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4.2.1 | METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO

No documento Design de comunicação vs investigação (páginas 47-51)

A defesa do Design como área de conhecimento científico, que deriva de metodologias objetivas e racionais, remonta à década de 1920, mas acentuou-se com o pós-guerra, na década de 60. O debate do tema a nível internacional levou à perspetiva da profissão num âmbito e crédito científico, especialmente a partir da “Conference on Systematic and Intuitive Methods in Engineering, Industrial Design, Architecture and Communications” ou “Conference on Design Methods” que teve lugar em Londres, no ano de 1962 (Cross, 2001, cit. por Ruivo, 2014).

A investigação, enquanto processo, é algo que se vai construindo ao longo do tempo,

“(…) é algo que se procura. É um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal, com todas as hesitações, desvios e incertezas que isso implica” (Quivy & Campenhoudt, 2008:31).

No fundo, é na fase metodológica que

“(...) o investigador determina os métodos que utilizará para obter as respostas às questões de investigação colocadas ou as hipóteses formuladas” (Fortin; Grenier; Nadeau, 2003:40).

Pretende-se refletir e equacionar questões, metodologias, pontos de confluência e dispersão do Design num processo contínuo de análise e reflexão numa viagem pela prática na geração de novo conhecimento dissecado em construção teórica.

A partir do momento que o rigor científico é um pilar da investigação em design, é possível deduzir que

“o design é uma área de investigação sólida que recorre a metodologias próprias, ou seja, que recorre a especificas técnicas de investigação para contextualizar a construção do conhecimento que produz” (Silva, 2010:90).

Edelson (2001) refere que a prática como base para a investigação é um dos pontos chave na produção de conhecimento por design, que interfere na produção e realização de design. As orientações e diretrizes da investigação em design, objetivos e motivos, o próprio desenho da investigação, resultam numa diversidade considerável, partilhando simultaneamente propriedades e características que resultam num novo enquadramento das metodologias da investigação. Quivy e Campenhoudt (2008), defendem que deverá existir desde o início do fio condutor um grande foco, claro e coeso quanto possível, de modo a que o seu trabalho possa iniciar-se sem qualquer atraso e estruturando-se de forma clara e prática.

Neste contexto, o propósito e as relações entre entidades refletem-se nas variáveis selecionadas e na metodologia de estudo das mesmas em todo o processo. De acordo com a perspetiva de Fernando Moreira da Silva (2010), existem sempre factores comuns nas metodologias aplicadas à investigação em design, sendo elas: exploração vs. observação, indução vs. hipótese, dedução vs. teoria, verificação vs. prova, validação vs. avaliação, consolidação vs. generalização.

Silva (2010) acrescenta ainda que existem igualmente métodos de investigação tradicionais, nos quais incluímos os inquéritos e revistas baseados em questionários, a crítica literária, a observação directa ou instrumental e as experiências de design (estudo de casos e investigação ativa entre outros). Muito embora estes métodos resultem numa contextualização da problemática, eles não são soluções por si só e devem ser complementados com análises mais profundas e específicas.

Tal como refere Fernando Moreira da Silva (2010), uma

investigação pode ser intervencionista ou não-intervencionista e ter uma base qualitativa ou quantitativa. Contudo, para elevar o seu rigor teórico é, muitas vezes, necessários combinar métodos específicos de cada uma para criar uma metodologia mista mais abrangente que possibilite resultados mais eficientes e produtivos. Esta investigação, por exemplo, resultou de uma metodologia mista: intervencionista e não intervencionista de base qualitativa, por esta ser a que mais se adequa à situação de estágio.

De acordo com Fortin (2009), a investigação cientifica é um processo que assenta na recolha de dados passíveis de serem observados, retirados do espaço que é acessível aos vários sentidos, tendo como intuito a sua descrição, e respetiva análise. Estes dados, podem ser obtidos segundo três “categorias elementares” de uma investigação (Silva, 2010): Empírica, Explorativa e Descritiva. A primeira consiste em avaliações e interpretações sistemáticas na tentativa de descortinar a correção e validade de uma hipótese pré definida.

A segunda categoria prende-se com a ilustração e definição profunda dos conceitos e das variáveis em análise, segundo as perguntas básicas “O quê? Como? Porquê?”. Por fim, a última pretende a criação de uma imagem clara de um dado facto e do contexto em que ele se insere, através de análises e definisse sucessivas.

Para Moreira da Silva (2010), a investigação com a prática do design poderá relacionar-se de quatro formas distintas,

“investigação através do design, estudo do design, investigação tipológica em design e estudo por design”, requerendo cada uma destas, diferentes prismas e contextos. A envolvência da profissão do Designer, baseada na experiência de outros projetos e profissionais, é alimentada no seu background e compreende a definição de um objecto específico e o seu respectivo contexto, dando início à sua análise. O contexto social, as limitações de tecnologias e materiais, a natureza do projeto e um conjunto de necessidades, são sem dúvida um fator crucial num estudo desta natureza, em que o objeto é variável e tem de ser exequível. A inclusão da investigação neste processo é essencial para fundar as bases teóricas e contextuais do projeto em mãos. Abre-se assim um leque de possibilidades com diversas aplicações, novo conhecimento e entendimento de probabilidades e desejos dentro de um ciclo de síntese, análise e avaliação.

É prática comum em empresas de design, arquitectura, consultoria técnica, desenvolvimento urbano entre outras, a inclinação para uma abordagem mais teórica em detrimento de um foco mais acentuado na parte prática do seguimento na matéria de estudo. Verifica-se gradualmente um maior conhecimento da oportunidade do pensamento em design no seu contexto, ou seja, uma

inteligência intrínseca que se desenvolve juntamente com uma maior consciência da prática de design. O desenvolvimento crescente advém da articulação com determinadas áreas disciplinares, com a evolução de métodos, técnicas, protocolos e matérias de investigação em contraponto com as dúvidas e confusões relativamente ao cariz do que é ou não uma investigação em Design. A integração deste lado investigativo em design impele a um um caminho mais rápido em direcção ao foro científico.

No documento Design de comunicação vs investigação (páginas 47-51)

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