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CONFERÊNCIAS.4

CONFERENCE.4

CONFERÊNCIA 1 - A arte de viver… à beira do abismo (The art of living… on the edge of the abyss)

Resumo:

Na permissividade do mundo atual, o que é tido por obsceno não é mais o sexo, mas o sentimento: amar, se apaixonar. “A opinião moderna está discreditando o amor”.

Essa condição “sentimental” não cessou de se agravar, mais de trinta anos após o diagnóstico de Barthes. Nesta época de hegemonia do negócio, estendendo o seu cálculo de interesses a tudo (saber, arte, corpos e afetos...), o amor encontra-se ameaçado por todos os lados. Reduzido ao sexo, segundo as normas do hedonismo contemporâneo ; identificado ao contrato temporário entre dois supos- tos associados, visando garantir um “amor sem transtornos” ; despojado, em suma, de sua dimensão de acaso, de risco, de evento desestabilizante, traumático – a fascinação (Verliebtheit: a “enamoração”) –, sem a qual o encontro amoroso, improgramável, não é possível.

À contracorrente da tendência de nosso tempo, tratar-se-á aqui de elaborar uma linha de resistência: a do amor concebido como “escolha de vida”, “tekhne ou arte de viver” (Freud), cujos rudimentos são perfeitamente identificáveis nos discursos filosófico, psica- nalítico e literário contemporâneos. Uma tal “tekhne” não nega – ao contrário : assume – que não há felicidade sem dor, nem paixão sem transtorno. Eis porque convém completar a “arte de amar” (Ars amatoria) com uma “arte de desamar” (Remedia amoris). Enfim, nós descobriremos aqui, ao longo desse caminho, mais de uma convergência inesperada da cultura européia com a filosofia romântica espontânea de uma sequência da música popular brasileira e o que poderíamos chamar de sua matriz: o leitmotiv segundo o qual “viver é amar e sofrer”.

Prof. Dr. Plínio W. Prado Jr. Brasileiro radicado há muitos anos na França, filósofo e professor da Faculdade de Filosofia da Universida- de de Paris VIII, Vincennes à Saint-Denis, Paris, França. Autor de diversos livros e numerosos artigos, dentre eles: O impronunciável. Observações sobre um fracasso sublime. (Unicamp, 1989) e Ser estrangeiro em sua terra; A questão da arte face à política da cultura, publicado em Cadernos de filosofia (Rio de Janeiro, 1989).

CONFERÊNCIA 2 - A saúde mental e seus transtornos: três décadas no processo brasileiro (Mental health and its difficulties: three decades of reform in Brazil)

Resumo:

A noção de Saúde Mental advém de um amplo processo de reformulação das políticas psiquiátricas a partir dos movimentos refor- mistas do pós-guerra na Europa e nos EUA, com destaque para o a psiquiatria comunitária americana dos anos 60, o movimento da reforma italiana nos anos 70 e as políticas da OMS com o lema promover saúde. Este lema se mantém até os dias de hoje com os novos dispositivos de assistência aos doentes mentais e a consolidação de projetos da reforma psiquiátrica.

No Brasil, destacam-se o movimento pioneiro das comunidades terapêuticas nos anos 60, inspiradas no modelo inglês, o movimento dos trabalhadores de saúde mental no final da década de 70, a criação dos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS - nos anos 90 como serviços de base territorial substitutivos ao modelo hospitalar, a lei 10.216 de 2001 que regula as internações e redireciona o modelo de assistência, e as conferências nacionais de saúde mental (1987, 1992, 2001 e 2010) que reafirmam o longo processo de reforma psiquiátrica e a consolidação das políticas públicas em saúde mental. Nesse percurso vemos antigas e novas questões se entrelaçarem em um debate constante entre diferentes protagonistas do campo.

Marcamos três momentos que se destacam e denotam certas viradas na consolidação desse projeto por décadas: 1. Anos 80 – o pro- cesso de ambulatorização como suplemento ao hospital psiquiátrico; 2. Anos 90 – o processo intensivo de desinstitucionalização e a criação dos CAPS; 3. Anos 2000 – a proposta de consolidação da rede de atenção psicossocial e a intersetorialidade.

Cada período tem suas conquistas e adversidades. Trabalharemos brevemente sobre cada um, destacando impasses e possíveis saídas, situando as questões mais atuais como: Qual o lugar dos CAPS hoje na rede de atenção psicossocial? Serviços especializados ou de atenção básica? Centro irradiadores da construção da rede ou parte integrante da rede? Quais os avanços e impasses da formação dos profissionais para a rede? Como se articula a proposta intersetorial no cuidado? Quais os avanços e retrocessos da clínica na atenção psicossocial e no trabalho coletivo? Como situar a psicopatologia e a psicanálise nesse cenário? Essas questões apontam para os pontos nevrálgicos do campo da saúde mental, e seus ‘transtornos’ no caminho para um futuro cujos maiores desafios seriam a continuidade dos projetos, a elaboração de propostas clínicas renovadas, a partir da formação permanente, e a consolidação de sua expansão para além da área da saúde.

Profa. Dra. Ana Cristina Costa de Figueiredo. Psicanalista. Mestre em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1984) e Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1996). Foi docente do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001- 2008). Professora Associada do Instituto de Psiquiatria IPUB/ UFRJ (docente concursada desde 1989) e Professora Colaboradora do Programa de Pós-graduação em Psicanálise da UERJ desde março de 2008. Supervisora de CAPS - Centros de Atenção Psicossocial - e de serviços da rede de Saúde Mental em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde do Rio de Janeiro e com o Ministério da Saúde. Autora do livro Vastas Confusões e Atendimentos Imperfeitos: a clínica psicanalítica no ambulatório público da editora Relume Dumará baseado em sua tese de doutorado, além de vários outros artigos com o tema da saúde mental e da atenção psicossocial a partir da orientação psicanalítica.

(Contemporary names for Narcissus: depression, panic syndrome and bipolarity) Resumo:

A partir de estudos da violência e laço social, desenvolvidos com o referencial da psicanálise, pretendemos discutir a emergência da depressão, da síndrome do pânico e dos transtornos bipolares como três formas de identificação contemporânea a serviço do sujeito na sua forma desesperada de ocupação de um lugar de consistência social. Os caminhos que levam a esta elaboração depreendem dos efeitos notados sobre as relações sociais na atualidade, comumente identificadas como narcisistas. Desta constatação, podemos destacar a existência de manobras ou estratégias utilizadas por cada sujeito para nomear sua posição, no intuito de reaver um lugar perdido nos laços sociais. Durante a exposição do texto perguntamos: que lugar é esse reclamado pelo sujeito? De que forma ele se identifica dentro da sociedade com um nome que lhe possa atribuir um mínimo de enlaçamento social? Quando tratamos de um lugar perdido pelo sujeito, ao mesmo tempo em que constatamos uma cultura que se sustenta na passagem ao ato, é porque algo insiste na ordem subjetiva que pode ser tomado pela relação nome e laço social. Isto significa dizer que estamos diante de questões de pesquisa importantes na relação formada pelo sujeito e pelos laços sociais, principalmente porque é esta relação que promulga o que conhecemos como mal-estar ou sofrimento psíquico (Freud, 1930).

Prof. Dr. Henrique Figueiredo Carneiro. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (1985), mestrado em Ciencias de La Religión - Universidad Pontificia Comillas Madrid (1995) e doutorado em Psicologia - Fundamentos y Desarrollos Psicoa- nalíticos - pela Universidad Pontificia Comillas Madrid (1997). Professor Titular da Universidade de Fortaleza, onde ingressou em 1987. Pesquisador da ANPEPP - GT Psicopatologia e Psicanálise. Membro fundador da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental. Editor da Revista Mal-estar e Subjetividade e do Latin American Journal of Fundamental Psychopathology On-line. Autor dos livros: AIDS A nova desrazão da humanidade (Ed. Escuta, 2000), Que Narciso é esse? (Livro eletrônico CNPq, 2007- http://www. cnpq.br/cnpq/livro_eletronico/index.htm) e A Soberania da clínica na psicopatologia do coitidiano (Org.) (Ed. Garamond, 2009). CONFERÊNCIA 4 - Observação clínica: história conceitual (cancelada)

(Clinical observation: conceptual history)

Prof. Dr. German E. Berrios. Médico e filósofo (Universidad Nacional de San Marcos, Lima, Peru); psiquiatra, neurologista, psicólogo, filósofo, historiador e filósofo da ciência (Oxford University, England); professor de Neuropsiquiatria e de Epistemologia da Psiquiatria (University of Cambridge, England), desde 1977; Neuropsiquiatra e chefe do Departamento de Neuropsiquiatria do Hospital Adden- brooke, University of Cambridge, por 32 anos; coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa com Humanos na mesma universidade, por 20 anos; Editor Responsável de History of Psychiatry; temas de pesquisa: sintomas mentais na doença neurológica e história e epistemologia da psicopatologia descritiva; autor de 14 livros, incluindo The History of Mental Symptoms, Descriptive Psychopathology since 19th Century (Prêmio Nacional BMA, 1997), A History of Clinical Psychiatry (com Roy Porter), e Delirio (com F. Fuentenebro) e mais de 400 artigos e capítulos de livros; membro do Royal College of Psychiatrists; da Associação Britânica de Psicologia e da Aca- demia Britânica de Ciências Médicas; Membro Vitalício do Robinson College, Cambridge; doutor Honoris-Causa da Universidade de Heidelberg (Alemanha), da Universidade Nacional Mayor de San Marcos (Peru) e da Universidad Autónoma de Barcelona (Espanha); Grão Oficial da Ordem del Sol (Condecoração do Governo Peruano, 2007); prêmio Ramon y Cajal 2008 concedido pela Asociación Internacional de Neuropsiquiatría.

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