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Metodologia

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CAPÍTULO III – ANÁLISE DO CORPUS

3.1 Metodologia

A partir do objetivo de descrever o fluxo de produção de conteúdos para mídias móveis, com base na análise dos representantes do mercado, a fim de, então, lançar luz sobre as possibilidades de desenvolvimento da aprendizagem móvel, este estudo foi desenvolvido com o emprego de metodologia qualitativa, de caráter exploratório. Neste sentido, pretende-se desenhar o cenário do mercado móvel, no que se refere à produção de conteúdos, em detrimento da quantificação dos dados relativos ao mesmo. A finalidade da pesquisa qualitativa, “não é contar opiniões ou pessoas, mas ao contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o assunto em questão” (BAUER; GASKELL, 2002, p.68).

De acordo com Godoy (1995, p.21), os estudos qualitativos são identificados por algumas características básicas, sendo o fenômeno melhor compreendido no contexto no qual ocorre: “Para tanto, o pesquisador vai a campo, buscando “captar” o fenômeno em estudo, a partir da perspectiva das pessoas envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes”.

O corpus da pesquisa foi definido de acordo com a seleção dos entrevistados, conforme define Bauer (2002), e não de amostragem, que se relaciona aos estudos quantitativos. Essa seleção foi feita com base na estrutura da cadeia de produção de conteúdo do mercado móvel, considerando provedores de conteúdo, agregadores, integradores e

operadoras. Os usuários finais e os fabricantes de dispositivos móveis, como Nokia, Motorola e Samsung, que também integram esse mercado, foram desconsiderados, uma vez que o objetivo é compreender a cadeia de produção de conteúdos.

Assim, a pesquisa visa a entender como é o processo de produção de conteúdos para mídias móveis, estudando o mercado, para, então, levantar hipóteses referentes aos novos percursos desse, principalmente no que se refere à aprendizagem móvel. “Grande parte da pesquisa qualitativa tenta explicitamente gerar novas teorias e novas explicações. Nesse sentido, a lógica subjacente a ela é indutiva” (GIBBS, 2009, p.20).

A técnica escolhida para a coleta das informações foi a entrevista semi-estrurada, uma vez que se pretende compreender a cadeia móvel, a partir da visão dos entrevistados de cada setor do mercado, ao invés de comparar diferentes posicionamentos em relação a um tema específico, por exemplo. “A entrevista semi-estruturada tem como objetivo principal compreender os significados que os entrevistados atribuem às questões e situações relativas ao tema de interesse” (GODOI, 2006, p.134).

De acordo com Martins (2007, p.86), “a entrevista semi-estruturada é conduzida com uso de um roteiro, mas com liberdade de serem acrescentadas novas questões pelo entrevistador”. Assim, foi elaborado um roteiro de perguntas que tinham como objetivo, simplesmente, iniciar e orientar a conversa sobre o fenômeno estudado, sendo que, na maioria das vezes, esse foi alterado pelo entrevistador, com acréscimo ou redução de questões, de acordo com o encaminhamento da entrevista. Os entrevistados tiveram total liberdade para expor outras questões, além das presentes no roteiro, muitas vezes, respondendo a mais de uma questão de uma só vez ou, até mesmo, eliminando outras, seguindo a lógica da entrevista semi-estruturada, na qual

Cada questão é aprofundada a partir da resposta do entrevistado, como um funil, no qual perguntas gerais vão dando origem a específicas. O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profundidade sem que haja interferências entre elas ou redundâncias. A entrevista é conduzida, em grande medida, pelo entrevistador, valorizando seu conhecimento, mas ajustada ao roteiro do pesquisador (DUARTE, 2005, p.66).

A construção do roteiro de questões foi feita, portanto, com base nos principais conceitos teóricos que conduziram à pesquisa, relacionados às três grandes áreas estudadas: comunicação, educação e tecnologias móveis. Desse modo, buscou-se compreender o fluxo de produção de conteúdos para mídias móveis, levando em conta o entendimento do mercado em relação a, por exemplo, convergência de mídias, inclusão digital, novos modelos

educativos, produtos e serviços para celular, público, formas de acesso, regulamentação, entre outros, detalhados na análise do corpus.

As entrevistas duraram, em média, de 40 a 90 minutos, sendo gravadas em áudio, com a autorização por escrito dos entrevistados, a fim de serem transcritas posteriormente, sem a perda de qualquer informação relevante. As transcrições são apresentadas, na íntegra, nos anexos deste trabalho. Essas foram realizadas, de acordo com as instruções apresentadas por Gibbs (2009), levando em conta a fidedignidade em relação à fala dos entrevistados, com pontuação adequada, assim como com a descrição de determinadas situações relevantes à entrevista, como a apresentação de aplicativos por parte dos entrevistados, entre outros, indicados entre parênteses. O conteúdo das transcrições não sofreu modificações, mas foi editado no que se refere ao uso de cacoetes, repetições de palavras e concordância verbal e nominal, com a finalidade apenas de facilitar a leitura.

Transcrições organizadas e gramaticais são mais fáceis de ler e, portanto, de analisar. [...] Se seu estudo não está muito preocupado com os detalhes de expressão e uso de linguagem e está mais voltado ao conteúdo factual do que foi dito, a organização é aceitável (GIBBS, 2009, p.31-2).

Assim, a organização das transcrições elimina alguns cacoetes, como ‘ah’, ‘hum’, palavras repetidas em sequência e algumas expressões como ‘né’, ‘tá’, quando essas não se referem a reafirmações feitas pelo entrevistado. As pausas relacionadas a um momento de reflexão são indicadas pela presença de reticências entre parênteses: (...). As palavras ou frases incompreensíveis na transcrição são assinaladas com a expressão ‘incomp.’ entre parênteses: (incomp.).

As informações transcritas, por sua vez, foram organizadas a partir das categorias utilizadas na elaboração do roteiro da entrevista, com acréscimo de algumas que surgiram através das falas dos entrevistados, mas, ainda sim, relacionadas ao referencial teórico deste estudo. Desse modo, a organização baseia-se em Duarte (2005, p.79), que explica que “nas entrevistas semi-abertas, as categorias têm origem no marco teórico e são consolidadas no roteiro de perguntas semi-estruturadas”. Assim, para o autor,

Categorias são estruturas analíticas construídas pelo pesquisador que reúnem e organizam o conjunto de informações obtidas a partir do fracionamento e da classificação em temas autônomos, mas inter-relacionados. Em cada categoria, o pesquisador aborda determinado conjunto de respostas dos entrevistados, descrevendo, analisando, referendo à teoria, citando frases colhidas durante as entrevistas e a tornando um conjunto ao mesmo tempo autônomo e articulado (DUARTE, 2005, p.79).

As categorias desta pesquisa foram organizadas em seis eixos temáticos principais: TIC na sociedade do conhecimento; características das tecnologias móveis; produção de conteúdos móveis; consumo de conteúdos móveis; mercado móvel e educação e novas tecnologias. Cada eixo temático será descrito e analisado com mais detalhe no item 3.3 deste capítulo, exceto o eixo educação e novas tecnologias, que será abordado no capítulo 4. Os eixos temáticos agrupam categorias inter-relacionadas, conforme apresentado na tabela 1.

Tabela 1 – Eixos Temáticos e Categorias

Eixo Temático Categorias

1. TIC na Sociedade do Conhecimento 1.1 Interatividade

1.2 Inclusão digital

1.3 Convergência

2. Características das tecnologias móveis 2.1 Limitações técnicas e econômicas 2.2 Vantagens técnicas e econômicas

3. Produção de conteúdos móveis 3.1 Fluxo de produção de conteúdos

3.2 Produtos e Serviços 3.3 Formatos e linguagens

3.4 Regulamentação e Boas práticas

4. Consumo de conteúdos móveis 4.1 Usos do celular

4.2 Público

4.3 Formas de Acesso

5. Mercado móvel 5.1 Mercado brasileiro

5.2 Mercado internacional

5.3 Tendências

Fonte: Elaborada pela autora.

Com a organização das informações nas categorias, as mesmas serão analisadas a partir de uma análise interpretativa, conforme define Gil (1994, p.66), que difere da análise de conteúdo ao ter como foco as informações em si, e não a linguagem utilizada ou a quantificação de palavras.

A Análise de Conteúdo busca a essência de um texto nos detalhes das informações, dados e evidências disponíveis. Não trabalha somente com o texto de per se, mas também com detalhes do contexto. Deseja-se inferir sobre o todo da comunicação. Entre a descrição e a interpretação interpõe-se a inferência. Buscam-se entendimentos sobre as causas e antecedentes da mensagem, bem como seus efeitos e conseqüências (MARTINS, 2007, p.96).

A análise interpretativa, por sua vez, de acordo com Gil (1994, p.66), pode ser aplicada à análise de informações geradas a partir das entrevistas realizadas na pesquisa. Desse modo, o foco da análise volta-se para o conteúdo em si, em detrimento da quantificação de palavras, termos ou expressões. Neste sentido, este estudo analisa as informações dos

entrevistados, do modo como foram expostas pelos mesmos, sem levar em conta as entrelinhas, as inferências ou a escolha pelo uso de uma palavra ou termo ao invés de outros.

Desse modo, a análise das informações visa a descrever o processo de produção de conteúdos para mídias móveis, assim como apresentar as principais características do mercado, relacionando os conceitos teóricos, referentes a este mercado e nos quais se fundamenta este estudo, com o ponto de vista de cada um dos representantes do mesmo.

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