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METODOLOGIA DE PESQUISA

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CAPÍTULO I: DESCENTRALIZAÇÃO DA GESTÃO FLORESTAL,

I.3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Em seu recorte metodológico, este estudo é interdisciplinar e assume um caráter analítico, descritivo e comparativo. O problema de investigação foi abordado sob formas de pesquisa quantitativa e qualitativa, privilegiando fundamentos das disciplinas de sociologia, antropologia, economia e de ciências políticas.

A pesquisa de campo foi efetuada no Senegal, situado na parte Ocidental do continente africano. Senegal iniciou seu processo de descentralização em 1996 transferindo as coletividades locais nove (9) domínios5 de competências pelos quais se destaca a devolução da autoridade de gestão dos recursos naturais. Além de ter a particularidade de adotar a descentralização como política nacional, o governo senegalês vem se empenhando para realizar reformas institucionais e fiscais, com a intenção de criar um ambiente favorável para que as comunidades rurais assumam suas novas responsabilidades. Estas iniciativas nacionais foram complementadas por atividades de formação e de capacitação das novas instituições locais a atuar suas responsabilidades efetivamente. A descentralização foi implementada no contexto onde a pobreza tem a característica de ser fortemente concentrada em áreas rurais com uma percentagem chegando de 72% a 88%.

5 Os nove domínios de competências: Cultura, Planificação, Juventude,, Esportes e Lazer,

Urbanismo, Meio ambiente, Educação, Saúde, População e Ação social

Assim, devido a estes avanços institucionais e sob um contexto de pobreza acentuada no meio rural, Senegal se apresenta um campo oportuno para estudar os impactos da transferência do poder de gestão dos recursos naturais sobre as vidas das populações rurais e do meio ambiente.

No Senegal, famílias rurais investem em diversas atividades para sua subsistência e suas rendas. Muitas destas atividades se baseiam nos recursos naturais como, agricultura em pequena escala, pesca, pecuária, caça, coleta de lenha, de ervas e outros. Estes produtos naturais podem ser vendidos ou usados diretamente para alimentação, fogo, construção ou outras necessidades. Esta pesquisa se interessou especificamente sobre os produtos florestais não madeireiros (PFNMs). Trata-se do conjunto de bens e substânciais destinados ao uso humano e/ou animal, provindos dos recursos renováveis provenientes dos ecossistemas florestais. Pode-se citar como exemplo, os frutos selvagens, as gomas, as folhas, as flores, as raízes, casca, forragem, mel, a fauna etc... A minha escolha em trabalhar com florestas e produtos florestais não madeireiros, se justifica por duas principais razões.

Primeiro, pobreza e florestas estariam relacionadas. Sabendo que a coleta dos produtos não madeireiros não necessita de alto capital, nem tecnologia intensiva, nem habilidade especifica, uma correlação positiva entre pobreza rural e a dependência destes produtos pode existir (ANGELSEN e WUNDER, 2003). NUMANN e HIRSCH (2000) observaram que as populações mais pobres do mundo são as mais engajadas na coleta de produtos florestais não madeireiros do que na exploração de madeira. Já existe uma larga literatura sobre como as florestas beneficiam os pobres nos países tropicais (ANDERSON et al, 1991; TOWNSON, 1994; SHEPHERD et al. 1999; WARNER, 2000).

Em regiões áridas como Senegal, onde há pouca disponibilidade de madeira comercial, as populações se concentram nos produtos florestais não madeireiros. Estes últimos têm uma importância considerável na vida das populações rurais, eles contribuem para a manutenção dos processos ecológicos e constituem uma fonte substancial de recursos alimentares, energéticos e farmacológicos. Hoje as florestas no Senegal constituem a

principal fonte de alimentos para o gado. Frente ao rápido avanço das fronteiras agrícolas, as superfícies dos espaços pastoris reduziram drasticamente. Como a pecuária no Senegal é principalmente extensiva, as florestas se tornaram as únicas reservas pastoris permitindo assim a manutenção do pastoralismo tradicional. As florestas são também fontes de rendas para familiais rurais. Por exemplo, ultimamente as mulheres rurais da África Ocidental (Mali, Burkina), têm obtido rendas com a coleta e a venda da manteiga de karité (Vitellaria

paradoxa) às indústrias de cosméticos, além de usar a gordura para consumo local.

Todavia, a importância econômica dos recursos florestais não madeireiros, não se reflete ainda nos indicadores macro – econômicos, nem está incorporada nas estratégias nacionais de redução da pobreza do Senegal. De fato, estes produtos aparecem representando apenas 0,6% do PNB durante a década dos 90, as estatísticas não podem captar seus valores reais porque grande parte da comercialização se efetua através dos circuitos econômicos não oficiais. O setor das florestas foi por muito tempo negligenciado nos processos de modernização. Não existe um inventário sistemático do potencial florestal a nível nacional e seus aportes totais na economia nacional não estão ainda contabilizados. Os dados estáticos existentes se relacionam apenas ao pagamento das taxas florestais. Em outras palavras, somente os produtos florestais, que têm licença de circulação para as aglomerações, são contabilizados. As quantidades dos produtos florestais não madeireiros consumidos pela própria população, vendidos diretamente aos consumidores ou comerciantes nas feiras rurais, ou os produtos contrabandeados, são simplesmente ignorados. Tais quantidades não deveriam ser negligenciadas sabendo o forte consumo dos PFNMs das famílias, e a ocorrência freqüente de vendas ilegais. Devido a esta ausência de informações fiáveis sobre os PNFMs, a sua contribuição econômica está, na maioria das vezes sub avaliada.

Esta pesquisa tentará, portanto avaliar a contribuição dos PFNMs nas rendas familiares nas áreas de estudo. Teremos pelos menos uma idéia sobre o nível da dependência destas populações nas florestas. Ao lado da contribuição econômica, estes produtos florestais têm uma importância social, cultural e social. A distribuição da Kola em diferentes cerimônias tradicionais ilustra o aspecto cultural dos produtos da floresta.

A segunda razão de estabelecer as áreas de estudo em áreas florestais, é que desde que começaram a implementar as políticas de descentralização no Senegal, o setor florestal sofreu muitas mudanças para se adaptar ao novo contexto institucional. De fato, o código florestal foi modificado em 1998 reforçando a implicação das coletividades locais na gestão e na proteção das florestas. A existência de um marco jurídico e legal responsabilizando as populações locais, constitui para a pesquisa um instrumento de referência para analisar como os textos estão sendo aplicados na base. Isto me permite verificar em pratica se a descentralização pode realmente frear a pobreza e promover o desenvolvimento sócio-econômico.

Na perspectiva de uma análise descritiva e comparativa, usei o procedimento de estudos de casos, coletando dados empíricos segundo variáveis espaciais e temporais: duas áreas geográficas diferentes, comparando dois períodos diferentes. O estudo de caso se constitui num procedimento técnico de pesquisa quando se deseja entender um fenômeno social complexo que pressupõe um maior nível de detalhamento das relações entre os indivíduos e as organizações, bem como dos intercâmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estes estão inseridos (YIN 1989).

Esta tese foi desenhada na intenção de fazer uma análise comparativa a partir de duas variáveis: espacial e temporal, tendo como unidades de análise: os vilarejos. Para coletar informações pertinentes aos efeitos da descentralização no estado das florestas, adotei uma perspectiva comparativa temporal, usando dados secundários sobre o que existia antes da descentralização. Como já dito, o processo de descentralização, iniciado em 1996, acompanhou-se de reformas, de reformulação da legislação florestal e de criação de novas instituições de manejo. Eu parto do pressuposto, que para avaliar a eficácia de gestão destas instituições e oferecer explicações alternativas às razões de seu sucesso ou fracasso, posso observar, e através de entrevistas, comparar a qualidade de vida das populações locais e o estado da floresta, antes e depois da descentralização. Considero assim, que a principal variável independente deste estudo, é a transferência de poderes e de recursos financeiros às autoridades na gestão dos recursos naturais. Através desta escolha

estratégica, pretendo focalizar minhas análises sobre as conseqüências da obtenção de uma maior autonomia das populações locais no manejo dos recursos naturais, no meio ambiente e sobre elas mesmas. Nas áreas de estudo, não houve variações climáticas excepcionais durante o período de estudo que pudessem explicar uma regeneração ou uma degradação florestal. Portanto considero as modificações sobre os direitos de controle das florestas, e o processo de legalização dos quadros institucionais locais representam os principais fatores causais que influenciaram o estado das florestas e as formas de uso florestal.

Fiz uma variação espacial para estudar se a autoridade distributiva pode melhorar as florestas e mudar o papel das florestas nas vidas dos pobres, e o quanto. Usei dois casos de florestas com direitos de acesso e usos diferentes: a floresta comunitária de Sambandé e a floresta estatal de Keur Samba Dia. Através desta escolha, comparei duas situações nas quais as populações têm grau diferenciado de autoridade no manejo, consegui verificar como o nível de controle efetivo local dos recursos naturais está interferindo nos impactos da descentralização. Após este recorte temporal e espacial, a seleção dos vilarejos em estudo foi também uma decisão crítica devido à natureza complexa do problema a investigar. Cinco vilarejos foram escolhidos segundo os seguintes critérios de seleção: I) dependência das populações nas florestas, II) existência de instituições locais de manejo florestal, III) representatividade, IV) acesso ao mercado. Trata-se então de três vilarejos situados ao redor da floresta comunitária de Sambandé e de dois (2) situados ao redor da floresta de Keur Samba Dia. Em seguida, uma amostragem de 140 famílias foi sorteada. Devido ao tempo limitado e a quantidade de recursos disponibilizados nesta pesquisa, este amostragem pode ser qualificada como razoável, porque permitiu obter variação para testar as hipóteses e de fazer análises estatísticas detalhadas. O sorteio foi o principal meio de seleção para obter a amostragem, a mais heterogênea possível incluindo as famílias com grau diferenciado de dependência das florestas. No entanto, as famílias dos chefes de vilarejos em estudo, foram propositalmente incluídas na amostragem, para incentivar sua participação na pesquisa e para que elas soubessem a natureza do questionário e para não suscitar um ambiente de desconfiança.

de pesquisa quantitativa e qualitativa, usando uma combinação de instrumentos de coleta de dados como a observação participante, as entrevistas e questionários. As informações coletadas foram valiosas para conduzir análises sobre a relevância das políticas de descentralização florestal e seus impactos na redução da pobreza e nas florestas. Vale salientar que devido ao tempo limitado, os dados quantitativos não foram analisado nesta tese. Uma analise posterior destes dados será feita posteriormente e apresentados sob o formato de artigos científicos. Todavia o fato de ter coletado dados quantitativos e de ter observado as variações nos mesmos me permitiu fazer observações na tese de cunho qualitativo muito bem mais informadas do que se tivesse feito somente com abordagens qualitativos.

Antes de maiores explicações sobre as técnicas que foram empregadas nesta pesquisa, é importante ressaltar que sou membro da rede de pesquisa PEN (The Poverty Environment Network)6 estabelecida em 2004 sob a coordenação do Center of International Forestry Research (CIFOR) cuja sede esta na Indonésia. A rede se propõe a realizar o mais compreensivo, global e comparativo estudo sobre o papel das florestas na amenização da pobreza rural, com as tentativas de fazer análises a nível continental e global sobre as relações entre florestas e pobreza. Este projeto partiu do trabalho de OKSANEN et al (2003) que concluiu que as florestas são às vezes ignoradas nos Documentos Estratégicos de Redução a Pobreza (DERP) devido a três razões: I) a falta de dados básicos sobre as relações entre florestas e pobreza, II) a pouca compreensão dos tomadores de decisões sobre as relações entre florestas e pobreza, III) a falta de proposições concretas para as reformas políticas e os investimentos. Os resultados esperados deste projeto global, são de documentar se os produtos florestais são ou não significantes nas rendas das famílias rurais. No caso afirmativo, isto implicaria que as rendas florestais devem ser melhores integradas na formulação das políticas de amenização de pobreza. Caso contrário, as pesquisas mostram que as florestas têm pouca importância para os pobres, investimentos intensivos devem ser evitados no setor florestal e consequentemente as políticas deveriam orientar-se sobre as fontes mais significativas de rendas rurais. Em outras palavras, tais

6 Maiores informações sobre a rede podem ser encontradas na pagina:

resultados vão informar como o papel das florestas pode ser aumentado através de melhores formulações e implementações de políticas públicas. Isto provavelmente irá beneficiar as populações dependentes dos recursos florestais.

O projeto de pesquisa PEN reúne mais de 30 pesquisadores (principalmente doutorandos) que coletam dados sócios econômicos e ambientais, ao nível das familiais e dos vilarejos. Espera-se obter dados comparáveis entre diversos tipos de florestas para melhor entender as interações entre florestas e pobreza. No final, será criada uma base de dados com mais de 5000 a 6000 familiais e de 200 a 250 vilarejos a partir de mais de 20 países. Além de identificar todos os usos possíveis sobre as florestas e outros recursos ambientais, a coleção de dados terá que informar sobre as fontes predominantes das rendas rurais, e quantificar as rendas das famílias rurais.

A partir de suas experiências passadas sobre assuntos relativos ao uso da floresta, o PEN desenvolveu instrumentos detalhados de coleta de dados quantitativos sobre as rendas familiares sob diferentes contextos sócios econômicos. Três tipos de questionários foram assim formulados: questionário anual do vilarejo, questionário anual das famílias e questionário trimestral das famílias. Os questionários aplicados nas famílias podem ser grupados em duas categorias diferentes. Primeiro, tem o mesmo questionário aplicado quatro vezes na família, a cada três meses, para coletar informações sobre todas as fontes de rendas. Documentar as variações das rendas numa base trimestral permitiu observar se os recursos das florestas são importantes para as rendas ao longo do ano, ou apenas em determinados períodos, por exemplo, na época das secas. Entretanto os questionários geraram outras relevantes informações a respeito das fontes de rendas rurais, do papel das florestas para diferentes grupos (grau de pobreza, correlação com sexo, idade, migração), o papel de florestas em diferentes contextos de acesso ao mercado e outras dimensões sócias econômicas e ecológicas do uso das florestas. Segundo, tem um questionário anual aplicado nas familiais no início da pesquisa para coletar dados sobre o histórico da família (demografia, bens, nível de uso da floresta). Um outro questionário anual foi aplicado no final da pesquisa, para verificar se um evento excepcional não ocorreu durante a pesquisa, podendo influenciar nos resultados obtidos. A abordagem quantitativa aqui usada ofereceu-

me dados mensuráveis, que são organizados numa base de dados e futuramente analisados com programa Stata.

Alem dos inquéritos ao nível das famílias, conduzi visitas varias vezes as feiras rurais7 semanais ao redor das áreas de estudo onde os produtos florestais são comercializados. Estes inquéritos de mercado me permitiram coletar informações a partir dos compradores, dos vendedores, dos comerciantes itinerantes e dos varejistas locais. Dados foram coletados sobre os tipos de PFNMs disponíveis no mercado local, seus preços e a destinação final. Estas visitas me deram a oportunidade de identificar a função dos diversos atores na cadeia dos PFNMs, e as estratégias de distribuição dos produtos florestais a nível nacional. Além disso, aproveitei para pesquisar e calcular a equivalência em unidade universal (Quilograma) das unidades locais de medida. Durante os inquéritos nas familiais, as quantidades coletadas de produtos florestais, foram dadas em unidades como saquinhos, punhado ou pilha. A conversão das unidades locais em valor quantitativa universal foi necessária para harmonizar as unidades dos valores coletados nas entrevistas.

Na minha pesquisa de campo, apliquei estes três tipos de questionários por um período de 12 meses para quantificar as rendas de 140 famílias em cinco vilarejos. Fui apoiada nestas tarefas de coletar dados anuais e trimestrais por quatro investigadores que são originários dos vilarejos em estudo.

Achar uma evidência sistemática dos impactos da descentralização quanto à redução da pobreza seja na África ou em outras regiões, é um exercício difícil (CROOK, 2003:78). Segundo o mesmo autor, alguns estudos comparativos têm usado ‘o grau da descentralização’ como a variável independente, mas a medida normalmente usada – as despesas sub-nacionais como a proporção da despesa governamental total - é tão ‘flawed’ como indicador que os resultados obtidos possam ser apenas sugestivos. Da mesma forma, outros dados são derivados de casos de estudos parciais que não são sistematicamente

7 As feiras semanais chamadas localmente de ‘louma’ constituem o principal espaço de transações

comerciais entre vilarejos. Acontece semanalmente no mesmo vilarejo, alem dos intercâmbios de bens (gado, alimentos, produtos importados), o ‘louma’ é também um momento de encontros e de difusão de informações a respeito da comunidade.

comparáveis. Nas minhas áreas de estudo, não houve estudos quantitativos sobre os impactos do manejo florestal nas populações anteriores a descentralização. Portanto não disponho de ‘base-line ou longitudinal data’ que são considerados os principais requisitos para uma medida válida de desempenho. Assim, não foi possível na minha pesquisa, medir a variação das rendas familiares, ocorridas desde a implementação das políticas de descentralização, que me permitiria concluir se as rendas aumentaram e reduziram com o evento da descentralização. Frente à impossibilidade de obter dados mensuráveis no campo, usei os dados das minhas entrevistas, que revelaram a percepção das populações sobre a melhoria ou não de suas condições de vida depois que a descentralização foi instaurada. Usei a técnica de avaliação representativa dos impactos, entrevistando diferentes categorias da população, utilizadores da floresta com interesses divergentes, mas também os serviços técnicos e estatais.

Como eu não presenciei o período inicial do manejo local na área de estudo, não foi possível instaurar um sistema de acompanhamento ecológico para quantificar a evolução de diferentes recursos submetidos a um manejo regulamentado. Portanto eu não possuí dados quantitativos que possam demonstrar impactos ecológicos negativos ou positivos. Não foi possível obter dados sobre a evolução das produtividades vegetais ou animais com o serviço florestal nem com o dos projetos, que também não implementaram um sistema de monitoramento ecológico. Frente à falta de dados quantitativos sobre a situação de partida, eu fiz uma avaliação dos efeitos ambientais do manejo local a partir de numerosas entrevistas qualitativas com as populações locais, os agentes do serviço florestal e as Ongs que intervêm na área. Estes puderam dar relatos sobre as mudanças ocorridas desde a aplicação das regras locais. Usei também visuais disponíveis, uma série de fotografias tomadas no mesmo lugar na floresta de Sambandé ao longo dos anos de ‘mise en défens’. Eu consegui visualizar assim, as mudanças conseqüentes a medidas locais de manejo.

A coleta de dados foi em grande parte feita por instrumentos de pesquisa qualitativa para obter dados relativos ao processo de manejo local florestal, e complementando assim os dados de tipo quantitativo. Na pesquisa quantitativa, o rigor científico se expressa através de explicações racionais dos fenômenos, além da objetividade e neutralidade na busca da

verdade. Ela se diferencia da pesquisa qualitativa que tem como objeto o ser humano e a complexa rede que permeia o tecido social, e que estabelece relações mediadas pela subjetividade, emoções e valores. No entanto, THOLLIENT (1992) defende que não há oposição, nem hierarquização entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. Segundo o autor, em determinada pesquisa é possível articular os aspectos qualitativos e quantitativos para dar em conta a realidade. Importa compreender, então, que tanto a pesquisa qualitativa quanto a quantitativa tem em comum a exigência de rigor na construção de seus instrumentos e na análise dos dados.

Sabendo que meu estudo trata dos impactos das políticas públicas sobre as formas de acesso e de uso dos recursos naturais, é importante entender que a complexidade do problema de investigação não permite decompor o processo de descentralização e seus impactos em variáveis básicas. Devido à presença de inúmeras variáveis agindo e

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