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3.1. OPÇÕES METODOLÓGICAS

Adotamos uma abordagem de natureza qualitativa interpretativa, pois, segundo Bogdan e Biklen (1994) esta abordagem enfatiza a descrição, a teoria fundamentada e o estudo das perceções pessoais. Através da abordagem qualitativa, é dada mais relevância ao processo, do que ao produto, havendo preocupação em retratar a perspetiva dos participantes.

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Amante, L. & Oliveira, I. (Coord.) (2016). Avaliação das Aprendizagens: Perspetivas, contextos e práticas. Lisboa: Universidade Aberta. CC BY-NC-ND

Considerando os objetivos do estudo, em que se pretendia implementar um design de avaliação assente numa prática de avaliação formativa, recorrendo ao e-portefólio e averiguar os efeitos dessa prática, recorreu-se à metodologia investigação-ação. De acordo com Bogdan & Biklen (1994), a “investigação-ação consiste na recolha de informações sistemáticas com o objetivo de promover mudanças sociais” (...) ”os seus praticantes reúnem dados ou provas para denunciar situações de injustiça ou perigos ambientais, como o objetivo de apresentar recomendações tendentes à mudança” (p.292). Ou seja, a investigação-ação é uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos diversos campos de ação, na busca de melhores resultados naquilo que se faz e proporcionar apoio no aperfeiçoamento das práticas.

Assim, após a análise dos resultados pretendia-se agir na melhoria da própria prática da professora investigadora e, também, nas devidas instâncias visando promover uma mudança no sentido dos professores reforçarem a avaliação formativa utilizando o e- portefólio nas suas práticas de avaliação nos cursos profissionais.

3.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Os participantes deste estudo foram a professora investigadora da turma e os alunos da turma do 11º ano de escolaridade do curso profissional Técnico de Programação e Sistemas de Informação de uma escola da zona Norte do país, no distrito do Porto. No início do ano letivo 2012-2013, a turma era constituída por vinte e um alunos, todos do género masculino e com idades compreendidas entre os quinze e dezoito anos (três alunos com quinze anos, doze com dezasseis anos, quatro com dezassete e dois com dezoito anos). Cada aluno da turma com ajuda da professora investigadora elaborou o seu próprio e-portefólio.

O estudo incidiu na disciplina de Programação e Sistemas de Informação (PSI) com uma duração nos três anos de 632 horas, 845 tempos de 45 minutos, a qual está organizado em dezanove módulos, que têm um período de duração entre vinte e quatro e noventa, com nove tempos de 45 minutos.

No primeiro ano, correspondente ao 10º ano, são lecionados cinco módulos: M1- Introdução à Programação e Algoritmia; M2 - Mecanismos de Controlo de Execução; M3 - Programação Estruturada; M4 - Estruturas de Dados Estáticos; M5 - Estruturas de Dados Compostas. No segundo ano, correspondente ao 11º ano, são lecionados cinco módulos: M6 - Estruturas de Dados Dinâmica; M7- Tratamento de Ficheiros; M8 - Conceitos Avançados de Programação; M9 - Introdução à Programação Orientada a

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Amante, L. & Oliveira, I. (Coord.) (2016). Avaliação das Aprendizagens: Perspetivas, contextos e práticas. Lisboa: Universidade Aberta. CC BY-NC-ND

Objetos; M10 - Programação Orientada a Objetos. No terceiro ano, correspondente ao 12º ano, são lecionados nove módulos: M11 - Programação Orientada a Objetos Avançada; M12- Introdução aos Sistemas de Informação; M13 - Técnicas de Modelação de Dados; M14 - Linguagem de Manipulação de Dados; M15 - Linguagem de Definição de Dados; M16 - Projeto de Software; M17- Ferramentas de Tratamento de Imagem; M18 - Tecnologias de Acesso de Base de Dados; M19 - Ferramentas de Desenvolvimento de Páginas Web.

Na disciplina de Programação e Sistemas de Informação (PSI), através da utilização da ferramenta blogger os alunos criaram o seu e-portefólio, possibilitando a utilização de etiquetas, rotular diferentes mensagens e informação de acordo com o tema em questão, facilitando a pesquisa e a filtragem de informação. Para além disso, favoreceu a dimensão social e interativa, por dar lugar à inserção de comentários de outros utilizadores e, deste modo, dar feedback aos diferentes elementos inseridos pelo autor.

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Amante, L. & Oliveira, I. (Coord.) (2016). Avaliação das Aprendizagens: Perspetivas, contextos e práticas. Lisboa: Universidade Aberta. CC BY-NC-ND

Na classificação dos e-portefólios consideraram-se dois parâmetros – organização e conteúdos -, com vários itens e respetivas classificações, como se observa no quadro 1.

Quadro 1 – Parâmetros de classificação dos e-portefólios

Parâmetros Itens Classificação

Organização Introdução Índice Estrutura Separador Aspeto gráfico 0,5 1,0 1,0 1,0 1,0 Conteúdos Introdução Tarefas de trabalho Tarefas/informação de pesquisa Tarefas/documentos diversos Comentários e reflexões por tarefa Reflexão final Bibliografia 1,0 1,0 2,0 1,0 4,0 1,0 1,0 3.3. RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram recolhidos através da realização de entrevistas focus group e questionários, foram analisadas as produções dos alunos e conversas informais registadas em diário do investigador. Deste modo, procurou-se recolher informação a partir de múltiplas fontes, que permitisse realizar a triangulação de dados (Bogdan & Biklen, 1994; Stake, 2007). Os questionários foram aplicados em dois momentos ao longo do ano: no início do ano letivo, com o objetivo de identificar as perceções iniciais

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Amante, L. & Oliveira, I. (Coord.) (2016). Avaliação das Aprendizagens: Perspetivas, contextos e práticas. Lisboa: Universidade Aberta. CC BY-NC-ND

dos alunos em relação à avaliação e no final da implementação do design de avaliação, com o objetivo de comparar com as perceções iniciais. A entrevista em focus group com a sua aplicação no final do ano letivo, após a implementação do design de avaliação permitiu complementar os dados obtidos através do questionário.

O processo de análise qualitativa pressupõe diferentes fases da análise de conteúdo Bardin (2006): pré-análise, exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Este procedimento foi utilizado na análise das entrevistas e na pergunta aberta do questionário. Em relação ao questionário, constituído essencialmente por questões fechadas, o tratamento dos dados consistiu na quantificação das respostas e análise através da estatística descritiva, nomeadamente, através do cálculo de frequências simples e relativas.