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CAPÍTULO V − METODOLOGIA DA PESQUISA E APLICAÇÃO DO MÉTODO

5.1. Metodologia da Pesquisa

O objetivo da presente pesquisa é verificar a contribuição do método de casos no ensino da Contabilidade. Para alcançar os objetivos da pesquisa fez-se necessário a utilização de um método científico, que de acordo com Lakatos e Marconi (2010, p.65) pode ser definido como sendo um:

[...] conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Para tanto, o método científico adotado neste trabalho é reconhecido como indutivo. Para Lakatos e Marconi (2010, p.65) “indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. E, de acordo com Gil (2007, p. 29), com o “advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também como método mais adequado para investigação nas ciências sociais”.

Em relação à forma de abordagem da pesquisa é caracterizada por quantitativa e qualitativa. É quantitativa em razão do uso de análises estatísticas, por meio de planilha eletrônica do Microsoft Excel® (2007), para a sistematização dos dados coletados, por meio de questionários sobre o método de casos.

[...] caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde a mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc.

É qualitativa pela utilização de ferramentas para coleta de dados como observação, questionários e análise bibliográfica e documental. De acordo com Richardson (2008, p.79) “a abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social.” Afirma ainda o autor que:

O aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente até mesmo nas informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos, não obstante perderem seu caráter qualitativo quando são transformadas em dados quantificáveis, na tentativa de assegurar a exatidão no plano dos resultados.

Como método de pesquisa, o trabalho pode ser classificado como exploratório-descritivo. A classificação de exploratório deve-se ao fato de que pretende-se buscar mais informações e criar familiaridade com o problema levantado. De acordo com Gil (2007, p.43) esse tipo de pesquisa “é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado [...]”.

O método descritivo, segundo Gil (2007, p. 44), tem por objetivo a “descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”.

Para Beuren et al (2009, p.81):

Infere-se do exposto que a pesquisa descritiva configura-se como um estudo intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira nem tão aprofundada como a segunda. Nesse contexto, descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos.

A presente pesquisa procura descrever características de certa população e relacionar variáveis, por meio de técnicas de coleta de dados.

Especificamente, na pesquisa desenvolvida com os alunos, foi realizada a pesquisa-ação.

A pesquisa-ação consiste essencialmente em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual os atores implicados participam, junto com os pesquisadores, para chegarem interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando problemas coletivos, buscando e experimentando soluções em situação real. Simultaneamente, há produção e uso do conhecimento. (THIOLLENT, 2009, p.2).

Trata-se de uma pesquisa em que o pesquisador procurou sempre ficar isento no processo de implantação, não conduzindo a pesquisa para nenhum rumo específico, mas sim auxiliar na reflexão.

Na condução dessa pesquisa-ação a observação foi utilizada. Lakatos e Marconi (2010, p.173) definem observação como:

[...] uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar.

De acordo com Selltiz et al (1975, p. 223), “a observação não apenas é uma das atividades mais difusas da vida diária; é também um instrumento básico da pesquisa científica”. Para os autores a observação se constitui em uma técnica científica na medida em que:

[...] (1) serve a um objetivo formulado de pesquisa; (2) é sistematicamente planejada; (3) é sistemàticamente registrada e ligada a proposições mais gerais, em vez de ser apresentada como conjunto de curiosidades interessantes; (4) é submetida a verificações e contrôles de validade e precisão.

Conforme Lüdke e André (1986, p.26), “tanto quanto a entrevista, a observação ocupa um lugar privilegiado nas novas abordagens de pesquisa educacional”. Ainda para as autoras:

[...] a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens. Em primeiro lugar, a experiência direta é sem dúvida o melhor teste de verificação da ocorrência de um determinado fenômeno.

A característica da pesquisa documental, segundo Lakatos e Marconi (2010, p.157) “[...] é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”. Ainda para as autoras os documentos analisados podem ser publicações parlamentares, diários, cartas, contratos, documentos de arquivos públicos, etc. Na presente pesquisa foram analisados o programa da disciplina de Análise das Demonstrações Contábeis, a Lei 9.394/96 (LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a Resolução 10/2004 (que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Ciências Contábeis) e a Grade Curricular do Curso de Ciências Contábeis.

Questionário: de acordo com Matias-Pereira (2007, p. 73), “é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante.” Lakatos e Marconi (2010, p. 184) dão a mesma definição complementando que não deve haver a presença do pesquisador na aplicação do questionário. De acordo com as autoras o pesquisador envia o questionário pelo correio ou por um portador. Salientam, ainda, que juntamente com o questionário deve haver uma carta explicando a natureza e a importância da pesquisa.

Na presente pesquisa foram enviados dois tipos de questionários aos alunos da disciplina de Análise das Demonstrações Contábeis, bem como outro questionário para os Coordenadores de Curso de Ciências Contábeis de Instituições de Ensino Superior estabelecidas na cidade de São Paulo, a fim de verificar a utilização do método de casos, assim como seus resultados.

Elaborou-se um questionário estruturado com escala de extensão (de não concordo fortemente a concordo fortemente) do tipo Likert. A escala Likert considera o diferencial semântico para a identificação dos valores, cujo objetivo é medir o sentido de determinado objeto. Para Gil (2007, p. 148), “o diferencial semântico é uma técnica criada por Osgood, Suci e Tannenbaum (1957), cujo objetivo é medir o sentido que determinado objeto tem para as pessoas. Nesse aspecto, pode ser considerado como uma escala de atitudes.”

Likert e Osgood ocuparam-se com o desenvolvimento de estratégias psicométricas, não tendo sido intenção de nenhum deles estudar mensuração. No entanto, os conceitos desenvolvidos por ambos constituem-se contribuições valiosas para a concepção de medidas qualitativas.

Os questionários aplicados submeteram-se à análise de confiabilidade (coeficientes alfa de Cronbach). Cronbach que, segundo Pestana e Gageiro (2003, p.542-543) verifica:

A consistência interna de um grupo de variáveis (itens), podendo defirnir-se como a correlação que se espera obter entre a escala usada e outras escalas hipotéticas do mesmo universo, com igual número de itens, que meçam a mesma característica.

A presente pesquisa divide-se em duas partes: na primeira foram enviados questionários a Coordenadores de Cursos de Graduação em Ciências Contábeis, para verificar se utilizam o método de casos e quais os benefícios encontrados com sua utilização. Já a segunda trata da aplicação do método numa disciplina específica do curso de Ciências Contábeis de uma Instituição de Ensino Superior (IES), do interior do Estado de São Paulo.