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O Local Governments for Sustainabilility (ICLEI) se configura como a prin- cipal associação mundial de governos locais voltados ao desenvolvimento sustentá- vel. O ICLEI foi criado em 1990, inicialmente nomeado como: International Council for Local Environmental Initiatives, reuniu 200 governos locais de 43 países que partici- param do primeiro Congresso Mundial de Governos Locais para um Futuro Sustentá- vel realizado na ONU em Nova Iorque. As primeiras ações globais do ICLEI foram relacionadas a processos de divulgação, capacitação e implantação da Agenda 21 Local (ICLEI, 1996).

Em 1994 o ICLEI lançou um programa internacional intitulado Comunida- des Modelo da Agenda 21 Local para auxiliar determinadas administrações municipais no processo de implantação de programas e projetos de desenvolvimento sustentável. O ICLEI entendia que os governos locais tinham um papel fundamental para o pro- cesso de difusão dos compromissos da Rio 92. O programa Comunidades Modelo da Agenda 21 Local procurou ajudar as administrações municipais no processo de im- plementação do capítulo 28 da Agenda 21, que compreendia o desenvolvimento de um plano de ação global para o desenvolvimento sustentável (ICLEI, 1996; ICLEI, 2016).

Os governos locais eram reconhecidos como entidades que estavam mais próximas da população e tinham condições de desempenhar um papel essencial em processos de educação, mobilização em favor do desenvolvimento sustentável. Um processo participativo foi então programado para ser desenvolvido até 1996

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compreendendo um conjunto de consultas junto à população para o estabelecimento de um consenso sobre a Agenda 21 Local, específica para cada comunidade (BRA- SIL, 2013).

No período de 2006 a 2011 o ICLEI desenvolveu o projeto Sustainable Wa- ter Improves Tomorrow’s Cities Health (SWITCH) que teve como objetivo a promoção de uma possível gestão mais sustentável das águas urbanas para a “Cidade do Fu- turo”. O projeto compreendeu um consórcio com 33 organizações parceiras, com a coordenação da Institute for Water Education (UNESCO-IHE), que trabalharam no de- senvolvimento de soluções científicas, tecnológicas e socioeconômicas em cidades de vários países. A inciativa fundamentou-se na concepção da necessidade de mu- dança da abordagem convencional da gestão dos recursos hídricos locais para uma abordagem integrada, com a promoção de alternativas sustentáveis e estratégicas para o desenvolvimento urbano (ICLEI, 2016).

O SWITCH tinha como objetivo inicial a implantação de sistemas sustentá- veis e integrados para a gestão das águas urbanas num período de 30 a 50 anos (JEFFERIES; DUFFY, 2010). Para os países de língua portuguesa, o SWITCH foi no- meado como: Gestão Integrada das Águas Urbanas na Cidade do Futuro (GIAU).

A Figura 18 apresenta a ilustração criada pelo artista holandês Loet van Moll para o projeto GIAU, na qual se pode perceber um conjunto de ações voltadas ao planejamento e preservação dos recursos hídricos que podiam ser adotadas pelas cidades, voltadas ao abastecimento de água; às águas pluviais e as águas servidas. Entre estas ações destacavam-se: a preservação e proteção dos recursos hídricos; a adoção de telhados verdes e de pavimentações porosas nas construções; o reuso das águas cinzas; a coleta e reuso de águas pluviais, uso de fontes alternativas para pro- dução de energia e conscientização da população para adoção de consumos susten- táveis e econômicos dos recursos hídricos.

O processo de capacitação do projeto GIAU foi dividido em 06 módulos de treinamento que conformaram o chamado Kit de Treinamento SWITCH - GIAU: Ges- tão Integrada das Águas Urbanas na Cidade do Futuro. Os temas dos módulos de treinamento são apresentados no Quadro 26.

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Quadro 26 - Módulos temáticos do Kit de Treinamento SWITCH - GIAU: Gestão Inte- grada das Águas Urbanas para a Cidade do Futuro

Kit de Treinamento SWITCH - Gestão Integrada dás Águas Urbanas na Cidade do Futuro Módulo 01 Planejamento Estratégico: preparando-se para o futuro

Módulo 02 Grupos de Interesse: envolvendo todos os agentes Módulo 03 Abastecimento de Água: explorando opções Módulo 04 Manejo de Águas Pluviais: explorando opções Módulo 05 Esgotamento Sanitário: explorando opções

Módulo 06 Ferramentas de Suporte à Decisão: escolhendo um caminho sustentável

Fonte: ICLEI, 2016

O Módulo 4 do Kit de Treinamento SWITCH - GIAU: Gestão Integrada das Águas Urbanas na Cidade do Futuro, intitulado com: Manejo de Águas Pluviais: ex- plorando opções, tratava da adoção das chamadas Melhores Práticas de Gestão das Águas Pluviais (BMPs) voltadas ao manejo integrado das águas pluviais. As estraté- gias das BMPs fundamentam-se em práticas de retenção, tratamento e reutilização do escoamento superficial das águas pluviais. Nas BMPs os ambientes naturais, ou seja: as áreas pantanosas, a vegetação e o solo, são considerados como elementos estratégicos para o manejo sustentável das águas pluviais.

Figura 18 - Ilustração da Cidade do Futuro do GIAU

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A hierarquia de implantação das soluções das BMPs é apresentada no Quadro 27.

Quadro 27 - Hierarquia para implantação das soluções BMPs

Soluções BMPs para águas pluviais

1. Boa Gestão Interna

Adoção de medidas não estruturais para o controle do escoamento e prevenção do contato com poluentes por meio das seguintes ações: programas de educa- ção ambiental, sensibilização da população, planejamento local, gestão do lixo e gestão do uso do solo.

2. Controle na origem

Retenção e tratamento de escoamentos o mais próximo possível do local de precipitação, recomendando-se a adoção de sistemas de pavimentação porosa, reservatórios de coleta de águas pluviais, valas de infiltração e telhados verdes.

3. Controle local

Retenção e tratamento dos escoamentos de grandes áreas urbanas, como con- juntos habitacionais e estacionamentos, por meio de bacias de detenção e siste- mas de infiltração.

4. Controle Regional Retenção e tratamento do escoamento em vários pontos do território com a utili-

zação de lagoas de retenção e zonas pantanosas artificiais.

Fonte: ICLEI, 2016

O Kit de Treinamento, SWITCH - GIAU: Gestão Integrada das Águas Urba- nas na Cidade do Futuro fundamentava-se na premissa de que adoção de uma abor- dagem sistêmica e integrada da gestão do sistema hídrico local possibilitava a obten- ção de resultados mais sustentáveis para o planejamento, preservação e utilização dos recursos hídricos locais e regionais. Por outro lado, esta abordagem sistêmica e integrada se contrapunha às práticas tradicionais de planejamento nas quais os pro- jetos, programas e ações são desenvolvidos isoladamente. Ao invés de trabalhar com soluções individualizadas para as águas pluviais, abastecimento de água e esgota- mento sanitário, indicava-se a adoção de um processo planejamento estratégico, in- tegrado e participativo de longo prazo para o sistema hídrico urbano.

O programa GIAU era apresentado como uma estratégia voltada ao enfren- tamento de questões fundamentais para a qualidade de vida das cidades. O desen- volvimento de sistemas eficientes de abastecimento de água e a correta disposição e tratamento dos efluentes líquidos eram indicados como ações de saúde pública que enfrentavam as doenças relacionadas à transmissão hídrica. A gestão adequada das águas pluviais e dos processos de expansão urbana era apontada como uma estra- tégia para evitar as inundações e as ocupações irregulares perigosas para as vidas humanas. Neste contexto, o correto tratamento dos efluentes urbanos e seu adequado lançamento nos corpos hídricos eram entendidos como ações de planejamento que favoreciam a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico das cidades (ICLEI, 2016).

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O Quadro 28 apresenta um conjunto de eventos, indicados pelo programa GIAU, que exercem consideráveis pressões sobre o território das cidades, justificando a mudança nos padrões de consumo das águas e o desenvolvimento de uma consci- ência ambiental nas comunidades locais (ICLEI, 2011).

Quadro 28 - Principais eventos indicados pelo programa GIAU que exercem

Pressões sobre os recursos hídricos no território municipal

1. Mudanças climáticas e consequente aumento dos riscos de enchentes e escassez hídrica

2. Os impactos de uma economia em desenvolvimento ou em recessão

3. Os altos custos da distribuição e do tratamento das águas

4. O crescimento populacional e o aumento da demanda por serviços públicos de infraestrutura

5. As tecnologias emergentes voltadas ao reuso das águas

6. As perdas nos sistemas de distribuição e os altos custos dos serviços de recuperação

Fonte: ICLEI, 2016

A GIAU trabalhava com uma visão holística e integrada do ciclo hidrológico urbano e de sua sustentabilidade, reunindo no processo de planejamento das águas todos os usuários e grupos de interesse existentes nas cidades (ICLEI, 2011).

Na abordagem do programa GIAU eram estabelecidos vínculos entre os sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejos de águas pluvi- ais e processos de urbanização. Indicava-se a adoção de processos colaborativos, que possibilitavam o envolvimento dos órgãos de gestão com o público local, para o desenvolvimento de soluções para os problemas relacionados ao planejamento, pre- servação e utilização das águas.

Além das infraestruturas convencionais, que se utilizavam de materiais como o concreto, o metal e o plástico, indicava-se a adoção das já citadas BMPs que se utilizam dos solos, vegetação e outros sistemas naturais.

As águas pluviais eram consideradas como recursos hídricos que podiam ser coletadas para o abastecimento público ou absorvidas para manutenção dos aquí- feros, cursos d’água e biodiversidade. Ao invés de se procurar novas fontes de abas- tecimento, para enfrentamento dos aumentos de demandas urbanas, buscavam-se: a redução destas demandas, a captação das águas pluviais e o reuso dos efluentes líquidos (PINKHAM; SCHOLAR 1999; ICLEI, 2011).

A GIAU entendia o conceito de gestão sustentável dos recursos hídricos, como aquele que atendia às necessidades socioeconômicas e ambientais atuais e ao mesmo tempo criava condições para que essas mesmas necessidades fossem aten- didas no futuro. Esta abordagem contemplava ainda, os impactos negativos que as

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ações locais podiam causar nas cidades vizinhas e no território regional. Neste con- texto, as decisões deviam ser tomadas considerando os impactos a montante e a ju- sante. Indicavam-se a busca das chamadas metas de sustentabilidade para o sistema hídrico urbano recomendando-se que: o abastecimento de água fosse seguro e con- fiável; que a disposição dos efluentes líquidos devia respeitar a capacidade de assi- milação do corpo receptor, a promoção das ações voltadas à redução dos níveis de inundações, a manutenção do ciclo hidrológico natural e a conservação de um ambi- ente aquático saudável (ICLEI, 2011).

Era necessário o desenvolvimento de um trabalho coletivo para implanta- ção do programa GIAU compreendendo: um planejamento estratégico com propostas e projetos de longo prazo; envolvimento de vários grupos de interesse; utilização de práticas sustentáveis de gestão de recursos hídricos e a utilização de ferramentas de suporte para a tomada de decisões analisando o impacto geral das soluções no ciclo hidrológico urbano (ICLEI, 2011).

O processo de planejamento da GIAU era apresentado como um conjunto de seis etapas (Quadro 29) que podiam ser revisitadas e reavaliadas durante o pro- cesso.

Quadro 29 – Fases de Implantação do Programa GIAU

Fases da GIAU Descrição

1. Avaliação Inicial Compreendendo um conjunto de levantamentos e análises preliminares sobre os recursos hídricos locais

2. Criando uma Visão Desenvolvimento de uma descrição básica da condição futura desejada para as águas urbanas incluindo objetivos para os próximos 15 ou 30 anos 3. Estabelecendo Objetivos Compreendendo a elaboração de todas as transformações necessárias que deviam ocorrer na situação

atual para que a Visão fosse materializada

4. Indicadores e Metas Definição de indicadores e metas que possibilitavam a visualização do processo em direção aos objetivos

da GIAU.

5. Construção de Cenários Definição da situação de determinados temas relacionados aos recursos hídricos urbanas em momentos

específicos do futuro da cidade

6. Desenvolvimento de Es- tratégias

Definição de ações específicas para se atingir os objetivos adotados para os diferentes cenários estabeleci- dos

7. Desenvolvimento de um Plano de Ação

Representando um conjunto de programas e ações concebidas para se a atingir os objetivos e as metas dentro de prazos e orçamentos definidos

8. Monitoramento e Avalia- ção

Compreendendo a medição e levantamento dos Indicadores definidos e suas relações com as metas pro- postas.

Fonte: ICLEI, 2016

O programa GIAU necessitava do estabelecimento de uma unidade central para a coordenação do processo que tivesse uma visão abrangente de todo o sistema de águas urbanas. O governo local era indicado como a instituição mais apropriada para a coordenação da GIAU. Entretanto, o governo local devia ser apoiado por gru- pos externos à administração municipal que deviam assumir tarefas e encargos espe- cíficos (ICLEI, 2011).

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O sucesso da GIAU dependia de um estreito envolvimento dos políticos locais na sua implantação, possibilitando assim a legitimação, a credibilidade e a ofi- cialização dos seus processos e ações. Indicava-se a adoção de uma postura aberta que aproximasse representantes de todas as correntes políticas e partidárias locais para uma conscientização sobre os benefícios econômicos, sociais e ambientais da GIAU. Evitando-se assim que possíveis mudanças políticas, provenientes de proces- sos eleitorais, interrompessem o processo de planejamento estratégico da GIAU (ICLEI, 2011).

A primeira fase do programa GIAU era chamada de Avaliação Inicial, com- preendia uma coleta e análise preliminar sobre um conjunto de informações sobre: os recursos hídricos locais, sobre os sistemas de gestão, sobre os atores principais e os fundamentos legais e institucionais relacionados à gestão dos recursos hídricos. A Avaliação Inicial apresentava uma visão geral da gestão hídrica e identificava ques- tões fundamentais e estratégicas para a GIAU. Recomendava-se ainda o apoio de especialistas, por meio de universidades ou consultorias para o desenvolvimento da Avaliação Inicial. Para a coleta de informações relacionadas ao ciclo hidrológico ur- bano recomendava-se a abordagem de um conjunto de temas apresentados no Qua- dro 30 (ICLEI, 2011).

Quadro 30 - Temas da Avaliação Inicial relacionados ao Ciclo Hidrológico Urbano

Temas Questões a serem levantadas

Recursos hídricos locais De onde vêm os recursos hídricos da cidade, em que quantidade e qual a sua qualidade?

Uso da água local e tendências de demandas futuras

Como é o equilíbrio entre o fornecimento e a demanda, quais são as características do consumo de água e quais os principais responsáveis por ele?

Aspectos políticos e legais rele- vantes

Quais são as legislações sobre: recursos hídricos, saneamento, meio ambiente, padrões de potabilidade relacionadas às águas locais? Quais os compromissos que a cidade as- sumiu em relação ao Plano da Bacia Hidrográfica e do Planos de Saneamento?

Instituições e atividades relaci- onadas à Água

Quais as principais instituições que gerenciam as águas na cidade e qual o papel exato de cada uma delas?

Grupos de Interesse Quem são os diferentes usuários das águas e outros grupos sociais que tem interesse na

gestão das águas urbanas?

Fonte: ICLEI, 2016

Após a conclusão da Avaliação Inicial passava-se para fase nomeada como Criando uma Visão que compreendia o desenvolvimento de uma descrição básica da condição futura desejada para as águas urbanas incluindo objetivos para os próximos 15 ou 30 anos. A Visão devia ser o resultado de um amplo acordo que envolvesse os grupos relacionados com o planejamento e a gestão das águas locais. O processo de construção da Visão devia apoiar-se nos levantamentos da Avaliação Inicial. Posteri- ormente, devia ser desenvolvido um esboço que retratasse os problemas prioritários

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e suas possíveis soluções. Esse esboço devia se utilizar de uma linguagem clara que possibilitasse uma fácil comunicação com os grupos participantes, evitando termos e linguagens técnicas que dificultassem a interpretação. Como a finalização dos traba- lhos da fase Criando uma Visão, os resultados deviam ser apresentados às autorida- des locais, entre as quais a Câmara Municipal de Vereadores para a sua adoção e formalização (ICLEI, 2011).

Na próxima fase nomeada como Estabelecendo Objetivos desenvolvia-se um detalhamento dos resultados da fase anterior, Criando uma Visão, compreen- dendo a elaboração de uma lista clara e concisa, com as descrições das transforma- ções necessárias que deviam ocorrer na situação atual para que a chamada Visão fosse materializada (ICLEI, 2011).

Na fase nomeada como Indicadores e Metas eram definidos parâmetros que possibilitavam a visualização do progresso na direção dos objetivos definidos. A GIAU trabalhava inicialmente com três tipos de indicadores: os Indicadores de Estado do sistema representando as condições atuais do sistema hídrico urbano; os Indicadores de Pressões que atuam no sistema e os Indicadores de Respostas de Gestão voltadas à melhoria do sistema. Os indicadores possibilitavam então a medição das mudanças que ocorriam no Estado; nas Pressões e nas Respostas do sistema hídrico urbano. Já as Metas, se apresentavam como resultados desejados necessariamente vinculados a um prazo de implantação das ações. Deviam ser estabelecidas Metas possíveis de serem atingidas dentro do prazo estabelecido, com o devido envolvimento dos grupos de inte- resse e da comunidade local (ICLEI, 2011).

Como exemplos de Indicadores de Estado sugeriam-se: os níveis atuais e o volume de extração das águas subterrâneas. Como Indicadores de Pressão indica- vam-se: o consumo per capta doméstico de água potável, a porcentagem de superfí- cies impermeáveis que impedem a infiltração das águas pluviais. Como exemplos de Indicadores de Resposta sugeriam-se: a área de superfície impermeável não conec- tada no sistema de drenagem e o número de vasos sanitários de baixo consumo ven- didos na cidade.

A fase nomeada como Construção de Cenários compreendia a descrição determinadas situações em momentos específicos no futuro. O processo de formula- ção dos Cenários deviacontar com a colaboração dos grupos de interesse e de suas percepções sobre o futuro. Os Cenários eram apresentados como elementos funda- mentais para desenvolvimento de Estratégias para se atingir a Visão proposta.

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Sugeria-se a construção de cenários para: o crescimento populacional previsto; para padrões de disponibilidades hídricas variáveis; para a produtividade industrial futura; para mudanças nos padrões de consumo das águas, entre outros temas. (ICLEI, 2011).

Na próxima fase, intitulada como Desenvolvimento de Estratégias eram defini- das as ações que deviam ser desenvolvidas para se atingir os Objetivos adotados para o conjunto de Cenários definidos. As Estratégias deviam ser flexíveis e abrangentes possi- bilitando adaptações futuras a problemas relacionados ao clima, a economia, a demogra- fia, aos padrões de consumo entre outras possibilidades. Estas Estratégias deviam ainda alinhar-se com os demais planos existentes, entre os quais: o Plano Diretor, os Planos Ambientais e o Plano de Recursos Hídricos (ICLEI, 2011).

Nesse sentido, as Estratégias propostas deviam necessariamente extrapolar o território municipal e considerar a contribuição do planejamento integrado das águas locais num contexto territorial mais amplo, ou seja, a bacia hidrográfica na qual a cidade está inserida. Passava-se então para a fase nomeada como Desenvolvimento de Estraté- gias, quando era estabelecido um conjunto de programas e ações concebidas para se atin- gir os objetivos e as metas dentro de prazos e orçamentos definidos.

O Plano de Ação devia incluir um cronograma das ações, os seus custos e as fontes de financiamento. O governo local era indicado como elemento fundamental para a coordenação geral do processo. O Plano de Ação transformava as Estratégias em um conjunto de ações específicas para se atingir os objetivos propostos. As ações deviam ser otimizadas e selecionadas para serem implantadas em programas, com prazos e fon- tes de financiamento previamente definidas. Era necessária ainda a definição das res- ponsabilidades dos diferentes departamentos, instituições e grupos de interesse, para o desenvolvimento do Plano de Ação. Recomendava-se o desenvolvimento de uma ade- quada preparação destes participantes, um gerenciamento efetivo e contínuo dos orça- mentos, equipes e do cronograma do processo de implantação (ICLEI, 2011).

A fase final, nomeada como Monitoramento e Avaliação, permitia a medi- ção dos valores assumidos nos Indicadores e suas relações com as Metas. Por meio do Monitoramento era possível a verificação dos progressos e deficiências do pro- cesso, bem como a definição de linhas de ação alternativas, considerando o não aten- dimento dos objetivos pretendidos. Os resultados da Avaliação apresentavam uma análise crítica do Monitoramento que devia ser divulgada a todos os grupos de

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interesse com as devidas explicações quando as metas não fossem atingidas (ICLEI, 2011).

A GIAU era apresentada como um processo aberto que se baseava em ações repetitivas e interativas, nos quais os diferentes estágios deviam ser reavalia- dos continuamente para a conquista dos resultados esperados. A abordagem conven-