• Nenhum resultado encontrado

Reflexos da Reforma no papel do Director de Turma

CAPÍTULO I – VISÃO SOCIOPOLÍTICA E NORMATIVA

1.4 A LEI DE BASES DO SISTEMA EDUCATIVO E A REFORMA DO

1.4.1 Reflexos da Reforma no papel do Director de Turma

O Director de Turma apresenta-se na Reforma do Sistema Educativo como o cerne de toda a mudança, bem como o responsável primeiro pela sua concretização. Não é por acaso que, sob a sua responsabilidade, gravitam um conjunto de elementos e factores considerados imprescindíveis para o sucesso educativo, nomeadamente o que diz respeito ao seu papel de mediador entre a escola e a comunidade envolvente.

Com o modelo de gestão (Decreto-Lei n.º 172/91) é criada a figura do Coordenador de Ano dos Directores de Turma (art.º 40º), o que possibilita uma maior representação dos Directores de Turma no Conselho Pedagógico, situação essa que traduz bem a importância de tal cargo (não podemos esquecer que na legislação anterior, estavam representados no Conselho Pedagógico apenas pelo Coordenador dos Directores de Turma).

Este aumento quantitativo deve-se às múltiplas responsabilidades e funções que são exigidas ao novo Director de Turma, funções essas legisladas na Portaria 921/92, de 23 de Setembro, a saber:

“Artigo 9º

Director de turma

1 - O Director de Turma deverá ser, preferencialmente, um professor profissionalizado nomeado pelo director executivo de entre os professores da turma, tendo em conta a sua competência pedagógica e capacidade de relacionamento.

2 - Sem prejuízo no disposto no número anterior, e sempre que possível, deverá ser nomeado director de turma o professor que no ano anterior tenha exercido tais funções na turma a que pertenceram os mesmos alunos.

Artigo 10º

Competências.

São competências do director de turma:

a) Promover junto do conselho de turma a realização de acções conducentes à aplicação do projecto educativo da escola, numa perspectiva de envolvimento dos encarregados de educação e de abertura à comunidade;

b) Assegurar a adopção de estratégias coordenadas relativamente aos alunos da turma, bem como a criação de condições para a realização de actividades interdisciplinares, nomeadamente no âmbito da Área-Escola;

c) Promover um acompanhamento individualizado dos alunos, divulgando junto dos professores da turma a informação necessária à adequada orientação educativa dos alunos e fomentando a participação dos pais e encarregados de educação na concretização de acções para orientação e acompanhamento;

d) Promover a rentabilização dos recursos e serviços existentes na comunidade escolar e educativa, mantendo os alunos e encarregados de educação informados da sua existência;

e) Elaborar e conservar o processo individual do aluno facultando a sua consulta ao aluno, professores da turma, pais e encarregado de educação;

f) Apreciar ocorrências de insucesso disciplinar, decidir da aplicação de medidas imediatas no quadro das orientações do conselho pedagógico em matéria disciplinar e solicitar ao director executivo a convocação extraordinária no conselho de turma;

g) Assegurar a participação dos alunos, professores, pais e encarregados de educação na aplicação de medidas educativas decorrentes da apreciação de situações de insucesso disciplinar;

h) Coordenar o processo de avaliação formativa e sumativa dos alunos, garantindo o seu carácter globalizante e integrador, solicitando, se necessário, a participação dos outros intervenientes na avaliação;

i) Coordenar a elaboração do plano da recuperação do aluno decorrente da avaliação sumativa extraordinária e manter informado o encarregado de educação;

j) Propor aos serviços competentes a avaliação especializada, após solicitação do Conselho de Turma;

l) Garantir o conhecimento e o acordo prévio do encarregado de educação para a programação individualizada do aluno e para o correspondente itinerário de formação recomendados no termo de avaliação especializada;

m) Elaborar, em caso de retenção do aluno no mesmo ano, um relatório que inclua uma proposta de repetição de todo o plano de estudos desse ano ou de cumprimento de um plano de apoio específico e submetê- lo à aprovação do Conselho Pedagógico, através do coordenador de ano dos directores de turma;

n) Propor, na sequência da decisão do Conselho de Turma, medidas de apoio educativo adequadas e proceder à respectiva avaliação;

o) Apresentar ao coordenador de ano dos directores de turma o relatório elaborado pelos professores responsáveis pelas medidas de apoio educativo;

p) Presidir às reuniões dos directores de turma, realizadas, entre outras, com as seguintes finalidades:

-Avaliação da dinâmica global da turma;

-Planificação e avaliação de projectos de âmbito interdisciplinar, nomeadamente da Área-Escola;

-Formalização da avaliação formativa e sumativa;

q) Apresentar ao coordenador de ano, até 20 de Junho de cada ano, um relatório de avaliação das actividades desenvolvidas.

Artigo 11º

Coordenador de ano

O coordenador de ano é um director de turma eleito de entre os seus pares, considerando a sua competência na dinamização e coordenação de projectos educativos.

Artigo 12º

Competências.

a) Colaborar com os directores de turma e com os serviços de apoio existentes na escola na elaboração de estratégias pedagógicas destinadas ao ano que coordena;

b) Assegurar a articulação entre as actividades desenvolvidas pelos directores de turma que coordena e as realizadas por cada departamento curricular, nomeadamente no que se refere à elaboração e aplicação de programas específicos integrados nas medidas de apoio educativo;

c) Divulgar, junto dos referidos directores de turma, toda a informação necessária e adequado ao desenvolvimento das suas competências;

d) Apreciar e submeter ao Conselho Pedagógico as propostas dos Conselhos de Turma do ano de escolaridade que coordena;

e) Apresentar ao Conselho Pedagógico projectos a desenvolver no âmbito da Área-Escola;

f) Colaborar com o Conselho Pedagógico na apreciação de projectos relativos a actividades de complemento curricular;

g) Planificar, em colaboração com o Conselho de Directores de Turma que coordena e com os restantes coordenador de ano, as actividades a desenvolver anualmente e proceder à sua avaliação;

h) Apresentar ao director executivo, até 30 de Junho de cada ano, um relatório de avaliação das actividades desenvolvidas.”

Todas estas atribuições ficaram claras na mente de todos os actores educativos, especialmente nos Directores de Turma. Mas será que se conseguiu dar o salto de qualidade na dignificação do cargo? E a relação escola-família, na qual o DT tem um papel de charneira, tornou-se mais eficiente?