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Capítulo II – Metodologia

2.1 Escolha da metodologia

2.1.2 Metodologia quantitativa

O estudo quantitativo admite que tudo pode ser quantificável, ou seja, é possível traduzir em números as informações (dados) e, seguidamente, estes podem ser classificados e analisados com vários recursos e técnicas estatísticas. Neste sentido, Vilelas (2013) refere que a abordagem quantitativa visa a representação e a manipulação numérica de observação com vista à descrição e à explicação do fenómeno sobre o qual recai a observação.

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A abordagem quantitativa ou o enfoque quantitativo é uma abordagem que utiliza a coleta e a análise dos dados para responder às questões da pesquisa e testar as hipóteses estabelecidas previamente e confia na medição numérica na contagem e frequentemente no uso estatística para estabelecer com exatidão os padrões de comportamento de uma população (p.5).

Os autores sublinham, ainda, que os estudos quantitativos se associam a experiências, a investigações com questões fechadas ou aos estudos em que se empregam instrumentos de medição padronizados. A investigação quantitativa pretende generalizar os resultados de seus estudos mediante amostras representativas.

Relativamente às características da metodologia quantitativa, segundo autores como Sampieri, Collado e Lucio (2013), Vilelas (2009) e Serapioni (2000), destacam-se aspetos como:

(1) a formulação do problema da investigação que é delimitado e concreto e visa gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística;

(2) utilização de investigações anteriores e conhecimento teórico para escolha das variáveis;

(3) a elaboração de um teste de hipótese é uma parte central desta investigação;

(4) a recolha de dados é fundamentada na medição (medir-se as variáveis ou os conceitos contidos na hipótese);

(5) utiliza tanto dados primários quanto secundários, envolvendo vários instrumentos para coleta de dados. Neste caso, um investigador deverá escolher o instrumento de acordo com o estudo;

(6) os dados obtidos são produtos de uma medição, representados por números, devem ser analisados com métodos estatísticos;

(7) as analises quantitativas são interpretadas de acordo com as previsões anteriores (hipótese) e os estudos anteriores (teoria);

(8) orienta-se na verificação, tendência hipotético-dedutiva, pretende-se uma generalização dos resultados obtidos em amostra para uma coletividade maior (população ou universo);

(9) necessita, no final do estudo, de uma explicação que prevê os fenómenos investigados, procurando regularidade e relação entre os elementos em causa.

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Soares (2003) afirma que a abordagem quantitativa está relacionada à quantificação de dados obtidos mediante pesquisa. O autor salienta, ainda, que para o emprego dessa abordagem são necessários recursos e técnicas estatísticas, os quais podem variam em termos de complexidade, que vai desde a mais simples, como percentagem, média, mediana e desvio padrão, até as de uso mais complexo, como coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.

A investigação quantitativa permite encontrar explicações, predizer e controlar o fenómeno, procurando regularidades e leis através da objetividade dos procedimentos e da quantificação das medidas (Almeida & Freire, 2004). Na investigação quantitativa a utilização da linguagem matemática permite a sistematização das observações do mundo astronómico e físico, trabalhando-as de modo a construir novo conhecimento o que leva a descrições e modelos direcionados a uma construção abstrata que nem sempre traduz as situações observadas ou apenas as traduz parcialmente (Minayo & Sanches, 1993).

Lanksheare Knobel (2008) sublinham que a pesquisa quantitativa depende de três condições existentes em uma situação de pesquisa: (1) ser possível medir variáveis, de maneira que elas possam ser representadas por números (isto é, quantificadas); (2) ser possível ter teorias ou hipóteses anteriores à implementação do estudo e, subsequentemente, testá-las; (3) recolher amostras suficientemente grandes que podem ser obtidas para possibilitar a sua medição e para chegar a inferências que possam ser generalizadas para populações maiores (uma amostra com cerca de 30 participantes é “suficientemente grande” para grande parte dos estudos quantitativos).

Apesar de ter várias caraterísticas, a natureza quantitativa apresenta algumas limitações, das quais se destacam: a inadequação para análise de alguns tipos de dados (por exemplo, dados de entrevistas); a metodologia preferência pela formulação de hipóteses prévias e técnicas de verificação, no modo de explicar as causas dos fenómenos estudados, eliminando os fatores de confusão e preocupando-se com a validade e a fiabilidade. Neste sentido, Deslandes e Assis (2002) referem que na utilização de métodos estatísticos, a pesquisa quantitativa tem, pois, como objetivo trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis, gerando medidas fiáveis, generalizáveis e sem viesses.

A tabela 2.2 seguinte apresenta as ideias de Sampieri, Collado e Lucio (2013) relativamente pontos fortes e fracos da metodologia quantitativa.

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Tabela 2.2 – Pontos fortes e fracos da metodologia quantitativa

Pontos fortes Pontos fracos

Elevada validade externa Baixa validade interna

Replicabilidade Não atende à perspetiva do sujeito Possibilidade de generalização Não atende à subjetividade do

investigador Recorre a procedimentos que facilitam

a sua aceitação pelos pares Abrange maior número de casos

Apresenta-se, na tabela 2.3, uma tabela elaborada por Sampieri, Collado e Lucio (2013, p. 36–39) sobre as características fundamentais dos paradigmas quantitativo e qualitativo.

Tabela 2.3 – Enfoque quantitativo e enfoque qualitativo de investigação

Definição

(dimensão) Enfoque quantitativo Enfoque qualitativo

Marcos referenciais gerais básicos.

Positivo, neopositivismo e

pós positivismo. Fenomenologia, construtivismo, naturalismo, interpretativismo. Ponte de partida. Existe uma realidade a se

conhecer. Existe uma realidade a descobrir, construir e interpretar. Realidade a ser

estudada. Existe uma realidade objetiva única. Existem várias realidades subjetivas construídas na pesquisa, que variam em forma e conteúdo entre indivíduos ou grupos.

Natureza da

realidade. A realidade não muda por causa das observações e medições realizadas.

A realidade muda devido às observações e medições realizadas.

Objetividade. Procura ser objetivo. Admite subjetividade. Metas de

pesquisa. Descrever, explicar e prever os fenómenos (causalidade). Gerar e comparar as teorias.

Descrever, compreender e interpretar os fenómenos por meio das percepções e dos significados produzidos pelas experiências dos participantes. Lógica. Dedutiva – de geral ao

particular. Indutiva – de particular ao geral. Posição pessoal

de pesquisador. Neutra. A posição é para assegurar procedimentos de recolha e de análise dos dados.

Explícita. O investigador reconhece os seus próprios valores e crença, que são, inclusive, parte do estudo. Interação física e

psicológica entre o investigador e o

Distanciamento, neutra, sem

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fenómeno. Formulação de

problema Delimitado, demarcado, específico. Pouco flexível. Aberto, livre, não é delimitado ou marcado. Muito flexível. Uso da teoria. A teoria utilizada para ajustar

os seus postulados ao mundo empírico.

A teoria é um marco referencial. Desenho da

investigação. Estruturado e predeterminado. Aberto, flexível, construído durante o trabalho de campo ou realização do estudo.

População -

amostra O objetivo é generalizar os dados de uma amostra para uma população.

Geralmente, a pretensão não é generalizar os resultados obtidos na amostra para uma população. Amostra Muitos participantes. Poucos participantes.

Recolha de

dados. Baseia-se em instrumentos padronizados e uniformizados para todos os casos.

O objetivo da recolha de dados é proporcionar um entendimento maior sobre os significados e as experiências das pessoas. Características de análise dos dados. Sistemática. Intensa utilização da estatística. Baseada em variáveis.

Impessoal. Posterior à recolha de dados.

A análise varia, dependendo de como os dados foram coletados. Fundamentada na indução analítica. Uso moderado de estatística (contagem, algumas operações aritméticas). Baseada em casos ou pessoas e nas suas manifestações A recolha de dados. A análise consiste em descrever informações e desenvolver temas. Perspetiva do investigador na análise dos dados.

Externa. O investigador não envolve os seus antecedentes e as suas experiências na análise.

Interna. O investigador envolve os seus antecedentes e as suas experiências na analise, assim como sua relação com os participantes do estudo. Finalidade de

análise dos dados.

Descrever as variáveis e explicar as suas mudanças e movimentos.

Compreender as pessoas e os seus contextos.

A utilização destas duas metodológias no mesmo estudo pode dar vantagens nas orientações, nos processos e no melhor de resultado de investigação, ou seja as metodologias referidas são complementares uma da outra. No mesmo sentido, Sampieri, Collado e Lucio (2013) referem que as duas perspetivas metodológicas possuem virtualidades inegáveis, mas também aspetos de menor valia, pelo que é através do recurso ambas as metodologias que se podem ultrapassar barreiras epistemológicas em prol de uma integração metodológica, que permite encontrar a chave para um desenho metodológico

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cujas fraquezas de um método são contrabalanças pelas forças de outro, numa simbiose e complementaridade que conduz a melhores resultados, aproximando-se do conhecimento mais cabal de realidade em estudo.