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1. Dimensão Reflexiva

1.4. Meta-reflexão

Poder vivenciar e experimentar os diferentes contextos educativos por onde passei du- rante as PP revelou-se uma oportunidade rica em que pude desenvolver diversas apren- dizagens. Através das PP tive a oportunidade de compreender que ser professora requer muita dedicação, empenho e motivação. A profissão docente é um percurso em que é fulcral estar recetiva à investigação e à reflexão, de modo a conseguir adequar o traba- lho desenvolvido. Compreendi que qualquer aula deve ser antecipadamente pensada, quer no que concerne às opções didáticas, quer quanto ao conhecimento científico. Apenas dessa forma o professor poderá sentir-se confiante e seguro daquilo que irá pro- por aos alunos realizar, mas também ter segurança quando é questionado por estes. Co- mo tal, considero ser de extrema importância a pesquisa bibliográfica de modo a apro- fundar conhecimentos, assim como a planificação e construção de materiais a utilizar em sala de aula com a necessária antecedência. É de igual importância o trabalho que o professor deverá realizar a seguir a cada atuação: a reflexão. Há que refletir sobre cada aula, tentando enumerar os aspetos positivos e negativos de modo a fazer progressos relativamente à função docente. Será benéfico para o professor e para os alunos se este conseguir refletir sobre a adequação, daquilo que planificou, à idade dos alunos, às suas dificuldades e facilidades e à globalidade das características do grupo-turma. Assim, será possível conseguir colmatar eventuais dificuldades, quer dos alunos, quer do pro- fessor que deve sempre procurar aperfeiçoar as suas práticas docentes.

Certamente que levarei para o meu futuro profissional, mas também pessoal, as apren- dizagens realizadas no decorrer de todo este percurso. Contudo, também sei que a mi- nha formação não termina por aqui, pois terei de estar em constante aprendizagem e evolução, no sentido de proporcionar sempre aos alunos o melhor que puder. Assim, será crucial fazer pesquisas de forma frequente para me manter atualizada no que toca às componentes científica e didática.

Através das PP constatei que o foco do processo de ensino-aprendizagem não é o pro- fessor – não descurando o seu papel –, mas sim o aluno. Como tal, compreendi que os alunos devem ter sempre a oportunidade de estar ativamente envolvidos nas tarefas pro-

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postas, de opinar e argumentar sobre as aulas, atividades e avaliação. Penso que, desta forma, os alunos serão capazes de construir o seu próprio conhecimento e até contribuir para a construção do conhecimento dos colegas. Mas, para isso, considero necessário proporcionar aos alunos as mais diversas experiências que lhes permitam o desenvolvi- mento de conhecimentos, capacidades e atitudes, pois penso que, dessa forma, poderei tentar que todos os alunos desenvolvam aprendizagens significativas. Ou seja, considero imprescindível não olhar para os alunos como um grupo de crianças com as mesmas características e necessidades, pois algo que compreendi foi o facto de que o professor deve olhar para cada aluno, atentando às suas características individuais. Do mesmo modo percebi que é impossível que todos os alunos aprendam da mesma forma, através das mesmas estratégias ou ao mesmo tempo, pelo que considero a diferenciação peda- gógica em sala de aula imprescindível para a evolução de todos e de cada um.

Identificada como uma das maiores dificuldades durante o meu percurso, a avaliação é um aspeto que terei certamente de melhorar. Assim, terei de avaliar de igual forma, quer a dimensão conceptual, quer as capacidades e atitudes, pois não pretendo que os alunos assentem o seu conhecimento apenas na memorização ou em processos mecanicistas, mas sim na compreensão, no significado e na relação entre a escola e a vida quotidiana. Penso que assim poderei contribuir para a formação de cidadãos conscientes, críticos, reflexivos e ativos na sua própria vida, na sociedade e no mundo.

Considero que todos os aspetos acima mencionados são transversais ao 1.º e ao 2.º CEB, contudo pretendo especificar de seguida aqueles que foram mais significativos para mim em cada um.

Apesar de o nível de complexidade dos conteúdos ser mais elevado no 2.º CEB, foi no 1.º CEB que compreendi a importância de o professor pesquisar de modo a fundamentar os conhecimentos científicos. Confiei, por diversas vezes, somente no senso comum para a exploração dos conteúdos do 1.º CEB, pelo que também foram várias as vezes em que não contribui para o desenvolvimento das aprendizagens dos alunos de uma forma cientificamente correta. Quando me deparava com certas dúvidas colocadas pelos alunos, sentia-me bastante insegura, pelo que comecei a admitir que poderia induzir os alunos em erro e prejudicar a sua aprendizagem. Esta insegurança também foi evidente nas tarefas que propunha aos alunos realizar: eram, maioritariamente, focadas em mim, não saindo da minha zona de conforto, o que implicava o não envolvimento ativo dos

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alunos. Contudo, esta foi uma das mais significativas aprendizagens para mim e que levei para o contexto de 2.º CEB, em que me preparava do ponto de vista científico para todas as aulas e não me permiti sobrevalorizar o conhecimento que pensava possuir so- bre determinado conteúdo.

Com esta aprendizagem comecei a sentir-me confiante e segura o suficiente para pro- porcionar aos alunos momentos em que sejam eles a deter um papel central, dado o ele- vado nível de envolvimento ativo que os alunos tinham nas tarefas. Esta situação foi mais visível em contexto de 2.º CEB, pois anteriormente estava muito focada no papel do professor, vendo-o como o elemento chave e central de cada aula. Assim, sinto que arrisquei muito mais nas PP de 2.º CEB, mas certamente aproveitarei as próximas expe- riências em 1.º CEB para colocar em prática estas novas aprendizagens.

Confesso que a minha relação com os alunos foi semelhante em ambos os ciclos. Pensei que o facto de o 2.º CEB ter uma carga horária muito menor com o mesmo professor, comparativamente ao 1.º CEB, iria influenciar na relação estabelecida com os alunos, mas tal não sucedeu. Aliás, considero que estabeleci uma melhor relação com os alunos no 2.º CEB, mas associo isso ao facto de eu mesma estar mais à vontade, mais segura e confiante nesse momento, influenciando toda essa experiência.

Foi também muito enriquecedor poder ter realizado a PP em contextos diferentes. Com- preendi que o professor deve adequar as aulas conforme as características dos alunos, tentando sempre ir ao encontro dos seus interesses e necessidades. Apesar de esta diver- sidade de contextos ter sido vantajosa na minha aprendizagem, foi igualmente interes- sante para mim acompanhar as mesmas turmas durante todo o ano letivo, como se veri- ficou nas PP do 2.º CEB. Revelou-se uma experiência fundamental para mim conseguir acompanhar de perto a evolução dos alunos num ano letivo completo, compreendendo se conseguiram ultrapassar algumas das suas dificuldades reveladas no início, bem co- mo se desenvolveram competências, atitudes e relações.

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