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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1 METODOLOGIA UTILIZADA NO PRESENTE ESTUDO

Um dos aspectos mais importantes do processo de investigação é sem dúvida a metodologia que será utilizada com vista a levar a cabo a investigação, isto é, o modo de procurar dar resposta à pergunta de investigação. Segundo Tuckman (2000) a metodologia interessa-se mais pelo processo que pelos resultados propriamente ditos.

Ora, segundo (Pardal e Correia,1995) em qualquer investigação é, pois, necessário um método e este não é mais do que uma concretização do percurso ajustado ao objecto de estudo e é concebido como meio de apontar a

investigação para o seu objectivo, possibilitando, desta forma, a progressão do conhecimento sobre esse mesmo objectivo.

De outro modo, podemos afirmar que o método é o caminho para chegar a um fim e os métodos de investigação constituem o caminho para chegar ao conhecimento científico (Bisquerra, 1989). Como referem Bogdan e Biklen (1994), os métodos de investigação são um procedimento ou um conjunto de procedimentos que servem de instrumento para alcançar os fins da investigação.

De acordo com Gil (1989, p. 27) método é «o caminho para chegar a determinado fim». Metodologia será a descrição e análise dos procedimentos e técnicas inerentes à recolha e análise de dados, as suas potencialidades e limitações, os pressupostos subjacentes à sua aplicação. Ou seja, a metodologia será então a organização das práticas de uma investigação, que se sucedem desde a formulação das questões iniciais até chegar a conclusões fiáveis e consonantes com os objectivos iniciais.

Não existe, todavia, um único caminho a percorrer. Vários são, por isso, os métodos utilizados pelos investigadores. É por isso que podemos recorrer a métodos de investigação de natureza quantitativa e a métodos de investigação de natureza qualitativa.

A grande maioria dos métodos de investigação são descritivos e tentam descobrir e interpretar a realidade (Cohen e Manion, 1990). Já para Best (1970), a investigação descritiva centra as suas atenções nas condições ou relações que existem, com as práticas que prevalecem, com as crenças, os pontos de vista ou as atitudes que se adoptam, com os processos em desenvolvimento, com os efeitos que se sentem ou com as tendências que se desenvolvem.

O presente estudo teve como objectivo conhecer a importância do papel do Director de Turma e as diferentes opiniões/percepções que diferentes actores têm deste gestor intermédio numa Escola Básica Integrada do Ensino Básico.

Optámos como referência a metodologia qualitativa que nos parece mais adequada ao tratamento da problemática em estudo:

«Os fenómenos humanos visíveis ou latentes, não são por essência quantificáveis. Crenças, representações sociais, formas de relacionamento com o “outro”, estratagemas usados em face de situações problemáticas, são factos humanos e, para serem entendidos, implicam a presença humana e a capacidade de empatia» (Vieira, 1999, p. 39).

Sendo certo que existem diversas formas de investigação qualitativa «todas partilham até certo ponto, o objectivo de compreender os sujeitos com base nos seus pontos de vista» (Bodgan e Biklan, 1994, p. 54). É compreendendo os comportamentos no seu contexto, não desprezando os processos com privilégio para os resultados que pretendemos trabalhar, sabendo que:

«O objectivo dos investigadores qualitativos é o de melhor compreender o comportamento e experiência humanos. Tentam compreender o processo mediante o qual as pessoas constroem significados e descrever em que consistem esses mesmos significados» (Idem, p. 70).

De acordo com (Lessard-Hérbert, 1990, p. 167), «(...) as metodologias qualitativas privilegiam dois modos de investigação: o estudo de casos e a comparação, ou estudo multicasos».

Pretendemos com esta investigação conseguir um estudo tão profundo do tema que nos propusemos trabalhar e por isso como estratégia de investigação privilegiaremos o estudo de caso.

No estudo de caso o investigador «está pessoalmente implicado ao nível de um estudo aprofundado de casos particulares. Ele aborda o seu campo de investigação a partir do interior» (Idem, p. 169).

De acordo com Bogdan e Bilklen (1994, p. 89) «o estudo de caso consiste na observação detalhada de um contexto (...) o que para nós se torna de particular relevância pois pretendemos estudar vários actores integrados num contexto Escolar que é um agrupamento de Escolas.

Estes autores (Idem, p. 170) citam De Bruyne et al (1975, p.211) que, à semelhança de Yin, definem como características do estudo de casos:

«- o estudo de casos toma por objecto um fenómeno contemporâneo situado no contexto da vida real;

- as fronteiras entre o fenómeno estudado e o contexto não estão nitidamente demarcadas,

- o investigador, utiliza fontes múltiplas de dados».

Assim sendo, a nossa opção por este método de estudo baseia-se no facto de estudarmos uma problemática contemporânea e actual. Não ignoramos as críticas que se fazem em relação aos estudos de caso.

No dizer de Vieira, (1999, p. 43):

«Diz-se que o estudo de caso representa apenas uma pequena parte de uma totalidade muito mais vasta e, em consequência, não sabemos se é possível qualquer generalização. Claro que este é o preço a pagar pela profundidade destas metodologias. E é claro que o estudo de caso permite ver o que efectivamente ocorre num determinado contexto ou entidades concretos».

Para alguns autores, o poder de generalização dos estudos de caso é muito limitado. Mas, para outros, não é só o poder de generalização que dá cientificidade a uma metodologia (Pardal e Correia, 1995), daí que a extrapolação dos resultados obtidos com o estudo de caso deve ser feita com as devidas cautelas, de forma a não incorrermos em generalizações menos correctas ou apressadas. Contudo, o facto de não podermos generalizar imediatamente, não impede que avancemos com o estudo de determinada situação em determinado contexto e possamos à posteriori analisar outras situações que permitam testar e validar as conclusões a que chegámos.

É de realçar que inúmeros estudos de caso têm uma finalidade prática e mesmo utilitária, não decorrendo de tal facto quaisquer problemas para a ciência.

No presente estudo, diríamos que o estudo de caso é descritivo, uma vez que nos centrámos num objecto, o analisámos detalhadamente, não se assumindo pretensões de generalização, mas utilizando pontos diversos de dados que pretendemos triangular.