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CAPÍTULO IV − MÉTODO DE CASOS

4.4. Processo de Elaboração

Para elaboração de um Caso faz-se necessário a escolha de um correspondente a uma situação real. Para tanto, é possível utilizar algum banco de dados já existente com Casos ou, se não houver, o professor poderá desenvolvê- los.

A seguir descreve-se o processo de elaboração de Casos, com base em Gil (2009, p. 185-187); Serra e Vieira (2006, p. 26-36) e Trigueiro (1999, p.8-17):

Para a elaboração de Casos, deve-se seguir um roteiro com etapas cronológicas identificadas da seguinte forma:

1 – Identificação de Objetivos Educacionais e Escolha do Caso: Incialmente, é preciso definir os objetivos educacionais do curso e verificar a possibilidade ou a razão da utilização do Método de Caso. Para determinação desses objetivos, Trigueiro (1999) sugere algumas questões:

a) Quais as áreas de um curso que poderiam ser cobertas adequadamente por casos?

b) Em quais delas devem ser concentrados esforços visando à elaboração ou utilização de casos?

c) Sobre que situações ou problemas específicos devem ser preparados casos?

d) Que conceitos ou teorias estarão sendo cobertos por eles? Em uma outra abordagem Trigueiro (1999) sugere:

a) Identificar a finalidade do curso para qual o caso se destina.

b) Resumir os principais objetivos do curso ou seminário, em função da aprendizagem pretendida para os estudantes.

c) Relacionar algumas situações ou problemas típicos que exigem decisões do administrador ou executivo, em harmonia com os objetivos educacionais propostos pelo curso e em acordo com seus aspectos conceituais.

d) Especificar a teoria e os conceitos envolvidos, de acordo com o programa do curso.

Gil (2009) afirma que para que os casos tenham valor didático, sua elaboração deve cercar-se de cuidados e, para isso, o autor elaborou algumas perguntas que podem ser colocadas para verificar se o caso escolhido pode ser empregado com eficácia, são elas:

a) O caso possibilita alcançar objetivos? b) Os objetivos estão ajustados ao problema?

d) O caso mostra-se realista?

e) Todos os contribuintes de uma narrativa estão incluídos no caso, como: agentes centrais, sequência de eventos e enredo interessante?

f) Os eventos aparecem numa ordem lógica?

g) Os eventos estão conectados com fórmulas de transição? h) O conteúdo do caso é acurado, relevante e apropriado?

i) Este caso contém todo o material de que o estudante necessita para sua análise?

j) A apresentação do caso está suficientemente clara? k) As informações oferecidas são coerentes entre si? l) O estilo de redação é adequado?

2 – Busca de Indicações e Fontes: São necessárias pesquisas de situações ou problemas que possam dar origem a um caso, além de identificar organizações e executivos que possam colaborar cedendo as fontes necessárias de informações, segundo Trigueiro (1999). Também podem ser consultadas fontes como jornais, revistas, sitios das empresas, etc.

3 – Escolha da Empresa: A escolha da empresa envolve uma relação de diálogo entre esta e o facilitador da aprendizagem, pois, este terá que explicar e deixar claro os objetivos do estudo de caso a ser desenvolvido e, também, mostrar que o mesmo não interferirá nos negócios da organização e sim, será uma tentativa de facilitar o aprendizado. (TRIGUEIRO, 1999). A empresa pode não querer se expor a um estudo de caso, isso porque não há, aparentemente, nenhum benefício promocional. Nesse ponto, o que deve ser defendido é a exposição positiva da empresa que o caso permitirá, além, do aprendizado que esta pode ter sobre si mesma. (SERRA; VIEIRA, 2006).

4 – Contato Inicial ou visita de campo: Deve-se verificar a necessidade de visitas de campo e entrevistas na empresa que será objeto do caso. Se forem necessárias recomenda-se a elaboração de uma lista de pessoas a serem entrevistadas, bem como, o preparo do máximo de informações possíveis necessárias para formação da base do estudo e, que serão objeto do diálogo a ser

estabelecido com a emrpesa. Recomenda-se uma visita rápida que tem por objetivo apenas esclarecer pontos e dúvidas e, checar ou complementar informações já levantadas. Outro aspecto a ser definido é o escopo final do caso, conversar sobre os procedimentos de comunicação a serem adotados e definir uma pessoa da empresa para servir de “elo” entre as partes. (SERRA; VIEIRA, 2006). Outros pontos levantados por (TRIGUEIRO, 1999) são se haverá a necessidade de disfarce e a definição clara em conjunto com a empresa, na pessoa do executivo entrevistado, do problema sobre o qual será elaborado o caso.

5 – Coleta de Dados: Para coleta de dados duas fontes podem ser utilizadas, primária e secundária. Na fonte primária serão obtidos dados de entrevistas pessoais realizadas com os executivos da empresa. Já na fonte secundária poderão ser obtidos dados de documentos já existentes. (TRIGUEIRO, 1999) recomenda alguns cuidados na realização da entrevista com executivos:

a) Peça ao entrevistado o benefício de sua experiência e não o indague sobre se tem algum problema.

b) Não apresente perguntas padronizadas que poderão levar o entrevistado a um bloqueio, deixando de fornecer informações oportunas que não tenham sido previstas, mister se faz a utilização de perguntas inteligentes.

c) Não discuta o mérito do problema em estudo. Ainda no aspecto da entrevista, (SERRA; VIEIRA, 2006) afirmam que ao entrevistador não cabe impor idéias e nem tampouco aconselhar ou sugestionar o entrevistado.

6 – Preparação do Caso: Para preparação do caso é necessário que após a entrevista seja elaborado um plano do caso, que de acordo com (TRIGUEIRO, 1999) de conter os seguintes elementos:

a) Enunciado do parágrafo inicial, que deve dar ao aluno parâmetros do que deve fazer com ele, qual é a decisão e quais são as alternativas.

b) Os objetivos de ensino a que se propõe o caso.

c) Organização da estrutura do caso por títulos e subtítulos. d) Lista de informações adicionais complementares ao caso.

7 – Redação: Antes do início da redação há a necessidade de uma compilação dos dados levantados, estabelecendo alguns pontos como por exemplo:

- Que informações o caso deve conter? - Quantas informações devem ser incluídas? - O que deve ser excluído?

- Onde termina o caso?.

Para responder a essas indagações, é necessário contar com a experiência do professor e, que este alinhe as respostas aos objetivos educacionais propostos inicialmente. (TRIGUEIRO, 1999). A redação do caso deve ser bem elaborada, clara e objetiva. Deve conter dados relevantes que possam auxiliar o estudante na solução do caso. (SERRA; VIEIRA, 2006). Ainda para o autor é fundamental que o texto contenha elementos que possam prender a atenção do leitor e estimular seu interesse. (TRIGUEIRO, 1999) apresenta algumas sugestões que pode melhorar o processo de escrita da redação do caso:

a) Organizar o material disponível.

b) Escrever um minicaso contendo, no mínimo, breve apresentação da organização, localização da pessoa na organização, cujo papel o aluno deverá desempenhar, local e época em que ocorreu o caso e breve descrição do problema do caso.

c) Escrever o caso propriamente dito, levando em consideração a análise de cada tópico ou área de ação da organização.

d) Avaliar o caso.

8 – Liberação, aprovação das declarações e disfarce: Após a redação e a revisão, o professor deve apresentar aos executivos envolvidos o conteúdo de suas entrevistas para que verifiquem, ao receber autorização se há a necessidade de envio de todo o caso para o responsável da empresa que deverá autorizar e liberar o material para utilização. Podem ocorrer situações em que seja preciso disfarçar o caso, sendo assim, (TRIGUEIRO, 1999) apresenta algumas formas para que isso seja possível:

a) Nome da organização: pode ser substituído, evitando-se o uso de nomes engraçados para que os alunos o levem a sério.

b) Nome dos executivos ou administradores: podem ser disfarçados seus nomes, ainda que o nome da organização não o seja.

c) Dados financeiros: devem ser modificados multiplicado-os por uma constante.

d) Produtos ou serviços: poderão ser disfarçados, substituídos por similares, ou completamente diferentes.

e) Locais e datas: também podem ser disfarçadas.

De acordo com (TRIGUEIRO, 1999, p. 17) “[...] o processo de escrever casos não tem um padrão predeterminado. Varia muito de pesquisador para pesquisador. O importante é que o caso seja útil para ser aproveitado em sala de aula e corresponda aos objetivos educacionais”.