• Nenhum resultado encontrado

2. APROXIMAÇÃO TEÓRICA NOS FUNDAMENTOS ARQUITETÔNICOS

2.2 METODOLOGIA DE PROJETO E PAISAGISMO

Segundo Colin (2000, p. 51), “a forma de um edifício é, pois, sua silhueta, sua massa, sua cor e textura, seu jogo de luzes e sombras, a relação e disposição de seus cheios e vazios”. O autor também afirma que o edifício é como uma obra de arte, que além de atender aos requisitos técnicos, como estrutura e qualidade de material, devem instigar a contemplação. Além do projeto e suas particularidades, as áreas verdes que compõem o local é de extrema importância, portanto:

As funções que as áreas verdes e os espaços livres desempenham no meio urbano podem ser agrupadas em três conjuntos: valores paisagísticos, valores recreativos e valores ambientais. Todas estas funções, direta ou indiretamente, têm implicações sociais com reflexos na qualidade de vida da população (Lira Filho, 2002 p. 133)

2.2.1 Concepção do Partido Arquitetônico

Entende-se como concepção do partido arquitetônico, de acordo com Comas (1986) o conjunto de especificações formais, que podem ser consideradas como a natureza geométrica e também técnico-construtivo. O autor também apresenta que:

A primeira teoria postula o partido como a consequência inevitável da correlação lógica entre a análise dos requerimentos operacionais do programa e a análise dos recursos técnicos disponíveis. A segunda visualiza o partido como resultado de intuição do gênio criador arquiteto, manifestando-se espontaneamente. Ambas surgem contrapropostas à teoria tradicional que entendia ser a concepção de partido baseada na imitação de precedentes formais conhecidos (COMAS 1985, p. 35)

Miriam Gurgel (2005) cita que o espaço deve ser eficiente, agradável e causar o bem-estar aos seus usuários, utilizando-se de uma boa iluminação, conforto, ventilação, cores agradáveis e que atuem positivamente na mente das pessoas. Neste sentido, Del Rio (2002) apresenta que o arquiteto ao projetar os espaços, necessita de conhecimentos transdisciplinares, ou seja, ao mesmo tempo, em diversas linguagens, como em artes, fisiologia, psicologia, física, química, matemática.

Segundo Ching (1998) “o espaço engloba constantemente nosso ser através do volume do espaço nos movemos, percebemos formas, ouvimos sons, sentimos brisas, cheiramos as fragrâncias de um jardim em flor.”

O partido arquitetônico, não somente ligado a forma arquitetônica, mas também ao sistema adotado na concepção do projeto tem-se, de acordo com Colin (2000) que:

A função antecede qualquer outro dado, não a função estética, mas a função prática.

Antes de se pensar em um edifício, é necessário que a sociedade precise dele, que haja uma função para ele cumprir; além disso, o uso, terá papel importante na definição de sua forma (COLIN, 2000, p. 27)

Desta forma, foi adotada a funcionalidade como partido principal na concepção do projeto, pois, é de extrema importância que a edificação possua um propósito e também, que os usuários, ao caminharem pela edificação, sintam-se orientados, ou seja, que consigam distinguir os ambientes de acordo com a setorização.

2.2.2 A Forma Arquitetônica

A forma, de acordo com Ching (1998) é um termo com diversos significados e abrangência, o qual, na arte e no projeto, são frequentemente utilizados para definir a estrutura formal, que pode ser explicada como o estilo de distribuir e ordenar os elementos de uma composição de maneira a originar uma representação coerente.

Já Colin (2000) fala que a forma volumétrica analisa o aspecto exterior do edifício, o qual valoriza o volume preferencialmente ao espaço, que foi concebido por critérios excepcionalmente funcionais.

A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnifico dos volumes reunidos sob a luz.

Nossos olhos são feitos para ver formas sob a luz; as sombras e os claros revelam as formas. [...] São as grandes formas primárias que a luz revela bem (CORBUSIER, 2000, p. 13).

Segundo Lima (2010, p. 105) “a luz se tornou um material à disposição do arquiteto para definir espaços, enfatizar volumes, criar atmosfera e transmitir uma mensagem”. Além de tudo isso, deve-se ressaltar que a iluminação apropriada é o fator vital para a percepção. A boa iluminação, seja ela natural ou artificial, deve dar ao recinto um efeito de conforto e segurança (MANCUSO, 2010, p. 77).

Como visto anteriormente, é importante para o arquiteto a disponibilidade de uma ferramenta que avalie e promova a manipulação da forma espacial, assim, o modo como os espaços conjugam-se entre si institui-se um importante assunto na análise da forma espacial (COLIN, 2000, p. 57).

A forma arquitetônica é o ponto de contato entre massas e espaço[...] Formas arquitetônicas, texturas, materiais, modulação de luz e sombra, cor, tudo se combina para injetar uma qualidade ou espirito, que articula o espaço. A qualidade da arquitetura será determinada pela habilidade do projetista em utilizar e relacionar esses elementos, tanto nos espaços internos quanto nos espaços ao redor dos edifícios (BACON, apud CHING, 1998, P. 33).

Assim, vê-se que a forma na arquitetura influencia diretamente ao usuário, pois ela pode transmitir diversas sensações, portanto, serão utilizadas formas simples, com materiais diferenciados a fim de proporcionar um conforto visual, e uma sensação de acolhimento para as crianças e jovens do Lar dos Bebês.

2.2.3 As Cores

A cor não possui uma essência material. É apenas sensação originada por associações nervosas sob a ação da luz. A cor proporciona uma variedade muito ampla e pode ser classificada em primárias, secundárias e terciárias e, dentro dessas, cores quentes e cores frias (MANCUSO, 2010, p. 113).

Cor primária: é cada uma das três cores indecomponíveis que, misturas em proporções variáveis, produzem todas as cores do espectro, que são o vermelho, o amarelo e o azul. [...] Cor secundária: é a cor formada em equilíbrio óptico por duas cores primárias. Cor terciária: é a intermediária entre uma cor secundária e qualquer das duas que primárias que lhe dão origem. Cores quente: são o vermelho e o amarelo, e as demais cores que eles predominem. Cores frias: são o azul e o verde, bem como as outras cores predominadas por eles (MANCUSO, 2010, p. 115).

A autora expõe os atributos psicológicos propostos pelas cores: vermelho, amarelo, azul, verde, laranja, violeta, preto e branco. Têm-se também os tipos de harmonias cromáticas, que são divididas em: harmonia complementar ou oposta; harmonia análoga ou adjacente;

harmonia monocromática; harmonia complementar dividida simples; harmonia complementar dividida dupla; harmonia tríade; harmonia monotom e, por fim, harmonias alternativas de 60°

ou 90° (MANCUSO, 2010, p. 120 - 138).

2.2.3.1 As cores como Elemento Arquitetônico

A personalidade das pessoas pode ser interferida através da utilização das cores, ou seja, as pessoas trabalham, estudam, produzem melhor, quando se utiliza cores adequadas para a prática de ocupações. Têm-se cores relacionadas até mesmo para a aparência da personalidade, ou, até mesmo o estado de espírito. O impacto emocional decorrente das combinações diversificadas de cores vai depender em sua totalidade, do observador. Tem-se assim, as características psicológicas sugeridas pelas cores (MANCUSO, 2010, p. 119).

A cor atua sobre o homem provocando-lhe otimismo ou depressão, atividade ou passividade. A cor com ambiente em oficinas, escritórios ou escolas pode fazer aumentar ou diminuir a produção ou o aproveitamento, e em clínicas contribuir para a saúde dos internados. A cor pode agir de uma forma indireta reduzindo ou aumentando a ação psicofisiológica das características geométricas de um espaço, visto que é mais um componente desse mesmo espaço; e de uma forma direta pela capacidade emotiva da própria cor (NEUFERT, 1976, p. 27).

Desta forma, será utilizada a composição cromática a fim de repassar sentimentos e sensações, tanto no lado externo da edificação, quanto nos ambientes internos, proporcionando às crianças um espaço agradável para viverem.

2.2.4 Ludoterapia

A ludoterapia, segundo Axline (1972) é embasada no caso de que é através do jogo que a criança se auto-expressa. Segundo a mesma, é uma chance proporcionada à criança de se desprender de seus sentimentos e anseios por meio do brinquedo.

A ludoterapia pode ser conceituada como uma oportunidade que se proporciona à criança de poder se desenvolver sob condições com uma maior qualidade (AXLINE, 1972, p.

14).

A sala de ludoterapia é um bom lugar de crescimento. Na segurança dessa sala, onde a criança é a pessoa mais importante, onde ela está no comando da situação e de si mesma [...] Pode pôr à prova suas idéias, pode expressar-se completamente, pois esse é seu mundo e não tem que competir mais com outras forças (AXLINE, 1972, p. 15).

Neste sentido, segundo a autora, a sala de ludoterapia deveria ter isolamento acústico; uma pia com água corrente quente ou fria; o chão e o teto seriam acobertados por materiais facilmente laváveis, que resistam a água, argila, tinta, e pancadas fortes.

A brinquedoteca surgiu no Brasil, em meados dos anos 80, e, possui como conceito

“o espaço criado com o objetivo de proporcionar estímulos para que a criança possa brincar livremente”. É um espaço que promove uma interação educacional e social entre as crianças (SANTOS, 1997, p. 13).

Espaço que se caracteriza por possuir um conjunto de brinquedos, jogos e brincadeiras, oferecendo um ambiente agradável, alegre e colorido, onde mais importante que os brinquedos é a ludicidades que estes proporcionam. Este ambiente criado especialmente para a criança tem como objetivo estimular a criatividade, desenvolver a imaginação, a comunicação, a expressão, incentivar a brincadeira do faz-de-conta, a dramatização, a construção, a solução de problemas, a socialização e a vontade de inventar, coloca ao alcance da criança uma variedade que, além de possibilitar a ludicidade individual e coletiva, permite que ela construa seu próprio conhecimento (SANTOS, 1995, p. 8).

Assim, tem-se que o espaço lúdico deve ser agradável e divertido. Portanto, o espaço será pensado a fim de apresentar as características necessárias para o desenvolvimento e para a distração da criança e, para isso, será utilizada uma composição cromática e de elementos que apresentem essas sensações.

2.2.5 Paisagismo

Segundo Lira Filho (2001), o paisagismo é uma área nova do conhecimento, embora sua procedência seja na história da existência da humanidade. O autor ainda afirma que as paisagens fazem parte da convivência do ser humano, intervindo sob as mais diversas perspectivas, que podem ser desde o ecológico, econômico e até o social.

Já Abudd (2006) coloca que “a arquitetura paisagística limita e subdivide espaços, mas esse trabalho não surge do nada, pois sempre há um espaço físico preexistente sobre o terreno que sofrerá intervenção e se estende pela paisagem do entorno.”

Ao elaborar um projeto, o paisagista dispõe de elementos construídos e, ou, vegetais, bem como dos sentimentos para estabelecer um processo de comunicação com os usuários da paisagem a ser construída. E, para trabalhar os sentimentos, ele lança a mão de alguns elementos básicos de comunicação visual, tais como a linha, a forma, a textura, a cor, bem como de princípios de estética (LIRA FILHO, 2001, p. 16).

Segundo Lira Filho (2001), “na paisagem, nem tudo pode ser identificado visualmente, ela dispõe de recursos, visíveis ou não, porem, perceptíveis àqueles que se propõem a usufruí-la.”

Assim, a interação entre os elementos naturais e os construídos pelo homem, há os elementos não-visualizados, entretanto vigente na construção da paisagem. Trata-se de elementos ocultos, cuja percepção se dá por sensações produzidas não somente pelos órgãos da visão, como os outros sentidos também (LIRA FILHO, 2001, p. 21).

Os jardins, de uma maneira geral, representam um espaço de lazer e prazer. Através deste espaço, é possível experimentar sensações diferentes e entrar em contato com a natureza em sua mais exuberante expressão. O jardim sensorial difere dos jardins comuns, em sua proposta, ele deixa de ser apenas uma área de lazer para se tornar, além disso, uma ferramenta de inclusão social de pessoas com diversos tipos de necessidades especiais, como a visual [...] Contudo, o jardim sensorial não beneficia apenas as pessoas com algum tipo de necessidade especial ou que estejam em reabilitação, podendo ser útil as demais pessoas por estimular sentidos que se encontram adormecidos pela prioridade dada à visão, ajudando-os a relaxar ao entrar em contato com a natureza (BORGES E PAIVA, 2009, p. 34-35).

Para Abbud (2006), as plantas proporcionam diversas possibilidades de composição em suas flores, folhas, raízes, frutos, galhos e caules, ora pelas cores, texturas e volumetria, ora pelos sabores, aromas, sons e movimentos que enriquecem os cenários em que são projetadas.

A cor é o elemento mais notável da floração. Não importa se as flores são miúdas, graúdas, em cachos ou isoladas, mas a extensão e o impacto da massa colorida que elas formam. Esse efeito pode cativar tanto um caminhante como um motorista de automóvel em alta velocidade” (ABBUD, 2006, pg. 110).

Assim, de acordo com as disposições acima, será realizada uma proposta para um jardim sensorial, o qual será de grande ajuda na inclusão social das crianças, no estímulo e seus outros sentidos. O referido espaço poderá ser utilizado também pelas pessoas que trabalham na instituição, como uma forma de relaxamento e distração, proporcionando um ambiente de trabalho com uma melhor condição física e psicológica.

Documentos relacionados