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Conforme salientamos na introdução deste trabalho, escolhemos como corpus jornais de três organizações, em termos de públicos leitores diferentes que elas pretendem atingir. A opção por esses periódicos se deu em razão de terem uma periodicidade bem definida, serem publicados há mais de oito anos e para um grande número de pessoas, todos com uma tiragem de mais de 11 mil exemplares. Acreditamos, portanto, que funcionem como uma fonte de informação periódica, tradicional e com um número expressivo de leitores. Assim, vamos analisar o house organ da empresa de economia mista Copasa/MG, Jornal Gota D´ Água, dirigido aos funcionários; o jornal da organização do Terceiro Setor Sinpro Minas (Sindicato do Professores da Rede Particular de Ensino de MG), Jornal extra-classe – dirigido aos sindicalizados; e o jornal da multinacional Anglogold Ashanti, Momento, dirigido ao público externo.

Como procedimento metodológico, analisaremos as matérias de todas as edições dos jornais de cada organização, veiculadas durante um ano. As edições analisadas de cada jornal são as seguintes:

i) Jornal Gota D´Água: edições de 2008 – fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, duas de novembro e duas de dezembro, totalizando 12 edições, sendo uma especial do Dia das Crianças.27

27 Não houve edição em janeiro em virtude de férias e recesso de final de ano, por isso foram

ii) Jornal extra-classe: todas as de 2009 – março, junho e outubro – e fevereiro de 2010.

iii) Momento: fevereiro, abril, junho, agosto, outubro e dezembro de 2010.

Esse recorte metodológico foi feito em virtude do acesso que tivemos aos jornais. A quantidade de exemplares não é a mesma porque o Gota D´Água é mensal, o Momento é bimestral e o extra-classe, trimestral.

Dessa maneira, temos uma amostra do discurso das três organizações apresentado durante um ano. Por esse motivo, cremos que o corpus escolhido é representativo, possibilitando a verificação das recorrências e contrastividade internas em termos de gêneros jornalísticos, tipos de matérias, modo de organização do discurso enunciativo e descritivo, imaginários e ethos. Destacamos, no quadro abaixo, somente as categorias de análise, gêneros, tipos de matérias e ethos, que consideramos básicas para nosso estudo, já que os modos de organização do discurso descritivo e enunciativo (modalidades discursivas), foram levantados com a finalidade de observação dos ethé das organizações.

Quadro 2 – Categorias de análise

Fonte: Elaborado pela autora, 2012.

Vale lembrar que, para observarmos cada uma dessas categorias, verificamos os aspectos discursivos, linguísticos e alguns recursos visuais, como o uso de fotos e ilustrações.

Gêneros jornalísticos

dos house organs Tipos de matérias dos house organs Ethé das organizações

Artigo Matérias associativas

CREDIBILIDADE Ethos: - de socialmente responsável - de ambientalmente responsável - de culturalmente responsável - de valorizador do empregado - de competente

Carta Matérias divulgadoras

IDENTIDADE Ethos: -solidário -humano -cidadão Editorial formadoras Matérias

Entrevista Matérias de ilustração Nota institucionais Matérias Notícia orientadoras Matérias

Reportagem Matérias- retrato

Para definirmos os gêneros jornalísticos presentes nos jornais, seguimos a categorização de Melo (1987) e a de Charaudeau (2006a), dispostas no item 2.3.5 desta tese: título, nota, notícia, reportagem, entrevista, editorial e artigo; além da carta e do expediente relacionados por nós.

Quanto aos tipos de matérias dos house organs, deixamos claro que nessa categoria verificamos o conteúdo das matérias de um modo diferente. Isto é, conteúdo neste trabalho não significa tema e/ou rubrica, como política/opinião, esporte/futebol, cultura/música, entre outras presentes nos jornais tradicionais, uma vez que house organs não costumam conter tais editorias e rubricas especificamente. Esses temas podem ser contemplados nas matérias, no entanto, o enfoque dado não é reduzido a eles. O conteúdo dos jornais organizacionais apresenta uma abordagem diferente e, por esse motivo, seguimos a classificação de tipos de matérias relacionadas por Torquato (1987), indicadas no item 2.3.4, e categorizamos dois outros tipos de matérias como: matérias institucionais – cujo escopo é veicular produtos, serviços, projetos, performances, ações e outros aspectos institucionais, e não mercadológicos da empresa –, e matérias formadoras, referentes a ideias e posicionamentos da organização apresentadas de forma a persuadir o leitor.

Ressaltamos, entretanto, que essas matérias muitas vezes contêm características que se encaixam em mais de uma categoria, principalmente na de matérias institucionais, haja vista que todos os jornais são institucionais. Assim, quando observamos uma mesclagem de categorias, realizamos a classificação de acordo com o que percebemos ser mais característico de um tipo de matéria.

Com relação às modalidades discursivas, verificaremos as elocutivas, alocutivas e delocutivas, relatadas no item 3.1.1.2. E para observarmos o modo de organização do discurso descritivo, utilizamos os componentes nomear, localizar- situar e qualificar, dispostos no mesmo item.

Quanto às categorias ethóticas, tentamos identificar primeiramente os imaginários sociodiscursivos contidos no discurso organizacional a partir de uma análise prévia do corpus. Os imaginários que nos permitiram identificar os ethé das empresas foram: os imaginários da mineiridade, da valorização do esporte, da cultura e do meio ambiente, da qualidade, da mobilização pela cidadania, do

trabalhismo e da contribuição do empregado para as empresas.28

Além dos ethé apontados na teoria aristotélica, os ethé das organizações também acompanharão a classificação de Charaudeau (2006b) concebida para o discurso político, disposta no item 3.2.2.2 deste trabalho. Além deles, outros foram levantados por nós, com base na observação do discurso empresarial.

Ressaltamos, por fim, que a análise das imagens dos house organs não foi contemplada somente para ratificar cada categoria. Desse modo, sempre que algum elemento imagético remete a uma categoria diferente daquela observada num determinado item, ele também é analisado sob este outro ponto de vista.

A seguir está a análise de cada jornal interno. O primeiro é o Jornal Gota D'água, o segundo é o jornal extra-classe e o terceiro é o Momento.