Com relação à metodologia do professor de um Curso de Licenciatura,
fizemos a seguinte pergunta aos alunos: “Como você vê a questão da
metodologia do professor de um curso de Licenciatura e quais as suas
sugestões?” (Questionário - ANEXO B, p. 128-130; Questionário - ANEXO C, p.
148). Uma aluna afirmou que
O indivíduo reproduz aquilo que ele ‘aprende’ se temos aulas tradicionais, provavelmente esses professores terão dificuldades em inovar em sua sala de aula de matemática. (Questionário - ANEXO C, p. 148)
Em termos de metodologia, tivemos as seguintes sugestões dos alunos:
ü fazer pesquisa de campo na escola (projetos);
ü colocar em prática aquilo que os professores defendem (“muitos
defendem alguns métodos e não nos mostram como utilizá-lo na
prática”);
ü colocar em prática as várias metodologias que existem na teoria;
ü uma metodologia mais próxima das dificuldades que encontramos
(“a teoria não traz nenhuma solução”);
ü deveria haver mais visitas em salas de aula do ensino
fundamental e médio.
Com relação aos professores da licenciatura, os alunos afirmaram que
estes deveriam:
ü tentar associar mais a prática à teoria das matérias específicas;
ü “levantar” a crítica e se adaptar a situação presente, mas sempre
buscando a racionalidade (o espírito crítico, o pensar, o buscar e
estimular);
ü ter cursado as matérias da licenciatura (“a maioria é formada em
bacharelado e acaba não tendo muita didática para saber lidar com
alunos da licenciatura e dando sempre mais atenção para os alunos
do bacharelado”).
Por fim também como sugestão, um aluno sugeriu que os professores
formados em licenciatura dêem aulas para os alunos da licenciatura e que se
separem os cursos de bacharelado/licenciatura.
Gostaria de concluir com o depoimento de um aluno que afirmou
Além da base sólida que um professor deve ter, é essencial que se tenha uma boa metodologia para que seja natural a transmissão de conhecimentos. (Questionário - ANEXO B, p. 129)
Como podemos perceber, o aluno afirma que não basta conhecer, tem
que saber transmitir. Na visão dos alunos, um bom professor de Matemática
deve possuir as seguintes características: ser politizado, ser crítico, ser
sensato, saber discutir, dar atenção ao aluno ou preocupar-se com ele e
desenvolver a capacidade de raciocínio do aluno.
Neste capítulo, pudemos conhecer o curso desde a sua criação até os
dias de hoje e a proposta pedagógica em vigor. Além disso, através dos dados
coletados pudemos verificar que os perfis desses alunos são daqueles que
realmente queriam ser professores. Ao término do curso, 71% das alunas
entrevistadas consideram que estão se formando como educadoras críticas.
Quanto à avaliação do curso, este foi considerado bom, afinal existe
uma Pós-Graduação em Educação Matemática. Os professores que ministram
aulas tanto na graduação como na pós-graduação sempre questionam a
formação de professores, o que fez com que algumas mudanças fossem
ocorrendo no decorrer do curso. Além disso, esses questionamentos fazem
com que os alunos sejam sensibilizados do que significa ser professor.
Em relação às concepções referentes as disciplinas cursadas, os alunos
citaram aspectos positivos (equilíbrio entre as aulas expositivas e trabalhos em
grupo, novos métodos de ensino,...) e negativos (alguns resultados são muito
demorados, tempo insuficiente para completar algumas atividades). Porém, um
fato a ser destacado foi a colocação de que “o professor é que foi marcante e
não a disciplina”, feita por alguns alunos.
Quanto às disciplinas de conteúdos específicos, as opiniões divergem,
alguns afirmam que são importantes para desenvolver o raciocínio, enquanto
outros afirmam que não contribuem em nada. Essa afirmação de não contribuir
em nada talvez seja explicada pelo fato do aluno não perceber a ligação das
disciplinas do ensino superior com o ensino fundamental e médio, pois afirmam
que a única a fazer esse vínculo é a Geometria.
Sobre a necessidade de outras disciplinas, assuntos ou atividades que
não constam do currículo, mas que contribuiriam para a formação do professor,
foram várias as reivindicações, das quais se destaca o pedido de disciplinas
que trabalhem as diferentes abordagens do ensino e de disciplinas que
unissem o conteúdo do ensino superior com os do ensino fundamental e
médio.
As alunas entrevistadas afirmaram que se tornaram mais exigentes e
que passaram a refletir mais e, portanto, sofreram influências no seu modo de
ser, no decorrer do curso de Licenciatura.
Quanto à postura dos professores, os alunos afirmaram que o que mais
aparece é a tradicional, porém tiveram alguns professores que trabalharam
com a tradicional e com trabalho em grupo, ou só em grupo.
Com relação a metodologia do professor do curso de licenciatura, foram
várias as sugestões feitas pelos alunos, porém iremos destacar as seguintes:
devem desenvolver projetos de pesquisa na escola e tentar associar mais a
prática a teoria.
No próximo capítulo (Cap. IV), no intuito de respondermos a nossa
pergunta central e de atingirmos os objetivos propostos, apresentamos uma
análise dos depoimentos dos alunos pesquisados de acordo com as categorias
teóricas determinadas no Capítulo II; verificamos quais as contribuições das
práticas e se estas estão permitindo uma aproximação da realidade escolar.
- CAPÍTULO IV -
AS CONTRIBUIÇÕES DAS PRÁTICAS NA VISÃO DOS LICENCIANDOS DE
MATEMÁTICA PARA A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR
“É preciso combater a dicotomia entre
teoria e prática e afirmar que a formação
é uma só, teórica e prática ao mesmo
tempo, assim como reflexiva, crítica e
criadora de identidade”.
Perrenoud
No documento
A Concepção de prática na visão de licenciandos de matemática
(páginas 72-76)