A constitui- ção do narcisismo e do duplo; a quebra da gemelaridade especular; o trabalho para conquistar uma singularização parecem requerer um trabalho suplementar na constituição subjetiva dos gêmeos. E se falta esse suplemento instala-se o ódio mortífero, a anulação de um dos irmãos ou o aprisionamento numa língua privada (uma versão da língua materna mais desprovida da instancia paterna). Nossa proposta nesse trabalho é refletir sobre esse labor suplementar, que pode fazer necessária a intervenção de um psicanalista.

Psicopatologia Fundamental, Psicanálise e Medicina: paixão [im]possível?

(Fundamental psychopathology, psychoanalysis and medicine: passion (im)possible?) Coordenação: Ana Cleide Guedes Moreira (Universidade Federal do Pará, PA/Br./AUPPF) Participação:

- Porque as brasileiras não dizem não a AIDS? Pourquoi pas? (Why don’t Brazilian women say “no” to Aids? Pourquoi pas?)

Ana Cleide Guedes Moreira (Universidade Federal do Pará, PA/Br./AUPPF), Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira (Universidade Federal do Pará, PA/Br.), Helena Melo Dias (Universidade do estado do Pará, PA/Br.) e Jacqueline Orengel Dias (Instituto Sedes Sapientiae, SP/Br.) Resumo:

Este estudo realiza uma análise comparativa entre a contaminação por HIV-aids no Brasil, que não cessa de crescer desde o início da epidemia e a estabilização da curva epidemiológica na França, colocando em relevo os modos de subjetivação feminina nos dois países frente à misoginia.

- Tratamento Psicológico hospitalar: intensidades afetivas e contratransferência (Psychological hospital treatment: emotional intensities and countertransference)

Helena Melo Dias (Universidade do estado do Pará, PA/Br.) e Cassandra Regina de Amorim Pamplona (Universidade Federal do Pará, PA/Br.)

Resumo:

Ao nos inserirmos no campo que investiga e problematiza a inserção da Psicanálise em instituição hospitalar, vimos observando a questão do excesso de afeto, tanto no sentido de um intenso sentimento de desamparo, no qual o paciente se abandona no estado de depressão, e aí é indispensável a presença segura de um cuidador para que o paciente possa viver sua depressividade e encontrar forças internas movidas por Eros- pulsão de ligação; quanto de um profundo sentimento de ódio e revolta, no qual o paciente desloca seu movimento pulsional destruitivo aos cuidadores profissionais, médico, psicólogo, enfermeiro, e outros, e não adere ao tratamento médico e psicológico. Essas variações afetivas e seus efeitos contratransferenciais é que desejamos investigar neste trabalho. Para tan- to, nos fundamentamos na metapsicologia freudiana do psiquismo e sua dinâmica pulsional-afetiva articulada ao caso clínico de uma paciente, portadora de HIV-aids, interna na enfermaria de um hospital público.

- Risco e vulnerabilidade: um olhar psicopatológico (Risk and vulnerability: a psychopathological look)

Vívian Anijar Fragoso Rei (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, SP/Br.) Resumo:

A temática do risco e da vulnerabilidade é amplamente abordada na atualidade nas ciências sociais, onde se avalia as diversas situações e os fatores os quais oferecem ameaça à integridade humana. Apesar da relevância destas proposições, questões psíquicas envolvidas em tais situações são pouco consideradas. Diante disto, este trabalho tem por objetivo abordar a vulnerabilidade dentro de uma pers- pectiva psicopatológica, a qual é caracterizada pela impossibilidade de se defender e proteger frente à ação virulenta interna e externa. Para tanto, fundamentando-se na psicopatologia fundamental, será utilizado um caso clínico atendido em uma instituição hospitalar, o qual narra o percurso clínico de Sara, diagnosticada como HIV positivo e que, afetada pelo excesso, manifestou-se vulnerável frente a este. Neste relato destaca-se, também, a vulnerabilidade psíquica que afeta o clínico o qual se dispõe a escutar o pathos do paciente. Mesa 6

Algumas propostas a partir da psicanálise para o trabalho em equipe na atenção psicossocial

(Proposals based on psychoanalysis for teamwork in psychosocial treatment)

Coordenação: Ana Cristina Costa de Figueiredo (Instituto de Psiquiatria IPUB da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ/Br./AUPPF) Participação:

- Escrita, leitura e contação de histórias como construção de si: um dispositivo para o trabalho em equipe (Writing, reading and storytelling as a construction of oneself: a possibility for teamwork)

Analice de Lima Palombini (Universidade Federal do Rio Grande do Sul,/Br./APPOA) e Sandra Djambolakjan Torossian (Universidade Federal do Rio Grande do Sul,/Br./APPOA.)

Resumo:

A partir dos efeitos produzidos em uma oficina de escrita com trabalhadores de residenciais terapêuticos – onde a escrita da experiên- cia e sua leitura compartilhada se realizam como construção coletiva de si operando transformações no modo de exercício das práticas de cuidado –, propomos estender seu uso na relação com as equipes dos Centros de Atenção Psicossocial, como dispositivo que pode ser incluído no âmbito da supervisão clínico-institucional e de outras experiências de educação permanente, favorecendo a construção do caso mediante o compartilhamento da palavra escrita, a circulação de textos e o sucessivo deslocamento dos lugares de saber. - Supervisão e conversação: ensaios para uma nova prática

(Supervision and conversation: essays for new forms of supervision of teams)

Juliana Meirelles Motta (Instituto Metodista Izabela Hendrix, MG/Br., Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, MG/Br. e Centro Universitário Newton Paiva, MG/Br.)

Resumo:

A supervisão na rede de saúde mental enfrenta uma realidade específica, e deve articular o discurso clínico com as orientações da polí- tica de saúde mental como humanização e acolhimento, conceito de rede, hierarquização de atendimentos e matriciamento. Seguindo a orientação psicanalítica, o supervisor deve articular os significantes da clínica, como transferência, sintoma, diagnóstico e projeto terapêutico com os conceitos que fundamentam a política do SUS. Nos impasses advindos de um trabalho tão contemporâneo e novo em seu método, como as supervisões nas equipes de Saúde, a proposta das Conversações com grupo de trabalho em questão, parece produzir efeitos de mudanças de posições dentro da equipe. Nas conversações, privilegia-se a enunciação coletivizada pelos participan- tes sendo capaz de produzir um efeito de saber. O efeito de sua instalação é “a mobilização de uma posição sintomática” que libera um agir na direção de uma abertura para o novo, para uma idéia original ou para algo diferente, destituindo assim as identificações imaginárias e paralisadoras do processo de trabalho clínico da equipe.

(Establishing a local network in mental health)

Zaeth Aguiar do Nascimento (Universidade Federal da Paraíba, PB/Br.), Ana Carolina Amorim da Paz (CAPS I e CAPSad de Cabedelo, PB/Br.) e Vaneide Delmiro Neves (CAPS I Cabedelo, PB/Br.)

Resumo:

A experiência de estágio, pesquisa e extensão com alunos de psicologia da UFPB tem possibilitado a reflexão a respeito do lugar da psicanálise nos serviços substitutivos numa dimensão “extra-muros”. Entre as modalidades de intervenção clínica no CAPS estão as oficinas terapêuticas. O trabalho subjetivo produzido nelas possibilita dar significado àquilo que o sujeito não consegue simbolizar psiquicamente, permitindo então a elaboração e o exercício do laço social, aspectos refratários na psicose. Essa estratégia tem con- seguido reduzir significativamente as internações hospitalares, porém tem colocado uma série de desafios na medida em que não se constitui num trabalho isolado, mas em equipes multiprofissionais. O trabalho que se iniciou no espaço do CAPS I em Cabedelo/PB tem extrapolado os muros do serviço e as oficinas passaram a incluir parceiros da comunidade, buscando articular a rede de saúde mental na intersetorialidade. Apresentaremos alguns momentos deste trabalho desenvolvido com a psicanálise na cidade.

Mesa 7

O amor e suas versões

(Love and its versions)

Coordenação: Ana Maria Rudge (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ/Br./AUPPF) Participação:

- As surpresas do “amor”. Relato de um caso clínico (Surprises about “love.” The account of a clinical case) Eliane Mendlowicz (Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, RJ/Br.) Resumo:

Cláudio rompe uma relação apaixonada com Maria, dado o sofrimento que ela estava lhe infligindo. Apesar de amá-lo, ela não supor- tava o fato de Claudio ser 24 anos mais velho e não querer constituir família. Logo após, inicia uma relação com Rafael, sujeito famoso, e engravida em 3 meses; uma gravidez carregada de ambivalência e angústia. Um casamento de cinco anos com Rafael, atravessado

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