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Metodologia Utilizada para Garantir o Cumprimento dos Princípios Éticos e

CAPÍTULO 4. METODOLOGIA

4.1. A Ética e Legislação sobre a Participação das Crianças na Investigação

4.1.1. Metodologia Utilizada para Garantir o Cumprimento dos Princípios Éticos e

No nosso estudo, conforme determinam as regras na investigação com crianças, em todas as fases do estudo foram sempre solicitadas as autorizações explícitas para

participação aos encarregados de educação das crianças, e foi sempre explicado às

crianças quais os objectivos do estudo, a natureza da investigação e implicações da participação no estudo, e foi sempre explicitado às crianças que a sua participação era voluntária, independentemente de terem autorização dos pais, ou seja, foi dito explicitamente às crianças, que mesmo tendo os pais autorizado, que elas eram livres de decidir se participavam ou não no estudo, que a participação delas era um direito e não uma obrigação (segundo artigo 13º, UNICEF, 2002), e que mesmo que participassem não eram obrigadas a preencher todas as questões, ou seja, poderiam deixar em branco questões às quais não quisessem responder (esta possibilidade era muito importante sobretudo na escala de auto-estima e na de influência normativa). Foi também explicado a todas as crianças que no estudo se utilizava um inquérito de opinião, não se tratando de um teste de conhecimentos, e que por isso não havia respostas certas nem erradas já que estavam em causa opiniões, por definição, pessoais e subjectivas.

Todas as instruções foram dadas antes de serem distribuídos os questionários para garantir que tínhamos a atenção plena das crianças e que entendiam perfeitamente a nossa mensagem.

Na folha de pedido de autorização para participação do estudo foram colocados os nossos contactos de email e telefone para que os encarregados de educação pudessem esclarecer qualquer dúvida. De todas as escolas em que foram entregues as autorizações, apenas tivemos contactos da escola de Lisboa, e apenas de 2 encarregados de educação (um por telemóvel e outro por email). As dúvidas dos encarregados prendiam-se com o objectivo do estudo e saber o que seria questionado sobre as marcas, se estava alguma marca envolvida. No contacto por email havia também a intenção de esclarecer que no consumo de media o tempo exacto era de meia hora por dia, mas

# 9:# como só havia a opção zero ou uma hora, tinha colocado uma cruz a meio. Este depoimento foi importante pois verificámos que o mesmo procedimento foi adoptado por mais alguns pais, e por isso todas essas respostas foram recodificadas para “1 hora”.

Foi também garantida a confidencialidade total dos dados, o anonimato das crianças e também dos professores e escolas envolvidos no estudo, bem como identificadas todas as possíveis publicações dos dados do estudo, começando por informar que cada escola receberia uma cópia do estudo e que esta poderia ser consultada pelos pais e pelas crianças. Todas as crianças foram informadas de que ninguém teria acesso às suas respostas, e que nem os professores nem os pais poderiam aceder às mesmas, e apenas teriam acesso aos dados estatísticos dos resultados do estudo global, conforme publicado na tese. Foi esclarecido que a única pessoa a ter acesso aos dados individuais era a investigadora, mas que, após a recolha dos dados, cada questionário já não poderia ser ligado à identificação da criança pois a folha de identificação foi deixada nas escolas, após ser destacada do questionário dos pais. Para que não houvesse qualquer dúvida por parte das crianças, a codificação dos questionários foi realizada de imediato, enquanto as crianças preenchiam o questionário, e também foi destacada a carta de autorização do questionário dos pais à frente da própria criança1.

Notámos que a ressalva de os dados não estarem disponíveis para os pais nem educadores, foi muito bem acolhida pelos alunos e que a reacção das turmas a esta informação era de agrado e descanso. No entanto, não foi recolhida nenhuma informação relativa a este facto pelo que é apenas uma impressão das diversas salas de aula onde efectuámos o trabalho de campo.

Por fim, foram esclarecidas as crianças de que o objectivo último do estudo era a investigação em marketing infantil e de jovens, e que não havia nenhuma marca associada à investigação. Foi também dito que, visto tratar-se de um trabalho de investigação, o objectivo é a divulgação dos resultados por toda a comunidade ########################################################

1 Muitas vezes esta operação era acompanhada de uma explicação que a folha de identificação já não era

necessária e que seria deixada na escola apenas para se saber que crianças tinham participado, e fomos dizendo a cada criança que, a partir daquele momento ela seria apenas um código (ex: 4356) para a própria investigadora.

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científica, podendo os mesmos ser publicados em jornais, revistas científicas, livros, etc, mas sempre respeitando o acordo de confidencialidade com alunos, professores e escolas.

Com vista a não influenciar as respostas das crianças, durante a fase de recolha dos dados, e em todas as visitas a escolas nessa fase, tivemos sempre extremo cuidado na escolha das nossas próprias roupas e calçado, de modo a não usar nenhuma marca ou símbolo de marca visível para as crianças. Esse cuidado foi extensível a acessórios, não tendo sido utilizados sequer óculos de sol dentro da área das escolas, nem carteiras (malas) com identificação visível de marcas. Este cuidado revelou-se muito acertado, sobretudo no caso em que os questionários era realizados nas salas de aula e nos tempos lectivos normais dos alunos, pois as crianças, mal ouviam falar do tema e do propósito da investigação, começavam a scanerizar de imediato a nossa indumentária.

Para além do cumprimento de todas as normas éticas, seguimos as recomendações de evitar sobrecarregar a criança com questões desnecessárias (UNICEF, 2002; Greig, Taylor e Mackay, 2007), de modo que, sempre que possível, as questões era colocadas ao encarregado de educação, e apenas foram colocadas às crianças as questões estritamente necessárias para a investigação, cuja informação não era passível de ser fornecida pelos encarregados de educação. Para este efeito, nos estudos preliminares efectuámos alguma duplicação de questões, ou teste de validade de respostas, de forma a verificarmos a melhor abordagem a adoptar no questionário final.

Por último, e de modo a seguir a recomendação de que a participação das crianças não se cinja apenas à resposta a questões mas que também elas possam participar na construção dos instrumentos de pesquisa (UNICEF, 2002; Greig, Taylor e Mackay, 2007), no estudo exploratório foi realizada uma entrevista a cada criança no final e nessa entrevista era-lhes dito que poderiam sugerir alterações no questionário (depois de lhes ser explicado o objectivo de cada questão), iniciativa à qual elas aderiram sem inibições e contribuindo para a melhoria do mesmo, como por exemplo no caso da alteração da escala de medida da variável Grau de Treino da Criança como Consumidor (a qual acabou por não ser utilizada no questionário final).

# 9:# Para responder aos requisitos legais, o nosso pedido junto do Ministério de Educação foi submetido em Abril de 2009 e teve de imediato aprovação ficando com o registo de número de inquérito 0044800001 e a designação “A Influência sobre as Crianças e Adolescentes nas suas escolhas de Marcas de Roupa e Calçado”.