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A investigação atual no âmbito dos contextos onde a IP deve ser desenvolvida, refere que o apoio deve ser realizado nos locais onde a criança interage diariamente, nomeadamente, a casa da criança, no seio da sua família e a creche ou pré-escolar, com os prestadores de cuidados. O apoio nestes contextos naturais tem-se verificado mais positivo, na medida em que, não só a família participa e interage com a criança, como o profissional da IP pode apoiar a família no desenvolvimento de atividades que promovam o desenvolvimento da criança, de acordo com as rotinas diárias (Dunst et al., 2014).

Em Portugal, a investigação existente sobre esta temática é ainda reduzida, assim como a perspetiva de pais e prestadores de cuidados no que diz respeito à IP nos contextos naturais. Neste sentido, surgiu a necessidade de realizar uma investigação que aprofundasse um pouco mais a importância do apoio no domicílio, dando voz às famílias que beneficiam da IP neste contexto. Ao mesmo tempo, pretende-se a identificação de vantagens e desvantagens, e perceber qual o papel que a família desempenha durante o processo. Para que todos estes aspetos pudessem ser analisados, e considerando que seria necessário contactar diretamente com famílias que beneficiassem do apoio da IP no domicílio, a metodologia qualitativa é a que melhor se adequa para responder a todas as questões colocadas, através da realização da entrevista semiestruturada.

Segundo Strauss e Corbin (2008) existem várias razões para que um investigador utilize a pesquisa qualitativa. Estes autores destacam duas razões: a primeira está relacionada com a preferência do investigador e a segunda está relacionada com a natureza do problema em estudo. Estes autores defendem ainda que este tipo de pesquisa permite a exploração de áreas nas quais ainda existe pouca investigação e onde se pretende detalhes como sentimentos, processos de pensamento e emoções, que não seriam possíveis de descobrir através de métodos quantitativos.

De acordo com Creswell (2007, 2009) e Denzin e Lincoln (2002) a metodologia qualitativa diz respeito a uma interpretação naturalista do mundo, colocando o investigador no contexto onde ocorrem os acontecimentos, registando os dados através de diversos meios, nomeadamente vídeo, fotografia, entrevistas, análise de documentos, entre outros. Este tipo de abordagem deve ser utilizada quando existe uma questão ou um problema que deve ser explorado, através do contacto direto com os intervenientes, nos contextos naturais onde as situações ocorrem. Segundo os mesmos autores, na abordagem qualitativa, o investigador tem interesse em conversar com as pessoas, ouvir as suas histórias e compreender o processo sobre o qual ocorrem os acontecimentos, em vez de se debruçar apenas sobre os resultados.

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Neste sentido, o relatório final desta investigação contém citações dos participantes, uma reflexão do investigador, e ainda a descrição e interpretação do problema, que permite agir no sentido do problema em estudo (Creswell, 2007).

Segundo a investigação realizada por Coutinho (2011), na metodologia qualitativa são utilizadas preferencialmente técnicas de observação, que têm como principal objetivo recolher dados e descrever os acontecimentos nos locais onde ocorrem. O seu principal objeto de estudo são as situações e as intenções, através da perspetiva dos indivíduos que fazem parte do processo.

Bogdan e Biklen (2010) referem que a investigação do tipo qualitativo apresenta cinco características, embora estas não se manifestem em todos os estudos da mesma forma:

1) Os contextos naturais constituem a principal fonte de recolha de dados, isto é, os investigadores recolhem dados nos locais, através de fotografia, vídeo ou apontamentos, pois as ações são melhor compreendidas quando observadas nos ambientes onde ocorrem naturalmente. Este fator implica que os investigadores dediquem uma grande quantidade de tempo nos locais;

2) A recolha de dados implica a sua descrição, uma vez que são utilizadas técnicas de recolha de palavras ou imagens, em vez da recolha de números. A abordagem qualitativa envolve uma análise minuciosa das situações, sendo utilizadas muitas vezes citações que permitam uma melhor compreensão dos acontecimentos;

3) O processo tem mais importância do que os resultados ou os produtos, isto é, a pesquisa qualitativa interessa-se mais pela forma como decorrem os acontecimentos para se chegar a determinado resultado;

4) A análise dos dados é feita de forma indutiva, uma vez que as conclusões se vão criando à medida que são recolhidos dados. De acordo com os autores, “Não se trata de montar um quebra-cabeças cuja forma final conhecemos de antemão. Está-se a contruir um quadro que vai ganhando forma à medida que se recolhem e se examinam as partes” (Bogdan & Biklen, 2010, p.50);

5) O significado tem uma enorme importância neste tipo de abordagem, pois a pesquisa qualitativa procura ter em conta as diferentes perspetivas dos intervenientes, existindo uma constante preocupação com o registo das informações tão rigoroso quanto o possível.

Relativamente à características que definem a metodologia qualitativa, Creswell (2007), além de incluir aquelas apresentadas por Bogdan e Biklen (2010), acrescenta ainda que:

• Na metodologia qualitativa são utilizadas diversas fontes de recolha de dados;

• O investigador interessa-se pela opinião que os participantes têm sobre o problema em estudo, sem a influência da sua própria opinião ou sobre a literatura disponível sobre o tema;

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• Na metodologia qualitativa, a investigação é constantemente emergente, uma vez que todas as fases do processo podem sofrer alterações, à medida que o investigador inicia a recolha de dados. Este aspeto não permite traçar um plano que possa ser fielmente seguido desde o início, até ao final da investigação;

• A metodologia qualitativa deve ser analisada atendendo as questões relacionadas com a cultura, género, valores, etc.;

• Na metodologia qualitativa, o investigador faz uma interpretação daquilo que vê, ouve e compreende, não sendo possível separar a sua história das interpretações e conclusões que são retiradas;

• A pesquisa qualitativa procura ter uma visão holística do problema, considerando as diferentes perspetivas e onde são identificados os diferentes fatores que descrevem a situação, de modo a ser obtida uma visão global.

Para a realização de um estudo onde seja utilizada a metodologia qualitativa, Creswell (2007) identifica ainda alguns aspetos, que definem o processo sobre o qual é conduzido todo o estudo. Segundo o autor, um estudo de tipo qualitativo deve iniciar-se com uma pesquisa científica sobre o tema em estudo, onde se deve procurar descrever o problema e recolher dados que o possam analisar. Além disso, esta pesquisa pode assumir várias posições, na medida em que pode apenas informar sobre as questões colocadas inicialmente, pode ser revista mais tarde durante o processo de pesquisa, ou pode ainda servir como forma de apoiar na documentação do problema de pesquisa.

2 – Desenho da Investigação 2.1 – Participantes

Na metodologia qualitativa, os participantes no estudo não são escolhidos ao acaso, mas antes em função das questões que o investigador quer aprofundar (Coutinho, 2011; Creswell, 2007; Guerra, 2010). Segundo os mesmos investigadores, em metodologia qualitativa, o investigador seleciona os participantes no estudo de forma intencional, de modo a que possam contribuir para a recolha de dados relacionada com a questão em estudo.

De acordo com Creswell (2007), é fundamental que este número de participantes tenha experienciado a questão que se pretende aprofundar, fazendo assim, com que esta amostra seja homogénea, garantindo que os dados recolhidos possam contribuir para o desenvolvimento de novas teorias.

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Guerra (2010) e Fortin (2003) acrescentam ainda que na metodologia qualitativa, os investigadores não procuram uma representatividade estatística ou as regularidades, mas antes a representatividade social e a diversidade dos fenómemos. Neste sentido, as autoras defendem que os participantes devem ser bons interlocutores, capazes de expressar as suas opiniões, considerando a sua experiência na questão em estudo.

Para o presente estudo, a seleção dos participantes foi realizada de forma intencional, na medida em que todos deveriam preencher os critérios de seleção definidos previamente:

a) Mães apoiadas pela IP no domicílio;

b) Mães apoiadas pelo mesmo profissional há pelo menos 6 meses; c) Mães residentes na zona norte de Portugal.

Para a realização desta seleção, foi contactado em primeiro lugar o SNIPI, onde foi pedida autorização para a realização deste estudo. Assim que esta autorização foi concedida, foram contactadas várias ELI’s da zona Norte, que de imediato confirmaram a disponibilidade para passarem a informação a eventuais famílias que cumprissem os critérios de seleção. Posteriormente, os profissionais das ELI’s questionaram as famílias sobre a disponibilidade para a participação no estudo. Aquando desta primeira abordagem, entre as equipas e famílias, foi entregue uma breve descrição do projeto de investigação e uma carta, explicando os objetivos e a importância da participação neste estudo. Depois das famílias terem aceite participar no estudo, foi facultado o contacto de todas, de modo a facilitar o agendamento de uma reunião presencial para a recolha dos dados.

A realização da entrevista foi dirigida apenas a mães de crianças que beneficiem do apoio da IP no domicílio, há pelo menos 6 meses, pelo mesmo profissional. Foram selecionadas apenas as mães pelo facto de, em regra geral, serem estas quem acompanham frequentemente as crianças nas intervenções, existindo maior experiência e maior capacidade de resposta face às questões em estudo.

Neste estudo contámos com a participação de 5 mães, residentes no distrito de Braga, com idades compreendidas entre os 23 anos e os 36 anos de idade. Apesar de terem sido contactadas várias ELI’s, apenas duas equipas tiveram respostas positivas quanto à disponibilidade das famílias para participar no estudo.

Assim que as famílias se disponibilizaram a participar, foram facultados os contactos telefónicos. Neste telefonema verificou-se que as mães já estavam à espera desta chamada e disponibilizaram-se imediatamente a colaborar.

As entrevistas foram agendadas de acordo com o horário e local que era mais conveniente para cada uma, tentando interferir o mínimo possível com a rotina pessoal e profissional. A escolha do local para a

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realização da entrevista ficou ao critério de cada participante, tendo sido referido previamente que a investigadora faria a deslocação onde e quando fosse possível para cada uma das participantes.

As entrevistas foram realizadas nos meses de maio e junho de 2019 e tiveram duração entre 40 minutos a 1 hora.

2.2 – Instrumento de Recolha de Dados 2.2.1 – A Entrevista

Em metodologia qualitativa são várias as técnicas de recolha de dados que poderão ser utilizadas, nomeadamente, observações, documentos pessoais e oficiais, entrevistas, desenhos, e-mails, fotografias, conversas, sendo que a sua análise depende, essencialmente, da capacidade de interpretação do investigador (Coutinho, 2011).

De acordo com Manzini (2003) e King (2006), o método mais utilizado na recolha de dados nas áreas da Educação, Psicologia e Sociologia, é a entrevista. Segundo Manzini (2003), a entrevista é uma forma de “interação social” ou uma conversa orientada, com o objetivo de recolher informação sobre o tema em estudo. Bogdan e Biklen (2010) e Coutinho (2011) acrescentam que as entrevistas permitem explicar a perspetiva dos participantes no estudo, em termos de pensamento e de interpretação, o que não é possível através da observação.

Bogdan e Biklen (2010) referem que, em investigação qualitativa, a entrevista pode assumir dois papéis: pode ser o principal instrumento de recolha de dados ou pode ser utilizada como um complemento à observação do tema em estudo. Neste caso, a entrevista será utilizada como principal instrumento de recolha de dados, uma vez que não existe qualquer relação entre os participantes e o investigador.

Segundo os mesmos autores, as entrevistas podem ainda assumir diferentes formas, relativamente ao grau de estruturação, isto é, podem ir de estruturadas a não estruturadas. Neste projeto de investigação, a entrevista semi-estruturada foi a selecionada, pois possibilita a compreensão do tema em estudo. Além disso, a possibilidade de utilizar um guião permite a condução da conversa, procurando abordar aspetos específicos para análise, sugerindo questões (Kvale, 1996).

Manzini (2003) refere que a utilização do guião na entrevista semi-estruturada é vantajosa, uma vez que a sua principal função é orientar o investigador para o objetivo do estudo. Ao mesmo tempo, ainda que indiretamente, este guião orienta também o entrevistado, uma vez que lhe permite fornecer a informação de modo mais preciso e com maior facilidade.

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Antes da aplicação das entrevistas aos participantes selecionados, Manzini (2003) sugere que, como forma de validação do guião, este seja avaliado por juízes externos, que possuam experiência, tanto na arte de entrevistar, como no tema em estudo. Só deste modo é que será possível verificar se as perguntas que o guião contém vão ao encontro dos objetivos em estudo, e se a forma de realizar a pergunta é adequada. Uma outra forma de verificar se o guião é adequado para as questões em estudo, é a realização de uma entrevista piloto a um dos participantes no estudo (Creswell, 2007; Kvale, 1996). Segundo os mesmos autores, a entrevista piloto permite verificar se as questões do guião são adequadas e, simultaneamente permite que o entrevistador adquira alguma experiência na interação com os participantes.

Neste projeto de investigação existiu cuidado no seguimento destes dois passos, uma vez que, aquando a elaboração do guião, foi solicitada a opinião de um juíz com conhecimento científico, tanto em relação ao tema em estudo, como na elaboração de entrevistas que são utilizadas nas metodologias qualitativas. Deste contacto resultou um guião, que foi aplicado a duas das participantes, para posteriormente verificar se, quer as questões, quer a linguagem utilizada, permitem a captação dos dados necessários para análise dos objetivos em estudo.

Como não foi necessário efetuar adequações ao guião tendo em conta as entrevistas piloto realizadas inicialmente, foi estabelecido o contacto telefónico com todas as participantes, no sentido de agendar o dia e o local onde as entrevistas poderiam ser realizadas.

As entrevistas foram agendadas segundo o horário e a disponibilidade das famílias. Em algumas situações existiu a necessidade de remarcar este encontro, pelo facto de terem surgido imprevistos com as famílias. Três das entrevistas foram realizadas no domicílio das participantes, onde foi possível conhecer as crianças que estavam a ser apoiadas pela IP. Duas mães pediram para as entrevistas serem realizadas em cafés perto da sua área de residência, não tendo havido qualquer contacto com as crianças apoiadas.

No momento da realização das entrevistas, em primeiro lugar foi realizada a apresentação dos intervenientes, e após uma breve explicação do tema em estudo, deu-se início à entrevista, para recolha de dados.

O início das entrevistas, por si só, tem tendência a ser um momento um pouco mais constrangedor. No entanto, as participantes já tinham tido acesso à carta de apresentação do projeto, entregue pelas ELI’s, pelo que não existiu necessidade de esclarecer quaisquer dúvidas.

Neste momento inicial foi entregue também o consentimento informado, que foi pedido para ser assinado por todas as participantes. Além de ser garantida a confidencialidade de todas as participantes, foi explicado ainda que, caso pretendessem, podiam abandonar o estudo a qualquer momento. Nesta altura foi pedida

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ainda a autorização para a gravação áudio das entrevistas, como forma de facilitar a recolha de toda as respostas. As participantes não colocaram qualquer entrave à utilização do gravador.

Kvale (1996) defende que os primeiros minutos das entrevistas são decisivos, devido à tensão que o entrevistado possa sentir, e à falta de à vontade para expor as suas vivências e experiências a um estranho. Neste sentido, nos primeiros minutos após a apresentação inicial, foi pedido a todas as participantes que falassem um pouco sobre a entrada na ELI e sobre a criança que estava a ser acompanhada. Verificou-se que este momento permitiu que as mães sentissem mais segurança para as questões que seriam colocadas posteriormente.

De um modo geral, as entrevistas permitiram recolher toda a informação necessária e as mães foram muito prestáveis. Além da disponibilidade para a realização da entrevista, mostraram total aceitação para lerem toda a entrevista que lhes foi enviada posteriormente. Todas as participantes referiram ainda que, caso fosse necessário qualquer outra informação complementar, estariam totalmente à disposição para serem contactadas novamente. Contudo, esta última situação não foi necessária.

3 – Análise de Dados

Em investigação qualitativa, a escolha do método mais adequado para realizar o tratamento dos dados recolhidos, depende dos objetivos em estudo e do “posicionamento paradigmático e epistemológico do investigador” (Guerra, 2010, p.63). Neste projeto de investigação, tendo em conta que o método de recolha de dados utilizado foi a entrevista, a análise destes dados será realizada com recurso à análise de conteúdo. Segundo Bardin (2013), a análise de conteúdo diz respeito a “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens” (p.44). Com isto, o autor explica que esta análise consiste na explicitação e sistematização do conteúdo das mensagens, ou seja, na redução de muitas palavras, a um pequeno conjunto de categorias de conteúdo, efetuando deduções lógicas e justificadas. Já Silva e Fossá (2015) definem a análise de conteúdo como uma técnica de análise que permite analisar o que foi dito em entrevista ou observado pelo investigador. Estes autores referem ainda que é importante ter em consideração o caráter social deste tipo de análise, uma vez que é uma técnica que tem como objetivo produzir inferências de um texto para o contexto social, de forma objetiva.

De acordo com Bardin (2013), a análise de conteúdo deve organizar-se segundo três etapas cronológicas: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados.

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Segundo estes autores, a pré-análise refere-se à fase de organização, isto é, à realização de um programa pelo qual se deve gerir todo o trabalho. Nesta primeira fase ocorrem três outras etapas: a leitura flutuante (consiste em estabelecer um primeiro contacto com as entrevistas realizadas e que foram transcritas), a escolha dos documentos (definir o corpus de análise), a formulação das hipóteses e objetivos (realizado a partir da leitura inicial dos dados), e a elaboração dos indicadores (para interpretar o material recolhido).

A segunda fase consiste na exploração do material, que Bardin (2013) define como a fase mais longa, onde são realizadas as operações de codificação, decomposição ou enumeração. A codificação consiste numa transformação dos dados das entrevistas onde, por recorte (seleção dos segmentos do texto que serão analisados), enumeração (escolha das regras de contagem) e classificação e agregação (escolha de categorias), é feita uma representação do conteúdo, capaz de esclarecer acerca das características do texto (Bardin, 2013; Lima, 2013). Segundo Lima (2013), após o processo de recorte, é definida a unidade de registo, que diz respeito ao segmento de texto que será analisado, e que deverá ter um significado específico e autónomo. A unidade de contexto refere-se ao segmento de texto de onde foi retirada a unidade de registo. Por sua vez, é analisado o sistema de categorias, que se refere a um conjunto de temas ou de categorias, onde se organizam todas as unidades de registo que, posteriormente, serão alvo de codificação. Por fim, a enumeração corresponde à atribuição de códigos específicos às unidades de registo, com um determinado teor semântico, devendo este processo ser realizado por um juíz.

A última etapa consiste no tratamento dos dados, inferência e interpretação, onde se pretende captar os conteúdos manifestos e ocultos presentes em todo o material recolhido. Posteriormente, é feita uma análise comparativa através de justaposição das várias categorias de cada análise, referindo os aspetos semelhantes e os distintos. (Bardin, 2013; Silva & Fossá, 2015).

No que diz respeito ao sistema de categorias utilizado neste estudo, importa referir que as mesmas foram definidas em diferentes fases (antes e após a recolha de dados), com recurso à análise indutiva e dedutiva. Tendo em conta o guião da entrevista e os objetivos inicialmente definidos, as categorias foram definidas tendo em conta estes aspetos (análise dedutiva). No entanto, à medida que a investigação foi sendo desenvolvida e que os dados foram sendo recohidos através das entrevistas, existiu a necessidade de definir subcategorias em cada uma das categorias defnidas (análise indutiva). Para cada uma das categorias foi selecionada uma expressão ou palavra-chave que pudesse definir o significado de cada uma (Vala, 2005). Assim, foram definidas 4 categorias principais, onde cada uma apresenta várias subcategorias, que são apresentadas na Figura 8.

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4 - Critérios de Confiança

De acordo com vários investigadores, na década de 80 existiu alguma controvérsia relativamente à pesquisa qualitativa (Coutinho, 2011; Fortin, 2003; Guerra, 2006; Kvale, 1996; Morse, Barrett, Mayan, Olson, & Spiers, 2002). Esta não era considerada ciência, pela forma como eram recolhidos os seus dados, através de métodos não científicos. De um lado estava a ideia de que na pesquisa qualitativa devem existir critérios de qualidade científica distintos da pesquisa quantitativa e, de outro lado, estava a ideia dos que

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